Chegamos no 15 motivo, e eu sei, que tiveram muitos outros. Eu tentei juntar os principais, Stubb. Pode ser que em algum dia, a gente aprenda que nem tudo dá pra jogar no tempo. Nem toda ferida, Stubb, pode ser fechada com o beijo da minha mãe. Eu fiquei bem no nosso começo, e acho que isso é uma coisa que você não sabe. Mas o final fez tão mal quanto bem. Você não me segurou, Stubb, você não aguentou firme e assim que a corda bamba balançou, o lado mais fraco caiu. Mas não foi a minha máscara, não foi um erro meu. Foi a sua que caiu, o seu erro que transpareceu. Pra sempre é tempo demais, é vida jogada fora demais e tempo perdido demais. Eu tinha muito mais motivos pra por aqui? É claro que eu tinha. Mas estender a história é cansativo demais, estender dá trabalho. Então, com os detalhes que você não merece, eu vou por os detalhes daquela noite aqui.
Depois daquela cena, eu desci a rua correndo quase quebrando o salto (na verdade, eu não sei como ele não quebrou), eu te ouvi berrando meu nome e ouvi seus passos desesperados atrás de mim. Eu não olhei pra trás e também não esperei.
— ROBIN! — você gritou e segurou meu braço tão forte, que a marca das suas mãos deve estar no meu braço até agora.
Eu virei, Stubb, e eu juro que eu consegui ver seus olhos tão vermelhos mas sem lágrimas nenhuma.
— O que foi?
— Você tá indo embora?
— Estou.
— Por que?
— Porque... Eu não sou o tipo de pessoa que você procura. Ou melhor... — eu pausei, você engoliu seco. — não vou por a culpa em mim. A culpa é toda sua. Você não é o tipo de pessoa que eu procuro.
Você recuou, deu um sorriso de lado e fez um um gesto positivo com a cabeça. Você respirou fundo, Stubb, tão fundo que deve ter sentido seus próprios pulmões.
— Eu pisei na bola mas... Eu te amo.
Quem recuou foi eu. Você costumava fazer as coisas que eu gostaria que fizesse ou dissesse quando as coisas apertavam pro seu lado. Eu não disse que te amava, Stubb. Porque, naquele momento, eu vi suas falhas e seus lapsos. Vi seus defeitos mais profundos. E o que eu aprendi nesse tempo todo tendo relações erradas, é que quando a gente ama, a gente tenta. E você me segurou pra que eu te ouvisse, mas não me segurou quando eu precisei que você me escutasse. Nesses dias, eu pensei no quanto você me fazia bem. Mas não bem assim. Quer dizer... Era algo como uma montanha russa, sabe? Sei que você, de algum modo ou em alguma hora pode ter realmente achado que você me amava. E eu até hoje não sei em que momento isso aconteceu. Eu nunca te agradeci pelas loucuras ou pelos bons — raros — momentos que você soube proporcionar. Eu também nunca mais olhei pra trás pra pensar nessas coisas, sei lá. Eu não podia me matar como se fosse algo que você merecesse, porque não era. Porque eu entendo o fato de que você podia ter aparecido na minha porta no dia seguinte, você podia ter ligado, tentado. Mas você não tentou. Você saiu do time de futebol, largou as baladinhas e eu soube que você finalmente começou a faculdade. Eu acho que pode ter sido melhor pra você, e se foi, ninguém além de você algum dia vai poder me dizer isso. Eu devia agradecer pelas mancadas? Obrigada por você ter me feito te deixar? Não, eu não vou fazer isso. Odeio qualquer tipo de drama ligado a pessoas. Eu tive uma época que te encontrava em tudo que eu fazia, então eu me refiz inteira. Eu me refiz, Stubb, e graças a você descobri meu verdadeiro lado. Aquela parte da nossa história tinha acabado.
Mas aí eu descobri que você andava lendo o que eu escrevi sobre o nosso fim. Isso me fez bem, juro. Eu sempre achei que você deveria saber e agora você sabe. No primeiro motivo, Stubb, eu tinha jurado pra mim mesma que eu tinha te esquecido. Que escrever agora sobre você ser carta fora do baralho me daria alguma esperança de acreditar que você realmente é.
Mas hoje você me mandou uma sms. Não ligou, nem veio até a minha casa. Eu odiei você por ser tão covarde, e odiei o fato de que não podia negar que sendo ligação, pessoalmente, ou sms você ainda conseguia mexer comigo.
"Eu li o que você escreveu. Na verdade, ainda não acabou. Eu não vim aqui te pedir pra voltar muito menos pra me perdoar. Eu entendo, sério. Eu fui um babaca inconsequente que não sabia o que estava fazendo. Eu só queria dizer que... Se você precisar de mais 15 motivos, sabe onde me achar. Não sei se você ainda tem meu número, mas aqui é o cara que você teve uma quase possível relação que tem tudo pra dar errado mas que não aceitamos não dar certo. Na verdade, eu não aceito. E só tô aqui pra perguntar se você também. E aí?"
E aí vai o 15 motivos pelo qual nós não demos certo mas tentamos de novo achando que íamos dar: Você.
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