• Viena, outubro de 1940
Gaara já tinha se cansado de toda aquela situação. É verdade que nunca foi muito paciente, mas tudo aquilo já estava começando a desagradá-lo profundamente. É claro que nunca se arrependeu por um segundo se quer de ter desertado do exército para ajudar Ino.
Mas, infelizmente, desde o dia que fizera isso as coisas só tendiam a piorar.
Já fazia alguns meses que andavam juntos, além do pequeno Inojin, que era um bebê muito bonzinho e sorridente. Admitia que nunca foi muito fã de crianças, mas aquele menino, em particular, havia ganhado seu coração. Talvez isso se deva ao fato dele ser a primeira criança que tivera um maior contato. E, é claro que a mãe também ajudava. A cada dia que passava se via mais envolvido com a loira de olhos azuis. O que não era nenhuma novidade, já que sempre teve facilidade de se dar bem com o sexo oposto. Mas, naquele caso não era somente a aparência que lhe chamava atenção, apesar dela ser bastante bonita. Ela era também muito carismática, bem-humorada e possuidora de um espírito enaltecedor, nunca se desanimando com a situação. Ela era o seu perfeito oposto, dado ao fato de ele ser pessimista e se desanimava facilmente frente às adversidades. E, sabia que se tratava de características nada agradáveis de ter. Sabia muito bem que se estivesse sozinho já teria desistido há algum tempo, mas Ino estava ao seu lado, o encorajando a seguir em frente, sem ao menos dizer palavra alguma. Seu olhar, o sorriso, a determinação que emanava de dentro de si já era o suficiente para encorajá-lo. Também tinha o pequeno, que apesar de mal conseguir se manter sentado, já possuía algum tipo de influência sobre si. Tinha que seguir em frente e vencer por eles. Era o que iria fazer até o último instante.
Era bem da verdade que a situação atual estava bem crítica. Ainda não conseguiam se comunicar de forma adequada e o dicionário, agora bastante surrado e sujo devido ao seu uso constante, ajudava bastante, mas já não era o suficiente. A loira aprendeu muitas coisas por conta própria, passando horas a analisar as palavras no dicionário e ele a ajudava pronunciar, para que soubesse como falar. Naquele momento conseguiam falar um pouco mais, já não passando tanto tempo em um silêncio mortal ou apenas com olhares sugestivos, para tentar fazer com que o outro entendesse. Mesmo assim, ainda não conseguiam manter um diálogo fluído por um longo período de tempo, sempre precisando dar pausas para procurar por alguma palavra naquelas páginas velhas e amareladas.
Apesar dessa situação ser bastante desagradável, conseguiam se entender. Já fazia algum tempo que estavam juntos, assim já sendo possível ler os gestos, expressões, as mímicas, bastando apenas um movimento para que o outro entendesse de imediato. Apreciava tal ligação.
Aquela era a primeira vez que parava para observar o que estava acontecendo a sua volta. Antes, apenas prestava atenção no que lhe era dito, sem se importar em olhar para a pessoa que lhe dirigia as palavras. Às vezes até mesmo não escutava o que lhe diziam, fingindo prestar atenção. Fazia isso com bastante frequência com o pai, o irmão e principalmente com todas as mulheres que conhecera ao longo de sua vida. Que era um número considerável, apesar de sua pouca idade. A irmã era a única com quem se importava a direcionar um pouco mais de atenção. Temari era a única que o entendia e que de fato queria apenas o seu bem, que fosse feliz. E, a amava por isso. Ela era a pessoa mais importante da sua vida e sempre pensou que fosse a única. Mas, naquele momento, estava começando a encontrar dificuldades para falar com tamanha convicção que sempre seria assim.
Ino, apesar de ser totalmente diferente de sua irmã, o fazia se lembrar dela. Ela o fazia querer prestar atenção, a olhá-la, escutá-la.
Ele a admirava.
Sentia-se um pouco ridículo ao admitir isso, já que estava admirando uma mulher que não fosse sua irmã. Mas era um fato e não podia ignorar. E, sabia que isso não era tudo. Tinha certeza que ainda tinha muito do que aprender, a descobrir sobre a loira. Tinha certeza absoluta que tudo isso só iria contribuir ainda mais para que a admirasse.
Soltou um leve sorriso ao pensar nisso, olhando de soslaio para a pequena loira que andava tranquilamente ao seu lado, balançando carinhosamente seu filho nos braços, distraída em seus próprios pensamentos, nem se quer sonhando no que passava na cabeça do ruivo. Sentia-se grato por isso, pois, sabia que sentiria vergonha se soubesse.
Balançou a cabeça, tentando se livrar de tais pensamentos. Ao perceber que seria impossível, tentou apenas guardá-lo em um canto mais profundo de sua mente, para que pudesse se focar no que acontecia a sua volta.
Percebeu que se aproximavam de uma grande cidade, devido ao aumento do número de estradas pavimentadas, dos movimentos de pessoas e do aumento gradativo de casas e consequente diminuição da vegetação. Tentavam se esconder ao máximo no meio das esparsas árvores, mas hora ou outra se via no meio de alguma estrada ou se deparavam com alguma casa. Tratavam de encontrar outro caminho, para que não fossem vistos. Mas, logo se deparavam com outras.
Estavam andando, e alguns passos mais a frente acabou escutando um barulho, logo reconhecendo se tratar de uma música. Ambos pararam se entreolhando em curiosidade, já que sabiam que isso significava que tinha pessoas por perto. Gaara, sem nada falar, levantou uma mão para que Ino esperasse por enquanto que iria averiguar. Ela apenas balançou a cabeça em concordância, se sentando encostada a uma árvore mais ao lado, para descansar.
Voltou a andar, lançando um breve olhar para trás para confirmar que estava tudo bem. Continuou a seguir em frente, segurando firme o rifle entre as mãos. Não andou nem cinquenta metros, se deparando com um muro de tijolos, que batia na altura de seu peito. Percebeu que se tratava do corrimão de proteção de uma pequena ponte que passava sobre um trilho férreo. Olhou em ambos os lados da estrada, não vendo nada. A sua frente tinha somente uma planície preenchida por uma plantação de sorgo a morrer, devido à falta da colheita. A música estava um pouco mais alta, vindo do lado direito, do outro lado da ponte. Começou a atravessá-la, mesmo sabendo que poderia ser perigoso ficar em campo aberto, podendo ser visto de longe. Mas a curiosidade em saber de onde vinha aquele som falava mais alto.
Atravessou cautelosamente aquela ponte de pedra, olhando em todas as direções. Viu surgir mais a frente uma placa de indicação, reconhecendo de imediato o nome da cidade estampada em grandes letras brancas. Agora entendia o porquê do aumento repentino de movimento ao longo do trajeto. Estavam se aproximando cada vez mais da cidade de Viena, a capital da Áustria. E, pelo que a placa indicava, faltavam apenas dez quilômetros para que chegassem. Aproximou-se um pouco mais da placa, percebendo, por fim, um gramofone do lado da mesma, descobrindo que era dali que estava vindo a música. Achou estranho tal objeto, que era de boa qualidade e novo, estar jogado ali e tocando. Olhou novamente a sua volta a procura do suposto dono, cogitando a possibilidade de ser uma armadilha, usando aquele objeto como isca. O som era melancólico, lento e triste, apenas de instrumentais. Desconfiado, retirou a agulha do disco, cessando de imediato o som que era produzido, fazendo com que o silêncio preenchesse o lugar, permitindo que ouvisse apenas o barulho das árvores a balançar com o vento. Seu coração se acelerou de imediato, parecendo querer sair bela boca, pensando que seus batimentos poderiam ser ouvido a quilômetros. Tudo aquilo era muito estranho e suspeito e não iria ficar ali para descobrir o porquê de aquilo estar ali. Levantou calmamente, olhando a sua volta, voltando pelo mesmo caminho de antes, agora ainda mais cauteloso. Ao chegar à margem da mata, se apressou para chegar o mais rápido no lugar que deixou Ino.
Quando se aproximou a viu sentada no mesmo lugar, sorrindo alegremente para o filho, que brincava com algumas mechas de cabelo. Sorriu minimamente com a cena, se esquecendo por alguns instantes daquela sensação estranha que crescia dentro de si com aquela cena sinistra e esquisita que presenciou. Aproximou-se, chamando sua atenção, sorrindo para mostrar que estava tudo bem.
Ino o olhou curiosa, em indagação, querendo saber o que ele tinha encontrado.
Apenas deu de ombros, balançando a cabeça em negativa, para que soubesse que não tinha acontecido nada de importante. Ela ficou um pouco chateada, torcendo o nariz em desgosto, por não ter maiores detalhes. Sorriu com isso, olhando dentro daqueles profundos olhos azuis que estavam curiosos para saber qual seria o próximo passo. Nem ele mesmo sabia o que iria acontecer, desviando o olhar para um canto qualquer. Estavam próximos de Viena, que era uma cidade com milhares de moradores, além de possuir uma grande extensão de área urbana, indicando que demorariam algum tempo para conseguir contorná-la. Além disso, estavam com fome, sujos, cansados e mortos de frio, tendo um bebê que precisava de cuidados, não podendo ficar exposto como estava àquele clima que a cada dia que passava piorava ainda mais. Pelo menos, na cidade poderiam se livrar desses problemas. Mesmo assim, sabia que seria idiota se adentrasse aquela cidade vestindo um uniforme militar britânico, já que ela era dominada pelos nazistas. Entrar com o rifle também estava fora de questão, já que chamaria atenção. Suspirou tentando pensar em uma melhor situação. Viena estava tão perto que não gastariam mais do que duas horas para chegarem, isso se forem em ritmo lento. Olhou intensamente para ambos. Não podia tomar decisões pensando apenas em si mesmo. Agora tinha que pensar por mais duas pessoas, tendo que considerar suas necessidades. A cada dia que passava Ino parecia estar ficando cada vez mais magra e pálida, apesar de não deixar transparecer tal abatimento. O pequeno Inojin também era bem pequeno e mirrado. Apesar de não saber qual seria o tamanho ideal para um bebê daquela idade, mesmo assim, tinha uma leve ideia de que não parecia muito bem. E, ele próprio precisava de um pouco de descanso, já não tendo tantas forças para aguentar aquele ritmo constante. Talvez aquela fosse a pior ideia de toda a sua vida, mas, naquele momento, parecia ser a mais certa. Procurou dentro de seus olhos a confirmação que precisava. Ino apenas arqueou a sobrancelha, o olhando intensamente, querendo saber o que tanto pensava, acabou perguntando:
-O que?
Sorriu com a pergunta. Ino era inteligente o suficiente para perceber que passava por um conflito interno. Adoraria saber sua opinião, mas sabia que demandaria tempo para que o compreendesse. E, não podiam ficar por ali enrolando. O dia estava chegando ao fim e se ficassem por tanto tempo ali, iriam chegar à cidade somente a noite. Apesar de que não seria uma má ideia se chegassem a Viena quando já tivesse anoitecido. Assim, teria menos pessoas nas ruas que pudessem vê-los, podendo passar despercebidos.
Balançou a cabeça em negativa a respondendo ao mesmo tempo em que estendia as mãos para pegar o bebê, para que ela pudesse se levantar.
-Nós vamos para Viena - falou por fim, a surpreendendo.
Sabia que iria entendê-lo e arregalando os olhos, perguntou:
-Viena?
-Sim.
-Seura?
-Segura - disse corrigindo a pronúncia.
-Segura – repetiu, fazendo com que balançasse a cabeça em confirmação.
-É seguro. Vamos - disse maneando a cabeça para que seguissem em frente.
Ela concordou não falando mais nada, pegando novamente o filho e o seguindo.
[...]
Como o esperado, não demoraram muito tempo para chegarem a periferia da cidade. Estavam em um local onde as árvores se aproximavam bem perto das primeiras construções, assim ainda estando camuflados. Já era noite, sendo aproximadamente umas oito horas. Pararam de andar e ficaram a observar a movimentação a sua frente, que naquele momento era praticamente zero. Percebendo que não tinha ninguém por perto, voltou-se para Ino, que o observava atentamente a espera do que viria a seguir. Sinalizou para que esperasse por enquanto que tirava a parte superior da farda. Sentiu o vento gelado o atingir de imediato ao deixar os braços desnudos, ficando apenas com a regata. Infelizmente, iria ter que se livrar daquela roupa, se quisesse andar por aquela cidade sem que virasse um alvo fácil. Suspirou diante do frio que sentia, mas sabia que era o certo a se fazer. E, quando tivesse a oportunidade arrumaria uma roupa para esquentá-lo. Mas, não iria poder se livras da calça e dos calçados, já que eram os únicos que tinha. Elas lembravam o uniforme militar, mas pelo menos não possuíam detalhes que pudessem identifica-lo como um soldado inglês. Suspirando em desânimo, colocou a peça de roupa no chão, a cobrindo com folhas, para camufla-las. Sem demorar, pegou o rifle e começou a desmontá-lo. Não podia entrar em perímetro urbano com uma arma nas mãos. Sabia que o mais sensato era deixá-la para trás, mas seria um pecado fazer isso, ainda mais em um período como àquele que, infelizmente, armas de fogo eram bastante necessárias. A desmontou como pôde, para guardá-la dentro da mochila. Sabia que naquele estado ela era inútil, já que não teria tempo hábil para montá-la, mas ainda tinha um revólver e seria muito mais fácil de escondê-lo.
Após realizar essas pequenas tarefas, voltou-se para a loira que o olhava com curiosidade, acompanhando todos os seus movimentos. Apenas deu de ombros, sorrindo para demonstrar que estava tudo bem, falou:
-Agora vamos entrar na cidade e procurar algum lugar para dormir. Tenho um pouco de dinheiro e acredito que seja o suficiente para alugarmos um quarto por pelo menos uns três dias e comprar alguma coisa para comer. Só espero que tenhamos sorte de encontrar algum lugar que ainda tenha alguma vaga - dizia no automático, apesar de saber que ela não entenderia nem metade do que tinha dito.
Para elucidar tal fato, a viu balançando freneticamente a cabeça em negativa, o olhado séria, pronunciando com uma voz seca:
-Não.
-Vai ficar tudo bem.
Essas palavras Ino entendia, assim deixando seu semblante suavizar, olhando a sua volta, falou:
-Vamos.
-Ok - ele confirmou, voltando a andar, tendo a loira o seguindo de perto.
Observava tudo a sua volta com bastante atenção, não deixando escapar qualquer mínimo detalhe. Sua mão direita estava dentro do bolso da calça, segurando firmemente o revólver que estava destravado e pronto para ser usado. Andava cautelosamente, contando os passos e guardando todos os detalhes das construções a sua volta. Reparou que a região não era de domicílio, tendo grandes fábricas a pairarem por toda a sua volta, emitindo sombras negras que os garantia mais um refúgio. Agora entendia o porquê de não ter uma alma viva se quer por perto. Mas, isso acarretava no fato de terem que andar um pouco mais do que o previsto para encontrar algum hotel para se hospedarem, e isso não era tão interessante. Quanto mais tempo passassem andando por aquelas ruas, maiores seriam as chances de se depararem com algo indesejado.
Pensava nessas possibilidades por enquanto que atravessa uma viela estreita e sem iluminação alguma, com altos muros a sua volta. Logo a frente havia uma rua que parecia ser mais larga e iluminada, indicando que estavam saindo do bairro industrial. Ao chegar à próxima rua, acabou vendo um carro militar parado na esquina mais a frente, tendo ao seu lado quatro homens fardados e armados a conversar sossegadamente. Gaara parou de andar de imediato, fazendo com que Ino batesse em suas costas. Tal contato assustou o pequeno, que dormia tranquilamente nos braços da mãe, fazendo com que começasse a chorar. O ruivo arregalou os olhos, olhando desesperado para Ino fazer com que o filho se aquietasse, torcendo para que os guardas não tivessem os notado. Mas, suas esperanças foram vãs, quando os viu olhando em sua direção e começando a gritar em um idioma que ele não entendia. Mas fazia uma ideia do que queriam. Sem pensar duas vezes, segurou Ino pelo braço a puxando de volta pelo mesmo caminho que vieram, começando a correr. Sabia que daria conta de correr o quanto fosse preciso para despistar seus perseguidores, mas não tinha tanta certeza sobre a loira, que ainda por cima carregava uma criança no colo. Corria o mais rápido que conseguia, sem largar por um instante se quer o braço da outra. Embrenhava-se por várias ruelas, na tentativa de despistá-los, mas ainda era possível ouvir seus passos apressados e seus gritos, logo atrás de si. Estava suando com o exercício, e o frio que sentia antes já tinha se extinguido. Sentia a respiração entrecortada de Ino soarem logo atrás de si. Ela não iria aguentar correr por mais tempo e Inojin não parava de chorar em seus braços, com toda aquela movimentação que o assustava. Tinha que pensar em alguma coisa o mais rápido possível ou iriam se dar muito mal.
Acabou vendo mais ao canto um prédio que parecia estar em construção, tendo vários equipamentos espalhados pelo terreno, além de pilhas de tijolos, montes de areia e brita. Entrou no local sem pensar no assunto, se esgueirando atrás de uma alta pilha de tijolos que estavam localizados mais ao fundo. Abaixou-se atrás do mesmo, cansado do esforço. Ino parou ao seu lado, tentando desesperadamente fazer com que seu filho parasse de chorar. O beijava no rosto, cantando algo para poder acalmá-lo, mas nada parecia fazer com que parasse e isso estava os desesperando. Se não parasse de chorar naquele instante, seriam descobertos.
-Por favor, faça com que ele fique quieto - Gaara falou a olhando em súplica, ao perceber que seus perseguidores se aproximavam.
Ino o olhou desesperada. Ao perceber que não tinha muita escolha, colocou sua mão sobre a boca do pequeno, para abafá-lo. Os soldados apareceram no mesmo instante. Assustada como estava, a loira segurou sua mão a apertando, em busca de consolo.
Apenas pegou sua arma, pronto para usá-la, por enquanto que os via, através de uma fresta, passar logo a sua frente. Prendeu a respiração no intuito de omitir o quanto fosse possível os sons. Ino apertou sua mão com mais força, fazendo com que a olhasse e visse que estava com seus olhos fechados, deixando escapar pelos mesmos uma pequena lágrima, por enquanto que segurava o rosto do filho para não emitir barulho. Sabia que se continuasse a fazer aquilo por muito tempo poderia sufocá-lo e isso seria muito perigoso para o pequeno.
Aquela definitivamente foi a pior ideia que teve em toda sua vida. Tinha colocado em perigo a vida daqueles dois por causa de uma decisão idiota e agora se culpava por tal fato. Se conseguisse sair daquela situação sem muitos danos, sairia daquele lugar o mais rápido possível e nunca mais agiria de modo tão inconsequente.
Os observou se afastar gradativamente, parecendo que não tinham os percebido ali. Permitiu suspirar de alívio ao vê-los sumir de vista. Tinham tido muita sorte de escaparem. Parecia que Deus ainda estava tomando conta deles.
Nem se quer teve tempo de pensar direito e escutou a loira se sobressaltar logo atrás de si. Virou em sua direção vendo surgir em seu campo de visão uma pessoa parada, os observando. Levantou-se em um rompante com a surpresa, lhe direcionando a arma, no mesmo instante que colocava Ino atrás de si.
- Quem é você!? - perguntou desesperado, ainda surpreso com aquela presença.
O outro levantou as mãos para cima, em rendição, falando apressadamente, em um idioma no qual ele nada entendia. Percebeu que se tratava de um rapaz novo, talvez da sua idade, com uma roupa um pouco velha, sendo encoberta por um sobretudo grosso e preto, com um capuz que estava sobre sua cabeça, ocultando parcialmente sua face. Continuava a falar, tentando se comunicar, mas Gaara nada entendia, e a única coisa que queria era que aquele homem fosse embora e os deixassem em paz. Estava quase perdendo a paciência, quando percebeu que o outro resmungou em um dialeto diferente daquele que falava há instantes atrás, acabando por chamar a atenção de Ino, que não pensou duas vezes antes de entrar na sua frente e começar a conversar com o outro.
Viu-se pego de surpresa ao vê-los conversando, e se entendendo. Eles falavam o mesmo idioma.
[...]
Ino estava assustada, com medo, perdida e extremamente preocupada com seu filho. Tremia de aflição e se agarrava ao pequeno Inojin como se dependesse de sua vida. Via de olhos arregalados o ruivo extremamente nervoso, com a arma apontada para aquele estranho que tinha surgido do nada, logo atrás de si. O outro falava freneticamente, sabe-se lá o que. Sabia que algo de ruim iria acontecer se não resolvessem aquela situação o mais rápido possível. Mas não tinha ideia do que poderia fazer para impedir. No momento se preocupava apenas em tentar acalmar o filho que estava muito nervoso e assustado, deixando grossas lágrimas caírem de seus pequenos olhinhos que estavam fechados, em seu rosto vermelho. A única coisa que queria naquele momento era que tudo acabasse. Queria acordar daquele pesadelo. Queria abrir os olhos e descobrir que tudo aquilo não tinha passado de um sonho horrível, se vendo deitada em sua cama em Varsóvia, com Sai dormindo tranquilamente ao seu lado. Iria acordá-lo imediatamente e contar tudo o que tinha sonhado e permitir que ele a consolasse, falasse que tudo não passava de um pesadelo e que nada disso iria acontecer. Que ele nunca iria abandoná-la! Era o que mais desejava em sua vida, que nada daquilo fosse real. Mas, infelizmente, sabia que era. Tudo aquilo era bastante real e a desesperava.
Estava quase começando a chorar, como seu filho, quando acabou escutando um leve resmungo pronunciado por aquele homem. Sobressaltou-se, pois, tinha o entendido muito bem. Ao perceber isso, não hesito em passar a frente do ruivo e falar nervosamente:
-Você fala polonês?
-Sim. E me parece que você também.
Escutar isso a fez suspirar de alívio. Aquela era a primeira vez, após longos meses, que conseguia conversar normalmente com alguém e entendê-lo perfeitamente. Quase começou a rir de alegria, mas se conteve, pois, isso não queria dizer que aquele rapaz era confiável.
-É. E como você sabe falar?
-Vim de lá. E você?
-Também.
-Ok. Isso me parece bom. Agora entendo o porquê de não me responderem antes.
-É porque não estávamos entendendo.
-Entendi. Ei, você aí atrás. Pode abaixar essa arma, não precisa ficar tão arisco assim comigo - falou direcionando o olhar para Gaara.
-Não adianta de nada, ele não entende o que você fala.
-O que?
-Ele também não fala polonês.
-Tudo bem. Então fala pra ele que não vou fazer nada. Sou o cara legal da história, que estava passando e acabou vendo o que acontecia, e só apareceu para poder ajudar.
-Você quer nos ajudar? - perguntou sorridente.
-Sim. Vi que estavam com problemas e resolvi me aproximar. É claro que os observei por alguns instantes, mas quando percebi que estavam sendo perseguidos por aqueles idiotas com um bebê a tira colo, resolvi aparecer. Só espero não me arrepender disso.
-Por quê?
-Por que, como falei, sou um rapaz legal que não gosta de ver coisas ruins acontecendo.
-Fico feliz por saber disso.
-Ótimo. Agora, pode falar para ele baixar essa maldita arma? Não tenho muito apreço por armamentos e estou começando a ficar nervoso.
-Claro - falou apressadamente. Virou-se para Gaara, colocando uma mão sobre seu braço estendido, lançando o seu melhor olhar de tranquilidade e um sorriso. - Seguro - falou calmamente, sabendo que a entenderia.
Ele a olhou desconfiado, ainda em dúvida se deveria ou não fazer o que pedia. Ela confirmou, sorrindo ainda mais largo, tirando calmamente o revólver de sua mão.
-Pronto - Voltou a olhar para o outro em expectativa. - E agora?
-Obrigado. Agora, vou acompanhá-los até sua casa. Onde fica?
-Sinto muito, mas não temos casa. Acabamos de chegar à cidade.
-Ah, isso explica o porquê de estarem andando por aí a essa hora da noite.
-Não entendo.
-Temos horário de recolher. Ninguém pode sair na rua depois das oito. Ordens expressas do governo. Aparentemente, ideias revolucionárias e que podem ser usadas contra o governo tendem a surgir na calada da noite - ele falou em tom sarcástico, deixando um sorriso surgir em seus lábios, logo em seguida tirando o capuz da cabeça, revelando madeixas escuras, assim como os olhos.
-Ah. Entendi.
-Apesar de saber que irei me arrepender disso devido ao grande sermão que vou receber quando chegar em casa, acho que vou levá-los comigo.
-O que quer dizer com isso? Quer que o acompanhemos?
-Isso. Vou levá-los para minha casa. Anda, me sigam. Não podemos ficar aqui enrolando por tanto tempo, aqueles nazis malditos podem voltar a qualquer momento com mais deles, e queremos estar bem longe quando isso acontecer. Só espero que consiga manter esse ruivo sob controle.
-Tudo bem. Não precisa se preocupar, ele não vai fazer nada.
Parecia que no final das contas tiveram sorte e acabaram por encontrar aquele rapaz. Não pensou duas vezes em começar a segui-lo quando o viu dar as costas e começar a se distanciar. A única coisa que fez antes disso foi a de segurar firmemente na mão de Gaara e o olhar tranquilamente, na tentativa de transmitir confiança. Ele não pestanejou em segui-la, apesar de estar visivelmente confuso.
Seguia o mais próximo que conseguia seu mais novo conhecido, atenta a todos os movimentos e gesticulações, não conversando mais. Andaram por algum tempo, se afastando cada vez mais de onde estavam, até chegarem a um bairro de moradia, com vários sobrados e prédios entorno de uma pequena praça. Apesar da fraca iluminação, foi possível perceber que a grama da mesma estava alta, indicando que já fazia algum tempo que ninguém a cortava. A atravessaram apressadamente, rumando na direção de um prédio de três andares visivelmente abandonado, com as janelas do térreo com seus vidros quebrados e madeiras pregadas nas mesmas. O adentraram, e apesar do aparente estado decadente, ainda parecia ser um lugar seguro.
Subiram até o último andar, ainda sem emitir som algum, além do de seus passos. Era visível a inquietação de Gaara, parecendo não gostar do que via a sua volta, mas se mantinha quieto, os seguindo.
Finalmente tinha conseguido fazer com que Inojin voltasse a dormir, e tomava o maior cuidado para que não o acordasse novamente, já tinha tido experiência o suficiente disso para querer mais.
No último andar seguiram até o apartamento mais afastado, o adentrado. Pensou que aquela era finalmente sua casa, mas se enganou. O lugar estava completamente abandonado, com todos os seus cômodos repletos de sujeira e desarrumados. Conforme andava por ele, via móveis jogados ao chão e roupas espalhadas por todos os lados. O seguiu até o banheiro, achando essa atitude muito estranha. O que eles iriam fazer lá dentro? Estava quase perguntando, quando o viu batendo na parede logo ao lado da banheira. O som emitido soou aos seus ouvidos como um código. Ao cessar de produzi-lo não demorou muito para ouvir uma resposta sendo emitida do outro lado da parede. Assustou-se, olhando para seu companheiro que parecia tão surpreso quanto ela. Ouviu o rapaz falar algumas coisas no outro idioma, parecendo ser uma senha. Não demorou muito para escutar um clique, logo vendo a parede a sua frente se mexer, revelando uma passagem secreta. Ficou atordoada. Viu o outro o atravessando e conversando com alguém do outro lado. Sem saber o que fazer o seguiu.
Do outro lado tinha um cômodo estreito, do tamanho do banheiro, tendo somente uma cômoda e uma cadeira. Havia uma moça de aproximadamente quinze anos conversando freneticamente com o rapaz, que ao vê-la lançou um olhar inquisitivo e analítico. Ficou mais do que claro que ela não aprovava a presença deles e estava a discutir com o outro. Mas não demorou muito para a discussão acabar, e mesmo a contra gosto a viu fechado a porta secreta logo atrás de si, seguindo para um canto.
-Vamos - o rapaz falou, os incentivando a continuar.
Balançou a cabeça em concordância, acariciando a mão de Gaara, que ainda não tinha soltado. Ele entendeu o gesto, ficando um pouco mais relaxado, a seguindo. Viu o rapaz se aproximando da moça e subindo na cadeira bateu em uma madeira do teto. Não demorou muito para que a mesma abrisse, revelando uma abertura com uma escada. Ele a puxou para que descesse até o chão. A moça foi a primeira a subir, sendo seguida por ele. Ino se aproximou, ficando embaixo da abertura do teto, vendo apena escuro, não conseguia enxergar nada. Era um negrume total. Sentiu medo de entrar naquele lugar e nunca mais conseguir sair, mas sabia que tinha que seguir em frente.
Suspirando fundo, começou a subir.
Como era íngreme, logo nos primeiros degraus sentiu dificuldade de se segurar, por causa de Inojin em seu braço, assim dificultando o apoio. Gaara percebeu isso e em um gesto simples o pegou de seus braços. O agradeceu, continuando a subir, agora com muito mais facilidade. O ruivo era o último, a seguindo cautelosamente, amparando seu filho em um dos braços, tendo todo o cuidado para não derrubá-lo. A escada acabou, surgindo um pequeno corredor e logo mais a frente, um vão de escadas estreitas e íngremes que subiam para outra abertura no teto. A subiu, se deparando com mais outra escada. Estava começando a ficar cansada com tanto esforço, e com medo, por nem se quer ter uma ideia de onde estava indo. Para seu grande alívio aquela foi a última escada a subir, vendo o rapaz parado a sua frente os esperando. Nem olhou a sua volta, voltando-se imediatamente para a abertura no chão, na espera do ruivo. Ao vê-lo apontar na abertura, abaixou-se para pegar novamente o filho nos braços. Só depois de tê-lo seguro em seus braços, que se permitiu olhar a sua volta. Tratava-se de um único cômodo, do tamanho de um quarto, com uma única e estreita janela bem ao alto, lacrada, não permitindo que luz alguma adentrasse. Mas, apesar disso, o lugar era iluminado por três velas dispersas. O lugar continha duas camas, roupas, fogão, panelas e um sortimento de outras coisas espalhadas por todos os lados, deixando o ambiente mais apertado e aconchegante. Era abafado, quase não permitindo que o frio emanado do lado de fora o adentrasse. Era um ambiente claustrofóbico e que poderia deixar qualquer um louco se ficasse por muito tempo por lá.
-O que acham? - o rapaz perguntou sorrindo, esticando os braços para os lados. - Eu sei que não é tão espaçoso e não permite ter tanta privacidade, mas até que é confortável.
Ino balançou a cabeça, ainda impressionada com o que via. Olhou para Gaara que não estava em uma situação melhor, olhando a sua volta, atento a todos os detalhes.
Acabou vendo um homem de mais idade se aproximando, e algumas outras pessoas mais afastadas. O mais velho conversou com o rapaz no outro idioma, logo depois se direcionando a eles.
-Vejo que meu filho trouxe vocês para cá. Apesar de achar isso bem imprudente da parte dele, não tenho muito que fazer, já que estão aqui. Então, sejam bem-vindos.
-Obrigada - sorriu genuinamente.
-Mas, isso não quer dizer que não vamos ficar de olho em vocês. Ainda mais nesse aí, com essas roupas militares.
-Não se preocupe. Posso te garantir que somos ótimas pessoas, e seu filho nos ajudou em um momento de necessidade. Somos muito gratos por isso.
- Espero que sim. Além do mais, estou surpreso por falarem polonês.
-É a única língua que sei. Sou polonesa e também fiquei bastante surpresa ao saber que vocês falam.
-É natural, já que também somos poloneses.
-Mesmo? De onde?
- Cracóvia². E você?
-Varsóvia.
-Que mundo pequeno é esse, onde duas famílias de poloneses acabam se encontrando por coincidência em outro país.
-Eu diria que foi bastante sorte, isso sim. Seu filho nos salvou.
-Ele tende a fazer muito isso. Mas, não nos apresentamos. Qual é o seu nome?
-Ino Yamanaka - o estendeu a mão para cumprimentar, no qual o outro aceitou de bom grado. - E esse é meu filho Inojin.
- Heiko Weibliche. E o ruivo?
-Esse é Gaara, meu cunhado.
-Ele não fala? - disse ao perceber que o outro não tinha falado palavra alguma desde que chegaram.
-Fala, mas não entende o nosso idioma.
-Ah, não? Só espero que ele não seja um soldado alemão fugitivo, por que ser for infelizmente vou ter que mandá-los ir embora - o mais velho fechou de imediato a expressão, ficando tenso.
-Não, não mesmo. Ele é britânico.
-Ah, compreendo - disse mais aliviado, se aproximando e falando com Gaara em outra língua, vendo de imediato o ruivo o responder.
Surpreendeu-se novamente. Parecia que naquele dia não iria parar de acontecer isso. Os olhou curiosa, e ao perceber isso o mais velho falou:
-Sou polonês e professor aposentado de inglês, por isso falo perfeitamente bem o idioma. Mas, pelo visto, você não.
-Não. Não conseguimos nos comunicar direito.
-Isso é um problema, sorte a nossa que talvez eu possa dar um jeito nisso. Mas, por hora, como não vejo nenhum perigo vindo de uma moça com um lindo bebê e um rapaz inglês, vou deixar o interrogatório para depois. Agora vou apresentá-los aos outros membros da minha família - se afastou mais um pouco, deixando com que três mulheres se juntassem a eles. - Essa senhora é minha esposa Janel - falou indicando uma mulher de meia-idade com seus cabelos escuros encaracolados presos em um coque e vestindo roupas simples.
-É um prazer conhecê-los - a senhora falou sorrido.
-Essa aqui é a minha sogra Ewa - uma senhora de aproximadamente oitenta anos, com dificuldades para se locomover, gesticulou com a cabeça, tendo seus fios de cabelos tão brancos quanto à neve, presos por um lenço. - Essa moça aqui é minha filha Anninka - disse apontando para a moça que tinham visto mais cedo, quando atravessaram a parede do banheiro. Ela ainda matinha uma expressão fechada e inquisidora, não os cumprimentando de volta. - E esse rapaz aqui, que vocês já conhecem, é meu filho Edward.
-Prazer em conhecê-los - Ino disse sorridente, vendo Gaara apenas balançar a cabeça em concordância, não sabendo muito o que estava acontecendo.
-Não se preocupem, depois faço as apresentações em inglês.
Eles riam e a senhora falou:
-Chegaram em um ótimo momento. Estava servido o jantar. Aposto que estão com fome. Não é lá grandes coisas e nem tem muito, mas garanto que será o suficiente para todos. Se aproximem - falava animadamente, indo para o fogão mais ao lado.
-Muito obrigado. Não precisam se preocupar.
-Se estão aqui são nossos convidados e devem ser tratados como tal. Não se acanhem. Sentem-se - o senhor falou, logo depois se direcionando a Gaara e falando em inglês.
Sentou em um pequeno banquinho de madeira, com o ruivo se sentando no chão ao seu lado, olhando tudo a sua volta com bastante atenção. Por enquanto que serviam uma sopa de legumes, estando curiosa, perguntou:
-Desculpe a intromissão, mas, porque estão aqui nesse sótão? Escondidos desse jeito?
-Ainda não percebeu? - o rapaz perguntou rindo da sua falta de conhecimento.
-Edward - O senhor ralhou com o mais novo, logo se voltando para falar com ela. - Estamos nos escondendo aqui porque a Áustria é nazista, e como uma família tradicional de judeus, nos vimos obrigados a nos esconder para sobreviver. É por isso que estamos aqui.
Ino ficou chocada com a revelação. Então era isso que estava acontecendo ali? Tinha sido lerda o suficiente para não perceber que aquela cidade estava nas mãos dos nazistas. Realmente tinham tido sorte de conseguir escapar daqueles soldados e encontrado aquela família.
-E você Ino, porque está fugindo? - a senhora perguntou.
-Sai de Varsóvia para dar uma vida melhor para meu filho. Não queria que ele fosse criado naquele ambiente hostil e horrível. Eu também sou uma judia.
-Entendo. E ele? - apontou para Gaara que se esforçava para entender alguma coisa, os olhando curioso.
-Sinceramente, não sei. A única coisa que sei é que ele me ajudou quando precisava e não abandonou a mim e meu filho desde então. E isso é mais que o suficiente para que confie minha vida a ele.
-Vamos parar de conversa e começar a comer, porque se não, a comida logo vai esfriar. Lembrem-se que temos que apagar essas velas o quanto antes, para que não acabem tão rápido e também para que ninguém do lado de fora perceba alguma coisa - a mulher falou, fazendo com que todos concordassem.
Após isso, todos caíram em silêncio, saboreando a comida. Ino se sentia feliz e acolhida, apesar de saber que aquela situação era bastante crítica. Era triste saber que pessoas, que pareciam ser tão boas, se viam obrigadas a viverem naquelas condições precárias por causa de poucas pessoas que não sabiam lidar com as diferenças. De qualquer forma, via ali uma oportunidade. Tinha sido muita sorte encontrarem uma família de poloneses na Áustria, e mais sorte ainda de um deles ser professor de inglês, o que significava que agora ela poderia finalmente aprender aquele idioma.
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