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História Os dias eram assim - Mulheres complicadas


Escrita por: ladyjack

Notas do Autor


Oi galera.
Esse capítulo demorou um pouco para sair, mas agora tá pronto.
Só querendo avisar que agora irei postar um capítulo a cada 15 dias, pois estava ficando muito corrido pra mim. Espero que entendam.
Sem mais delongas, espero que gostem.

Capítulo 12 - Mulheres complicadas


• Londres, janeiro de 1940

Shikamaru estava exausto, devido ao logo dia de trabalho, e sabia que seu dia ainda não havia acabado, pois, ainda tinha alguns assuntos para resolver. 

Andava pela Rua Charing Cross, localizada no centro da cidade. Era um dia frio e chuvoso, clima bastante comum a sua cidade natal, já que Londres era uma das cidades mais chuvosas do mundo, sendo raros os dias ensolarados.

Ao olhar para cima, viu diversas nuvens escuras, constatando que logo iria voltar a chover, e ele não estava a fim de se molhar.

Estava distraído com seus pensamentos quando escutou uma voz vinda de trás, o chamando.

-Shikamaru!

Ao olhar para a direção da voz constatou de que se tratava do irmão de Temari.

-Gaara. - Ele o cumprimentou.

Shikamaru ainda se surpreendia com o fato de que apesar daqueles dois serem irmãos, eram tão diferentes. Além da diferença da aparência física, que era bem óbvia de se observar, já que uma era loira e o outro era ruivo. Eles também possuíam comportamentos totalmente diferentes. Gaara era um homem quieto, tranquilo e sempre pensava duas vezes antes de falar qualquer coisa ou tomar qualquer tipo de atitude. Ele era bem-educado e mantinha um grande respeito para com todas as pessoas a sua volta, falando apenas quando era solicitado.

 Aos olhos de Shikamaru, Gaara era um perfeito soldado. 

É claro que ele sabia muito bem dos motivos pelo qual os Sabaku Nos acabaram vindo para Londres. O motivo tinha sido aquele rapaz, que havia se envolvido com uma mulher casada, lhe rendendo ameaças que o forçaram a sair do país. Sabia muito bem que o ruivo era um mulherengo de primeira, mas, ninguém era perfeito.

Por outro lado, sua irmã era quem ele costumava se referir como loira problemática. Ela era o oposto do irmão: impulsiva, falando tudo o que vinha a sua cabeça, sem pensar. Suas emoções mudavam constantemente, no mesmo instante que ela estava calma, falando tranquilamente, no outro já se tornava um furacão que destruía tudo a sua volta. Ela era uma pessoa muito perigosa de lidar. Mas, Shikamaru era uma pessoa esperta e conseguiu aprender com facilidade como conseguir lidar com a garota. Se havia uma qualidade no qual ele poderia elogiar em Temari, era a de que ela era uma irmã super protetora. Ele admirava as ações da garota, que colocava o bem-estar do irmão a frente de qualquer outra coisa, deixando claro que para ela a família era a coisa mais importante que existia. E pensar nisso, o levava a outro assunto. Um assunto que vinha tirando seu sono já há algum tempo. Era algo que ele definitivamente não queria estar presente quando a loira o descobrisse.

-Você está bem? - Gaara perguntou, no qual Shikamaru apenas balançou a cabeça em concordância. - Você está distraído. Aconteceu alguma coisa?

-Não é nada demais. Só estou pensando em algumas coisas do trabalho.

-Entendo. Acho que ficar caçando espiões por aí deve dar um pouco de trabalho, hein.

-Um pouco. - Respondeu sem muito entusiasmo, retirando um maço de cigarros do bolso de seu paletó.

Sabia muito bem que fumar não era muito saudável, mas, apesar de ter tentado por várias vezes parar, sempre acontecia alguma coisa que o deixava nervoso e, infelizmente, somente a nicotina era capaz de deixá-lo mais tranquilo. E, devido ao fato de que ele precisava ficar calmo para conseguir pensar com mais clareza, logo, fumar era imprescindível para se acalmar, mesmo que não gostasse de admitir tal fato. 

Naquele instante, ele estava cansado, mas estava precisando pensar, por isso resolveu fumar.

Retirou um dos cigarros do maço e ofereceu outro a Gaara, que recusou de imediato. O oferecera apenas por educação, pois, sabia que o garoto não era fumante e também não era muito dado a bebidas. É claro que Gaara tinha tido seus momentos de bebedeiras, mas não era um alcoólatra, era apenas atitudes de um jovem que estava conhecendo o mundo.

Falar de Gaara como se ele fosse um garoto era estranho, pois, ele mesmo era apenas um ano mais velho do que o ruivo. Mas, a diferença de experiência de vida de ambos era enorme, pois, Shikamaru já havia passado por muitas coisas ao longo da sua vida. É claro que não gostava de se passar por mais velho, para ele isso era um saco, pois, significava que deveria ter muito mais responsabilidade, e ele odiava isso.

-Acho que vai chover. - Gaara comentou.

Apenas balançou a cabeça em concordância, dando um trago em seu cigarro, deixando que aquela fumaça adentrasse em seu organismo e começasse a acalmá-lo.

-Você realmente gosta de fumar. - Gaara falou novamente, fazendo com que ele o olhasse de soslaio, soltando uma grande quantidade de fumaça pelo nariz. - Minha irmã detesta cigarros.

-É, eu sei. Ela já deixou isso bem claro. - Disse, dando uma nova tragada.

-Eu posso saber o porquê de você fumar?

-Porque isso me deixa calmo. - Disse tranquilamente, fazendo com que o ruivo balançasse a cabeça em concordância.

Shikamaru estava achando toda aquela conversa estranha, já que Gaara não era de falar e, de muitos menos, ficar perguntando sobre a vida do outro.

Eles ficaram quietos por alguns instantes, no qual, Shikamaru apenas ficou desfrutando de seu cigarro, observando as nuvens escuras que pairavam logo acima, no céu. Para quebrar o silêncio, ele começou a falar:

-Eu fumei pela primeira vez quando tinha 17 anos.

-Tão novo assim? Por quê? - Gaara perguntou, mesmo não estando muito animado com a conversa, mas ao perceber que o outro estava querendo falar, tinha feito aquela pergunta.

Shikamaru deu de ombros e começou a falar:

-Meu padrinho era uma chaminé ambulante, não parava de fumar por nenhum segundo sequer.

-Então, quer dizer que você era uma fumante passivo e acabou pegando gosto pela coisa?

-Não foi por causa disso.

Gaara o olhou com uma sobrancelha levantada, pedindo para que continuasse a falar.

-Eu fumei pela primeira vez em um momento muito triste de minha vida, estava nervoso e praticamente não conseguia pensar em nada. O meu padrinho havia acabado de ser assassinado na minha frente. Foi um acerto de contas ou algo do gênero. Ele era uma pessoa incrível e um dos melhores agentes da MI5. Naquela época eu não sabia nada sobre o que se tratava o seu trabalho, mas acabei descobrindo mais tarde, que ele já há algum tempo vinha me treinando para substituí-lo. Bem, de qualquer forma, eu fumei pela primeira vez quando estava enfrentando um enorme conflito emocional. Admito que no primeiro momento achei horrível, mas com o passar do tempo, acabei descobrindo alguns benefícios.

-E quais são os benefícios?

-Faz com que eu me acalme e consequentemente consigo pensar com maior precisão.

-Não sabia que você era tão dependente assim. Quer dizer, aposto que você consegue pensar sem a ajuda de um cigarro.

-É claro que eu consigo pensar sem usar isso, mas já estou acostumado e não me importo muito com isso. Além do mais, hoje em dia é tão comum que é mais difícil encontrar alguém que não fume.

-Isso é verdade.

Ficaram em silêncio, apenas andavam um ao lado do outro, observando o movimento das ruas naquela tarde chuvosa.

-Quando é que você pretende contar para ela? - Shikamaru perguntou por fim sobre aquilo que o estava atormentando já há algum tempo.

Gaara não respondeu de imediato, olhando mais ao longe, parecendo que nem sequer havia ouvido a pergunta, mas Shikamaru sabia que ele havia escutado e que só estava pensando um pouco antes de responder.

-Irei contar hoje.

Shikamaru parou de andar no mesmo instante, encarando o ruivo ao seu lado. Não estava esperando por aquela resposta, pois, sabia muito bem que o outro estava já há algum tempo enrolando para não contar nada a sua irmã. Mas, se ele estava disposto a contar naquele dia, era porque algo havia acontecido.

-Por que hoje?

Gaara retirou uma carta do bolso o mostrando. O moreno sabia muito bem o que aquilo se tratava.

-Entendi.

-Pois, é. Não tenho mais como esconder dela. – Falou, guardando a carta novamente.

-Boa sorte com isso. - Shikamaru falou, jogando o resto do seu cigarro no chão e o apagando com o pé, voltando a andar.

-Na verdade, eu acho que você quis dizer: boa sorte pra nós. – Falou, passando a mão no cabelo.

-Como assim pra nós? - Ele parou novamente de andar, olhando para o rapaz que era alguns centímetros mais alto do que ele. - Nós? - Não estava entendendo o que o outro queria insinuar.

-É, isso mesmo que você escutou. Nós. Você vai estar junto comigo quando eu for contar.

-Nem pensar. - Disse, voltando a andar mais rápido, se distanciando do outro, que veio atrás dele em uma pequena corrida, se postando novamente ao seu lado.

-Como assim nem pensar? Nós estamos juntos nessa.

-Ah! Mais não tá mesmo. - Falava negando energeticamente com a cabeça, começando a procurar outro cigarro.

-Ela escuta você. Por isso, acho importante que você esteja presente.

-De onde você tirou essa ideia idiota? É claro que ela não me escuta.

-Escuta sim. Eu sei que ela respeita sua opinião e escuta o que você fala.

Shikamaru ficou desanimado com a perspectiva de estar presente no momento que Gaara fosse contar aquela notícia delicada para Temari.

-Você é o irmão dela.

-E por causa disso sou a pessoa no qual ela tem menos respeito. Ela vai acabar comigo.

-Não antes de acabar comigo.

-Você é inteligente, vai saber como contornar a situação.

Era verdade que Shikamaru sabia como contornar situações difíceis, mas lidar com Temari era algo bem diferente. Ela era uma pessoa quase que impossível de lidar.

-Por favor. - Gaara implorou com desespero nos olhos.

Ele tinha toda a razão em estar com medo, pois, Temari iria acabar com tudo em sua volta quando descobrisse, e temia estar no caminho quando isso acontecesse, pois, seria fatal.

-Tudo bem. - Concordou sem vontade alguma.

Eles continuaram a andar, agora com um destino em mente.

 Logo, grossos pingos de chuva começaram a cair, o desanimando ainda mais.

[...]

A chuva estava caindo torrencialmente quando eles chegaram à casa de Gaara. Ambos estavam encharcados devido à chuva que tomaram.

Ao adentrarem na casa, viram Temari e Sakura conversando, sentadas em um dos sofás da sala. Ambas, ao notarem a presença dos rapazes, pararam de conversar e os olharam.

-Meninos, vocês estão molhados. - Temari disse ao ver a água pingando de seus cabelos e roupas.

-Pra você ver. A chuva nos pegou de jeito. - Gaara falou tentando secar seu rosto.

-Vou pegar algumas toalhas para vocês se secarem. - Falou se retirando logo em seguida.

-Senhorita Hatake. - Shikamaru cumprimentou Sakura.

-Senhor Nara, senhor Sabaku No. - Sakura os cumprimentou de volta.

-Não me chame assim. Me chame apena de Gaara. Ouvir você me chamar pelo sobrenome me faz lembrar do meu pai, e isso não me agrada muito.

-Como quiser, Gaara. - Ela deu um largo sorriso e voltou-se para o moreno. - A propósito, senhor Nara, você sabe sobre o meu marido?

-O Coronel Hatake está em uma reunião com o primeiro-ministro e, tenho quase certeza, de que ele irá voltar bem tarde para casa.

-Ultimamente ele anda vendo mais o ministro do que sua própria esposa. Não que eu esteja reclamando.

Shikamaru meio que duvidava disso, devido a expressão de desgosto presente na face da rosada.

Temari chamou a atenção ao adentrar a sala com duas toalhas em suas mãos, falando:

-Sabe, eu estava pensando que...

-Que novidade. - Gaara falou ironicamente, fazendo com que Temari o olhasse com reprovação, jogando a toalha em sua direção.

-Não seja mal-educado. Não me interrompa quando eu estiver falando. - Falava ao mesmo tempo em que se direcionava a Shikamaru, para entregá-lo a outra toalha.

Ele a agradeceu e começou a se secar o melhor que podia.

-Não acha melhor que tomem um banho? Eles podem pegar um resfriado. - Sakura sugeriu.

-Isso é verdade. - A loira falou os olhando.

-Eu estou bem. - Shikamaru respondeu de imediato.

-Eu também estou bem, já sequei o cabelo e agora estou mais tranquilo. - Gaara também falou, retirando o seu paletó e ficando apenas com uma camisa branca, que se encontrava menos molhada.

-Você dizia? - Sakura falou se voltando para Temari.

-Ah! É mesmo. Eu não pude deixar de escutar vocês falando do seu marido, Sakura. E, me parece que ele vai ficar até mais tarde no trabalho, certo? - Ela perguntou olhando para Shikamaru, que apenas afirmou com a cabeça. - Então, acho que você poderia ficar para jantar. Não vai demorar muito até que fique pronto.

-Tudo bem. - Sakura falou.

-Shikamaru, você também está convidado para jantar.

-Me desculpe, mas vou ter que recusar. Tenho um compromisso mais tarde e já tenho que ir embora.

-Compromisso? - A loira perguntou desconfiada, não gostando muito daquele assunto. – Então, pelo menos espere até que a chuva passe. - Concluiu, tentando esconder o pequeno ciúmes que surgia.

-Em Londres a chuva nunca passa, ela apenas dá uma trégua de poucas horas, mas logo volta.

-Bem, então pelo menos espere até que essa pequena trégua aconteça.

-Ele vai esperar. - Gaara falou olhando Shikamaru com reprovação, pois, ele não era idiota e tinha percebido que o Nara estava tentando sair de fininho, antes que o assunto principal viesse a tona.

-É, eu irei. – Falou, dando um pequeno sorriso amarelo para o ruivo.

-Então, por favor, sente-se. - Temari o convidou a se sentar em uma das poltronas.

Assim, ambos os rapazes se rumaram para as poltronas, que ficavam dispostas uma ao lado da outra, e localizadas de frente para o sofá onde as meninas estavam sentadas.

-O que as senhoritas estavam conversando antes de chegarmos? - Gaara perguntou animado.

-Estávamos conversando sobre a possibilidade de não acontecer mais nenhum ataque alemão. - Sakura respondeu.

-Por que acham isso? - Shikamaru perguntou curioso.

-Achamos isso porque já faz algum tempo desde que eles invadiram a Polônia, e desde então, não realizaram mais nenhum tipo de ataque. Por isso, eu acho que eles devem ter percebido que não seria uma boa ideia continuar com essa guerra. E, agora, é só uma questão de negociação para resolver os problemas relacionados à Polônia. - Temari falou.

-Duvido muito disso. - Shikamaru falou sério, fazendo Temari fechar sua expressão imediatamente.

-Por que acha isso, senhor Nara? - A rosada perguntou curiosa.

Ele olhou para Sakura e explicou o que  pensava sobre aquele assunto:

-Acredito que o exército nazista não realizou mais nenhum tipo de ataque devido ao clima nada favorável. Mas tenho quase certeza de que quando a estação mudar e o inverno acabar, eles voltarão a realizar seus ataques e, provavelmente, tentarão invadir a França.

-Entendo. - Sakura falou um pouco chateada, diante daquela perspectiva.

Ao voltar a olhar para a loira, reparou que ela estava com um sorriso cínico nos lábios e um olhar nada amigável lançado a ele.

-Desculpe por sermos ignorantes e por não termos pensado nesse pequeno detalhe. - Ela falou com uma voz ácida.

Era impressão ou ela estava brava com ele? E, o pior era que ele nem fazia ideia do motivo para ela estar assim. Mas, quando se tratava de Temari, qualquer coisa que ele viesse a fazer ou falar, que não a agradasse muito, já era motivo para ficar com raiva. Mas, naquele momento, não conseguia pensar em nada que pudesse ter feito. Ele só falou o que pensava, e sabia muito bem que aquilo não era motivo o suficiente para fazê-la agir daquela maneira.

-Bem, parece que a chuva está diminuindo, acho que irei ir embora. - Falou, percebendo que a melhor opção era ir embora o mais rápido possível, antes que ela começasse a brigar.

-Nem pensar. - Gaara falou segurando seu braço, fazendo com que permanecesse sentado. - A chuva ainda não parou. – Falou o olhando dentro dos olhos.

Shikamaru se aproximou do ruivo e sussurrou em seu ouvido:

-Então, acho melhor você começar a falar o mais rápido possível, porque eu realmente preciso ir embora.

Queria fugir daquela situação, mas também tinha um compromisso que seria dali à duas horas, e, assim, não podia ficar enrolando daquela maneira. Principalmente, pelo fato dele ter se molhado e agora teria que ir para sua casa tomar um banho e se trocar, demandando mais tempo ainda.

-Podemos saber o que vocês estão cochichando? - Sakura falou com um sorriso.

-Quer saber uma coisa Sakura? Desista de perguntar isso. Esses dois vivem cochichando pelos cantos e nunca revelam o assunto. - Temari falou olhando para a amiga, mas disse bem alto, querendo deixar bem claro que aquilo também tinha sido direcionado aos outros dois.

Gaara fez uma cara de desgosto diante das palavras da irmã e se voltando para Shikamaru, sussurrou:

-Eu não queria que Sakura estivesse aqui.

-Bem, fazer o que?

O ruivo respirou fundo e olhando para sua irmã, falou:

-Na verdade, eu tenho uma coisa para te contar.

No momento, ele estava bastante sério, o que era bastante raro, já que Gaara, apesar de ser quieto, sempre tinha um sorriso nos lábios e nunca perdia a oportunidade de fazer alguma piada.

Temari ficou apreensiva no mesmo instante, pois, se seu irmão estava daquele jeito, era porque o assunto era sério.

-Eu me alistei no exército britânico e acabei de ser convocado para me apresentar semana que vem, no centro militar.

Todos prenderam a respiração, olhando com apreensão para Temari, na expectativa de saber qual seria sua reação. Ela, por outro lado, ficou por alguns instantes sem demonstrar reação alguma, apenas olhando para seu irmão. Por fim, falando com uma voz baixa e tranquila:

-O que você disse?

-Ele quis dizer que agora é um membro do exército britânico e que foi convocado para participar de um grupo de expedição, que irá para a Áustria. - Shikamaru falou.

-O que? - Disse surpresa, mas logo mudando para uma expressão raivosa. - Como assim você faz parte do exército inglês? Pelo que eu sei você é irlandês e a Irlanda não está em guerra. Você não pode ser convocado, já que você não é inglês.

-Sim, mas ele se alistou como voluntário. E, o exército aceita voluntários, mesmo sendo de outros países. - Shikamaru falou calmamente.

Sabia que aquele era o momento de argumentar e tentar acalmá-la, pois, se dessem uma brecha, ela iria explodir e assim não seria mais possível conversar coisa alguma.

A loira ficou por mais alguns instantes em silêncio, pensando no que havia acabado de escutar, mas logo se levantou em um sobressalto e, com um olhar furioso, disse aos gritos:

-Por que diabos você fez isso!? Você é burro!? Você não tem nada nessa sua cabeça!?

-Eu não sou burro. Só queria ser útil para alguma coisa ou para alguém.

-Ser útil!? - Ela falou gritando, fazendo com que todos se assustassem. - Você é útil aqui do meu lado e não morrendo em algum lugar desconhecido. - Ela estava começando a deixar sua raiva se sobressair. – Você, por acaso pensou nos seus irmãos e no seu pai, antes de tomar uma decisão precipitada e idiota!? Você se quer pensou em nos perguntar o que nós pensávamos sobre isso!? - Seu olhar estava injetado de fúria.

-Ser do exército é uma grande honra e uma oportunidade ... - Shikamaru começou a tentar argumentar, mas fora cortado de imediato.

-Cala a boca! - Disse se virando para ele, que se encontrava em pé, tentando intervir. - Não se meta nesse assunto, você não tem nada do que falar aqui, você não pertence a essa família, por isso, cale essa sua boca.

Ele assustou com aquela atitude. Sabia que ela tinha um temperamento explosivo, mas nunca a tinha visto daquela maneira, com tanto ódio nos olhos. Se afastou um pouco, pois, temia que ela pudesse agredi-lo, se assim desejasse.

Sakura se levantou e apoiando suas mãos nas costas da amiga, disse:

-Temari, você está muito exaltada. Venha, sente-se uma pouco para tentar se acalmar.

-Eu não quero me acalmar coisa nenhuma! Eu só quero entender quem foi o filho da mãe que colocou essa ideia na cabeça do meu irmão!

-Ninguém colocou nada na minha cabeça. Eu tomei essa decisão por conta própria. Decidi que preciso fazer algo da minha vida.

-Então, você quer me dizer que, fazer o algo da sua vida, é se matar?

-Eu não vou me matar.

-Acorda pra vida! Você está indo para uma guerra!

-Eu sei muito bem para onde eu estou indo. - Disse se levantando. Sua expressão estava séria, mas falava com calma. - Eu sei muito bem para onde estou indo e o que irá acontecer. Espero que você compreenda que essa decisão só cabia única e exclusivamente a mim, porque é a minha vida, entendeu? E, ninguém tem o direito de opinar no que eu faço ou deixo de fazer. Só estou te contando porque você é minha irmã e acredito que você tem o direito de saber sobre as minhas decisões, mas somente eu posso decidir sobre o que deixo ou não deixo de fazer.

Todos ficaram quietos diante daquelas palavras proferidas pelo ruivo.

Temari se assustou com aquela atitude, era como se ela estivesse vendo seu pai parado a sua frente naquele momento, falando com ela com tamanha autoridade.

-Eu sou sua irmã, eu tenho o direito de saber ...

-Por isso mesmo que eu te contei. Mas, como te disse, não estou contando a você para que você me fale o que eu deva fazer, só estou te comunicando o que eu decidi fazer. Só estou te contando para que você tenha conhecimento, nada mais do que isso.

Temari ficou o encarando. Nunca tinha o visto agir daquela maneira, tão sério e tão certo de sua decisão, com uma presença tão grande de espírito. Ela ficou o encarando por algum tempo e, logo, toda a raiva começou a se dissipar, dando lugar à tristeza.

 Ela deixou uma lágrima escapar dos seus olhos, começando a chorar compulsivamente, assim, cobrindo o rosto com as mãos.

Gaara se aproximou, a abraçando fortemente, apoiando o rosto de sua irmã em seu peito, afagando seus cabelos, tentando fazer com que se acalmasse. Ele já havia a visto chorar várias vezes, mas nunca com tanta intensidade.

Sakura não sabia o que fazer, estava triste ao presenciar aquela cena, mas não tinha o que fazer e muito menos o que falar. Não fazia parte da família e estava se sentindo deslocada, pois, sabia que naquele momento eles deveriam ficar sozinhos e ela estava ali, como uma intrusa em um momento tão delicado daquela família.

Shikamaru não sabia o que estava sentindo, seu coração doía e estava angustiado ao ver Temari daquela maneira. Sempre a vira como uma pessoa forte, e o fato de vê-la chorando o abalava de uma forma que nem mesmo ele entendia. Achava que deveria falar alguma coisa para tentar confortá-la.

-Temari, eu... - Ele parou de falar ao ver aqueles olhos esverdeados o encarando.

Viu uma raiva e um ódio tão intenso e profundo, como nunca havia visto antes. E, aquilo o amedrontou. Não era porque ele tivesse medo de que ela pudesse fazer alguma coisa contra ele, mas era porque tinha medo de suas palavras.

-Então, era sobre esse assunto que vocês dois ficavam cochichando pelos cantos, durante todo esse tempo? - Ela falava com a voz embargada de emoção, tentando secar as lágrimas de seu rosto, ao mesmo tempo em que se afastava de seu irmão.

-Bem...

-Não minta pra mim! - Temari falou o encarando com intensidade. - Vocês pensam que eu sou idiota!? Eu posso até parecer, mas não sou idiota. Eu sei muito bem quem é que foi que deu essa ideia para Gaara. Foi você, não foi, Nara? Foi você que o influenciou a ter essa ideia.

-Eu já disse que ninguém me influenciou em nada. - Gaara interveio.

-Fique quieto! - Disse ao ruivo, logo em seguida voltando-se para Shikamaru. - É claro que você faria isso, dado o fato de que você já é um deles, um soldadinho de chumbo. E, sabe que quanto mais soldados vocês tiverem, melhor será para vocês.

-Eu não... - Shikamaru tentou começar a argumentar, mas foi cortando.

-Cale a boa e saía da minha casa. - Ela começou a falar com raiva renovada, indo em sua direção. - Eu quero que você saía da minha casa e nunca mais volte aqui! Você está me entendendo!? Eu não quero nunca mais te ver na minha vida! Eu te odeio!

Shikamaru não conseguia encontrar palavras para se expressar. Ficou sentido com aquelas palavras que estavam sendo proferidas pela loira.

-Temari! - Gaara tentou acalmá-la, indo ao encalço de Nara, tentando ajudá-lo.

Ele segurou no braço da irmã, a puxando para perto de si.

-Me deixa! - Disse se soltando da mão do irmão, voltando a falar com Shikamaru. - Você me escutou bem, senhor Nara? Eu não quero mais saber de você aqui, na minha casa. - Sua voz começou a falhar e seus lábios tremiam. - Eu o odeio. - Ao proferir essa última palavra, ela começou a chorar novamente.

Não sabia o que fazer. Estava se sentindo injustiçado. Sabia que ela estava triste, mas não tinha o direito descontar sua raiva nele, que nada havia feito. Mas, se ela queria que fosse embora, ele iria, era a casa dela e ela precisava de um tempo para pensar. 

Rumou para a saída e ao abrir a porta, a escutou falar:

-Também quero que você saiba que se acontecer alguma coisa com meu irmão, eu juro que te mato.

Apenas abaixou seu rosto, saindo logo em seguida.

Fazia muito tempo que não sentia vontade de chorar, nem se quer conseguindo se lembrar da última vez, mas naquele instante, seu peito doía. Ele nunca havia sentido tamanha vontade de chorar. Mas, se conteve, não se permitindo derramar nenhuma lágrima.

Não queria que aquelas palavras direcionadas a ele fossem verdadeiras. Ela podia xingá-lo de todas as maneiras possíveis, bater ou qualquer coisa que fosse, mas não queria admitir que ela o odiasse, pois, aquelas palavras eram muito fortes e ele não queria aceitar que fossem verdadeiras. Sentia-se estranho, pois, apesar de todas as feridas que já havia sofrido ao longo da sua vida, nada tinha causado tanta dor quantas aquelas palavras proferidas por aquela garota.

[...]

Mais tarde naquela noite, Shikamaru estava dentro de um táxi, indo em direção a um pub que ficava mais afastado do centro da cidade. 

Ainda estava bastante chateado com o que havia escutado de Temari. Para ele, aquelas palavras soaram duras e o magoaram. Mas, naquele momento, não podia ficar pensando naquele assunto, ele tinha que se concentrar no seu compromisso. O dia ainda não havia acabado e ele tinha que se focar no que iria acontecer dali a alguns minutos.

Aquele encontro havia sido marcado de forma bastante inesperada, já que naquele mesmo dia, ao chegar de manhã em seu escritório, recebeu um convite para se encontrar com aquela mulher. Confessava que achou bem ousado e fora do comum ela ter feito aquela proposta. Assim, o encontro foi marcado naquele pub, que era mais afastado e menos movimentado, mas devido a sua própria experiência, sabia que o lugar servia uma ótima cerveja.

Devido ao encontro, ele vestia um terno adequando para a situação, que a seu ver, era bastante elegante se comparado às outras roupas que era acostumado a usar. Sabia que se Temari o visse com aquela roupa iria perguntar quem ele estava tentando seduzir.

Ao se lembrar da loira, deu um leve sorriso triste, ao recordar do ocorrido de mais cedo, que havia o atingido de forma bastante negativa. Não queria que ela o odiasse e que eles não se vissem mais. Ele já tinha se acostumado com ela.

Mas, ele tinha que parar de pensar nela naquele momento, podia fazer isso mais tarde, já que teria a noite inteira para se lamuriar. Mas naquele instante, sua mente tinha que estar livre de preocupações, pois, ele iria precisar pensar com bastante cautela dali para frente.

Após alguns minutos, o carro estacionou na frente do bar, com sua faixada um pouco mais antiga, com apenas um letreiro em cima de uma porta de madeira. O lugar no momento estava quase vazio.

Depois de pagar ao taxista, saiu do carro e entrou no estabelecimento, dando um olhar mais atento a sua volta. Viu várias mesas espalhadas pelo salão, com uma luz mais fraca, deixando o ambiente um pouco mais sombrio. Do lado esquerdo havia um pequeno palco com alguns instrumentos musicais, que no momento estava vazio, mas havia um rádio que tocava jazz. Do outro lado, tinha um balcão com um barman servindo bebidas e, sentada de frente ao balcão, em um banco, havia uma garota.

A mulher estava com os seus cabelos escuros amarrados em um coque baixo, sua pele era alva e estava vestindo um vestido no tom vermelho. Ao se aproximar dela, notou que ela já tinha percebido sua presença, pois, se levantou vindo em sua direção, permitindo que ele reparasse em suas vestes, que consistiam em um vestido vermelho, que chegava a altura de seus joelhos e bem colado ao corpo, deixando a amostra todas as suas belas curvas. Tinha mangas compridas e um belo decote em “V”. Seus olhos eram de um tom que ele nunca antes havia visto em sua vida. Ela, definitivamente, era uma das mulheres mais bonitas que já tinha visto em sua vida.

-Senhor Nara. - Ela o cumprimentou.

-Então foi você que me enviou aquele convite?

-Isso mesmo. - Ela deu um leve sorriso. - Venha, sente-se ao meu lado.

Ela retornou para o seu lugar, se sentando novamente. Shikamaru a seguiu, sentando ao seu lado.

-Vai querer tomar alguma coisa? - Ela perguntou, no qual ele apenas balançou a cabeça em concordância.

Não gostava de beber quando estava a trabalho, mas naquele momento, ele achava que beber alguma coisa poderia vir a calhar.

A moça chamou a atenção do barman, pedindo para que servisse a Shikamaru um copo de cerveja.

 Ficou a observando de canto de olho por enquanto que ela fazia o pedido. Ainda não conseguia acreditar que aquela garota era nada mais nada menos do que uma Hyuuga e, para completar, era uma das pessoas que estavam lhe dando dor de cabeça.

Logo o barman o serviu um copo com cerveja preta. Ele a provou, saboreando seu forte sabor.

-Confesso que fiquei surpreso quando recebi sua carta.

-Não está acostumado a receber cartas de mulheres, senhor Nara? - Falava com um sorriso sedutor nos lábios.

Ele ficou a encarando por alguns instantes, falando:

-Pelo menos não de quem eu gostaria que fosse. - Terminou de falar levantando seu copo como em um brinde, logo depois, dando um generoso gole, aproveitando para ver o que ela tomava. Ao  não conseguir identificar o que era, perguntou. - O que você está tomando?

-Cervejas não são muito do meu agrado, eu prefiro algo mais forte, como vodka. - Falou também levantando seu copo em um brinde, logo depois, tomando um pouco.

Aquela mulher era realmente bastante misteriosa e bem interessante para seu gosto. Pensar assim, fez com que se lembrasse da loira de olhos esverdeados, fazendo com que ficasse imediatamente desanimado. O que não passou despercebido pela morena, que também possuía olhos afiados, que percebiam cada mínimo detalhe.

-Você parece chateado. Aconteceu alguma coisa?

-Apenas um problema com uma pessoa.

-Esposa não é. Se não, você teria um enorme anel no seu dedo. - Ela falou apontando para sua mão. - Então, aposto que o problema foi com a sua namorada.

Ela havia se virado de frente para ele, cruzando suas pernas, as deixando a amostra. Ele sabia que aquilo deveria ser alguma tática da mulher, mas ele não era homem do tipo que se deixava seduzir com facilidade, mesmo que ela fosse muito bonita.

-Ela não é minha namorada, é uma amiga. – Disse, terminando de beber sua cerveja.

-Mas, você gosta dela. - Concluiu, pedindo logo em seguida para que o servisse novamente.

Apenas deixou transparecer um pequeno sorriso, surpreso com aquela constatação.

-Acho que não viemos aqui para falar da minha vida pessoal. - Disse chateado com o rumo da conversa.

Estava tentando se esquecer de Temari e agora, essa mulher vinha falar aquelas coisas para ele. Naquele momento, não estava com cabeça para ficar pensando naquelas coisas.

-Eu só estava querendo quebrar o gelo. - Ela falou, levantando as mãos para cima em rendição, se virando novamente para o balcão e bebendo.

-Se é assim. Então, porque você não me fala um pouco sobre o seu primo? Como ele está? Onde ele está?

Shikamaru não podia deixar escapar essa oportunidade, de saber alguma coisa sobre aquele rapaz. Admitia que Hinata Hyuuga era uma mulher incrível e uma agente que vinha dando bastante trabalho para ele nos últimos meses, mas tinha que admitir que, quando havia recebido o convite da garota, se viu instigado a ir conversar com ela com a intenção de poder saber mais sobre seu primo. Neji Hyuuga era o terror de qualquer pessoa que trabalhava no setor de contra espionagem e, até ele mesmo, já tinha tido problemas com o russo há uns dois anos. O Hyuuga o havia enganado com maestria e o deixado para trás com uma bela cara de tacho. É claro que na época ele ainda não estava exercendo seu cargo atual, era apenas um agente de campo, mas, ele tinha que dar o braço a torcer e admitir que ele tinha sido, no mínimo, humilhado pelo outro. Ele não havia conseguido nada daquela vez, mas agora via uma oportunidade e não poderia deixa-la passar.

Hinata imediatamente fechou sua cara, não gostando do rumo da conversa.

-Posso te garantir que ele está bem longe daqui. - Falou secamente, terminando de beber sua bebida.

-E mesmo que ele estivesse por perto, você não diria. Vocês Hyuugas são bastante leais à família. - Shikamaru concluiu.

-Parece que você conheceu muitos Hyuugas. - Ela falava aborrecida com aquela conversa.

Seus olhos serenos e seu sorriso sedutor haviam desaparecido por completo, deixando bem claro que ela não estava gostando daquilo.

-Você sabe que não. - Falava ao mesmo tempo em que pegava uma garrafa de cerveja e se servia. - Sua família foi massacrada quando eu era apenas uma criança. - Disse com um sorriso irônico.

-Não foi totalmente massacrado.

-Não, mas foi reduzido a apenas dois membros.

Ele se virou para ela, olhando-a bem dentro dos olhos. Estava gostando daquele jogo. Normalmente, preferia que fosse direito ao assunto, para que pudesse acabar o mais rápido possível. Mas, por mais estranho que fosse, ele estava gostando daquela conversa e, principalmente, de jogar aquele jogo.

-Sim, mas que podem conquistar o mundo. – Falou, dando um leve sorriso de lado o lançando um olhar felino.

-Pelas histórias que escutei, não duvido disso. - Disse dando de ombros.

-Viemos aqui para falar da minha família?

Ambos se encararam, relembrando o que Shikamaru havia falado há alguns instantes, e desataram a rir, amenizando o clima de tensão que havia se instaurado.

Olhou para os lados, ,jggpercebendo que já havia chegado algumas pessoas, que estavam sentadas espalhadas por todo o ambiente. Nenhum dos presentes chamou sua atenção, sendo que, não havia ninguém por perto além do barman. O que significava que ela havia vindo sozinha para aquele lugar. Isso fez com que ele a admirasse, pois, significava que ela não tinha medo e que estava bastante confiante no que estava fazendo.

Shikamaru pegou um de seus cigarros, oferecendo outro para ela, que aceitou de bom grado. Não achou que ela fumasse, apenas havia oferecido por cortesia, assim como havia feito mais cedo, com Gaara. Deu de ombros frente a essa descoberta, acendendo os cigarros. Ela deu uma forte tragada, soltando em seguida uma grande quantidade de fumaça. Ao ver essa cena, ele teve que admitir que a achou bastante sexy.

-Achei que vocês não eram dados a vícios. Devido a toda a disciplina.

-Disciplina e gostos particulares não é a mesma coisa.

-Verdade. Mas, me diga, seu primo tem algum tipo de vício?

O rosto alegre da moça desapareceu de imediato, deixando visivelmente claro sua irritação diante daquela pergunta.

-Não vamos mais falar sobre ele. - Sua voz saiu autoritária.

Ele entendeu muito bem que ela não iria falar nada sobre o seu primo e iria defendê-lo custe o que custasse. Também não queria vê-la irritada. Não naquele momento, em que a conversa fluía tão bem, nem parecendo que eles estavam negociando. Deu apenas de ombros, deixando de lado aquele assunto, e perguntando:

-Então, sobre o que quer falar?

-Negócios.

-Sinto desapontá-la, mas não sou um homem de negócios.

-Mas, aposto que a minha proposta irá te interessar.

-Bem, não tenho nada a perder. Diga.

-Eu sei que você sempre teve total consciência da minha presença aqui em Londres, já há alguns meses.

Ele apenas concordou. Shikamaru sabia muito bem que a Hyuuga havia entrado em seu território há exatamente cinco meses e o fato dele não ter tido nenhum tipo de contato com ela, durante todo aquele tempo, o havia irritado profundamente. Ele tinha que admitir que ela era muito boa em apagar seus rastros, apesar de não ter sido tão boa, já que ele descobriu sua presença. Também apostava que ela estava passando por algum tipo de problema, se não, não teria vindo tentar negociar.

-O problema é que o trabalho que eu tinha que fazer aqui era bem rápido, não precisando mais do que um mês para realizá-lo.

-Entendo. Você encontrou algum problema pelo caminho?

-Além de você? - Ela o encarou, fazendo com que ele desse um leve sorriso.

Shikamaru tinha tendência a achar que tudo era um saco, mas aquela conversa estava o divertindo.

-Comecei a ter um pequeno problema. Não estava contando com um pequeno detalhe.

Isso chamou sua atenção, ficou a olhando, esperando que continuasse a falar.

-Eu não estava esperando da invasão da Polônia pela Alemanha. Isso me atrapalhou em tantas maneiras que até você mesmo não conseguiria imaginar. E, de todos os problemas que eu encontrei, o principal foi a de que eu não consigo voltar para casa. Já faz três meses que estou tentando, mas não consigo. E, isso está me frustrando.

-Que mal lhe pergunte, mas posso saber o porquê de você não estar conseguido voltar para casa?

-Isso não vem ao caso no momento. O que estou querendo dizer é que não estou conseguindo voltar para casa, e o fato de você e seus homens ficarem em cima de mim o tempo todo, fazendo com que eu tenha que mudar de lugar constantemente, sempre atenta a tudo e a todos a minha volta, está me deixando exalta. Estou cansada de tentar me esconder. Não sou mulher de se esconder. Não sou uma pessoa que passa despercebida e de que não chama atenção.

Shikamaru concordava que ela não era o tipo de mulher que passava despercebida. Ele não sabia o que ela queria, mas estava bastante curioso.

-Então, eu tenho uma proposta. - Ela continuou a falar. - Se você me der abrigo e a garantia de que não serei mais perseguida e presa pelos seus agentes, vou te dar todos os nomes, endereços e fotos de todos os espiões que estão neste exato momento neste país.

Ele não estava esperando por aquela proposta. Ela estava barganhando sua proteção em troca da entrega de várias outras pessoas. Ela era bem ousada e não se importava com os outros.

-Me deixa ver se entendi. Se eu te der garantia de que você estará livre e que ninguém irá te fazer mal, você irá me dar o nome de todos os espiões presentes na Inglaterra?

-Exatamente isso.

-E, porque ao invés de eu aceitar a sua proposta eu simplesmente não te prendo agora? Você vale muito mais do que os outros.

-Mas, eu não sou a sua inimiga.

-Qualquer um que entre no meu país sem permissão é meu inimigo. - Pela primeira vez, desde que havia chegado ali, ele falou sério, com seu semblante fechado.

Aquela garota era bastante esperta e ele deveria tomar cuidado ou iria encarar problemas. Ela realmente era uma Hyuuga: esperta, determinada e bem escorregadia.

Diante das palavras de Shikamaru, Hinata deu um leve sorriso, falando:

-Mas, no momento, acredito que espiões alemães valem muito mais para você.

Estava confiante em suas palavras e ele tinha que admitir que ela tinha razão. Devido àquela guerra, os espiões alemães valiam muito mais do que qualquer outra pessoa, até mais do que ela. E, os russos não eram inimigos naquele momento, mas, deixar a URSS de lado era uma burrice enorme e eles deveriam ficar de olhos bem abertos.

-Como eu posso saber que você está falando a verdade? Que os nomes são verdadeiros.

-Terá que acreditar em mim.

-Não. Não vou ser idiota em acreditar em você.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, até que Shikamaru falou novamente:

-Acho que tive uma ideia. Você pode me dar uma amostra da sua boa-fé.

-Que tipo de amostra?

-Qual foi o motivo da URSS ter te enviado aqui? Como você mesma disse, não somos inimigos.

-Você sabe muito bem o porquê. Inteligente daquele que sabe sobre as armas daqueles que algum dia poderá ser seus prováveis inimigos, pois, desta maneira você nunca será surpreendido.

-A URSS pensa que nós podemos ser seus futuros prováveis inimigos?

-Todo mundo é um provável inimigo. E você sabe disso, ou você pensa que eu não sei que a Inglaterra envia espiões ao meu país?

-É, mas quando são descobertos eles não são tratados com tanta cortesia.

-Eu sei muito bem o que vocês fazem com aqueles que são pegos. Não pense que sou idiota. - Ela falou sorrindo.

-De qualquer modo, quero saber o que você descobriu aqui. Se você me falar e eu decidir que é verdade, podemos ter um acordo.

Ambos se encararam por alguns instantes, até que ela se virou de lado, pegando uma bolsa e retirando de dentro uma pasta, o entregando logo em seguida. Ele a pegou, abrindo e olhando seu conteúdo, se surpreendendo ao constatar que se tratava das sedes militares espalhadas pela região. Eram muitas e todas estavam com suas localizações, nomes e vários outras informações corretas. Se espantou com aquele relatório, pois, aquilo indicava que ela havia conseguido descobrir bastantes coisas.

-É claro que isso é uma cópia. A verdadeira está bem guardada.

-Está tudo correto.

-Ótimo. Agora que você viu que estou falando a verdade, acredito que podemos fechar o nosso acordo. O trato é que eu irei te falar um nome por mês.

-Por mês? Acho que terei mais lucro te prendendo agora e te interrogando.

-A cada quinze dias?

-Uma semana.

-Você acha que eu sou idiota? Você sabe que eu não tenho tantos nomes assim. Se eu der um nome por semana, logo a minha barganha vai acabar e irei ficar sem proteção.

-Uma semana ou não temos acordo.

-Ok. - Ela falou levantando, pegando sua bolsa e se dirigindo a saída.

-Onde você pensa que vai? Ainda não terminamos de falar. Ou você quer que eu te prenda agora?

Ela se virou para ele sorrindo e falou:

-Isso não vai acontecer, você veio sozinho. Eu vi quando você chegou. Olhei com bastante cuidado tudo a nossa volta e constatei que você está sozinho e não vai conseguir me impedir de ir embora.

-Tem certeza? - Shikamaru estava surpreso com aquilo, pois, ela estava certa, ele havia ido sozinho. Apenas perguntou para tentar deixá-la em dúvida.

-Sempre tenho. Me diga uma coisa, senhor Nara. Como você acha que eu te enviei aquele convite? Foi sorte? Não. É porque eu sei onde você trabalha, eu sei sobre cada membro daquele lugar. Nome, endereço e até mesmo a aparência. E, foi por isso que eu envie o convite exclusivamente a você, porque sei que você é a cabeça pensante daquele lugar e é quem manda nas coisas. Agora, me diga: o que aconteceria se por acaso eu começar a passar informações sobre os seus agentes para outros espiões? Acredito que vocês irão ficar em maus lençóis, não é mesmo? E, estou começando a ficar bastante tentada a fazer isso.

Ela era esperta, ela era muito esperta e havia conseguido o pegar de jeito. Ele não podia imaginar que ela pudesse ter tantas informações. É, realmente ela tinha trabalhado bastante naqueles meses que havia ficado em seu país.

-A cada quinze dias. - Ele teve que concordar por fim.

Hinata deu um largo sorriso, demonstrando sua vitória. Continuou a falar:

-Irei encontrar ótimas acomodações para que a senhorita possa ficar e garantirei que nada de ruim irá acontecer.

-Ok. Daqui cinco dias nos encontramos aqui, no mesmo horário.

-Certo. Mas, eu quero que você tenha uma coisa em mente. - Se levantou se aproximando dela, ficando a poucos centímetros de seu rosto, continuou a falar. - Se os nomes que tem não forem bons o suficiente, você terá um enorme problema. E, eu irei pessoalmente garantir que isso aconteça. Então, pense muito bem antes de fazer qualquer coisa. - Sua voz soou grave e ameaçadora.

A encarava intensamente dentro dos olhos, sem encontrar dificuldades, já que, apesar dele não ser tão alto, ela era menor que ele. Mas, aquela ameaça não pareceu surgir nenhum efeito sobre ela, pois, falou calmamente:

-Não se preocupe, está mais que pensado.

Ele se afastou dela, concluindo:

-Você é inteligente.

-Não. Não sou. Se eu fosse inteligente eu não estaria aqui. Estaria em casa, na Rússia. - Ela disse, dando as costas e saindo.

Shikamaru tinha muito no que pensar. Aquela proposta realmente tinha sido bem interessante. Já havia algum tempo que eles vinham enfrentando problemas em localizarem aqueles agentes, e receber o nome, com endereço e tudo o mais, iria ajudar. Mas, lidar com aquela mulher não seria uma das tarefas mais fáceis e deveria tomar muito cuidado, principalmente em encontrar um lugar para ela e de garantir que teria uma grande vigilância sobre si. Ainda mais agora, que sabia que ela tinha muitas informações sobre os seus homens.

Se antes ele já estava com sua cabeça fervendo, devido aos ocorridos de mais cedo, relacionados à Temari, agora estava explodindo, com todos aqueles acontecimentos. Aquelas mulheres eram um saco e davam muito trabalho para ele. Um trabalho que detestava ter, mas que, infelizmente, somente cabia a ele fazer.


Notas Finais


Espero que tenham gostado e até a próxima 😆😆


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