Paro em mais um sinal e abaixo o volume do rádio, com o intuito de fazer Rosalya ficar incomodada com o silêncio e começar a falar.
- Sobre o que aconteceu... - Ela começa ainda olhando pela janela. É, eu ganhei de novo. - Foi bem tenso.
- Eu notei. O que aconteceu, exatamente? Você viu? - Falei olhando para ela.
- Bom... Troyan e eu estávamos dançando e... curtindo a música, sabe? - Afirmo com a cabeça quando percebo que ela já estava olhando para mim. - E... essa garota chegou e começou a dar em cima de Derick, que estava do nosso lado.
Me viro para frente e solto o freio, o sinal estava aberto novamente.
- E ele falou, sem jeito, que não gostava de garotas e que já namorava. Mas a menina continuou insistindo, até que ela pulou em cima dele e o beijou.
Sinto o seu corpo ficar tenso. Ela volta o rosto para a janela.
- Ele empurrou ela, claro. Ela acabou batendo em um cara, que achou que Derick havia feito pra o chamar pra briga e... ele ameaçou bater nele, mas o Troyan foi mais rápido e bateu nele primeiro.
Ouço as coisas com atenção, escutando a voz de Rosalya ficar cada vez mais falha, indicando que ela vai chorar.
- Ryan, eu... eu fiquei tão assustada... eu não sabia o que fazer e aquilo me assustou.
- O grito foi seu?
- Foi.
Viro na sua rua e paro em frente ao seu prédio.
- Vai ficar tudo bem entre eles. Eu tenho certeza. - Falo forçando um sorriso e ela sorri fraco de volta.
- Eu espero. Valeu pela carona.
- Por nada, madame.
Ela solta uma risada e sai do carro, entrando no prédio.
Dou a ré e começo a dirigir para o lado contrário da minha casa, pegando meu celular e discando o meu número favorito de todos.
Dois toques e ela atende.
- ...Alô?
Sorrio ao ouvir sua voz de sono.
- Oi, pequena. Te acordei?
- Oi... não... mas eu tava quase dormindo.
Solto uma risada pequena.
- Desculpa. Posso passar aí?
- Você não tá na festa junto à Rosa e os outros?
Mordo o lábio inferior e saio do carro, vendo que já estava na frente do seu prédio.
- Eu te explico depois. Abre a porta pra mim. - Respondo entrando no elevador.
- Ahn... ok.
Desligamos e saio do elevador em seguida, escutando os barulhos de chaves do outro lado da última porta do corredor.
Ando até ela e a mesma se abre, revelando uma garota baixa, vestindo um dos meus moletons. Com os cabelos negros bagunçados caindo pelos ombros, um olhar cansado e aliviado. Ela estava aliviada em me ver. E eu também.
Que visão.
- E aí. - A comprimento. Vejo o canto de sua boca abrir em forma de sorriso, com ela abrindo espaço para eu passar.
- Você nem tá cheirando à álcool. Foi mesmo em uma festa? - Ela pergunta enquanto me olha adentrar no pequeno apartamento.
- Óbvio que eu estava. Mas aconteceu uma briga.
Escuto a porta fechar e me viro, me deparando com um rosto surpreso e curioso.
Sorrio.
- Você tem salgadinho e sorvete? - Pergunto.
Ela afirma com a cabeça.
- Por que? - Questiona.
- Vamos para a sacada.
[...]
- É. Foi isso que aconteceu. Aí eu deixei Rosalya na casa dela e resolvi dar uma passada aqui. - Termino de contar e como mais salgadinho.
Ela mantinha os olhos fixos aos meus, processando cada palavra que eu disse. Obviamente ela não dormiu por um bom tempo e está tendo dificuldades pra decifrar os códigos de linguagem. Francamente, tinha que ser isso.
- Então... Derick e Troyan... - Ela começa.
- Brigaram feio. - Completo jogando mais um pacote no lixo e pegando o pote de sorvete das mãos dela. Caralho, eu tô morrendo de fome.
- Por essa eu não esperava. - Ela assume passando a mãos delicada aos longos fios negros.
Sorrio em ver o movimento que o seu cabelo fez. Tomo mais um pouco de sorvete. Ela é a minha rainha.
- Mas e aí... ficou alguém lá? - Ela pergunta, evitando ter contato visual comigo.
Rio da sua pergunta, a fazendo olhar para mim.
- Tá brincando? Eu só tenho olhos pra você agora. - Falo sorrindo.
Ela cora um pouco e desvia o olhar de novo.
Seu olhar vai para frente, vendo as luzes de Nova York.
- Entendi. - É tudo que responde.
Termino o pote e o coloco no chão, me aproximando dela e pegando na sua mão.
- Eu senti sua falta. - Sussurro.
- Eu também. - Ela fala, voltando seus olhos castanhos para mim.
- Sentiu mesmo?
- Óbvio. Acha que eu sou que nem você? Sem sentimentos?
Rio do seu comentário sarcástico.
- Claro. Senhora dona do meu coração.
Ela sorri besta.
- Por que parou de ligar e mandar mensagens? E de falar comigo? E de me assustar antes das aulas? E... - Coloco o indicador nos seus lábios, a fazendo calar.
- Ei, eu estava ocupado com algumas coisas, desculpe. Mas agora eu estou aqui, não estou?
Ela retira minha mão.
- Que coisas?
- Ah... faculdade.
- Não minta pra mim.
Suspiro e solto a sua mão, virando meu rosto para frente.
- Meu irmão resolveu que vai morar com a avó agora. - Falo simplista.
- E isso é ruim? - Ela pergunta.
- Pro meu irmão, é. Sabe como é, a minha vó não saberia cuidar de alguém como ele. Nem a minha mãe conseguiu. E eu sei que a minha mãe foi meio imprestável, mas porra, ela tentou. Um pouco, mas tentou. Minha vó não tá preparada pra cuidar daquele imbecil. - Falo me sentindo levemente enjoado.
- Ei, Ryan, calma. As coisas vão melhorar. Se o seu irmão quer ir, deixe que ele vá. Ok? - Ela me aconselha, se levantando.
Respiro fundo.
- É, você tem razão.
Ela segura meu rosto com suas mãos delicadas, me fazendo olhar para essa obra de arte.
- Eu tô morrendo de sono. Quer dormir aqui?
Faço que sim com a cabeça e ambos vamos para dentro. Pego um dos meus pijamas que já fica aqui e o visto, deitando em sua cama enquanto ela mexia no celular. Parecia mandar mensagens para alguém. A abraço forte por trás e olho o nome do contato.
- Quem é Ambre? - Pergunto.
- É uma amiga da época de escola. - Ela termina de escrever a última mensagem de boa noite, desliga o celular e o coloca no criado mudo.
Deixo leves beijos pelo seu pescoço. Esse cheiro dela... me deixa louco.
Ela solta algumas risadinhas.
- Boa noite, Ryan.
- Boa noite, baixinha. - sussurro no seu ouvido e a aperto um pouco mais. Adormecendo enquanto sentia seu incrível e viciante cheiro.
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