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História ÓRION - jjk pjm - jikook; - Camelopardalis;


Escrita por: yulleby

Notas do Autor


Oi meus nenês, tudo bem? Estavam com saudade?

Só preciso que vocês entendam uma coisinha antes de ler:
Como esse pov é do Jungkook, as coisas parecem que estão acontecendo rápido demais, mas é apenas porque ele não tem controle das semanas que ficou em coma, ok?

Então espero que vocês compreendam o "salto no tempo", kkk.

São quase 14k (desculpa, era muita coisa pra escrever kkk), então leiam no tempo de vocês, ok? Dêem uma pausa e bebam água se precisarem, ou leiam um pouco hoje e um pouco depois, mas leiam no seu tempinho.

Boa leitura!

Capítulo 26 - Camelopardalis;


CAPÍTULO 26;
Camelopardalis - Girafa

 

J U N G K O O K

 

3 semanas depois...

 

"...a memória dele não deve ter sido afetada. O raio-x não mostrou nenhum dano grave, mas nós não sabemos o que vai acontecer até ele acordar, Park..."

[...]

"...e o nome do bebê vai ser Jeon Hajoon, Goo... eu espero que você goste. Significa talentoso e bonito, que nem Seojoon era.. que nem você é..."

[...]

"...e tá uma merda, né? Não existe companhia melhor pra beber, ranhento... você está fazendo uma falta do cacete..."

[...]

"...pode não ser agora, mas eu vou me vingar de todo mundo que fez você e seu irmão passarem por isso, garoto..."

[...]

"...mas sério, acorda aí, bandidão... meu amigo está cagado de saudade de você, tô cansada de ver ele com aquela bochecha inchada, de tanto chorar. Acorda, vai? Faz aquele reclamão voltar a ficar feliz..."

[...]

A mesma sensação familiar...

O mesmo apagão mental, torrencial, ensurdecedor.

Não sabia dizer exatamente onde estava e porque sentia meu corpo tão dormente, mas eu não me movia.

Mal ouvia ou sentia, na verdade, mas a percepção a um plano real começava a me abraçar aos poucos, mesmo que meus sentidos estivessem bagunçados.

Ou mal parecessem existir, aliás...

Eu estava vivo?

Essa parecia ser uma questão, indesejada e constante, na minha vida.

A habitual pergunta, da existência dos meus sinais vitais, era uma dúvida que eu gostaria de não ter com frequência.

Não é agradável pensar que está morto o tempo inteiro, como não é agradável achar que você não viveu o suficiente...

Mas... algo no aroma me fazia pensar que eu ainda estava no mundo que eu conhecia.

O cheiro foi a minha primeira percepção, sendo o olfato o primeiro sentido que me fez notar que eu estava, sim, vivo.

Era gélido ou refrescante, misturado à algo leve e gostoso, familiar, apenas não sabia dizer exatamente o que, mas estava lá e estava próximo.

O tato veio em seguida, me fazendo sentir dedos gordinhos, que seguravam os meus, de forma meiga e gentil, fazendo carícias sequenciais que iam do dorso da minha mão, até minhas unhas.

Os dedos gordinhos se mexiam, pincelando minha pele naquele contato.

Era bom, eu gostava daquilo.

Ainda imóvel, foi difícil não atender aos estímulos auditivos, sendo esse o terceiro sentido que começava a notar voltar ao meu corpo, de uma forma igualmente agradável.

Uma voz gostosa soava baixinho ao meu lado, de forma que, antes mesmo que tivesse forças para abrir os olhos, pudesse começar a entender um pouco do que se dizia ali.

— ...e ele fez coco na nossa cama, foi horrível... — a voz soltava uma risada nasal, me fazendo quase querer rir também, mas eu não tinha forças para isso — ...mas depois eu limpei tudo e já está tudo cheiroso de novo, esperando você voltar pra casa, sabe? Até coloquei aquele edredom grosso que você gosta, o vermelho.

Eu gostava de um edredom vermelho... eu sabia que gostava.

— Eu sei que você vai acordar logo, eu sinto isso... — ele dizia, porque percebi ser um homem —...mas antes que acorde eu só queria te pedir...

Porra, como eu gostava daquela voz.

— Desculpa e obrigado...

Essas palavras eram familiares para mim.

Agora a voz soluçava, era notável, e eu percebi o exato momento em que um sentimento de tristeza inundou meu coração também.

Parecia que eu sentia o que ele sentia, não fazia sentido.

— Desculpa por não demonstrar amar você na mesma proporção que você demonstrava me amar... — ele fungava, segurando meus dedos com um pouco mais de força, enquanto meus olhos ainda se mantinham inertes e fechados, assim como todo meu corpo — ...desculpa por ter sido estúpido com você, quando você teve que fugir pra minha casa...

Por que doía tanto? Eu ainda não entendia.

— Eu estava com medo por mim, medo por você, eu estava apavorado, mas porra... eu já queria tanto você, Jungkook.

Jungkook, esse era o meu nome, claro que era.

Combinava comigo, era nome de cara gostoso.

Eu era gostoso? Tinha a sensação que sim.

— Desculpa por reclamar das suas mordidas... — ele soluçava mais uma vez, entre um choro e um riso, de quem lembrava de algo com humor, apesar das lágrimas — ...pode acordar e me morder o quanto quiser, amor. Pode morder minha cara, meus braços, minha bochecha...

Por que eu queria que ele dissesse "bunda"?

A voz estava chorando e eu não parava de pensar sacanagens.

Eu quase ria, eu queria rir, mas não conseguia. Eu não conseguia ainda mover meu corpo, nem os menores músculos, mas sentia que iria conseguir, a qualquer momento.

Mas, enquanto isso não acontecia, eu apenas continuava ouvindo o som daquela voz gostosa, que parecia ser a melhor coisa do mundo.

— E obrigado por ter aparecido na minha vida, que nem um louco... — ele deu uma gargalhada, baixa e embargada pelo choro — ...não vou agradecer por você ter tomado um tiro, eu me recuso!

Eu tomei um tiro também? Mas que porra...

— Mas obrigado por você ter me dado a oportunidade de me dar os melhores dias da minha vida e eu te amo o suficiente pra acreditar que você vai me dar muitos outros, meu amor. — o tom voltava a ser um pouco mais triste, a medida que seus dedos seguravam os meus com um pouco mais de força, mais uma vez — Nós ainda vamos no cinema, você me prometeu, lembra?

Eu prometi? Não me lembrava...

Mas poderia ir pro cinema com ele, sem problema algum.

— Então quando você acordar eu vou escolher sua roupa, eu posso? Que nem a criança de 21 anos e meio que você é... — ele voltou a dar mais um riso baixo — ...apesar de você não ter mais 21 anos e meio, já tem quase 22, mas eu gosto de te chamar assim.

Não gosto de envelhecer.

— E aí você vai todo engomadinho, do jeito que sempre reclamou, mas eu deixo você usar a jaqueta que eu te dei. Ah, os coturnos também, você fica tão bonito com eles...

Aquele cara gostava de conversar comigo sem parar, isso era claro, mas me deixava surpreso que...

Quanto mais ele falava, mais eu queria que ele continuasse falando, porque eu sentia que sua voz era algo que eu queria ouvir pelo resto dos meus dias.

Sentindo meu corpo dar leves sinais de resposta às minhas vontades de despertar, movi muito sutilmente o dedo que ele segurava e percebi sua voz se cessar em susto, exatamente no momento em que o dono daquela voz bonita percebeu o que estava acontecendo.

Eu estava tentando acordar e estava conseguindo.

— Jun? — ouvi o som de uma cadeira sendo arrastada e os dedos gordinhos, antes segurando minhas mãos, agora estavam repousados sobre meu ombro, de forma sutil — Jun, você... você...?

Ele não conseguia falar muito, sua voz estava embargada e ligeiramente em pânico ou euforia, eu não sabia destinguir.

Então, lentamente, eu abri meus olhos...

Com a demora de quem ainda não consegue controlar os movimentos nem da própria cabeça, virei meu rosto bem devagar, conseguindo encarar o dono da voz que me acalmava, momentos atrás.

Caralho... como era lindo.

Ele usava um moletom que eu tinha certeza que era meu. Era preto e grande, muito maior que seu corpo. Seus cabelos estavam meio amassados, suas mãos pequenas estavam uma ainda no meu ombro e outra na sua boca, tentando controlar um choro sequencial, mas sem sucesso algum.

Seus olhos estavam inchados e vermelhos, ele parecia estar chorando há muito tempo, e, quando começou a falar comigo, suas palavras se misturavam à engasgo, choro, riso e nervosismo.

Ele estava uma bagunça.

Mas era uma bagunça tão bonita...

— Eu... — tentei falar, mas não consegui de primeira.

Fechei os olhos com força, sentindo uma leve ardência na minha íris, causada pela luz direta que alcançava minha vista.

— Shhh, calma, Jun... — ele dizia com um tom carinhoso, paciente, enquanto sua mão pequena ainda massageava meu ombro devagar — ...não precisa falar agora, ok?

Tentando mais uma vez, voltei a abrir os olhos, encarando novamente aquele cara tão bonito.

Franzi o cenho, fazendo força para pensar em algo a dizer, mas minha cabeça parecia um grande lençol branco, que era ondulada por um vento fraco.

Aos poucos, eu começava a perceber pinceladas de alguma coisa nesse lençol, mas elas não vinham de uma vez só e ainda eram turvas.

— Minha cabeça... está tudo confuso. — disse voltando a fechar os olhos, respirando com dificuldade e tentando me acostumar com meus sentidos tentando se harmonizar.

— Para de falar um pouquinho, por favor, não precisa ter pressa, ok? Eu preciso chamar o Yoongi... — ele falou ainda soluçando, parecendo trêmulo.

Ele estava nervoso e feliz demais por me ver acordando, mas, mesmo falando que precisava chamar esse tal de Yoongi, ele não saiu de perto de mim, só tirou um celular de dentro do bolso grande do moletom e discou para alguém.

— Yoongi? — sua voz soava ainda embargada e fraca — Ele acordou, pode vir aqui? — dois segundos de silêncio se fizeram — Obrigado.

Ele voltou a olhar para mim de forma suave e contida, baixando a mão que estava no telefone, agora de encontro à minha, fazendo mais um carinho gostoso na minha pele.

Eu não entendia o que estava se passando com aquele cara, mas me ver acordado claramente fazia ele feliz demais.

Porra, ele era tão familiar... eu gostava tanto de olhar para ele.

— Ele já está vindo, ok? Por favor, não fala nada agora, você precisa despertar aos poucos, não precisa forçar sua voz.

Eu não lembrava de alguém falar com tanto carinho assim comigo, há muito tempo.

Aquele cara com o moletom grande fazia tudo dentro de mim se aquecer, com tão pouco.

Em outra ocasião eu acharia estranho pra porra alguém me olhando daquele jeito, chorando como se eu fosse a única pessoa no mundo, como se eu fosse uma pedra preciosa ou algo assim, mas caralho, meu corpo todo se arrepiava com o jeito que ele devotava sua atenção para mim, daquela forma.

Eu nunca gostei de manter contato visual com ninguém, sempre achei uma coisa pessoal demais, por vezes até sufocante.

Mas eu não conseguia parar de olhar para ele, enquanto ele olhava para mim...

Eu gostava dele.

O que eu estava sentindo era mais do que gostar, na verdade.

— Acordou, não é? — ouvi uma voz grossa e, arrastando a vista lenta para a porta vi um homem de cabelo platinado entrar, acompanhado de um outro homem de cabelo castanho, um pouco mais alto que ele.

O cara que usava o moletom, que eu tinha quase certeza que era meu, quebrou nosso contato visual e olhou para a porta, fungando mais uma vez e tentando limpar as lágrimas do rosto.

— Você está péssimo. — ele falou sério, olhando para o cara do moletom, que apenas deu de ombros e o observou vir pro meu lado da maca.

Ele estava péssimo uma porra, ele estava lindo.

— Qual seu nome? — o médico platinado perguntou para mim, parecendo não ser uma pessoa com muita paciência com os enfermos que tratava.

— Jeon... Jungkook. — respondi simplesmente, não fazendo ideia de como lembrava que meu sobrenome era Jeon, mas era.

O cara do moletom preto sorriu e voltou a chorar ao mesmo tempo.

Eu estava quase rindo, aquilo era fofo.

— Quantos anos você tem?

— 21 anos e meio.

O cara do moletom soltou uma risada engasgada alta, no meio do choro, e o médico platinado olhou pra ele franzindo o cenho, não entendendo porque ele achava tanta graça na minha idade.

O outro cara, que parecia um enfermeiro, ficou ao lado do cara que devia estar usando o meu moletom e começou a sussurrar alguma coisa com ele.

Estava perto demais, que abusado.

— Você vai pra sala de exames daqui a uma hora, vou levar você pessoalmente... — o platinado dizia, ainda sério, depois se virou para o cara do moletom — ...e você pode conversar com ele por enquanto. Se ele ficar confuso, fale sobre a situação, mas é como eu já te expliquei. Veja até que ponto ele se lembra.

O cara do moletom assentiu com a cabeça e, depois dele e o provável enfermeiro conversarem mais um pouco, enquanto o médico platinado me fazia algumas poucas perguntas, eles se despediram e saíram do quarto, me deixando sozinho com o chorão de novo.

Eu gostava de ficar sozinho com ele, mas gostava ainda mais quando ele se aproximava de mim, que nem fez, assim que a porta foi fechada.

— Você está sentindo dor? — antes mesmo de estimular minha memória, sua preocupação era com o meu estado físico. 

— Eu não... — disse devagar, sentindo um leve enjoo e os sentidos levemente turvos — ...não sinto nada, só... enjoo e... — respirei fundo, fechei os olhos por alguns segundos, depois voltei a abri-los — ...minha cabeça está meio bagunçada.

Ele fez que "sim" com a cabeça, parecendo estar à par de tudo que meu corpo passava naquela hora, então se permitiu se aproximar um pouco mais da maca e segurou meus dedos mais uma vez.

Toda vez que ele me tocava, eu agradecia aos céus.

— A sua mente... — ele continuou, segurando meus dedos com um pouco mais de força, parecendo um encorajamento unido à explicação que ele percebia que eu precisava naquele momento confuso — ...é como um computador... 

Eu pisquei assentindo, deixando que ele prosseguisse.

— O computador precisa de um tempo pra ligar e trazer à tona todas as memórias... e é isso que está acontecendo com você agora. Você não vai lembrar de tudo imediatamente e alguns arquivos vão demorar pra aparecer, mais do que outros...

— Eu juro que... — pigarreei, sentindo a garganta seca — ...eu excluí a pasta que tinha pornografia.

Ele sorriu, com os olhos cheios de lágrimas, de forma tão sincera que seus olhos ficaram tão pequenininhos, que minha vontade era pegar seu rosto e beijar suas pálpebras, um monte de vezes.

— Eu... — comecei rouco, engolindo em seco e sentindo a garganta arranhar novamente, provavelmente pelo tempo que me foi privado o uso das minhas cordas vocais — ...desculpa, eu não lembro o seu nome...

Confessei e notei no seu rosto bagunçado uma mistura de alívio por ouvir minha voz com preocupação pela minha memória afetada.

Entretanto, não saber seu nome não diminuía o fato de que uma verdade explodia no meu peito naquele momento e, impulsivo como eu parecia ser, externei:

— Mas eu lembro que eu amo você. 

— Ah, meu amor... — ele levou a pequena mão ao rosto, que voltava a se inundar com lágrimas.

Que porra de bebê chorão lindo, caralho, eu realmente era muito idiota por esse cara.

Ele soluçou, fazendo carinho no meu ombro e tirando a mão do rosto, revelando a cara tão inchada de choro, por agora se inclinar sobre mim e encostar a testa na minha, enquanto a mão pequena e gordinha repousava na minha bochecha de forma amorosa.

— É Jimin... — ele disse rindo embargado, quase numa gargalhada — ...meu nome é Jimin...

— Jimin... é claro que é Jimin. — falei rindo de leve, percebendo o quanto aquele nome fazia sentido para mim — Você... é médico, não é? — um jaleco parecia ser parte da sua vida, eu começava a lembrar vagamente.

Perguntei, com a voz ainda baixa e rouca, fazendo certa força para falar, mas sentindo a curiosidade parecer ser combustível pro meu corpo voltar a funcionar aos poucos.

— Sou, meu amor, eu sou sim... — ele ria ainda mais, roçando o nariz no meu, parecendo mais feliz do que eu conseguia compreender.

Eu também estava feliz da mesma forma, eu só  não tinha forças para demonstrar.

— Por que eu... — pigarreei, franzindo o cenho com dor, sentindo a garganta seca.

— Você quer água? — ele perguntou preocupado, se distanciando levemente de mim, só para olhar para o meu rosto.

Eu assenti devagar, sentindo toda extensão da minha boca muito seca.

Jimin me deu um beijo na testa e saiu do quarto, voltando em menos de cinco minutos depois, com uma garrafa lacrada e um canudo.

Foi o tempo de eu perceber como eu detestava quando ele saía de perto de mim.

E foi o tempo também de olhar o teto, as paredes, o quarto inteiro.

Eu já estive ali.

— Tem copo descartável aqui, mas eu acho que vai ser mais fácil de canudo... — ele disse rindo nervoso, abrindo a garrafa, depois colocando o canudo dentro e voltando a se aproximar de mim — Bebe devagar, ok? Já tem tempo que você não ingere nada...

Ele trouxe o canudo devagar até meus lábios e, colocando na minha boca, eu consegui dar o primeiro gole na água, que desceu de forma incômoda no começo, mas não demorou muito para que eu começasse a dar goles sequenciais, mesmo que lentos.

Empurrei o canudo com a língua e respirei fundo, depois de ter tomado a água com mais vontade do que eu imaginava que estava.

— Estava cheio de sede, não é, meu amor? — ele riu fraco, ainda fungando um pouco, depois colocou a garrafa numa mesinha próxima da maca que eu estava e voltou para o meu lado, segurando minha mão mais uma vez — Se quiser mais me pede, ok?

Eu assenti fraco com a cabeça, fechando os olhos e respirando fundo, tentando mover meus braços um pouco mais e percebendo que só conseguia movimentar o direito.

Quando olhei pro esquerdo, ele estava numa tala preta e grossa, esticada sobre o colchão da maca.

Uma das minhas pernas também estava imóvel, mas eu conseguia mover a outra.

— O que... — continuei meu questionamento, mesmo que estivesse forçando um pouco a minha voz, virando o rosto novamente para Jimin, que me encarava em silêncio o tempo todo — ...o que aconteceu comigo?

Ele respirou fundo, depois levou os dedos curtinhos à minha testa, tirando os fios de cabelo do meu rosto e os penteando para trás com carinho, enquanto começava a falar.

— Você sofreu um acidente, meu amor.

— Jura?

Eu era debochado assim, antes disso tudo? 

Achei que Jimin iria ficar com raiva, mas ele começou a rir, balançando a cabeça negativamente. 

— Para, Jungkook... o momento é sério, deixa eu explicar.

— Desculpa. — falei rindo pequeno, ainda fraco — Você pode me chamar só de amor?

Jimin riu ainda mais, um sorriso bem grandão, fazendo seus olhos ficarem tão pequenininhos que quase entraram no seu rosto.

Ele se aproximou de mim e deu um beijo na minha testa devagar, com muito carinho, depois voltou a me olhar.

— Eu não acredito que você acordou... eu estou tão feliz. É claro que eu posso te chamar só de amor, meu amor.

Ele respirou fundo, se recompôs mais um pouco, depois continuou falando.

— Você foi atropelado por algum filho da puta desgraçado, cria do inferno, corno e arrombado...

— Você... sempre foi agressivo assim? — falei rindo fraco, me surpreendendo com todos aqueles xingamentos que saíam de sua boca.

— Não, meu amor, eu não sou agressivo... — ele riu baixinho, balançando a cabeça acompanhando sua negação — ...mas quando envolve você, eu não sei... me dói tanto, eu... 

Então seu lábio inferior tremeu muito e ele voltou a chorar, passando o dorso da mão de forma agitada pelos olhos, fazendo meu coração doer com aquela imagem.

— Eu tô tão feliz que você acordou, amor... 

— Então por que está chorando tanto? — perguntei sincero, não entendendo o motivo de toda aquela dor.

— Eu tive tanto medo de nunca mais te ver, tanto medo de te perder... 

— Eu não vou a lugar nenhum. — falei, pela primeira vez, apertando os dedos que me seguravam.

Ele deu mais um sorriso fraco, pincelado pelo choro e, se aproximou de mim, me dando mais um beijo na testa.

— Eu preciso... lavar o rosto. — ele riu choroso, tentando pentear os cabelos com os dedos, depois fungando algumas vezes, tentando se recuperar de toda aquela tristeza — Só um segundo, ok?

Jimin saiu de perto de mim por pouco tempo, mas o suficiente para que eu conseguisse virar o rosto para a direção em que ele andou, até o banheiro do quarto, e notasse também uma pequena "bagunça organizada" em cima e ao lado do sofá que tinha ali, ao lado da minha maca.

Eram roupas dobradas em duas pequenas pilhas, uma mala pequena encaixada ao lado do estofado, um carregador de celular em cima da pilha de roupas, o próprio aparelho celular largado no sofá.

Um travesseiro e um edredom que não pareciam ser do hispital, e sim, de uso pessoal.

Jimin parecia estar acampando ali no quarto, há mais tempo do que eu fazia ideia.

— O que... — comecei a perguntar confuso, quando ele voltou para o meu lado, com o rosto um pouco mais limpo e os cabelos mais arrumados — ...o que é isso tudo no quarto, no sofá?

— Eu trabalho aqui em Wooridul... — até o nome do hospital fazia sentido, agora eu tinha certeza que já estive ali — ...mas hoje eu estou de folga e, nos dias que eu estou de folga, eu fico o tempo todo com você aqui no quarto. Acabei trazendo coisa demais e quase me mudando pra cá...

Ele riu meio envergonhado, balançando a cabeça negativamente, provavelmente se sentindo sem graça por ter virado meu guarda-costas.

— Eu ainda vou em casa pra regar minha planta da sala e lavar roupa...  — ele disse baixo, me contando um pouco mais da sua rotina — ...mas quando eu estava trabalhando eu sempre fugia pra ficar vendo você dormir. Eu sei que parece doentio... desculpa, eu só queria saber se você estava bem. 

Eu não achava doentio... eu achava linda a preocupação que ele tinha comigo.

— Você me ama de verdade, não é? — perguntei, percebendo que aquilo tudo era esforço demais para uma pessoa só.

Ele sorriu sutil, os olhos se encheram de lágrimas mais uma vez.

Jimin parecia sensível demais, principalmente à todas as minhas palavras.

— Sim, amor, eu te amo de verdade. — ele falou numa risada soluçada, mantendo o carinho gostoso no dorso na minha mão, se aproximando de mim mais uma vez e deixando um selar meigo e quentinho na testa.

— Me dá um beijo? Na boca. Minha testa já está satisfeita.

Pedi abrupto, porque desde a hora em que eu abri meu olhos, eu queria sentir aquela boca, tão bonita, tocando na minha.

Ele riu, como quem já era acostumado com o meu jeito de falar, depois desceu o rosto devagar, em encontro ao meu, segurando minha mandíbula delicadamente.

Sua respiração estava rápida, a minha também, parecia que fazíamos isso pela primeira vez.

Quando ele tocou os lábios aos meus, guiado pelo meu desejo descontrolado de sentir sua boca inteira, o mordi de forma fraca e dei vigor a um ritmo mais intenso, deslizando a língua pela sua derme inchada que me selava.

Ele tinha calma, eu tinha pressa.

Mas essa calma contida em si, rapidamente cedeu à minha vontade, quando num gemido baixinho, de alívio por poder me beijar, Jimin segurou meu rosto com um pouco mais de firmeza e retribuiu ao meu beijo.

— A gente... — ele disse, depois de separar nossos lábios com dificuldade — ...vai poder fazer isso várias vezes, eu prometo... 

Ele ria envergonhado, era tão fofo.

— Mas você precisa se recuperar primeiro. 

— Eu estou bem. — falei teimoso e rouco, não gostando de quando ele tirava a boca de perto da minha.

Mas era mentira. Eu me sentia inteiramente grogue, mas sabia que não estava bem, só não queria me afastar de Jimin.

— Não está, grandão... — ele continuou, ainda meigo, me fazendo sentir um arrepio quando a palavra "grandão" saiu de sua boca" — ...e eu vou cuidar de você, mas preciso que você me ajude...

— E o que... eu posso fazer?

— Parar de me pedir pra te beijar, antes que eu suba em cima dessa maca e agarre você de uma vez.

— Então me beija, Jimin.

Ele riu, balançando a cabeça negativamente, provavelmente acostumado com o meu jeito e com as minhas cantadas, ainda assim, voltou o rosto pra perto do meu e me beijou mais uma vez, devagar, mas não deixando que eu aprofundasse nada dessa vez.

— Você não tem jeito...

Puxando a cadeira que antes estava sentado, Jimin sentou ao meu lado e ficou conversando comigo de forma leve até que Yoongi voltasse ao meu quarto.

Me dando mais um beijo na testa, o bebê chorão se despediu de mim, enquanto me observava sair dali e ir para outro andar, para fazer os exames que o platinado havia dito que eu faria.

— Ele é médico, aquele cara... o Jimin... — resmunguei baixo, pro maqueiro que acompanhava Yoongi, enquanto eles me colocavam no elevador — ...por que ele não pode vir comigo?

— Garoto, você parece criança. — o platinado riu baixo, mas ainda parecendo meio sério — Ele não pode tratar de você porque vocês são próximos, ele pode acabar fazendo besteira. E se você não parar de falar eu vou aumentar teu sedativo e fazer você desmaiar de novo.

Eu engoli em seco, calando a boca na hora.

Se aproveitando do meu silêncio, enquanto eu sentia minha garganta doer um pouco, provavelmente percebendo que eu não deveria estar tão agitado, Yoongi continuou falando e me explicando o quanto os primeiros dias eram os mais difíceis.

Que eu não podia falar muito, devia evitar me mover bruscamente e, se tudo desse certo com os exames, eu logo iria poder voltar à rotina normal, mas antes eu precisava fazer tudo certo, pra não passar mais tempo do que o desejado naquela maca.

Os exames duraram, aproximadamente, uma hora e logo eu estava de volta ao meu quarto.

Quando colocaram minha maca na posição original, percebi que Jimin havia adormecido no sofá do quarto e seu sono era tão profundo que ele não acordou nem com o barulho da porta sendo aberta.

Pensando que ele devia ter se privado de sono por mais tempo do que eu imaginava, não quis chamá-lo, pois parecia importante demais que ele descansasse.

Parecia que ele só conseguia dormir em paz, porque eu tinha acordado.

Mas durou pouco...

De alguma forma ele notou que eu havia entrado no quarto e acordou assustado, esfregando o rosto e levantando meio tonto, vindo para perto de mim sem nem conseguir abrir os olhos direito.

— Você pode dormir, Jiminie...

— Jiminie... — ele repetiu, de forma meiga.

O médico sorriu carinhoso, levando a mão bonita ao meu rosto e me acariciando, parecendo feliz por eu chamá-lo assim.

— Eu vou dormir quando você dormir... — ele riu, tentando abrir os olhos com força — ...enquanto você estiver acordado eu vou ficar acordado com você.

— Pode... — falei fraco, sentindo minha garganta ainda doer um pouco — ...pode me ajudar a lembrar de algumas coisas?

— Claro que posso, meu amor. 

— O que nós somos? — perguntei, não sabendo o motivo pelo qual desejava que ele falasse "casados".

— Nós somos namorados, mas quase moramos juntos. — ele respondeu com um sorriso gostoso, passando os dedos na minha franja e a penteando para trás, com carinho.

— Pensei que você era meu marido. — eu quase resmunguei.

Ele riu de um jeito fofo, quase gargalhou, se divertindo com a minha resposta.

— Você tem falado muito de casamento ultimamente, mas eu não vou casar com você, até você terminar a faculdade.

— Eu faço faculdade, não é? — comecei a me lembrar das salas de aula, de uma menina de cabelo azul e de um cara que estava sempre grudado com ela.

Acho que eram meus colegas de sala.

Lembrei também das aulas chatas de cinema francês e do dia que saí da sala de vídeo para falar no telefone com Jimin.

— Faz... — ele disse, me fazendo esquecer sobre o que eu pensava e voltando a focar em sua boca bonita, que continuava falando — ...mas... — ele parecia chateado e inseguro para continuar falando.

— O que, Jiminie? — perguntei, não conseguindo deixar de ficar preocupado com o seu tom.

— Eu tive que levar a documentação para trancar o seu período, me perdoa. — sua voz saía culpada e quase chorosa — Nós sabíamos que a indução ao coma duraria três semanas, mas não sabíamos se você ia acordar depois disso e como você iria acordar... e depois ainda tem todo o período da fisioterapia, o seu  braço, sua perna... você não ia poder voltar a fazer as coisas normalmente por, no mínimo, dois meses.

Quanto mais ele falava, mais desesperado ele parecia.

— Então eu tive que levar suas coisas, você não tinha mais ninguém para te representar, eu tive que ir como seu médico, levar toda a documentação e pedi ao reitor para trancar seu semestre. Ele aceitou, enviou suas estimas de melhoras e disse que a universidade está aguardando sua recuperação, mas me perdoa... 

— Calma, doutor... — falei, quase rindo, achando graça com a forma que ele ficava falando e falando sem parar — ...eu era agressivo com você? Eu já te bati ou te tratei com grosseira?

— Não... — ele respondeu, franzinho o cenho, sem entender onde eu queria chegar.

— Então por que está com tanto medo de mim?

— Ah, grandão... — ele soltou o ar dos pulmões, de forma pesada — ...é que você lutou tanto pra entrar nessa faculdade, eu não queria que você ficasse chateado.

— Obrigado por resolver isso tudo por mim, você não tinha obrigação de fazer nada disso. — eu ri incrédulo, pensando no quanto aquele cara se esforçava pelo meu bem estar — Caralho, um anjo se apaixonou por mim?

— Eu vou fazer tudo o que eu puder por você, meu amor. — ele disse rindo e beijando minha testa com carinho, depois descendo a boca, beijando minha bochecha e, por fim, selando meus lábios devagar — Eu vou cuidar de você o tanto quanto eu conseguir, ok?

E ele realmente cuidou...

Durante os dias que foram se passando, Jimin devotou à mim um carinho que não era humanamente compreensível.

Pelo menos eu não conseguia compreender como alguém gostava tanto assim de mim.

Eu achei que ia ficar com a memória comprometida por muito tempo, mas conforme eu dormia e acordava, as lembranças voltavam para minha cabeça aos poucos, cada vez mais, mas o pior dia foi quando me lembrei de Seojoon.

Quando eu me dei conta de que havia perdido meu irmão, eu comecei a chorar naquele quarto, gritando como se acabasse de receber a notícia, como se acabasse de vê-lo morrer.

Hoseok, o enfermeiro que já tinha ficado comigo antes, entrou no quarto correndo, por estar perto dali, já que Jimin havia voltado ao trabalho, mas ele logo mandou chamar meu namorado, que não demorou à chegar.

— Eu não sei o que aconteceu com ele, Jimin... — o cara falou, parecendo ter medo de se aproximar de mim.

— Amor? Meu amor? — Jimin se aproximou da maca, fazendo seu jaleco ser balançando, conforme ele corria para vir mais perto — O que foi, do que você se lembrou?

Como era esperto e me conhecia... 

— O Seojoon, Jiminie... — falei sentindo o peito doer, não conseguindo me erguer e deixando as lágrimas jorrarem pelos cantos do meu rosto — ...eu não tenho mais meu irmão...

— Meu amor... — ele falou segurando minha mão, depois virando pra Hoseok — ...pode ir, Hobi, obrigado pela ajuda.

O enfermeiro assentiu e saiu do quarto, depois Jimin volto a olhar para mim, chegou o rosto perto do meu, repousando a testa na minha.

— Ele se foi, mas foi pra proteger você, Jun...

— Desculpa... desculpa, Jiminie, eu... — tentei respirar fundo, sentindo o choro diminuir um pouco — ...eu não imaginei que ia ter a mesma reação, de novo...

— Não precisa pedir desculpas, você está lembrando das coisas aos poucos, é normal que você sinta tudo de novo desse jeito... 

— Eu não gosto quando você fica fora do quarto...

— Ah, Jun... — ele riu baixo — ...eu também. Eu odeio ficar longe de você. A minha hora de almoço é agora, eu vou bater meu cartão, buscar minha comida e volto pra cá, ok?

Eu assenti com a cabeça, ele saiu do quarto e, quando voltou, alguns minutos depois, não voltou sozinho.

 Uma menina baixa com um barrigão de grávida entrou no quarto, sorrindo que nem uma doida.

Era Chae, minha cunhada e, mesmo que eu lembrasse que ela estava grávida, eu não lembrava que a barriga estava tão grande assim.

Como podia ter crescido tanto em pouco mais de um mês?

— Goo, meu Deus, você acordou... — ela disse segurando o choro, chegando perto de mim e fungando — ...desculpa, os hormônios me deixam emocionada demais...

— Pode chorar, eu sei que você morreu de saudade do seu cunhado chato.

Ela riu, chegando perto de mim e estalando um beijo na minha testa, meio desajeitadamente porque sua barriga não podia ser apertada contra a maca.

Enquanto isso, Jimin sorria olhando pra nós dois, enquanto colocava sua refeição no aparador na frente do sofá e começava a destapar os potes.

— Quer comer, Chae? — ele ofereceu à minha cunhada.

— Acabei de comer quase um quilo de frango assado, Ji...

— Porra... por isso a barriga está desse tamanho.

Chae gargalhou, depois me deu um tapa fraco no ombro.

— Eu queria ter vindo antes, Goo... mas eu fiquei muito enjoada esses dias. No dia que tentei sair de casa, vomitei o corredor todo... — minha cunhada disse meio envergonhada.

— Quem limpou? — perguntei franzindo o cenho, segurando o riso.

— Seokjin...

Eu ri com força, quase gargalhando alto, depois senti umas fisgadas no estômago e fui parando de rir, mas era engraçado demais imaginar Jin todo nervoso, ajudando Chae.

Ele não pediu, mas acabou ganhando uma irmã grávida para cuidar.

— Onde aquele bêbado está?

— Lá fora falando com alguém no telefone, parece que está discutindo.

Foi só minha cunhada falar, que Seokjin abriu a porta, aparecendo e dando um sorriso imenso quando olhou pra mim.

— Caralho, o ranhento acordou! — quase gritou, todo feliz, andando rápido na minha direção e praticamente empurrando Chae pro lado, com sua bunda magra.

— Calma, seu doido. — Chae resmungou e eu ri ainda mais.

A convivência dos dois devia ter se desenvolvido perfeitamente bem, pelo que eu podia perceber.

Até vômito Jin estava limpando...  

— Desculpa, Chae... — ele pediu sem graça e depois que ela riu, meu amigo claramente se sentiu melhor, voltando à olhar para mim — Caralho, você esqueceu de tudo, ranhento?

— Sim e não... — respondi olhando pro teto e respirando fundo, tentando pensar em como estavam minhas lembranças à aquela altura do campeonato — ...eu lembro das coisas, conforme apresentam os fatos pra mim... 

Jimin comia silenciosamente no sofá, deixando que eu tivesse meu momento com as visitas do dia.

— Mas as vezes eu lembro de coisas do  nada... coisas boas me fazem rir muito, coisas ruins me fazem chorar que nem bebê. É meio estranho, parece que eu acabei de nascer, às vezes...

— Deve ser maneiro... — Seokjin disse rindo.

— Deve ser assustador, a cabeça deve ficar super confusa. É muita informação... — minha cunhada disse, mostrando que tinha mais sensatez.

— Lembra da primeira vez que você transou? — Seokjin perguntou do nada.

Chae olhou pra ele chocada, mas segurando o riso e eu acabei rindo também.

— Sim, foi com Jimin... — respondi, tentando ignorar a imagem desconfortável da minha primeira vez desastrosa, que aconteceu com uma pessoa que eu nem sabia mais se estava viva.

— Você é tão sonso, Jungkook. — a voz do médico soou, num tom de julgamento.

— Não quero lembrar de nenhum sexo que não seja com você, doutor. — disse aumentando a voz, para ele ouvir em alto e bom tom.

— Goo, eu não tenho como tapar os ouvidos do seu sobrinho, então se controle, por favor? — ela disse colocando as mãos pequenas na barriga, como se pudesse impedir o bebê de ouvir alguma coisa — Obrigada... 

Eu ri junto de todo mundo ali naquele quarto, pedi desculpas e, assim que o horário de almoço de Jimin terminou, ele me deixou mais um tempo com Seokjin e Chae, onde passamos uma tarde agradável conversando.

Seokjin ficava me lembrando de coisas aleatórias o tempo todo, me fazendo rir como um trouxa com coisas que às vezes eu duvidada se tinha feito, mas que no final eu acabava lembrando.

Chae falou um pouco sobre Seojoon, nós acabamos chorando juntos mais uma vez, e o choro continha dor sim, em nós três, mas começamos a falar de momentos bons que tivemos com ele e logo não nos sentíamos tão mal assim.

Começamos a rir quando eles me lembraram do dia que eu passei na faculdade e Seojoon estava mais feliz do que eu mesmo e aquilo... aquelas lembranças eram as que eu queria manter dele.

Minhas visitas duravam um tempo muito maior do que o permitido no hospital, porque Jimin fez questão de cobrar previlégios à Yoongi e eu não fiz questão nenhuma de reclamar ou ir contra.

Eu até gostava do jeito marrentinho dele, quando ele ia me defender ou exigir coisas para me beneficiar.

Me dava tesão ver Jimin tão protetor assim.

Quando o celular de Seokjin tocou mais uma vez, ele saiu do quarto e Chae ficou ao meu lado, segurando minha mão.

— Eu tô muito feliz que você acordou, Goo...

— Eu também tô feliz de ter acordado... era meio chato ficar em coma.

Ela riu baixo, balançando a cabeça em negação às minhas piadas sem fim.

— Posso? — perguntei levantando a mão devagar, querendo tocar sua barriga.

— Claro que pode, ele está com saudade do tio...

Chae pegou minha mão, colocando em cima do volume protuberante e, não muito tempo depois, senti a agitação dentro dela.

— Meu sobrinho é um alien... — disse rindo, sentindo que a criança realmente se agitava com o meu toque, me dando até um ou dois chutes — ...nossa, é normal ele ficar assim?

— Ele é bem agitado... — ela disse rindo também, movimentando minha mão nas partes que o bebê se movia com mais força — ...mas parece que ele está feliz de saber que o tio está bem.

— Vai dar trabalho pra caralho, vou comprar uma coleira e prender ele no pé da mesa.

— E eu dou uma paulada na sua cabeça, garoto. — ela disse se segurando pra não rir, porque era óbvio que tinha achado a ideia engraçada — O nome dele...

— É Hajoon? — soltei, do nada.

— Como... — ela olhou pra mim, confusa — ...como você sabe?

— Eu não sei... — respondi sincero.

— Eu vim aqui quando você ainda estava no coma... sentei do seu lado, ficamos conversando e eu falei o nome dele pra você. — ela confessou, dando um sorriso meigo para mim — Acho que você deve ter gravado isso, mesmo com a mente lerdinha...

Eu ri, concordando com tudo que ela dizia à mim.

Parecia fazer sentido.

— Hajoon é um nome lindo e eu sei que você também vai ser bonitão... — comecei a conversar com a barriga, como se meu sobrinho pudesse me ouvir — ...ainda vou te ensinar a cuspir, pivete...

Senti a última palavra sair da minha boca de forma involuntária, lembrando do jeito como Seojoon me chamava e logo Chae me olhou, inicialmente assustada com o chamamento inédito vindo de mim, depois me dando um sorriso carinhoso.

— Hajoon tem sorte de ter você como tio, Goo.

— Eu que tenho sorte de ter ele como sobrinho e você como cunhada, Chae.

Ela sorriu mais uma vez e, segundos depois, ouvimos a porta abrindo, revelando um Seokjin meio atordoado.

— Vamos, Chae? Preciso resolver uma coisa...

— Vai transar de novo?

— Jungkook, seu sobrinho!

— Desculpa, Chae... — falei segurando o riso. — Você está precisando de dinheiro?

— Não, o... — ela ssussurou, chegando perto de mim — ...o Namjoon me deu o dinheiro do Seojoon, eu... — ela falou ainda mais baixo, mas eu consegui ouvir — ...eu nem sei o que fazer com tanto dinheiro assim, Goo...

— Compra uma mini Ferrari pro Hajoon, um pônei, um castelinho... — comecei a numerar as coisas que eu sempre quis quando era criança e nunca tive.

— Se tem uma coisa que o muquirana do Seojoon me ensinou, foi a não chamar atenção, garoto. — minha cunhada disse segurando o riso.

— Eu vou aparecer com isso pra ele e você vai ter que aceitar. — falei, porque iria fazer mesmo.

Depois de conversarmos rapidamente, ainda rindo e trocando implicâncias sobre presentes para o meu sobrinho, nos despedimos.

Eles disseram que iriam tentar voltar em breve, mas que tinham outras pessoas querendo me ver e que iam dar lugar aos outros também.

Eu só conseguia pensar em Namjoon, mas sabia que ele não me visitaria durante o dia.

Logo o enfermeiro entrou e, como todos os dias, me meu banho no mesmo horário, à tarde, pouco antes do turno de Jimin terminar.

Nos primeiros dias ele me dava banho na cama. Era um tipo de banho esquisito, com milhões de gazes molhadas e mãos ligeiras limpando todas as minhas regiões que o sol não batia.

— Porra, o Jimin não pode fazer isso não? — perguntei resmungando, depois de sentir o enfermeiro fazer uma limpeza profunda na minha bunda.

— Toma vergonha nessa cara... — Hoseok disse sem paciência, provavelmente não aguentando mais me ouvir reclamar desde a época que eu tomei um tiro, até hoje — ...seu namorado trabalha que nem um louco o dia inteiro e você ainda quer que ele te dê banho?

Engoli em seco, ele estava certo.

Eu estava ficando mimado demais e acostumado demais com Jimin fazendo tudo por mim.

Inclusive, desde que eu estava ali, ele havia escolhido horários fixos para trabalhar e não estava pegando plantão nenhum, para poder passar mais tempo comigo, então depois que Hoseok me deixou todo limpinho, ele apareceu no quarto, com o mesmo sorriso gostoso que me dava a sensação de que a vida valia a pena.

— Você fica gostoso demais com essa roupa de médico... — disse, observando-o se aproximar de mim, com o jaleco aberto balançando, o estetoscópio pendurado no pescoço e uma blusa azul clara de botões, perfeitamente fechada até o pescoço — ...acho que estou criando algum tipo novo de fetiche.

Ele riu, balançou a cabeça negativamente e tirou o estetoscópio, colocando em cima de sua mala de trabalho, ao lado do sofá, depois tirou o jaleco, colocou dentro do armário do quarto e começou a desabotoar a blusa, olhando pra mim.

— Eu vou tomar um banho... — ele disse, demonstrando clara preferência pelo chuveiro do meu quarto, do que o chuveiro do vestiário dos residentes — ...ja volto pra fazer você lembrar de mais coisas...

— Pensei que ia fazer um strip pra mim...

— Quem sabe outra hora. — falou sorrindo e depois entrou no banheiro.

E aquilo fechava, praticamente, a rotina do que meus dias viriam a ser.

Uma rotina que eu nunca imaginei me enfiar, porque a gente nunca imagina que vai passar quase dois meses dentro de um hospital, sem conseguir se mover, com o seu namorado tendo que se mudar pro seu quarto e quase esquecer que tem um apartamento próprio.

Um dia depois, Hoseok e eu começamos o que era uma tentativa difícil pra caralho para eu levantar, sentar na cadeira de rodas e ir pro chuveiro, tudo a mando de uma fisioterapeuta baixinha, mas que parecia a versão feminina de Yoongi.

A impressão que eu tinha era que eu iria apanhar, se não tentasse me esforçar pra levantar da cama.

— Essa é a Dra. Letícia, ela tem sido responsável pela sua recuperação, enquanto você estava de coma. — Hoseok me apresentou para a mulher que me observava já na cadeira de rodas.

— E ae, dona. — cumprimentei.

— E... ae? — ela me cumprimentou de volta, de forma sem jeito, o que me fez rir — Coloca o pé dele no suporte, não deixa entrar água em hipótese nenhuma, nem na perna, nem no braço, depois encaminha pro raio-x, que eu preciso checar o estágio da calcificação.

— Sim, senhora. — o enfermeiro respondeu respeitosamente, observando a pequena mulher brabinha sair da sala.

— Vamos tratar ela com amor, senão ela quebra o resto dos meus ossos.

— Para de falar bobagem, Jungkook. — Hoseok falou, empurrando minha cadeira de rodas pro banheiro — Se não fosse por ela, seus ossos iam ter virado farofa, deu sorte dela estar de plantão na hora do seu acidente. Ela foi rápida demais identificando tuas fraturas e imobilizando tudo.

Quando chegamos no chuveiro, ele apenas desamarrou a minha roupa de hospital já folgada e colocou no cesto de roupa suja.

Hoseok já tinha me dado tanto banho que eu quase podia chamá-lo de mamãe.

— O que eu quebrei, afinal? — disse olhando para minha tala preta, que mantinha meu braço esticado, e logo depois para minha perna, inerte no suporte da cadeira de rodas.

— No braço foi uma fratura leve, você deve ficar pouco tempo com essa tala... — o enfermeiro dizia, ligando o chuveiro e regulando a temperatura — ...na perna eu não sei te dizer, mas provavelmente você vai ter que ficar andando de muleta algum tempo e fazendo fisioterapia.

— Porra, que merda... — respirei fundo, já me imaginando caindo no meio do apartamento, porque não conseguia sustentar o corpo truculento numa perna só.

— Jungkook, o que aconteceu com você foi quase um milagre, sabe?

Hoseok começava a falar, levantando minha perna no suporte elevado da cadeira de rodas, me fazendo gemer um pouco de dor, depois passando um plástico grande pelo meu braço, para não molhar a tala, nem o gesso da perna.

— Você bateu a cabeça, mas não teve coágulos, nem perda de memória definitiva. Você quebrou o braço, mas foi uma fratura simples. O pior foi na sua perna, mas você vai se recuperar... — ele ia listando as coisas que haviam acontecido comigo, enquanto me colocava debaixo do chuveiro — ...você deve ser um gato com sete vidas, ou algo assim.

— Quatro vidas já foram, só faltam três.

Parecendo não entender sobre o que eu dizia, Hoseok ficou quieto e me deu o sabonete, para que eu pudesse limpar meus países baixos sozinho, com o braço que estava bom.

Percebi que queria ficar um pouco sozinho, debaixo d'água, e pedi licença, com o enfermeiro não vendo objeções em me deixar ali um tempinho.

Enquanto a água quente batia na minha cabeça, milhões de pensamentos bombardeavam minha mente, mais precisamente sobre as coisas que eu havia acabado de dizer.

Quando meus pais morreram, eu morri junto, mas Seojoon me trouxe de volta à vida.

Quando eu tomei um tiro, eu, provavelmente, morri também, mas foi Jimin quem me fez viver dessa vez.

Quando Seojoon morreu, mais uma vida minha se foi, mas eu achei em Jimin, novamente, a razão para não abraçar a morte.

E quando eu fui atropelado e experimentei, mais uma vez, o profundo escuro e vazio, revivi pelo som da voz daquele médico que, se não estivesse ali pra me prestar socorro, eu com certeza não estaria mais aqui para contar a minha, ou qualquer outra história que valesse a pena ser contada.

E, mais uma vez, eu agradecia aos céus por ter Jimin comigo, porque ele era, indiscutivelmente, o motivo de eu continuar querendo respirar.

Me percebendo mais tempo quieto do que o normal, já que ultimamente eu vivia reclamando por dor, Hoseok entrou de novo no banheiro e logo finalizou meu banho.

Já haviam se passado mais de uma semana que eu tinha acordado e, por ordens da fisioterapeuta, aquela seria nossa rotina daqui pra frente, enquanto minha estadia naquele hotel maravilhoso durasse.

Provavelmente Hoseok não aguentava mais me ver resmungando como um velho, então eu ia me esforçar para tentar ser um ser humano melhor.

Eu realmente não me dava bem com feridas e hospitais, e parecia que não havia treinamento para suportar as dores de uma forma melhor, mas eu ia tentar ser menos cuzão.

Quando mais um expediente de Jimin terminou, o médico entrou no meu quarto, após às 19h, dando um sorriso enorme ao me ver.

Ele sempre ficava muito feliz quando podia vir correndo para o quarto e eu ficava que nem criança quando me dava conta de que ele iria voltar para mim.

Nós dois éramos dois idiotas, isso era claro.

— Vou tomar banho, já venho te beijar.

Jimin nunca me abraçava, nem me beijava, antes de ir tomar banho. Todo preocupadinho em não me passar nada.

— Rápido, senão eu vou morrer. — fiz drama e o vi indo pro banheiro rindo.

Quando voltou, eu assistia alguma coisa aleatória na televisão e ele, tendo colocado o meu moletom e uma calça igualmente larga, puxou a sua cadeira e se sentou ao meu lado.

— Já comeu? — perguntei preocupado, reparando que ele estava com mais olheiras e o rosto mais magro do que eu me lembrava.

— Comi antes de vir pra cá, amor. E você? — ele tinha reciprocidade na preocupação.

— O enfermeiro abusado me deu a janta, agora a pouco.

— Ele não era medroso? Agora é abusado? — Jimin riu, cruzando os braços em cima da maca e deitando o rosto ali, olhando pra mim de baixo.

— Acho que ele perdeu o medo de mim... agora está abusado.

Rindo mais um pouco, Jimin segurou minha mão e me deu um beijo calmo.

— Essa maca é grande pra porra, né? — falei como quem não quer nada, mas ele entendeu o que eu queria.

— Não vou deitar com você, posso te machucar. 

— Você é irritante demais quando lê minha mente.

Ele soltou uma gargalhada gostosa, depois beijou minha mão mais uma vez, olhando para mim com carinho.

— Vem, Jiminie... deita aqui comigo? — insisti mais uma vez, começando a chegar o quadril pro lado com dificuldade, mas o suficiente para que ele pudesse vir pro meu lado.

— Eu odeio amar fazer tudo que você me pede, garoto.

— Não me chama de garoto que eu fico doido pra te foder e eu não posso.

Jimin riu mais uma vez, se levantando da cadeira e vindo deitar do meu lado, se encaixando no espaço limitado do colchão, passando a mão pequena em cima do meu peito e deitando no meu ombro devagar, com movimentos leves que se adequavam perfeitamente ao encaixe do seu corpo ao meu.

Pegando o controle remoto da minha mão, meu namorado começou a trocar os canais, até que parou numa versão atual do Homem-Aranha e repousou o controle na própria coxa, sabendo que eu gostava do cabeça de teia.

— Acho que estou tendo um dejavu... — disse rindo, lembrando que havia assistido um filme da mesma sequência, quando estive naquele hospital meses atrás.

Jimin riu baixinho, puxou o cobertor grande que estava em mim, colocando em seu corpo também e se aninhou ainda mais do meu lado, assistindo o filme quietinho ali, enquanto compartilhávamos a paz incomum de estarmos curtindo um momento só nosso, dentro daquele quarto de hospital.

Quando os créditos subiram, quase duas horas depois, meu namorado olhou para mim, sorriu e me deu um beijo na bochecha, mas seu rosto continuou tão próximo do meu que eu senti um arrepio percorrer minha nuca.

— Que saudade de deitar com você... — ele confessou num sussurro, passando o nariz pela minha bochecha e fazendo sua respiração quente bater na minha pele.

Eu virei o rosto, sentindo a pressa de aproveitar tudo que Jimin me dava, roçando a boca na sua até que mordi seu lábio inferior de leve, o puxando até minha ação se desmanchar num beijo que gritava necessidade. 

Mais uma vez, Jimin gemeu baixinho por dentro dos nossos lábios, externando a saudade que tinha de me beijar, mas que segurava o tempo todo, por medo de me machucar.

— Que saudade de... fazer tudo com você... — sussurrei, sentindo a mão macia de Jimin segurar meu rosto com delicadeza e acariciar a região.

— O que você lembra que fazia comigo? — ele perguntou mordendo o lábio inferior, encostando a testa na minha e dando um sorriso pequeno, mais safado do que eu esperava.

Eu amava o fato de que Jimin ficava cada vez mais confortável para ser um devasso comigo, apenas pelo fato de que se sentia bem o suficiente na nossa relação, para isso.

— Eu lembro que você rebolava tão gostoso que meu corpo tremia todo... — comecei a pontuar as coisas que vinham na minha mente — ...lembro que o seu gemido, quando chama meu nome, é a coisa mais gostosa que eu já ouvi... — Jimin fechou os olhos, respirando fundo, enquanto eu passava os lábios pelo seu rosto, beijando cada pedacinho de pele que eu conseguia — ...lembro de chupar você no carro e você gostar demais...

— É... — ele riu sacana, descendo o rosto levemente e levando a boca até o meu pescoço — ...você lembra de muita coisa. — sua voz soou, antes que ele começasse a dar leves chupadas na região da minha pele.

Tirando as ereções matinais e as involuntárias, essa foi a primeira vez que meu caralho reagiu tão abruptamente à Jimin, desde o dia em que eu acordei.

E porra, eu não imaginava que ia gostar tanto de lembrar como meu corpo reagia ao meu namorado.

Conforme seus lábios gostosos iam chupando de leve a pele do meu pescoço, devagar, meu braço bom subia em direção à sua cabeça, fazendo carinho no seu cabelo, conforme minha respiração ficava mais pesada.

— Jimin, eu...

Alguém bateu na porta.

— Porra, mas que caralho. — surpreendentemente, quem xingou foi Jimin e eu acabei gargalhando da sua reação..

— Você está ficando muito parecido comigo... 

Ele riu e, choramingando reclamão, me deu um beijo leve na boca, descendo da maca.

Enquanto ele andava em direção à porta, eu puxava o cobertor para fazer volume em cima do meu quadril, tentando disfarçar o meu pau duro, enquanto ele não abaixava por vontade própria.

— E ae, Jimin! Cadê o garoto? — ouvi a voz de Namjoon soando e, segundos depois, ele andando na minha direção.

Eram quase 00h, o que explicava sua visita naquele horário não-convencional.

— Caralho, Jungkook... — Namjoon dizia preocupado, sentando na minha maca antes ocupada por Jimin e olhando pro meu braço imobilizado — Como você está se sentindo?

— Uma merda, Nam... — disse sincero, respirando fundo — ...tô sentindo dor em tudo, não sei quando vou voltar a andar direito, não gosto de ficar em hospital e ainda tô com medo pra caralho...

E percebi que aquela foi a primeira vez falando abertamente de como aquilo me apavorava.

— Está com medo de Donghee? — ele perguntou sério, olhando para mim, enquanto Jimin se sentava no sofá do quarto e pegava o celular, usando enquanto nós conversávamos.

— O cara quer me matar de qualquer jeito, cara... — falei nervoso, percebendo que estava ficando puto com aquilo.

— Ele não vai conseguir. A partir de agora vão ter pessoas vigiando você... pessoas do meu bando.

— E protegendo Jimin também?

Perguntei, preocupado com meu namorado, que levantou o rosto na hora e olhou para mim, sorrindo fraco com o canto dos lábios.

— Sim, vou por gente pra ficar de olho nele também. 

— Namjoon... — foi a voz de Jimin que soou, fazendo com que nós dois olhássemos na sua direção — O carro que acertou Jungkook... 

Ele franzia o cenho, pigarreando e parecendo tomar coragem para contar algo.

— Foi o mesmo carro que me perseguiu, algum tempo atrás. 

— Como assim, Jimin? — perguntei alterado, sentindo meu sangue começar a ferver.

Como Jimin não tinha me contado uma porra dessas?

— Calma, garoto. — Namjoon falou, como se eu fosse um cachorro brabo — Como foi isso? — meu ex-chefe cruzou os braços, virou o corpo suavemente e encarou Jimin, aguardando sua resposta pacientemente.

— Eu tinha deixado Jungkook em casa... — o médico começou a falar, com a voz baixa, olhando pro aparelho celular de tela desligada em suas mãos — ...eles me perseguiram quando eu deixei o Jun em casa, depois eu consegui entrar numa viela escura, apaguei todas as  luzes do carro e eles me perderam de vista... aí eu voltei pra casa.

— Você foi esperto na forma que fugiu, mas...

— Um carro também me perseguiu. — soltei, cortando Namjoon.

— Porra, Jungkook! — Namjoon esbravejou.

— Caralho, que isso? Tava tratando o Jimin cheio de carinho e comigo é esse cavalo? — questionei puto, me sentindo injustiçado com aquele tratamento agressivo.

— Cara, o Jimin é médico... — ele começou, levando os dedos às têmporas e as massageando, enquanto respirava fundo e explicava tudo devagar, como se eu fosse uma criança — ...ele não tem noção de como é a vida no crime, das porras que a gente passa por roubar e marcar território, mas você... caralho, Jungkook...

Namjoon balançava a cabeça negativamente, olhando pro chão, enquanto Jimin olhava para nós dois, tendo levantado as pernas no sofá e agora abraçando-as, colocando o próprio queixo nos joelhos, de forma fofa, mas ele estava acuado e tenso, assim como eu.

— Você já ouviu eu falando sobre todo tipo de merda, você já soube de pessoas do meu bando que morreram porque estavam sendo perseguidas... caralho, você sabe que esse tipo de coisa tem que ser reportada a mim, garoto!

Namjoon andava de um lado pro outro, de forma nervosa, como se sua cabeça estivesse fumegando.

— Iria ter ajudado se o Jimin tivesse dito isso, — ele olhou pra Jimin — ...porque claramente o arrombado do Donghee está perseguido vocês à mais tempo do que eu imaginava, mas você, — então olhou para mim — ...definitivamente, tinha que ter me contado, garoto...

— Desculpa, Namjoon. — foi o que consegui falar, baixo, me sentindo um merda.

Porque, por mais que eu estivesse me culpando pelo que aconteceu comigo, eu me sentia um merda por pensar que algo assim poderia ter acontecido com Jimin também, e por um erro meu.

Por eu ter sido uma anta.

— Tá, tudo bem... — o rei do crime disse, soltando o ar de forma pesada dos pulmões, ainda olhando pro chão e pensando por um tempo, antes de continuar — Esse cara vai morrer, mas, antes disso acontecer... — ele levantou o rosto, mudando o olhar de mim, para Jimin, novamente — ...vocês não podem sair sozinhos.  Sempre juntos, no carro de Jimin ou chamando um pelo aplicativo, até mesmo me chamando ou chamando o Yoongi, mas nunca, em hipótese nenhuma, sozinhos. Entenderam? 

Não me imaginava chamando o Yoongi pra me levar em lugar nenhum, mas tudo bem.

— Tá bem, Namjoon... — foi Jimin quem disse, assentindo ainda de forma contida e observando aquele bandido de alta categoria olhar para mim dessa vez.

— Entendeu, garoto?

— Tá, entendi... — disse estalando a boca, não gostando da ideia de ter que criar cordão umbilical 24h em alguém, apesar de que, na minha condição, eu não teria muita escolha.

— Beleza. Eu não pretendo voltar mais aqui, pra não levantar bandeira, mas se precisarem me liguem que eu apareço...

Eu e Jimin assentimos juntos, concordando mais uma vez.

— Eu corro risco de ser preso, por estar aqui? — lancei uma dúvida que me incomodava nos últimos dias, à medida que eu ia entendendo o quanto já estive envolvido com bandidos.

O quanto, eu mesmo, já fui um bandido por anos.

— Você foi fichado como atropelamento acidental aqui no hospital, onde o causador do acidente prestou socorro à vítima... — Namjoon começou, parecendo saber mais informações do que meu próprio namorado, que trabalhava lá — As informações falsas foram para evitar chamar a polícia para interrogatórios e eu tenho um conhecido na delegacia central, que está me mandando informações. Fica tranquilo, se te denunciarem, eu cubro.

Nunca agradeci tanto por ser mascote de bandido.

Eu definitivamente não queria ir para a prisão.

Percebendo minha tensão, Namjoon chegou perto da minha maca mais uma vez, falou mais um pouco comigo, bagunçou meu cabelo e, depois de nos despedirmos, ele foi embora, deixando para trás apenas uma dose um pouco maior de pânico.

Nada que nós já não estívessemos acostumados nos últimos tempos...

Quando olhei para o lado, Jimin estava ajeitando seus travesseiros no sofá e esticando o lençol sobre o estofado e, ainda observando o espaço ao meu lado da maca, senti a necessidade de tê-lo perto de mim mais uma vez.

— Amor... — chamei, o observando ainda arrumar seu canto para dormir.

— Oi, amor? — ele disse quase de costas, abrindo o edredom sobre o sofá.

— Dorme aqui comigo?

Jimin olhou para mim e ergueu o corpo, balançando a cabeça em negação.

— Não posso, grandão, eu vou te machucar.

— Jiminie, essa maca é enorme, a gente viu filme quietinho e a única dor que eu senti foram das minhas bolas, quando eu não gozei e fiquei de pau duro.

Jimin gargalhou, se sentando no sofá e olhando pra mim com carinho, enquanto segurava um dos travesseiros e abraçava em cima do seu colo, depois ele, segurando o riso, fez aquele bico fofo lateral que fazia, sempre que estava pensando em alguma coisa.

— Eu quero demais, Jun... — ele confessou, olhando pro travesseiro em suas mãos — ...mas tenho medo de te amassar ou te apertar...

— Se você fizer isso eu prometo que te jogo da maca.

Ele deu aquela risada gostosa mais uma vez, jogando a cabeça pra trás e fechando tanto os olhos enquanto ria, que foi dificil voltar a olhar para mim.

— Vem, meu bebê... — pedi mais uma vez, manhoso e covarde.

Ele sorriu com o canto dos lábios, pegou seu travesseiro e veio para a maca, voltando a se aninhar do meu lado, mais confortável agora por conta do seu travesseiro.

— Não vamos repetir isso, ok? Você precisa ter espaço pra descansar... — ele disse baixinho, roçando a boca na minha bochecha, depois me dando um beijo carinhoso na região, então deitou pertinho de mim e fechou os olhos, respirando fundo.

Depois de um "tudo bem" debochado, nós conversamos por algum tempo e, com medo de sermos pegos de novo, parecia que a ideia de um boquete ou de uma punheta haviam ido por água à baixo, porque a única coisa que conseguimos fazer foi prosseguir com o papo e depois cair no sono.

Grudados, colados e juntinhos, do jeito que gostávamos tanto.

E eu nem preciso dizer que isso aconteceu durante todos os dias em que eu permaneci naquele hospital, porque era só Jimin aparecer de noite, indo para seu sofá, que eu repetia o pedido manhoso e covarde.

Começava a fingir choro, dizia que iria morrer ou me matar, se ele não dormisse comigo.

Jimin ria demais, por vezes até caía no sofá, de tanto rir com a minha chantagem descarada, mas sempre terminava dormindo ali, claro, sem deixar que ninguém soubesse porque, mesmo que ele fosse médico, era claro que o paciente tinha que descansar.

Mas a porra do paciente era eu e eu sabia ser chantagista ao ponto de não aceitar que Jimin dormisse mais naquele sofá que parecia desconfortável feito o caralho.

Enquanto Jimin trabalhava, tendo agora um pouco mais de duas semana em que eu estava acordado e recobrando memórias distantes que vinham à cavalo para minha cabeça, ouvi alguém batendo à porta e com um "pode entrar" alto, que me surpreendi conseguir quase gritar, vi a figura magra de um garoto entrar no quarto.

Era Yeonjun, totalmente acuado e com medo.

— Oi, chefe... — ele falou baixo, me fazendo rir quando me chamou assim — ...posso... posso entrar?

— Não sou seu chefe, Yeonjun... — repeti a frase que falava tanto pra ele, sem conseguir parar de rir — ...mas sim, pode entrar.

Ele deu um sorriso pequeno para mim e se aproximou da minha maca, colocando os braços para trás e ainda parecendo muito sem graça.

Ele tinha a minha idade, era apenas meses mais novos, ainda assim, tinha aparência de um grande bebezão com medo.

— Eu queria te pedir desculpas... — ele começou, depois de pigarrear — ...pelo... hm... — o garoto ficava cada vez mais sem graça, conforme tentava falar sem sucesso.

— Pelo meu irmão?

Ele assentiu com a cabeça, sem coragem de finalizar a frase e tocar no nome de Seojoon.

— Olha, não foi culpa sua, ok? — disse calmo, sentindo, dessa vez em mim, o desconserto pela lembrança de ter gritado com o moleque meses atrás — Eu que tenho que pedir desculpas...

Ele olhou pra mim e franziu o cenho levemente, confuso com minhas palavras.

— Desculpa por ter gritado contigo, por ter colocado a culpa em você. Você não teve culpa de nada e...

Ouvi a porta sendo batida novamente, com um enfermeiro alto entrando com o carrinho de comidas.

— Boa tarde, Jeon, meu nome é Soobin. — ele se apresentou educadamente — O Hoseok está ocupado agora, pediu para eu trazer seu almoço no lugar dele.

Yeonjun ficou encarando o enfermeiro por algum tempo, parecia hipnotizado e sequer lembrava que eu estava ali.

Eu tive que segurar o riso de forma agressiva. Eu não tinha maturidade nenhuma quando via alguém babando por outra pessoa, mas o momento era delicado e eu iria poupar o moleque das minhas piadas idiotas.

— Valeu, Soobin. — agradeci, observando o enfermeiro puxar o suporte móvel para as refeições.

— Licença, por favor. — ele pediu educado à Yeonjun, para que ele pudesse chegar para o lado e, como se não soubesse falar nossa língua, o garoto só se afastou, ainda meio hipnotizado — Qualquer coisa, só me gritar. Boa tarde.

— Esse negócio de bandido se apaixonar por gente que trabalha em hospital... — comecei abrindo minha marmita com uma mão só, depois que o enfermeiro deixou o quarto — ...deu certo comigo e com o Jimin.

— O que? — Yeonjun perguntou confuso, parecendo voltar ao nosso plano terrestre.

— Nada não... — disse segurando o riso, observando a comida sem graça do hospital — ...enfim, você me perdoa?

— Não tem o que perdoar...

— Tem sim, cara. — disse tapando a comida para não esfriar e voltando à olhar pra Yeonjun — Se você veio até aqui com essa cara de bunda é porque tá se culpando até hoje pelas coisas que eu te acusei, sendo que o único culpado nisso tudo é o arrombado do Donghee.

— É, verdade... — ele disse baixo, passando a mão na nuca, ainda se sentindo meio sem graça.

— Então, me perdoa? Por eu ter sido um babacão contigo. Se você não me perdoar, eu vou morrer de angústia, tristeza e culpa.

Yeonjun começou a rir, identificando o meu deboche mesclado à um pedido sincero de desculpas.

— Tá perdoado, chefe... — ele disse ainda rindo, dando tapas leves no meu ombro.

Enquanto ríamos, um casal entrou no quarto sem bater, conversando entre si, como se tivessem  me visitado diariamente, cheios de folga.

Eram Chwe e Wheein, abusados e sem noção, exatamente como eu me lembrava.

— Lembra de mim? — a garota perguntou, se aproximando da maca, muito séria — Meu nome é Alana, faço aula de nu artístico com você. Você sempre ficava pelado e era nosso modelo de órgãos genitais para a sala toda, você lembra?

Chwe colocou a mão na boca, segurando o riso com muita força e Yeonjun olhou pra ela assustado, arregalando os olhos, depois olhou pra mim, querendo alguma confirmação daquela informação.

— Vai pra porra, garota! — falei gargalhando.

Como era idiota.

— Ai que saco, achei que você não ia se lembrar. — ela disse fingindo desânimo, por eu não ter caído na sua brincadeira.

Enquanto ríamos um pouco, Yeonjun se despediu e eu prometi que ia conseguir o número do enfermeiro para ele.

O garoto ficou vermelho de tão sem graça, mas não negou pela minha ajuda, o que me fez rir e, logo após sua despedida, dei atenção aos meus colegas de faculdade.

— E aí, cara? Como você tá? — Chwe perguntou preocupado, encostando o quadril na maca, ficando mais próximo à mim.

— Quebrado e na merda, mas vou ficar bem... e as aulas?

— A mesma chatice, mas sem você lá pra falar uns palavrões é mais chato.

— Prometo que assim que eu puder eu tô lá de novo, vocês pegam umas matérias comigo e tudo volta ao normal. — falei rindo, percebendo Wheein chegar perto de Chwe e entrelaçar os dedos aos dele — Assumiram o namoro?

— Ele é meio lerdo, eu quem tive que pedir. — Wheein disse revirando os olhos.

— Ela me dá medo, cara. — ele sussurrou para mim, brincando e implicando com a namorada, que acabou lhe dando um tapa no braço.

— Ela também me dá medo. — confessei.

— Você está aproveitando que eu não posso te bater, mas eu vou lembrar disso. — a garota de cabelo azul disse olhando pra mim, em tom de ameaça.

Enquanto eu ria, observei mais uma pessoa entrar no quarto.

Dessa vez, alguém que eu queria que nunca mais saísse de perto de mim.

— Vim almoçar com... ah, desculpa! Não sabia que tinha visistas. — Jimin falou  meio desconsertado, dando aquele sorriso bonito pros meus colegas.

— É o seu príncipe? — Wheein perguntou, virando para Jimin.

— Sim... é o meu príncipe. — falei, observando Jimin corar e segurar o riso, enquanto colocava a comida que trazia em cima da sua mesa de suporte, perto do sofá.

Depois de apresentar Jimin aos meus colegas, começamos o que pareceu uma conversa corriqueira de como estavam sendo os cuidados comigo e coisas aleatórias.

Wheein ficou fazendo um milhão de perguntas loucas para Jimin, sobre curiosidades que ela tinha sobre medicina, necrotério e sangue.

Continuava sendo uma garota estranha pra porra.

Jimin, segurando o riso o tempo todo, respondia as perguntas do jeito que conseguia e, me dando bronca porque eu não tinha começado a comer, abriu minha comida de novo e disse que iria me fazer vergonha, dando comida na minha boca, se eu não começasse logo a por tudo para dentro.

— Pode dar comida na minha boquinha, eu não ligo. — disse sacana, fazendo Jimin me xingar baixo.

Enquanto eu e Jimin almoçávamos, cada um no seu canto, nossa conversa com Chwe e Wheein continuou pelo tempo que a pausa de Jimin durou.

Quando ele se levantou, limpando sua mesa e o meu suporte móvel, jogando os restos das comidas fora, não pôde continuar a papear, então apenas se despediu e, me dando um beijo leve nos  lábios, voltou ao trabalho.

Passei um final de tarde agradável, sem me sentir sozinho e, quando estava escurecendo, o casal da universidade foi embora, me deixando com Hoseok que entrava no quarto no exato momento, trazendo minha janta e falando que ia me levar para tomar banho.

De volta à maca, perto das 19h, já estava de banho tomado, tendo comido toda a janta, me sentindo que nem um grande bebê que faz tudo nos horários certinhos.

Porra, as vezes eu tinha até medo de me acostumar com essa mordomia toda.

Com os olhos inchados e vermelhos, Jimin entrou no quarto alguns minutos depois, enquanto eu mexia no celular.

Ele trancou a porta, como fazia todo dia, depois foi afrouxando a gravata, jogando-a no sofa, tirando o estetoscópio e dando o mesmo fim.

Imediatamente, e meio atrapalhado, tirou o jaleco e colocou no armário, enquanto fungava baixinho.

— Amor, tá tudo bem? — perguntei preocupado.

— Já falo contigo Jun, vou tomar banho, ok? — ele falou, ainda baixo, sem olhar para mim, depois entrou no banheiro.

Uns vinte minutos depois ele saiu, já com o pijama e, sem fazer cerimônias dessa vez, veio direto na minha direção, subindo na maca, me abraçando com força moderada, para não me machucar, e respirando fundo, de forma soluçada.

— Hey, o que houve, meu bebê? — perguntei, fazendo carinho no seu cabelo do jeito que conseguia, com o braço bom.

— Um paciente meu morreu agora a pouco... — ele fungou com mais força, com a voz embargada — ...eu cuidei dele pelo tempo que você estava em coma, ele só tinha 15 anos... eu sou... eu sou idiota, me apego demais.

— Idiota por se sentir mal pela morte de outra pessoa? — questionei sério.

— Eu sou médico, Jun... já devia ter parado de me apegar às pessoas assim.

— Amor, olha pra mim. — pedi, observando ele levantar o rosto e me encarar, com os olhos molhados e a ponta do nariz vermelha — Você é humano e é a pessoa mais empática que eu conheço.

Ele permaneceu em silêncio, dando pequenas fungadas entre minhas palavras, enquanto mordia o lábio inferior, para segurar o choro.

— Essa sua empatia e a sua sensibilidade com as outras pessoas foram justamente o que me fizeram te amar tanto. Porra, ninguém cuidou de mim, a vida inteira, do jeito que você cuida...

Ele sorriu pequeno, não deixando de chorar um pouco mais, silenciosamente dessa vez.

— E o que me deixa mais gayzão por você, é que você não cuida de mim desse jeito só porque você me ama e quer me agradar. Você faz isso com todo mundo, Jimin. Você é assim porque você é bom, está na sua alma.

Ele deu uma risada baixar, provavelmente por eu ter usado a palavra "gayzão".

— Então não, você não é idiota, nem apegado, nem sentimental... você é bom, você é humano e se baterem uma chapa do seu coração, vão ver que você tem o coração do tamanho do coração de uma girafa.

Aí ele gargalhou mais ainda, deitando a cabeça no meu ombro e depois de ter parado de rir um pouco, levantou o rosto de novo, limpando as lágrimas com a ponta dos dedos, devagar.

— Por que uma girafa? — perguntou confuso, ainda rindo.

— O coração de uma girafa é 43 vezes maior do que o coração do ser humano... o seu deve ser assim também, bem grandão.

— De onde você tirou essa informação?

— Olha, eu posso parecer meio burro, mas eu passei pra uma faculdade, porra. Eu sei mexer em código criptografado, eu entendo de iso, lente, diafragma de lentes, eu...

— Calma, Jungkook... — Jimin falou rindo, me cortando, quando percebeu que eu estava ficando mais alterado do que deveria.

Ali eu percebi que não gostava muito quando duvidavam da minha inteligência, mas eu não lembrava que ficava tão alterado com uma coisa dessas.

Será que o coma me deixou meio brabo? Ou eu já era assim?

Ainda rindo, Jimin colocou a mão quentinha no meu rosto, chegou a boca perto da minha e me beijou devagar, sorrindo entre os nossos lábios.

— Obrigado por ser meu namorado, eu te amo demais. — ele disse baixinho, com os lábios ainda roçando nos meus — Eu te amo demais com todo o meu coração imenso de girafa.

Eu gargalhei fraco, achando aquilo tudo muito fofo.

— Caralho, você me ama muito então... — disse inegavelmente bem, inegavelmente feliz por ter aquele médico comigo.

Ele sorriu mais uma vez, com força, concordando com a cabeça, antes de me beijar de novo, depois desceu até meu ombro e deitou ali, enquanto repousava a mão no meu peito e ficava fazendo carinho em mim.

Logo ele pegou o controle da televisão, como fazia todos os dias naquele mesmo horário, naquela nossa rotina diária e, depois de algum tempo colocou num filme de ação que acabou tendo uma puta cena de sacanagem explícita, que conseguiu deixar o médico todo vermelho.

 — Puta que pariu... — falei rindo, quase em choque.

— É, puta que pariu... 

Jimin repetiu, mas ele estava sério, vidrado na televisão.

Aquilo me fez rir demais, era óbvio que ele estava mais afetado pela imagem erótica na televisão, do que demonstrava.

— Tem quanto tempo que a gente não faz sexo? Eu não lembro... — falei pegando o controle, desligando a televisão e olhando para o meu namorado, que largava o aspecto abobalhado pela putaria e balançava a cabeça, tentando se concentrar para me responder. 

— Levando em consideração que nós transamos um dia antes do seu acidente... deve ter quase dois meses. — ele respondeu mais calmo, segurando o riso.

— Porra! Deve ter até teia!

— Não, está tudo muito bonito e super limpinho ainda... — ele disse agora brincando comigo, com um sorriso safado na boca.

— Você sempre fica olhando pra minha bunda, doutor? — retruquei, fingindo estar achando aquilo um absurdo, mas eu adorava saber que Jimin era tarado na minha comissão de trás.

— Eu não consigo evitar... — ele deu de ombros, rindo suave e olhando na região do meu peito, que voltava a fazer carinho.

— Sabe, eu acabei de tomar banho, estou todo limpinho e cheiroso...

Jimin engoliu em seco, provavelmente ainda alterado pelo que acabou de ver na televisão, e subiu os olhos devagar, até me encarar.

— O que você quer Jungkook? — perguntou meio sério, meio trêmulo.

Era impressão minha... ou ele estava mais ansioso do que eu conseguia entender.

Eu segurei seu rosto devagar e o puxei, para vir na minha direção.

Jimin, sem esforço, trouxe o ouvido para mim, porque ele sabia que eu gostava de falar bem perto, até conseguir sentir sua pele se arrepiando na minha boca.

— Quero que você me chupe bem devagar, amor... — sussurrei baixinho, sentindo sua derme quente derrapar nos meus lábios — ...pra eu lembrar como é ter essa boca gostosa no meu pau...

Meu namorado mordeu o próprio lábio inferior, enquanto suas carícias no meu peito ficavam um pouco mais intensas.

Até sua respiração parecia estar mais pesada.

— E depois? — ele perguntou ansioso, no mesmo tom baixo e sussurrado, como se estivéssemos contando segredos no meio de uma multidão que não podia nos ouvir. 

Então ele afastou o rosto, até conseguir olhar para mim, roçando o nariz no meu e aguardando com expectativa.

— Eu quero que você faça aquilo, que você descobriu que gosta tanto...

— O que, Jun? — sua voz, rouca e necessitada, gritava tesão.

Porra, ele realmente queria aquilo tanto quanto eu.

— Eu quero que você me foda.


Notas Finais


E aí, meus nenês?
Vocês estão mais calmos?

O que vocês acharam do capítulo? Espero que não tenha ficado confuso e que vocês tenham entendido direitinho as partes do processo da recuperação do Jun.

E agora é só aguardar o tão esperado sexo na maca do hospital... HOHOHOHOHO!

Eu disse que Órion ia ter 30 caps, mas agora vai ter 32, ok?

Eu acho que eu tô com problema pra me despedir de Órion e acabei fazendo +2 capítulos, kkkkk.

EU NÃO QUERO QUE ACABE!!! NINGUÉM ME AVISOU QUE DOÍA TANTO ASSIM TERMINAR UMA FANFIC. 😭😭😭😭

Mas enfim, por hoje é só... muito obrigada à todo mundo que está lendo, eu amo muito vocês e se sintam MUITO ABRAÇADES por mim agora, ok?

BEIJÃO E ATÉ O PRÓXIMO CAP!

🌌

Meu twitter: yulleby

Twitter dos personagens:
doctorpjm / jjknicotine

Tag da fic: #EstrelaDeFumaça


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