Depois de adentrarem na cidade e receberem vários olhares tortos, Diane estaciona em frente ao covil e os deixa em casa. Todos descem do carro. Tubarão já vai se adiantando e entra na entrada secreta do covil, gritando sorridente e com animação:
Tubarão: - FINALMENTE EM CASAAAAA! AH QUE SAUDADE DESSE LUGAR, CARA!
Piranha: - Tá, tá... Enfim em casa... Agora abre logo isso aí, porque eu preciso ir tirar água dos joelhos! - fala Piranha, com as mãos entre as pernas e com cara de desespero.
Cobra e Redinha também entram no covil, ambos reclamando que estavam morrendo de fome. Apenas Lobo e Diane ficam lá fora, encostados no capô do carro. Diane olha para Lobo, que estava olhando para o céu. O vento soprava levemente, fazendo os pelos de Lobo balançarem com calmaria, enquanto os raios de sol brilhavam em sua face. Lobo sentia o vento soprar em sua face e fechava os olhos suavemente, como se estivesse recebendo beijos do vento. Diane pensou "Ele é tão mais bonito quando não está cometendo crimes!"... Então, ela interrompeu os próprios pensamentos e perguntou ao Lobo:
Diane: - Então... E o carro? É de vocês, obviamente. Então vou deixar aqui, e ligar para meu motorista vir me buscar. Ok? - Fala olhando para Lobo, que olha de volta para ela e discorda:
Lobo: - O quê? Não, não, pode usar o carro. Ou melhor, eu te levo em casa no carro e já volto com ele. Pode ser?
Diane: - Não é má ideia. Mas acontece que eu não vou pra casa. Tenho que estar em uma reunião na cúpula da prefeitura daqui a meia hora. - Fala com um pouco de desânimo, ao pensar que as reuniões sempre demoravam um bocado de tempo para terminar.
Lobo: - Posso te levar lá, sem problema. - Se oferece ele, com gentileza. Mas Diane olha para ele e balança a cabeça negativamente:
Diane: - Não, não. Você teve um dia cheio hoje, vá descansar ou curtir alguma coisa com a galera. Não quero que se incomode com isso, eu me viro numa boa. - Diz Diane com gentileza, colocando uma mão carinhosamente no ombro de Lobo, e lhe dando um piscadela. Então ela tira seu smartphone do bolso, digita o nome "Jarbas" em sua lista de contato, e telefona para seu motorista. Lobo olha para ela falando ao telefone com seu motorista, revira os olhos e pensa " Perda de tempo... Se tivesse aceitado minha carona já estaria lá."
Diane no telefone: - Sim! Estou aqui te esperando. Até daqui a pouco. Tchau, tchau! - Finaliza a ligação. Diane olha para Lobo e fala:
Diane: - Jarbas já está a caminho. Eu pedi para ele me encontrar ali praça da cidade, vou para lá agora.
Lobo: - Ah sim. Tudo bem então. Boa reunião pra você! - Diz Lobo com educação, mas Diane ri ao lembrar que detesta participar das reuniões da prefeitura.
Diane: - Obrigada! Mas de boa essas reuniões não tem nada! - Diz ela entre risadas, fazendo Lobo rir também. Quando os dois param de rir, se olham ao mesmo tempo, e sorriem com os lábios.
Diane: - Até mais, Lobo. Qualquer novidade, eu te ligo.
Lobo fica um pouquinho triste por Diane estar indo embora, mas não demonstra isso. Apenas responde:
Lobo: - Até mais, te vejo por aí!
Diane já indo embora, responde sem nem se virar de costas:
Diane: - É, quem sabe...
Lobo estaciona o carro na garagem do covil, depois e adentra no elevador cantarolando. A porta se abre dando acesso ao covil, e ele se depara com Tubarão e Piranha sentados no sofá assistindo qualquer coisa, enquanto Cobra e Redinha estão sentados a mesa segurando o smartphone de Cobra, discutindo sobre o que vão pedir no Food App.
Redinha: - Cobra, para de ser chato! Só você gosta de comida japonesa! - Diz Redinha enfurecida.
Cobra: - Mulher aqui não tem opinião, Redinha! - Retruca Cobra, com um sorriso perverso, fazendo uma piada machista. Redinha já sem paciência, fala com raiva:
Redinha: - Ah quer saber? Vou pedir uma pizza portuguesa só pra mim. Não tô nem aí para o que vocês vão comer ou não, peçam a merda que quiserem! - Fala enquanto atira uma teia em direção ao teto, e some.
Lobo tenta chamar a amiga de volta, mas Redinha já havia ido para seu quarto. Cobra dá risada da atitude de Redinha, e apenas diz :
Cobra: - Otária!
Lobo não gosta das provocações de seu amigo, mas decide não se meter. Ele senta a mesa junto com Cobra, e olha para o amigo digitando o pedido no Food App. De repente, Cobra diz em voz alta:
Cobra: - Comida japonesa pra geral, né?!
Piranha: - Credo! Eu não quero comer peixe cru! Se quisesse, comeria o Tubarão! - Assim que acaba de dizer, percebe a besteira que falou. Tubarão olha para o amigo como se ele fosse louco, e se afasta alguns centímetros dele no sofá. Cobra zoa:
Cobra: Tubarão, é melhor tu tomar cuidado, parceiro! Pelo visto, os horrores que você passou no chuveiro com os meliantes da cadeia não foram o bastante pro Piranha! - Fala entre risadas.
Tubarão: - Se vocês não ficarem me lembrando isso a cada cinco minutos, estarão me fazendo um baita favor! - Responde Tubarão, com uma nadadeira na cabeça, demonstrando impaciência.
Cobra, apressado para comer logo, pergunta:
Cobra: - Falem logo então o que vocês vão querer comer, pra mim fazer logo esse pedido. Se não, eu é quem vou digerir vocês!
Lobo pega o smartphone de Cobra, falando:
Lobo: - Me dá isso aqui, mané! Quero ver as opções... Ahh! achei o que eu quero. Cordeiro assado! - Fala Lobo, quase lambendo os beiços, ao lembrar do sabor de seu prato preferido.
Cobra toma o smartphone da mão de Lobo, e diz:
Cobra: - Tá, tá... Agora me devolve meu telefone aqui, namoral. E vocês aí, manézada?
Tubarão coloca uma nadadeira no queixo e olha pra cima, pensando. Já Piranha, se adianta e fala:
Piranha: - Vou querer uma pizza de quatro queijos, com calabresa, frango, anéis de cebola, e com fatias de bacon por cima!
Lobo olha enojado para Piranha e diz:
Lobo: - Ô Piranha... Isso aí não é muito calórico não? E nojento...
Piranha olha para Lobo de cima a baixo, levanta as sobrancelhas e responde:
Piranha: - Você já imaginou como é uma piranha com fome? O peixe mais selvagem e carnívoro dos oceanos? Você não sabe de nada, cara! - Fala tirando sarro de Lobo.
Lobo apenas responde:
Lobo: - É né. Você quem sabe o tamanho da sua fome.
Cobra fica olhando fixamente pra Tubarão, pois só faltava ele para poder finalizar o pedido. E infelizmente, Tubarão era o mais indeciso entre os amigos.
Cobra: - Tubarão, não me faça cravar minhas presas no seu pescoço! Fala logo o que você quer!
Tubarão sente a pressão em cima dele, quando todos os amigos começam a olhá-lo fixamente, e impacientes.
Tubarão: - Ah, que merda gente! Como eu vou pensar com vocês me olhando assim?!
Piranha: - Você pensa com o cérebro? - Pergunta Piranha, com ironia. Tubarão acaba respondendo sem pensar muito:
Tubarão: - Acho que vou querer um sanduba de almôndegas, com cheddar e molho verde.
Lobo olha para o amigo com desconfiança, e pergunta:
Lobo: - Cê tem certeza?
Tubarão fica desconfortável com a pergunta, pois ainda está indeciso se é isso mesmo o que vai querer. Mas antes que ele pudesse responder que "sim" ou "não", Cobra responde para Lobo:
Cobra: - Nem pergunta isso pra ele! Já finalizei o pedido. Se ele não quiser o sanduba, você divide seu cordeiro assado com ele! - Fala maldosamente e rindo.
Lobo revira os olhos. Em seguida levanta da mesa, e vai se sentar no sofá ao lado de Piranha. Na televisão passava um programa sobre moda contemporânea. "Que porcaria de programa é esse?!" Pensou o Lobo.
Lobo: - Err... Gente vocês gostam mesmo de assistir iss... - Antes que pudesse terminar a pergunta, olha para o lado e vê que os amigos não estão nem assistindo a televisão. Tubarão e Piranha estavam distraídos jogando em seus smartphones. De repente, Piranha desgruda os olhos de seu celular e olha para o Lobo.
Piranha: - Quê? Cê disse alguma coisa? - Pergunta rapidamente, e volta a jogar em seu celular.
Lobo: - Nada, deixa pra lá. - Responde enquanto troca de canal com o controle. Ele muda rapidamente até achar alguma coisa interessante na televisão, até que para no telejornal. A repórter Lauren Smith anunciava ao vivo:
Lauren Smith ao vivo: - E hoje, a exatamente duas horas atrás, os Caras Malvados foram soltos da cadeia, devido ao cumprimento do tempo de pena que os mesmos levaram. Não houve alterações ou manipulações da parte deles no cumprimento da pena, nem mesmo suborno ou propina as autoridades superiores responsáveis pelo caso deles. Essas informações nos foram passadas pelo Delegado Kurt Duncan, em uma entrevista exclusiva com nossa equipe. Eu sou Lauren Smith, ao vivo no Grand News! - Termina a repórter.
Lobo fica inconformado com a notícia.
Lobo: - Vocês viram isso?! Não houve alterações ou manipulações?! Propina? Véi, dá pra acreditar nisso? Eles ainda nos vêem como criminosos! - Falou com indignação e raiva.
Cobra: - Quando se tem uma reputação, é difícil que as pessoas passem a te ver de outra maneira... Mesmo que você já tenha se redimido. - Explica Cobra, sem demonstrar um pingo comoção.
Lobo: - É... Talvez tenha razão. Talvez eles ainda tenham repúdio por nós. - Fala Lobo, com um tom de tristeza na voz, e pensativo. Tubarão e Piranha param de mexer no celular por um momento, e olham para Lobo. Lobo parecia um pouco magoado pela incógnita de quê talvez as pessoas não acreditassem em sua mudança. Tubarão coloca uma nadadeira em cima da mão do amigo e diz:
Tubarão: - Amigão, não esquenta a cabeça com isso. Não precisamos provar nada para ninguém!
Lobo olha para o amigo e sorri.
. . .
Passado 45 minutos, o entregador finalmente toca a campainha do covil com os lanches que haviam pedido.
*Ding-Dong*
Cobra: - Deve ser o entregador.
Lobo: - Eu busco os lanches lá fora. Só me dá o dinheiro aí, Cobra.
Cobra: - Eu já paguei, pelo app!
Lobo: - Ah tá.
Lobo vai até o elevador e desce no andar térreo. Em seguida abre a porta, e se depara com um rapaz magro, de cabelos castanhos, com a aparência de uns 18 anos de idade. O rapaz ao ver Lobo fica um pouco assustado, porém tenta agir com naturalidade.
Rapaz entregador: - Aqui es... Está os pedidos... Sr. Lobo. - Fala o rapaz, com uma voz trêmula e insegura, enquanto desviava o olhar.
Lobo: - Obrigado. Err... Kevin, não é? - Responde Lobo educadamente, ao ler o crachá grampeado na camisa do jovem.
Rapaz entregador (Kevin) : - Err... Sim senhor. Meu nome é Kevin! Foi um prazer, até logo! Quer dizer, bom apetite! - Diz o rapaz, enquanto monta de maneira atrapalhada em sua moto Biz e colocando sua mochila bag nas costas. E em seguida, sai a todo vapor. Lobo olha por alguns segundos o jovem garoto indo embora. "Esquisito, mas parecia ser um guri simpático!" Pensou Lobo. Então entrou em casa com a comida, e a colocou sobre a mesa. Todos, de repente, correram em direção a mesa, com os olhos brilhando e quase babando ao sentir o aroma de seus lanches. Cada um foi tirando seu lanche de dentro da sacola e comendo, enquanto Lobo abria uma soda que havia comprado para tomar com os amigos. Tubarão, Piranha e Cobra saboreavam seus lanches, enquanto Lobo servia-lhes soda em suas taças.
Lobo: - REDINHAAAAAAA! VAI QUERER SODA? - Gritou Lobo da cozinha. Redinha de repente entra na cozinha, e acena com a cabeça positivamente.
Redinha: - Já comi minha pizza, estou com sede agora. Passa pra cá essa soda aí!
Cobra: - Agora você quer alguma coisa com a gente né?! - Falou Cobra, com deboche. Redinha olha para ele, com uma expressão mais debochada ainda, e diz:
Redinha: - Eu estava falando com o Lobo, não contigo, serpentina. Fica na sua! - Termina de falar, e pega a taça que Lobo lhe entrega.
Lobo: - Chega de treta, né galera! Já deu! - Fala e em seguida toma um gole da bebida na taça. De repente, volta a falar:
Lobo: - Vocês podiam ser mais parecidos com o Tubarão e o Piranha. Olha como eles são amigos numa paz! - Fala e aponta para os amigos, sentados a ponta da mesa. Tubarão lambia as nadadeiras sujas de molho de almôndega, Piranha tentava mastigar com dificuldade toda aquela pizza que enchia sua boca.
Piranha: Eu fô... Eu fô cobendo! Não querer guerra fom ning... Ninguém! - Falou, ainda de boca cheia, e quase de maneira indecifrável.
Lobo, Cobra e Redinha fazem uma expressão de nojo ao olharem para Tubarão e Piranha lambuzados de seus lanches. Cobra se vira novamente para Lobo e Redinha, e diz:
Cobra: - É como eu disse no meu aniversário passado... Vocês são as pessoas que eu menos odeio, seus otários! - Fala e sorri, depois volta a comer seu lanche. Lobo e Redinha sorriram para o amigo maldoso. Eles sabiam que, aquela era a única maneira que Cobra sabia expressar que amava seus amigos. Era uma maneira bizarra, e até cruel, de demonstrar carinho por alguém... Mas era o jeitinho especial e único do Cobra.
Piranha termina de engolir aquela fatia enorme de pizza, dá um gole profundo em sua taça, depois respira ofegante por alguns segundos... Todos na mesa o encaram, como se ele fosse louco. Ele os encara de volta, depois olha para o lanche de Lobo, que ainda está intacto. Em seguida olha para Lobo, com um sorriso demonstrando segundas intenções, e pergunta:
Piranha: - Ainda vai comer isso?
Lobo: - Piranha, você realmente deve ter um buraco negro no lugar do estômago, cara! - Responde Lobo, puxando para si o seu lanche, e comendo por fim.
Tubarão: - Se ele tivesse um buraco negro no lugar do estômago, a privada não ficaria entupida a cada 3 dias!
Redinha cospe a bebida que estava tomando, e Cobra ri de maneira histérica a mesa. Todos começam a rir, exceto Piranha, que retruca a piadinha de Tubarão:
Piranha: - Tem certeza que é por minha causa que a privada fica entupida? Não esqueça que você é o maior entre nós. Sendo assim, as "coisas" que saem de você também devem ser enormes! - Fala enquanto faz estica os dois braços para o lado, demonstrando a largura das "coisas" saem de Tubarão. Lobo sente enjôo só de ouvir o que Piranha disse.
Lobo: - Eu tô tentando comer aqui! - Diz ele.
Cobra: - Tem que ter estômago de aço pra comer na mesma mesa que esses dois! - Comenta Cobra.
Lobo olha para todos a mesa, juntos. Depois daquele ano difícil que passaram na cadeia, talvez cada um abandonasse o velho grupo e seguisse com suas vidas sozinhos... Mas não foi o que aconteceu, pois eles estavam decididos a viverem suas vidas unidos. Fosse cometendo crimes ou vivendo honestamente, eles estavam juntos. Apesar das implicâncias, provocações, piadas nojentas e da zoeira maldosa, eles se amavam e queriam sempre estar na companhia um do outro. Os Caras Malvados eram muito mais do que uma velha gangue criminosa, eram uma família. Lobo olhava para Piranha comendo voraz sua pizza enorme, Tubarão tentando limpar com um guardanapo sua camisa suja de molho, Redinha e Cobra se provocando por nada... "Amo eles." Pensou Lobo, com um sorrisinho no rosto. Cobra ao ver o amigo sorrir olhando pro nada, pergunta:
Cobra: - Tá tramando alguma coisa, mermão?
Lobo: - Não, cara. Só tava pensando em uma parada aqui.
Piranha: - Deve ser alguma coisa boa, pelo teu sorriso... - Comenta o outro amigo.
Lobo: - É. Era uma coisa boa sim. - Responde.
"Vocês são minha família. Amo vocês." Pensou o Lobo outra vez. O que fez sua cauda abanar, por um sentimento inconfundível que sentia pelos seus amigos.
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