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História Os 10 Boatos - Pendências


Escrita por: Dyminix

Notas do Autor


Bebês, não vou me demorar por aqui, mas leiam as notas finais, tá?!
Boa Leitura!

Capítulo 7 - Pendências


Escondido atrás das nuvens, a ausência do sol tornava aquele dia algo um pouco diferente do habitual quente. O vento tocava a minha pele abafando ao invés de trazer frescor, porém desconfio que isso era apenas um resultado da minha árdua caminhada pelo campus da UCLA. Não, eu não estava fazendo exercício — principalmente porque depois daquele dia na academia, descobri que não tinha vocação para ser uma fitness regrada —, na verdade, estava dirigindo-me até a sala de multimídia, onde ficava o clube de jornalismo.

Aperto com mais força a pasta roxa que eu carregava, com medo de perdê-la. Ela protegia o meu artigo sobre o primeiro boato, que eu deveria entregar à Peggy como havíamos combinado. Contudo, eu estava um pouco receosa. Após quatro horas sentada escrevendo, que me renderam dor nas costas, dor de cabeça, falta de inspiração e a perda de uma festa incrível que Alexy havia me convidado, eu questionei a mim algo muito importante:

O que a Peggy faria com o artigo em mãos? E se as informações que eu obtive vazassem, se de alguma forma ela resolvesse divulgá-las?

Enquanto eu escrevia, percebi que eu havia mergulhado numa situação sem ter certeza da real profundidade dela. Na hora, eu só sabia dos meus desejos. Nem mesmo passou pela minha cabeça que, independente das minhas exigências, Peggy ainda tinha uma grande vantagem apenas por ter conhecimento dos boatos e da dificuldade que eles apresentam. Ela já sabia que eu teria que me arriscar e trazer a tona passados que deveriam estar submersos.

E esse foi apenas o primeiro boato. O que me faz ter o seguinte pensamento: e se esse, por ser o primeiro, seja o mais fácil? O que eu deveria esperar dos próximos?

Além do mais, depois de ter se gabado das próprias habilidades e ter questionado fortemente as minhas a ponto de me propor um desafio para prová-las, me parece muito estranho o fato de simplesmente existir algo como os 10 boatos. Pela lógica, e se são realmente eficientes como dizem ser, isso deveria ter sido investigado há muito tempo.

Suspiro, adentrando a sala do clube sem cerimônias e tentando não sofrer por antecipação, focando-me no que eu realmente vim fazer aqui. Paro pouco depois da entrada e checo o local, procurando pela dita cuja e encontrando-a em pé, junto a mais duas pessoas totalmente desconhecidas por mim, numa conversa que parecia séria, a julgar pelo semblante nublado.

Não soube se deveria esperar que terminassem ou se iria diretamente à ela, mas não precisei fazer nada. Peggy me avistou e, num sorriso mínimo, finalizou a conversa que tinha com as pessoas e caminhou até mim.

— A que devo a honra, Lucinda? — ela perguntou, um pouco mais ácida que o normal.

— Queria ter uma conversa com você sobre os boatos — ela suspirou, fechando os olhos e massageando as têmporas — Eu já investiguei o primeiro.

Pude vê-la abrir os olhos, seu sorriso aumentando minimamente, carregando um toque de surpresa.

— Em duas semanas você já desvendou o passado do Nathaniel? — Assenti e ela assobiou — Sabia que confiei os boatos para a pessoa certa. Isso que está segurando já é o artigo?

Eu apertei a pasta contra meu peito em forma de defesa.

— Sim, mas antes quero saber o que vai fazer com ele — ela pareceu surpresa.

— Pensei que tivesse ficado claro. Eu usarei os dez boatos para analisar sua capacidade investigativa e sua habilidade com escrita nos artigos. São pontos essenciais para fazer parte do clube.

— Entendo, mesmo que confesso achar um pouco estranho o fato de que o famoso clube de jornalismo da UCLA deixou para lá uma história como a de Nathaniel… Aliás, deixou acumular dez boatos no total — mesmo eu estranhei a acidez na minha voz — existe algo com que eu deva me preocupar em meio aos boatos?

As sobrancelhas de Peggy uniram-se no centro da testa, mas logo ela relaxou, suspirou e deu de ombros, um sorriso emoldurando a face.

— Não, nós apenas tivemos outras coisa para fazer. E nós não deixamos isso de lado, ou eu não teria informação alguma pra te dar sobre o assunto.

Ao mesmo tempo que eu acreditava na palavra dela, eu ainda sentia que algo estava sendo escondido de mim. O que poderia ser mais importante que isso? Não podem ser provas ou trabalhos, já que alguém como eu — que não sou exatamente excepcional — estou conseguindo conciliar bem os estudos e as investigações… E com certeza não é falta de interesse, ou ela teria me proposto outro desafio.

Pode ser apenas implicância minha, mas parecia que eles estavam apenas no aguardo de algum calouro ambicioso o suficiente a ponto de fazer o trabalho sujo com as investigações. Mas… por quê?

Eu aperto um pouco mais a pasta contra meu peito e Peggy ergue uma das sobrancelhas.

— Você vai me entregar o artigo? — ela perguntou, estendendo uma das mãos — Sabe, você não chegou numa hora boa, tenho algumas coisas para resolver…

— Ah, se é este o caso, eu prefiro não entregar — ela pareceu não gostar da minha resposta — Já que tem coisas pra resolver, não vai ter tempo de ler o que eu escrevi. Inclusive, se o intuito é me avaliar, seria melhor se eu já entregasse todos os artigos juntos, não? — ela pareceu desconfiada.

— Onde está querendo chegar, Lucinda? Não tínhamos combinado dessa forma — Peggy cruzou os braços, deixando transparecer certa impaciência.

— Foi apenas algo que me passou agora…— menti descaradamente, o que não deve ter passado despercebido por ela — Acho que vai poder tirar conclusões melhores se tiver mais que um artigo nas mãos… — ela suspirou, parecendo cansada.

— Faça o que você quiser, mas você depende das minhas análises desses artigos pra poder concretizar seus objetivos. Isso significa que, cedo ou tarde, vai precisar me entregar eles… Agora, se puder ir embora, eu agradeço — Peggy virou-se e foi até um dos computadores.

Apesar de assentir calmamente, por dentro eu estava aliviada.     

Dando meia volta, eu saí da sala de multimídia e corri pra fora do campus em direção ao Coffee, Bread and Butter. Iris estava aparentemente em horário de almoço, mas eu não havia ido até lá para conversar com ela, de qualquer maneira. A verdade é que eu estava com fome e com necessidade de pensar, e o CBB era um lugar bacana para fazer ambas as coisas, já que a comida era boa e o ambiente acolhedor.

Na espera do meu cappuccino de chocolate, eu me concentrei nas minhas dúvidas sobre Peggy e os 10 Boatos. Era estranho pensar em como o clube de jornalismo da UCLA parecia ineficiente agora… Na verdade, eu estava um pouquinho decepcionada. Como se aquele clube não valesse todo o meu esforço, mas eu sabia que muitas coisas estavam mal explicadas. E que meu esforço não era exatamente pelo clube.

Entretanto, toda essa falta de informação me parecia muito suspeita. E eu não sabia exatamente o que isso poderia significar. Ela disse que estavam ocupados com outras coisas, mas talvez os boatos fossem difíceis até para eles? Provavelmente não, já que foi algo passado à uma caloura, e eles possuem bem mais informações que eu.

Mas Peggy parecia bem ansiosa para que eu desse o artigo sobre Nathaniel. Suspirei, cansada.

Talvez seja minha intuição, senso de justiça, um sexto sentido ou até mesmo algo como um sopro divino, mas era como se todas as células do meu corpo avisassem que eu poderia me ferrar bonito se entregasse os artigos ao clube de jornalismo assim, tão facilmente.

Simplesmente não me parecia certo fazer isso, não depois de ter me arriscado tanto. Mesmo que esse tenha sido nosso acordo, eu não fazia ideia de que as coisas seriam tão difíceis, mas eu não desistiria. Eu tinha que dar um jeito de continuar enrolando a Peggy o máximo possível quanto aos artigos dos boatos. Pelo menos até eu descobrir o motivo do próprio clube de jornalismo não ter feito nada em relação a eles, a ponto de confiá-los à uma caloura.

Mas… eu já tenho os 9 boatos restantes para investigar, além de ter que me dedicar às provas, trabalhos, minha parte nas tarefas domésticas… Será que eu conseguiria lidar também com investigações no clube de jornalismo? Talvez fosse mais fácil, já que eu tenho acesso a sala de multimídia e tenho um aliado exemplar que Peggy nem mesmo suspeita, cuja habilidade, Graças a uma força divina, é computação.

Sorri ao perceber que eu estava contando com o Armin inconscientemente, sem nem mesmo consultá-lo. Um fato engraçado, mas também perigoso. Ele havia se prontificado a me ajudar sim, se expôs, foi até o Nathaniel e trabalhou no Red Velvet, e o fez sem muita dor de cabeça. Porém, ao mesmo tempo que eu sabia que ele era um cara excepcional e tê-lo ao meu lado poderia facilitar a minha vida, eu não gostaria de envolvê-lo mais.

Eu tinha medo de expor ele mais do que já fiz, de influenciar negativamente os resultados acadêmicos ou até mesmo a vida social dele. Eu não queria que Armin realmente participasse desses boatos comigo porque, de alguma forma, tudo aquilo que eu estava fazendo parecia…

Errado.

Só que, ao mesmo tempo que eu não queria… Eu queria. Não apenas pelas habilidades dele.

Massageei minhas têmporas e tomei um longo gole do cappuccino que finalmente havia chegado. Essa história mal havia começado, mas eu já sentia o desgaste emocional começar.

(...)

Adentrando Brad Pitt no final da tarde, eu senti certo alívio. Depois de tanto tempo no CBB pensando, tentando chegar a qualquer conclusão possível sobre os recentes acontecimentos e suspeitas, tudo que eu consegui foi estresse e uma bela dor de cabeça. Não bati a porta por causa disso, caminhei até a sala e deixei minha bolsa em cima do sofá, os ombros sentindo alívio imediato pela perda do peso, fazendo-me soltar um suspiro baixo.

A casa parecia estranhamente mais silenciosa que o normal, mas isso era lucro. Tirei o tênis e as meias, sentindo o chão gelado da casa enquanto caminhava em direção à cozinha na intenção de pegar um copo de água e tomar o remédio que acabaria com essas malditas pontadas mentais.

Passei novamente pelo Hall da casa, indo em direção ao pequeno corredor que me levaria direto para a cozinha, mas a silhueta de Alexy rente a parede perto da porta fez com que eu parasse.

Estranhamente encolhido, ele parecia completamente doado a atividade de ficar ali parado. Como a boa futura jornalista que sou, tratei de me aproximar na ponta dos pés e, quando estava perto a ponto de ouvir as duas vozes familiares vindas de dentro do cômodo, eu finalmente entendi o que o gêmeo estiloso estava fazendo ali:

Espiando.

E eu, não sendo boba nem nada, inclinei-me para mais perto dele, tocando a mão de forma sutil em suas costas, apenas avisando de que eu estava ali. Por um milésimo de segundo, ele olhou para trás agitado, como uma criança quando pega fazendo coisa errada, mas logo seus olhos roxos pelas lentes de contato acalmaram-se ao constatar que era apenas eu.

Num sorriso mínimo, ele voltou sua atenção ao que acontecia dentro da cozinha e eu fiz o mesmo.

—… Eu sei disso, Kim, mas eu gostaria que você entendesse o meu lado também — Melody disse, sua voz muito mais calma que o habitual, considerando a pessoa com quem ela estava conversando.

Na verdade, eu achava que um evento como esse acontecer fosse algo impossível.

— Eu entendo o seu lado porque algo parecido já aconteceu comigo, na época da escola. Sei que não é o paraíso passar pelo que você está passando, e saiba que, por causa dessa nossa situação, eu privei a mim mesma de viver meus sentimentos… Tudo para não piorar ainda mais o nosso relacionamento e tornar a convivência nesta casa algo impossível — a voz de Kim veio calma como eu nunca tinha ouvido, e eu apertei um pouco a camisa de Alexy, ansiosa pelo rumo que as coisas poderiam tomar a partir de agora — Mas eu percebi que, agindo dessa forma, é como se eu não fosse mais eu.

— O que quer dizer com isso? — Melody perguntou, sua voz parecia trêmula, como se já soubesse o que aconteceria.

— Eu nunca fui passiva, Melody. Você deve saber disso, já que sempre que me ataca com suas indiretas, eu sempre respondo a altura — ambas assentiram — E isso era em questão dos sentimentos também, mesmo que eu sempre tenha sido um pouco lerda para percebê-los…

— Isso significa que você gosta do Nathaniel — Melody concluiu.

— Sim, eu gosto. Muito. Mesmo que eu tenha permanecido em silêncio sobre isso por muito tempo… por causa de você — Nesse momento, eu pude ouvir Melody fungar, eu soube que ela estava chorando — Não quero mais esconder o que eu sinto, nem participar dessas brigas diárias mais. Esse tipo de coisa só desgasta a nós duas.

Um silêncio foi iniciado, interrompido apenas pelo choro de Mel. Eu não soube dizer se Kim esperava qualquer tipo de conclusão vinda dela, ou se apenas já havia acabado a conversa.

— Eu sei disso… Só que, depois de quase cinco anos, Kim, eu simplesmente não consigo esquecê-lo — a voz vinha sôfrega e baixa, dificil de escutar — Ele foi o meu primeiro beijo, meu primeiro namorado, meu primeiro homem… Existe algo que me prende à ele, eu não sei me desprender…

Kim deu um suspiro longo, cansado.

— Quando a gente não sabe fazer uma coisa, a gente aprende — ela foi um pouco dura, porém precisa — Você é bem mais inteligente do que eu… E, sinto muito, mas a partir de hoje eu não vou mais renunciar o que eu sinto por ele. Assim que eu o vir, vou dizer o que sinto e, caso ele ainda goste de mim e queira iniciar um relacionamento, eu vou aceitar.

— K- Kim, você não pode fazer isso comigo! Por favor… eu não sei se já aguento…

— Desculpe, Mel, mas já se passaram cinco anos. Você precisa aguentar.

Pudemos ouvir o som de uma cadeira se afastando. Alexy e eu logo entramos em alerta, correndo em direção à sala para não sermos pegos por quem quer que tenha se levantado para sair da cozinha.

Nos jogamos nos sofás e mal deu tempo de começar qualquer tipo de atuação. Kim passou pela sala e subiu as escadas com pressa, dando apenas um Oi rápido para nós dois, um sorriso simpático iluminando a face.

Eu havia esquecido completamente a minha dor de cabeça. Alexy soltou um suspiro aliviado.

— Essa foi por pouco… — ele disse e eu concordei.

— Desde quando você estava lá ouvindo?

— Desde o início. Kim foi preparar um lanche e Melody desceu as escadas na hora… Quando as duas se encontraram, eu estranhei não ter gritos nem nada, aí fui até a cozinha pra verificar, só que quando eu cheguei lá Kim tinha proposto uma conversa madura.

— E Melody aceitou prontamente — ele assentiu.

— Aceitou conversar, né… — foi a minha vez de suspirar, mas não de alívio.

Saber que Melody estava na cozinha, nesse exato momento, chorando, me partia o coração de alguma forma, mesmo que não fôssemos próximas. Acredito que o sentimento dela por Nathaniel não é mais amor… aliás, é amor, mas não pelo presente. Ela ama um passado que nunca mais vai voltar.

Depois de cinco anos, apesar de um relacionamento educado, é impossível ela conhecer o atual Nathaniel como conhecia o antigo e vice versa. O tempo passou e ambos mudaram, o caminho de ambos se afastou e Melody não conseguia aceitar isso, vivendo presa no tempo assim como os próprios sentimentos. Ela provavelmente nem mesmo tinha tentado esquecê-lo por conta do término conturbado, como se ainda tivessem pendências a resolver.

Talvez eles tivessem. Talvez eles precisassem conversar, colocar todos os pingos nos Is e finalizar isso de uma vez por todas, permitindo a ambos seguir com a vida. Nathaniel com Kim, Melody com outra pessoa.

— Lucy, você acha que podemos fazer algo para essa história se resolver? Digo, dar uma mãozinha, quem sabe…

— Ah, se elas já conversaram hoje dessa forma, eu acredito que as coisas podem mudar — ou piorar, pensei. — Não depende da gente, agora tudo depende da Melody.

Alexy mordeu o lábio inferior.

— É verdade.

(...)

Depois de passar um tempo com Alexy, eu finalmente decidi ir até o meu quarto. Estranhei Kim não estar mais lá, mas seriam bom para mim aproveitar um pouco do silêncio. Era uma noite abafada, eu estava mentalmente cansada, então fui tomar um banho morno para relaxar os músculos. Deixei com que a água caísse, forte, nas minhas costas e cabeça por um tempo, por isso consegui me sentir mais leve… como se todo meu cansaço descesse pelo ralo junto a água.

Com uma toalha nos cabelos molhados, vesti um baby doll — shorts azul escuro e blusa de alças finas com nuvens estampadas — e senti o corpo pesado quando finalmente sentei em minha cama, tirei a toalha e comecei a pentear os cabelos.

Foi quando Armin adentrou o quarto sem muita cerimônia. Ele me olhou por alguns segundos e deu um sorriso de canto.

— Caramba, já está de pijama? Eu ia te convidar pra me levar pra tomar aquele sorvete… — se aproximou e sentou ao meu lado, fazendo eu rir.

— Ainda estou te devendo, né? Vou pagar, prometo, é que hoje eu tô um pouco cansada — joguei os cabelos de lado e continuei a pentear, vendo ele deitar completamente na minha cama, enquanto eu ficava sentada na ponta.

— Sua cama é mais firme que a minha — fechou os olhos, cruzando os braços atrás da cabeça sobre o meu travesseiro — eu prefiro desse jeito.

— Você é bem folgado né — dei um sorriso, joguei os cabelos pra trás finalmente e me virei para poder olhá-lo sem entortar as costas. Ele estava com um sorriso grande, apenas um olho aberto me encarando, travesso — Entrou aqui sem bater, já chegou deitando na minha cama…

— Quer um espaço? Eu posso vir um pouco mais pro lado…

— Nossa, mas você é besta, em... — dei um tapa fraco no braço dele e ambos demos risada.

— Quer que eu levante? — ele perguntou, um pouco mais sério.

— Não, não, pode ficar… Eu vou usar meu notebook agora — levantei da cama e fui até a mesinha onde estava o computador, sentando-me na cadeira e girando-a.

Abri o note e o liguei, esperando alguns segundos para que ele carregasse. Nesse meio tempo, ouvi passos apressados pelo corredor dos quartos, seguido da voz da Iris.

Não pude deixar de pensar em Melody e suas pendências com Nathaniel. Estranhamente, pensar em ambos também fazia eu me lembrar das minhas pendências. Os 10 boatos… agora 9, apesar de que, mesmo tendo desvendado o boato do Maunsell, ele ainda permanecia totalmente presente em meu cotidiano e, se ele realmente começar a namorar Kim, seria presente também aqui na república.

Mordi o lábio inferior, conferindo minhas redes sociais. No facebook, algumas notificações aleatórias, porém algo muito importante:

Uma mensagem do meu pai.

“Bom dia, filha? Tudo bem com você? Estou morrendo de saudade da minha menininha <3 por isso, sua mãe e eu estávamos conversando, e nos perguntamos se você não gostaria de vir para casa passar uma semana aqui, quando entrar de férias… Eu sei que ainda falta alguns meses, mas você sabe que eu gosto de tudo bem pensado.

Pense com carinho, certo? Beijo do papai”

Dei um grunhido insatisfeito que chamou a atenção de Armin.

— O que foi?

— Meu pai mandou uma mensagem querendo que eu vá pra Fredericksburg nas férias…

— E o que tem? — ele parecia confuso.

— Estou com saudade deles, mas a cidade é um tédio que só…

— Bom, faltam alguns meses, você tem tempo pra pensar em alguma coisa — me virei na cadeira e pude vê-lo virar-se de lado para poder me olhar mais atentamente — E você tem coisas mais importantes pra se preocupar agora.

— Eu acho que não te agradeci ainda por ter me ajudado… — Ele uniu as sobrancelhas, sentando-se na cama.

— Agradeceu, mesmo que ainda me deva o sorvete… Além do mais, não é necessário. Eu o fiz porque quis.

— Obrigada mesmo assim — sorri, ao que ele retribuiu e se levantou, vindo até mim.

— Já viu o segundo boato? — neguei com a cabeça.

— Queria esperar mais algum tempo antes de fazer isso…

— Ah, qual é, vai me dizer que não está morrendo de curiosidade? — encarei Armin, arqueando uma das sobrancelhas — Pensei que estava com pressa pra terminar isso logo…

— Bom, eu estava, mas… — suspirei — Bem, você tem razão… Vou entrar no meu email.

— Ótimo, também estou curioso — dei risada, lembrando dos meus pensamentos sobre ele hoje, lá no CBB.

Mesmo que eu não quisesse que ele se envolvesse, parece que eu não tinha exatamente uma escolha.

Digitei gmail no endereço de busca, coloquei o meu email, minha senha e esperei os poucos e sofridos segundos para que a página carregasse. Cliquei na mensagem de nome 10 Boatos e esperamos novamente, e mais uma vez quando cliquei no arquivo de nome Boato 2.

Nesse momento, ainda que eu estivesse cansada, aquele aperto na boca do estômago chegou acompanhado da impaciência. Meus dedos tamborilavam pela superfície de madeira clara, Armin ao meu lado parecendo totalmente relaxado e diferente de mim, apenas no aguardo.

O arquivo abriu e, como no primeiro boato, neste também havia uma foto.

Nela, havia um rapaz alto de pele bronzeada e os cabelos repicados tingidos de verde. Ele estava numa estufa de vidro, diversos tipos de plantas o rodeavam, enquanto ele segurava um vaso médio de barro com o que parecia ser alguns ramos de Mimosa dentro. Trajando botas, uma jardineira masculina jeans e uma camiseta branca, ele tinha um sorriso encantador no rosto, iluminado.

— Quem é esse? — Armin perguntou.

— É o que vamos descobrir — rolei a página para baixo

Se você não reconhece este homem, nem nunca ouviu falar dele, parabéns: significa que você e seus amigos são bem… certinhos. O nome dele é Jade Exis, 26 anos, aluno de biologia que pretende se especializar em botânica; um cara aparentemente normal e provavelmente mais conhecido do que Nathaniel. Mas primeiro vamos entender o que aconteceu para que esse cara se tornasse alguém conhecido:

Jade Exis é um típico interiorano. Nasceu numa fazenda, cresceu cuidando da terra, plantando a comida que ia pra mesa, cuidando e alimentando os animais. Ele fazia isso não por escolha, mas porque era algo que ele precisava, já que a família ganhava dinheiro com as plantações e com a venda de ovos das galinhas.

Esforçado desde pequeno, ele sonhava em fazer uma faculdade para ajudar a família. Os pais não tinham dinheiro para bancar um curso caro como biologia e nem um estudo intensivo, o que o fez falhar no vestibular por alguns anos seguidos, porém, aos exatos 23 anos, ele conseguiu entrar na UCLA.

O pai, vendo o esforço do filho, tinha guardado algum dinheiro para ajudá-lo a se bancar para vir até a cidade, e tudo estava certo até um acontecimento que dificultou todos os planos da família: a mãe de Jade engravidou. Não de um filho, mas de dois.

A família, apesar de felizes pelas crianças, tiveram medo pelo destino do filho mais velho. Precisavam do dinheiro para sustentar os gêmeos, mas não podiam tirar de Jade o sonho que ele tinha de estudar. Sentaram-se juntos, os três, e dividiram o pouco dinheiro que o pai havia juntado: metade para o enxoval dos gêmeos, metade para Jade poder se mudar para a cidade.

Infelizmente, o dinheiro só era suficiente para um mês, o que significa que Jade precisou arranjar uma forma de se manter sozinho depois que esse tempo acabasse. É daí que surge o nosso segundo boato:

Jade fabrica a própria maconha e a vende.

Contudo, o boato principal não se trata exatamente da venda de maconha, e sim de seus compradores, que se estendem pelo campus, pela cidade e o tornam um dos principais fornecedores da droga em festas em repúblicas e fraternidades. Inclusive, Jade já foi visto saindo algumas vezes da sala dos professores, e a informação que chegou até nós é que o principal comprador é Boris, o treinador do time de futebol americano.

O que você deve descobrir é se essa informação é verídica e se existem professores, além de Boris, que também compram maconha do nosso interiorano.

Cá está o boato. Diga-me: verdadeiro ou falso?

Respirei fundo e Armin ao meu lado deu um assobio.

— Passamos de stripper para traficante… Pelo jeito, as coisas realmente podem piorar a partir de agora, Lucy — mordi o lábio inferior e o encarei — você já sabe o que vai fazer?

— Não faço a menor ideia.

Tudo que eu sabia é que algo precisava ser feito, mas eu deveria ser muito mais cuidadosa a partir de agora.

Essa era minha pendência. 


Notas Finais


Geeeente! Ontem éramos 30, hoje somos SESSENTA E NOVE! AAAAAAAAAAAA Vocês não sabem como eu estou feliz por isso ♥ Muito, muito, muito obrigada pelos favoritos e novos comentários, eu gostaria de abraçar vocês todos e desejar Boas Vindas pessoalmente aos novos leitores. Vocês me animam e me inspiram demaaaais a continuar escrevendo, e eu espero sempre surpreender de maneira boa a todos vocês e tornar essa nossa jornada juntos algo incrível!!! ♥
Mas e aí, gostaram do capítulo? Não é porque o passado do Nathaniel foi desvendado que o boy vai ser deixado de lado, né? E O BOATO? HAHAHAHAHAH, DIGAM, VOCÊS ESPERAVAM POR ISSO?! Jadezinho lindo ♥ (deixando claro aqui que eu AMARIA que o boy fosse paquera) ENFIM! Espero que vocês tenham gostado ♥
Beijinhos gente linda, até logo!


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