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História Os dias eram assim - Tenho medo


Escrita por: ladyjack

Notas do Autor


Olá pessoal!
Demorei, mas estou de volta.
Gostaria de agradecer a todos os comentários, favoritos e apoio. Vocês são incríveis.
Trago para vocês mais um novo capítulo! Espero que gostem!
Até o próximo!

Capítulo 43 - Tenho medo


•Sedan, janeiro de 1941

Olhava o aposento a sua volta.

Estava em uma cabana de madeira de apenas um cômodo, abandonada no meio de uma mata. No seu interior havia apenas uma mesa suja, e uma porta que dava para os fundos, além de uma janela de madeira. Apesar disso, era bem fechada e protegida das intemperes.

Naquele momento o clima do lado de fora não era dos mais agradáveis. Nevava fortemente, como ele não via há anos, e pelo que percebia, aquela tempestade iria demorar para parar, talvez apenas quando amanhecesse o dia. Era possível ouvir o vento batendo contra as vigas de madeira, fazendo toda a estrutura ranger ao seu toque. Tinham tido sorte de conseguir chegar ali antes que começasse a ficar mais forte, apesar de já estarem enfrentando aquela neve desde o meio-dia.

O frio era palpável, deixando os dedos dormentes e uma fumaça ser exalada a cada vez que respirava.

Mas, nada disso importava naquele momento.

Estava preocupado com seu irmão.

Aquele era o último ponto de encontro que tinha marcado no mapa de Sasuke, e a partir dali não havia mais nada além do caminho até Paris. Admitia que por enquanto que se aproximava daquela casa tinha tido esperanças de encontrá-lo quando ultrapassasse aquela porta, mas se enganara.

Não havia ninguém ali.

E isso o desanimou.

Mas, Itachi estava determinado a ficar naquele lugar por mais tempo, quem sabe por uns três dias. Torcia que aquele prazo fosse o suficiente para encontrar Sasuke e, até mesmo, para que o clima melhorasse um pouco. Mas, se passasse do tempo que tinha estipulado, e nada acontecesse, sabia que seria obrigado a seguir em frente, pois não podia se arriscar a ficar por tanto tempo em um lugar, permitindo ser encontrado por pessoas indesejadas. Assim, teria que seguir até Paris, e torcer para que seu irmão não demorasse a chegar. Em seu âmago torcia para que isso não fosse necessário, e que Sasuke estivesse a apenas algumas horas de distância, mas que logo o alcançasse. Sentia falta do irmão, e não via a hora de encontrá-lo e abraçá-lo, finalmente, podendo se sentir em paz.

Apesar disso, aquele não era o seu único problema. Ainda tinha ela.

Ao pensar nisso, olhou para o lado, vendo Tomito bastante concentrada em estender um pano sobre o chão, visivelmente fingindo interesse no que fazia, para não precisar olhar em outra direção.

 Suspirou com isso.

Já estava cansado de toda aquela situação.

Fazia quatro dias que não trocavam palavra alguma e ela ficava a ignorá-lo, fingindo que nem existia.

E isso o deixava com ódio.

Sabia que ela não tinha culpa de tudo. Ele tinha provocado aquilo.

Quando, naquele dia, depois daquela noite maravilhosa que passaram juntos, ela lhe disse para esquecer o que tinha acontecido, tinha ficado com muita raiva, revoltado e querendo entender o que estava acontecendo. Prometera a si mesmo que não iria deixá-la em paz até que falasse algo. Mas, para seu grande azar, Tomito demostrou ser alguém bastante cabeça dura e persistente.

Tinha a questionado por diversas vezes, mas apenas recebera como resposta palavras vagas e sem sentido algum, que não o satisfazia em nada. Isso acabou o deixando cada vez mais frustrado, até que não aguentou mais e acabou explodindo. Há quatro dias, como fazia quase sempre, a questionou novamente sobre o que tinha acontecido para ela agir daquela maneira, e Tomito, como sempre, esquivava da conversa, fingindo que não era com ela. Isso acabou o deixando possesso, e toda aquela raiva que vinha acumulando chegou a um nível impossível de controlar, acabando por deixar extravasar seus sentimentos. Gritou e tinha quase certeza que também xingou. E essa atitude acabou a assustando.

 Depois disso ela não lhe direcionou uma palavra a mais.

Na verdade, estava bastante surpreso por ela ainda estar o acompanhando. Pois, quando deu por si, percebendo o que tinha feito, achou que ela iria ir embora para nunca mais vê-lo.

Mas ela não o fez.

Sabia que fazia isso por uma questão de sobrevivência. Ela não era idiota, e sabia que teria muito mais chances de sobreviver se estivesse ao seu lado, por isso, acabou engolindo seu orgulho, e continuou ao seu lado.

 Mas, admitia, que no fundo nutria a esperança de que era porque ela não queria abandoná-lo.

Sentia saudades de suas conversas, de sua voz e da amizade que começaram a nutrir. Se soubesse que aquilo tudo iria acabar, nunca teria dormido com ela.

É claro que não se arrependia de nada, isso nem se quer passava por sua cabeça, mas se pudesse voltar no tempo, teria impedido de acontecer, apenas para poder garantir que sua amizade não fosse destruída.

Balançou a cabeça, tentando se livras dos pensamentos. Aquilo era uma idiotice. Ela não se importava com ele e só estava fazendo aquilo para poder sobreviver. Tomito já tinha deixado mais do que claro, com suas atitudes, que ele não significava nada para ela. Já tinha percebido isso, não era nenhum idiota cego, mas isso não significava que não queria saber do porquê.

Só precisava saber do motivo para ela ter se afastado daquela maneira tão abrupta e inesperada, sendo que apenas algumas horas antes estava totalmente entregue em seus braços. Nada daquilo fazia sentido. E, era por aquele motivo que insistia em perguntar o porquê, e ainda não tinha desistido de saber.

Ficou a olhando por alguns instantes, ponderando sobre o que iria fazer. Se ia continuar sem nada falar, esperando por alguma atitude dela ou ignoraria tudo e falaria algo.

Não demorou muito para chegar a uma conclusão.

Tirou o rifle e a mochila das costas, colocando sobre a mesa, logo depois se aproximando alguns passos. Parando a uma distância que considerava ser segura, acabou por falar:

-O que está fazendo? –Sabia que era uma pergunta idiota, porque era óbvio o que ela fazia, mas não sabia como começar uma conversa, e aquela tinha sido a única coisa que passou por sua cabeça no momento.

-Arrumando. –Ela disse seca, dando de ombros.

Se surpreendeu com a resposta, pois esperava que nada dissesse.

Mesmo assim, o descaso era evidente, e o fato dela nem se quer se dignar a olhá-lo foi como um golpe, o fazendo perder a paciência.

Suspirou em desgosto, tentando manter o controle. Por muitos anos de sua vida não tinha sido um homem de muita paciência, e bem Deus sabia que fazia anos que ele vinha tentando ter autocontrole para não sair matando todo mundo que visse na sua frente quando ficasse com raiva. Mas, naquele momento, estava sendo muito difícil de controlar.

Tentou manter a respiração compassada e rítmica, para se acalmar, logo depois falando, mantendo sua voz a mais clara e tranquila possível:

-Precisamos conversar, Tomito.

Como resposta, recebeu apenas um dar de ombros em descaso, o fazendo tremer na mesma hora de raiva.

-Por favor, seja educada e pelo menos me olhe por enquanto que falo com você. – Falava com uma voz entrecortada, com os dentes trincados, quase rosnando.

No mesmo instante a viu se virando bruscamente em sua direção, com os olhos brilhantes em fúria, esbravejando em alto e bom som:

-É mesmo? E como pretende fazer isso? Agindo como um idiota, gritando e me xingando?

Se surpreendeu com a atitude repentina, mas logo se recuperou, a respondendo de imediato:

-É claro que não. Aquilo foi um momento de descontrole que te prometo que nunca mais vai acontecer. Pelo que me lembro, até mesmo lhe pedi desculpas.

Ela apenas riu de escárnio do comentário, balançando a cabeça em negativa, desviando o olhar para qualquer coisa que estivesse na parede do outro lado do cômodo.

-Mas, pelo que percebi, parece que ainda não me perdoou. Se esse é o caso, não vejo o porquê de pedir desculpas novamente. Não foi minha intensão ofendê-la, só estava com raiva e acabei perdendo a cabeça. Isso não vai mais acontecer. Me desculpe. –Disse na tentativa de acalmá-la e com esperanças que percebesse que aquele pedido era sincero.

Ela nada disse por alguns instantes, parecendo pensar sobre o que fazer. Naquele meio tempo, Itachi começou a pensar no quanto era incrível sua capacidade de manipulação. Pelo que ele bem entendia, quem deveria estar pedindo desculpas era ela e não ele. Mas, no final das contas ele que acabou fazendo isso, mesmo se sentindo frustrado e atingido.

 Pensar assim só o deixou mais indignado. Como podia ser tão idiota a esse ponto? Mais uma vez ela estava desviando do assunto principal. E, daquela vez, ele nem se quer tinha tocado no assunto antes que ela começasse a desviar sua atenção para qualquer outra coisa que não fosse aquilo. Mas, se estava achando que iria deixar que mais uma vez ela escapasse, estava enganada. Estava decidido que não iria desistir até conseguir o que queria.

-Tudo bem. – Ela disse por fim em uma voz quase falha, ainda não o olhando.

-Ótimo, agora que resolvemos esse problema, vamos conversar sobre o outro. – Tratou de falar, antes que ela inventasse qualquer outra coisa e desviasse sua atenção.

-Não temos nada a falar.

-É claro que temos e você sabe muito bem disso. – Falou novamente entre dentes, começando a bufar.

-Não, não temos. Por favor, me deixe. –Ela disse novamente, com um olhar baixo, como se estivesse a pensar em algo, mas sua voz era firme e decidida.

-Desculpe, mas não existe essa opção. Nós vamos conversar sim, e agora. – Disse por fim, com uma voz falha, devido ao nervosismo que sentia.

 Acabou percorrendo o espaço que os separava, segurou em um de seus braços, a virando para si.

Ela se assustou com o movimento, arregalando os olhos com a surpresa repentina, que logo depois foi substituída por raiva e.… medo?

-Tire as mãos de mim agora! – Ela disse alto, quase em um grito, tentando se afastar, o assustando com a atitude.

-Calma, eu nem se quer a apertei, não posso ter a machucado. – Disse nervoso e receoso com a reação inesperada, afastando de imediato a mão.

O que aquela atitude queria dizer? Ela tinha medo dele? Mas, como? Aquilo não fazia sentido. Nunca tinha relado um dedo nela sem sua permissão. Como aquilo podia ser possível? A menos que.... Não, aquilo não era possível. Só podia ser um mal-entendido.

Arregalou os olhos diante de tal perspectiva, a olhando com intensidade a procura de uma resposta dentro daquela imensidão azul que eram seus olhos, mas a única coisa que conseguia ver era receio e medo. Sua respiração falhou por alguns instantes, tentando reunir as palavras para perguntar:

-Eu te machuquei naquele dia?

Ela nada disse, ainda o encarando, assustada, e aquilo só o deixou mais desesperado.

-Eu me lembro que você bebeu. Você estava bêbada e não sabia o que estava fazendo. É isso? –Se sentia angustiado por enquanto que tudo começava a se encaixar em sua cabeça. – Ah, meu Deus, o que foi que eu fiz? – Falou por fim, se afastando, assustado com a conclusão que chegava.

-O que? – Ela o questionou em um fio de voz, quase sendo inaudível.

-Eu sou um monstro.

-Porque diz isso?

-Porque estava bêbada e acabei me aproveitando de você. Sou um maldito estuprador. – Estava desesperado, sentindo o chão sobre seus pés o engolir para dentro de um buraco escuro e profundo.

Por mais que estivesse tentando fugir, parecia que o monstro ainda teimava em permanecer.

-O que? Não. Eu não estava bêbada. De onde você tirou isso? – O inqueriu, parecendo estar preocupada com sua reação.

-Você bebeu.

-Sim, mas isso não quer dizer que estava bêbada. E, que história é essa de ter se aproveitado de mim? De onde você tirou isso?

-Me pareceu bem óbvio dado ao fato de que está nitidamente com medo de mim. O que mais queria que eu pensasse? – Começou a extravasar a raiva que sentia, tentando entender o que estava acontecendo.

-Não estou com medo de você. E, pode ter certeza que você não fez nada dessa coisa absurda que acabou de falar. Eu queria tanto quanto você. Sabia muito bem o que estava fazendo e, pode ter certeza, que foi mais que consensual. Então, trate de tirar essa ideia da cabeça.

Tais palavras o fizeram relaxar um pouco, permitindo com que respirasse novamente. Mas, mesmo assim, ainda não conseguia se sentir calmo, porque via que Tomito escondia algo. Só esperava que não estivesse mentindo apenas para tranquilizá-lo. Apesar de saber que tal atitude não era de seu feitio. Sabia muito bem que ela não hesitaria em jogar em sua cara qualquer coisa que tivesse feito de errado. 

Mas, se não era aquilo....

-Então, o que é? Qual é o verdadeiro motivo?

-Não posso falar. – Disse desviando o olhar, parecendo temer por algo.

-Porque não? – Perguntou assustado, na verdade, quase desesperado. – Não precisa se preocupar comigo, pode falar a verdade. Não me importo com o que seja. Apenas preciso saber. Por favor, Tomito, me dê um motivo.

Ela balançou a cabeça em negativa, com seus olhos marejados, parecendo que a qualquer momento ia começar a chorar. Tal cena fez seu coração se apertar. Odiava a ver sofrendo.

-Por favor. Apenas me dê um motivo. Pode ser qualquer um. Que você se arrependeu, que não gostou, qualquer coisa. Não me importo. Só preciso de uma resposta. Prometo a você que não vou ficar chateado. Eu vou entender.

-O problema não é você.

-Então é de quem? Você? Por favor, Tomito, você pode me dar qualquer desculpa, menos essa.

-Não entendo. – Ela o inquiriu perdida.

-Essa desculpa é velha e, com toda a certeza, a pior de todas. Prefiro mil vezes que me diga que foi uma experiência horrível, do que me falar que o problema é com você. – Começou a ficar nervoso novamente, não querendo aceitar aquilo como uma resposta plausível.

A viu franzir as sobrancelhas na tentativa de compreender, desviando o olhar, parecendo estar sofrendo com algo.

-Mas, é a verdade. Eu sou o problema. Se te falar, vai me achar uma idiota.

-É claro que não. Nunca pensaria isso. – Falou afoito, com esperanças renovadas, ao perceber que ela estava quase cedendo. – Por favor. – Completou, a lançando um olhar pidão e sincero.

O olhou por mais alguns instantes, tomando o ar que precisava, para conseguir coragem.

Acabou a ouvindo falar rapidamente:

-Eu tenho medo.

-Medo? De que? De mim? – Perguntou desesperado, com receio da resposta.

-Não. Já disse que não tenho medo de você.

-Então é de que?

-Eu tenho medo de te perder. - Falou em um sussurro, quase sendo impossível de ouvir.

Se não estivesse olhando para seus lábios e lido as palavras sendo proferidas, nunca iria acreditar que tinha as dito. Aquele era o último motivo no qual poderia imaginar. Ficou sem voz, não sabendo o que falar, seu coração tinha se acelerado em um rompante e tinha quase certeza que não respirava. Procurava alguma coisa para dizer, mas estava perdido naquelas poucas palavras.

 Quando deu por si, viu que ela voltava a falar.

-Eu sei, é um motivo bastante idiota. Mas, o que posso fazer? Sinto medo e não consigo evitar isso. – A cada palavra que proferia, parecia que ficava mais agitada, ansiosa para continuar a falar, parecendo ter necessidade de colocar tudo o que sentia para fora. – Senti que alguma coisa mudou quando te conheci. E quando tudo aquilo aconteceu, soube que realmente sentia algo. E, fiquei desesperada. Porque, tenho medo de sentir algo e acabar te perdendo. Eu não quero sentir a dor de perder alguém importante para mim de novo. Não quero sentir o que minha mãe sentiu quando soube da morte do meu pai. Aquilo foi tão doloroso. E, não quero passar por aquilo. – Lágrimas começaram a brotar de seus olhos e escorrer pela face, sua voz estava embargada de emoção. – Sei que sou uma covarde, medrosa, mas não posso evitar isso. Não quero perder mais ninguém. Não quero sentir aquilo novamente. Por isso, quando percebi que algo assim poderia acontecer, decidi me afastar. Agi do jeito que agi apenas para o manter longe. Eu vi que tinha o magoado, e isso me deixou arrasada, mas, acabei pensando comigo mesma que isso deveria ser bom, significava que você ia se afastar, e se ficássemos longe não teria como eu sentir algo. Tudo iria ficar mais fácil.

Escutava cada palavra que era dita, sentindo cada vez mais um forte aperto no peito. Ela chorava e isso o arrasava.

Quando ela parou de falar, parecendo não ter mais forças para continuar, a única coisa que conseguiu pensar foi em abraçá-la. E assim o fez. A abraçou com força, tentando transmitir conforto e carinho. Ela não demorou a retribuir o gesto, o abraçando de volta, chorando ainda mais, molhando sua farda com as lágrimas que caiam.

 A abraçou com ainda mais força, conseguindo, pela primeira vez, entender com perfeição suas palavras. Ela não o desprezava, como tinha imaginado. Era o contrário.

Sorriu minimamente com tal pensamento, depositando um beijo no topo de sua cabeça, logo depois apoiando seu queixo sobre a mesma, não querendo se afastar por um milímetro se quer.

-Está tudo bem, se acalme. Não precisa se preocupar com isso. Eu nunca vou te abandonar.

-Você não sabe o que está dizendo. – Sua voz soou abafada devido ao fato de seus lábios estarem encostados em sua roupa.

-É claro que sei. Prometo a você que nunca vou abandoná-la.

-Não pode me prometer algo que não sabe. – Disse se afastando um pouco, o olhando dentro dos olhos.

-Bem, estou aqui não estou? E, não pretendo ir a lugar algum.

-Não é sobre isso que estou falando. Há coisas que não tem como evitar. – Uma lágrima grossa caiu, parando na ponta de seu queixo. Era visível a angústia que sentia.

-Eu não vou morrer. – Disse sério ao perceber do que se tratava.

-Não pode prometer isso.

-Não, não posso. Mas, pode ter certeza que vou cumprir. – Terminou de falar, passando ambos os dedões sobre sua face, para secá-la, acariciando sua pele macia. – Por favor, não chore mais.

Ela balançou a cabeça em concordância, desviando o olhar por alguns instantes, logo voltando a olhá-lo.

-Me desculpe. Eu sei que o chateai. Essa não era minha intensão.

-Tudo bem. É verdade que fiquei um pouco magoado, mas agora que sei o motivo, não tem o porquê de não deixar tudo isso para trás. Eu te entendo e está tudo bem.

-Obrigado. – Disse deixando escapar um leve sorriso de canto, tímido, mas encantador, que acabou iluminando seu coração.

Com toda a certeza, ele faria de tudo para cumprir com sua promessa. Tomito merecia isso e não podia falhar com ela.

[...]

Olhava dentro daqueles olhos negros com intensidade, não conseguindo parar de admirá-lo, por enquanto que ele segurava seu rosto com ambas as mãos, na tentativa de secar as lágrimas que ainda teimavam em cair.

Realmente, tinha sido uma idiota. E se arrependia com todas as forças por ter agido daquela maneira. Mas, não tinha culpa por se sentir daquele jeito. Não tinha culpa por ter medo de começar a amar, temendo o dia que iria perdê-lo.

Não conseguiu evitar se lembrar daquela noite, ficando rubra de vergonha de imediato. Ainda não sabia de onde tinha tirado coragem para ter pedido aquelas coisas a Itachi. Provavelmente, a bebida tinha a ajudado, a deixando mais desinibida. Mas, a bebida nada tinha a ver com seus desejos. Vinha sentindo uma atração forte pelo moreno há dias, mas morria de vergonha de se quer pensar em alguma coisa mais íntima, com ele estando parado ao seu lado, sem imaginar o que passava por sua cabeça.

Mas, naquele dia, naquela casa abandonada no meio de uma cidade deserta, tudo tinha mudado. A coragem cresceu dentro de si, e quando deu conta, estava pedindo para beijá-la. Na mesma hora pensou que ele iria recusar, querendo se esconder em qualquer canto escuro, devido à ousadia. Mas, ele acabou aceitando. E seu mundo, literalmente, virou de cabeça para baixo. Nunca tinha sentido uma sensação tão maravilhosa e inebriante e, com toda certeza, inesquecível.

Uma coisa acabou levando a outra, e quando deu por si, estavam ambos nus, fazendo amor.

E tudo tinha sido apaixonante.

Ele a tocava com carinho, até mesmo com reverência. As sensações que cada toque a transmitia eram eletrizantes e enlouquecedoras. Nunca antes tinha se sentido tão amada e desejada.

Tudo tinha sido perfeito.

 Então, quando acordou no outro dia, percebeu que estava perdida. Algo gritava dentro de seu coração, e estava com medo de descobrir o que era. Quando o viu a olhando com um olhar despreocupado e um sorriso despretensioso no rosto, soube de imediato que o amava.

 E isso a assustou.

Uma angústia surgiu em seu peito e o medo de perdê-lo foi instantâneo e aterrorizante. Sabia que não estava preparada para sentir algo assim. Mas, achava que ninguém estava.

O choque da realidade a batendo na face foi tão forte que a única coisa que conseguiu pensar foi em se afastar. E, assim o fez.

Mas, estando ali agora, parada, o vendo a olhar com carinho, percebia que tinha cometido um grande erro.

Temia que quando o revelasse sobre seus reais motivos e sentimentos, sua angústia iria ficar ainda maior. Mas, nada disso aconteceu. Pelo contrário. Se sentia feliz e disposta a enfrentar tudo para o ter por perto.

Sorriu minimamente com o pensamento. Mais perto do que já estavam era difícil, mas mesmo assim era o que queria.

O fitou com intensidade, esperando alguma atitude, que não demorou muito a acontecer. Itachi aproximou seu rosto. Ao perceber que seus lábios estavam prestes a se tocar, fechou os olhos, esperando por aquela sensação maravilhosa que não demorou a atingi-la.

Seus lábios se encontraram em um toque leve e delicado. Mas, com apenas aquele leve contato, seu estômago se revirou e seu coração deu uma cambalhota. Aquela sensação era única e maravilhosa.

Não demorou muito para senti-lo a envolver em seus braços fortes e o beijo começar a se intensificar, ficando mais urgente e necessitado. Sua língua pediu passagem, no qual ela acabou cedendo de imediato, tão ávida e necessitada que estava por mais. Aquele beijo era inebriante e avassalador. Seus toques eram mágicos e delirantes. O beijava com intensidade, sem nunca parar o ritmo frenético de seus lábios em uma dança sensual e necessitada. Logo o sentiu a segurar com força pela cintura e, quando deu por si, já estava com suas pernas entrelaçadas envolta de seu tronco, com ele a segurando com força pelas nádegas, a apertando com intensidade.

Nesse instante, a falta de ar se fez presente, e acabaram por se afastar. Olhavam um para o outo com intensidade. Agora, ela o olhava por cima, já que ele a segurava em seu colo, a deixando alguns centímetros mais alta, permitindo com que o olhasse com maior intensidade para todos os seus traços faciais perfeitos e harmônicos.

O momento de pausa e admiração não demorou muito, mas foi mágico e inebriante.

Logo seus lábios voltaram a se encontrar, agora em um beijo mais urgente e desesperador do que o outro. Se é que isso era possível.

Sentia a urgência e a necessidade de senti-lo novamente, uma vez, duas, quantas o seu corpo precisasse. E o moreno passava a mesma sensação, já que cada vez mais o sentia a apertando mais forte e mais necessitado. Suas mãos trabalhavam freneticamente, ora nas costas, ora nos cabelos e quando chegou na nuca enroscou-se ali e o sentiu arrepiar. Tal sensação foi gostosa. Percebeu que ele não era imune a seus toques.

Não aguentava mais, queria senti-lo e ele pareceu adivinhar. A segurando com ainda mais força, a deitou com cuidado no chão, sobre o pano que a pouco tinha estendido. Deitou seu corpo sobre o dela, a imprensando com intensidade e desejo. Seus lábios não se separavam por um único instante, de tão desejosos que estavam um pelo outro. Passava as mãos por suas costas, sentindo seus músculos rijos por baixo do tecido grosseiro, por enquanto que ele percorria suas mãos por toda a extensão de seu corpo, parecendo querer gravar com os dedos todos os detalhes de suas curvas.

Seu corpo queimava a cada toque, com todo o desejo que experimentava. Sentia vontade e anseio por muito mais.

Resolveu que dessa vez não ficaria quieta, deixando com que ele fizesse tudo. Dessa vez, ela iria participar de forma mais ativa, e fazer tudo o que tinha imaginado.

Sorriu internamente com o pensamento, virando seu corpo com delicadeza, para que pudesse se postar por cima dele. Ele permitiu o movimento, se deitando, com ela se sentando sobre seu colo, sabendo que naquele momento suas feições não deveriam ser a mais santa. O viu arquear uma sobrancelha em indagação, mas apenas se limitou a sorrir, começando a desabotoar a blusa de seu uniforme, sem nunca desviar seus olhares, os sintonizando em seu próprio mundo, onde nada poderia tirá-lo de lá. Ao perceber suas intensões de tirar sua roupa, ele se sentou, apertando com força seu traseiro, permitindo com que suas intimidades se chocassem. Pôde sentir todo o desejo queimar em seu baixo ventre que chegava a doer tamanho era o desejo. Retirou a jaqueta, o beijando com intensidade, logo depois, subindo com tranquilidade a blusa de baixo, sentindo todos os músculos de seu abdome definido, a tirando e, finalmente, expondo todo seu tronco. O deitou novamente, permitindo-se visualizar seu corpo nos mínimos detalhes, sentindo ainda mais cobiça por aquele corpo malhado e tentador.

Itachi apenas a observava com os olhos cheios de luxúria e um apetite crescente, mas nada falava, parecendo estar ansioso por saber qual seria seu próximo movimento. Não quis o deixar esperando mais, pois, a vontade de continuar provando das delícias de seu corpo, e do mel dos seus lábios eram muito maiores.

Depositou um leve beijo na ponta de seu nariz, logo depois, mordiscando seu queixo. Logo em seguida, percorreu com as unhas toda a extensão de seu tronco, o causando arrepios. Parou no cós da calça, observando o visível volume. O olhou com lascívia, sorrindo de forma sacana e sensual, não demorando a começar a abrir a peça, a puxando para baixo, juntamente com sua cueca, expondo toda a extensão de seu membro pulsante. Seu baixo ventre se contraiu com tal visão, sentindo sua intimidade pulsar de desejo para tê-lo dentro de si e poder experimentar todas aquelas sensações maravilhosas. Mas, apesar de todo seu desejo, queria o provocar ainda mais, logo voltando a beijá-lo, sentindo seu membro rijo ser imprensado sob sua barriga. Ele a abraçou com intensidade, querendo manter o contato o mais próximo possível. O beijo era intenso e provocativo, arrancando suspiros, mas acabou por o finalizar, mordendo com volúpia seu lábio inferior. Sentiu o gosto de sangue, e sabia que deveria ter o machucado, mas ele nem parecia ligar, de tão absorto que estava com as sensações.

Estava determinada a fazer tudo o que queria, o que surgia em sua mente. Assim, curiosa para saber qual seria a sensação de sentir seu membro entre as mãos, mesmo que hesitante e sem saber como fazer, o segurou. Ele se sobressaltou no mesmo instante, surpreso com o gesto, engolindo em seco.

-Você gosta? – Inquiriu receosa, mas ansiosa pela resposta.

-Sim. – Sua voz soou rouca e desejosa, por enquanto que balançava a cabeça em concordância, suspirando e soltando um gemido.

Sorriu com o resultado, começando a acariciar com cautela, indecisa sobre o que deveria fazer. Mas, conforme seus gemidos e suspiros ficavam mais intensos e sua respiração mais irregular, percebeu que estava fazendo certo. Resolveu aumentar o ritmo, mas ele a parou de imediato. O inquiriu com o olhar, sem saber o que tinha acontecido.

-Se continuar assim, não vou aguentar por mais tempo. E, acredito que ainda faltam algumas coisas. – Ele explicou, logo depois a virando rapidamente de costas, a deitando no chão e subindo sobre si. – Como, por exemplo, o fato de você ainda estar muito bem vestida. Isso está me incomodando.

-Então, vamos logo acabar com esse incômodo. – Disse o olhando com malícia, o fazendo sorrir e começar a abrir sua camisa, não demorando para tirá-la, deixando seus seios expostos, no qual ele tratou de apertá-los com vontade, arrancando gemidos de seus lábios.

Não demorou muito para tomá-los em sua boca, os chupando com vontade, fazendo todos os seus pelos se arrepiarem e sua intimidade de encharcar.

-Itachi. – Murmurou desejosa, tendo a necessidade se senti-lo cada vez mais.

Como resposta, ele apenas se afastou, começando a beijar toda a extensão de seu corpo, começando pelo pescoço, passando pelo colo, seios, barriga e, finalmente, chegando até suas calças, na qual ele as tirou com rapidez, não querendo enrolar.

-É agora que vou a fazer gemer de verdade. – Um murmúrio rouco saiu de sua boca quando ele sentiu o quanto ela estava encharcada e pronta para recebê-lo, começando a massageá-la e penetrá-la com os dedos, a estimulando.

Gemidos desconexos começaram a escapar de seus lábios e um anseio incontrolável explodir dentro de si.

-Preciso de você agora. – Falou manhosa o olhando em cobiça.

-Seu desejo é uma ordem. – Ele disse, se postando em sua entrada, a pincelando em brincadeira, a fazendo gemer ainda mais.

-Você vai me enlouquecer desse jeito. - Disse Itachi separando as bocas levemente.

-Você vai me enlouquecer primeiro. - Ela brincou sabendo que poderia até ser verdade. 

Já estava a ponto de perder a sanidade, já que tudo em Itachi era a pura perdição, e o modo como o moreno sempre a tratou foi o que acabou a cativando aos poucos, e ela nem mesma percebeu o quanto o queria sempre por perto.

-Tomito….

E nesse momento ela deu a carta branca que ele precisava e foi preenchendo-a devagar, a completando. Uma corrente elétrica percorreu o corpo dos dois, fazendo um gemido de satisfação sair involuntariamente da boca de Tomito. O movimento que começou devagar logo se tornou rápido, afoito, urgente. Os movimentos firmes faziam os dois delirarem. Não se importavam com mais nada, somente a conexão única e maravilhosa que estavam sentindo naquele momento.

Sentia seu baixo ventre cada vez mais quente e já sabia que estava próxima ao ápice. Itachi também sentiu, aumentando ainda mais as estocadas. Não demorou muito e ambos gemeram, chegando ao ápice juntos em uma satisfação maravilhosa e eletrizante.

Acabaram por se separar, com ele deitando ao seu lado. Estava exausta do exercício repetitivo, tentando se recuperar dos espasmos que ainda sentia com o orgasmo que tinha acabado de sofrer. Estava radiante de felicidade. Seu coração não cabia em seu peito.

Encarava o teto na tentativa de se recuperar o pouco que fosse, por enquanto que um filme dos últimos acontecimentos passava por sua cabeça. Quando o viu se sentar ao seu lado, a lançando um olhar faminto e um sorriso sedutor.

-Isso foi incrível. – Ele disse em um fio de voz, por enquanto que se inclinava em sua direção, passando um dos braços por sobre seu corpo, ficando sobre si.

O contato repentino de seus corpos fez todos os seus músculos se contraírem e um suspiro de desejo escapar de seus lábios. No mesmo instante, o viu sorrir de satisfação, ao perceber o controle que surtia sobre si.

-Vejo que ainda está desejosa. – Falou novamente, aproximando seus rostos, ficando a apenas alguns centímetros de distância.

Seu peito largo e musculoso imprensava seus seios, e a sensação daquele toque fez surgir um formigamento crescente em seu ventre. Corou de imediato. Como ainda podia ter tais sensações, sendo que tinham acabado de fazer amor? Não sabia, mas ele lhe causava isso.

-Você quer mais? – Ele perguntou, soprando em seus lábios, a fazendo gemer de imediato, confirmando suas suspeitas. -Foi o que imaginei. – Concluiu, sorrindo largo, não hesitando em passar as mãos por sua cintura, como se fossem sua propriedade, beijando a curva de seu pescoço, a arrepiando de imediato.

-Está falando sério? – Inquiriu por fim, arregalando os olhos com tal perspectiva, o afastando por alguns centímetros para olhá-lo. – Acho que não tem como fazer isso.

-Porque acha que não? – Era visível a diversão que sentia por enquanto que a questionava.

-Estamos cansados. – Foi a única opção plausível que conseguiu encontrar, o que acabou o fazendo sorrir ainda mais.

-Cansados? Não me sinto nada cansado. Na verdade, ainda estou muito bem e pronto para a próxima.

-Próxima? – Perguntou exaltada, arregalando ainda mais os olhos. – Mas, lembro que da outra vez dormimos de imediato. Pensei que iria acontecer do mesmo jeito agora.

-Pois, daquela vez só a deixei dormir porque era a sua primeira vez, e não queria assustá-la. Mas, agora, quero que saiba que não vou te dar sossego tão facilmente. – Completou, apertando com firmeza seu quadril, imprensando seus corpos. Fazendo com que o ar faltasse por alguns instantes.

-Isso é possível?

-Bem, não sou de me gabar, mas posso lhe garantir que tenho um condicionamento físico invejável. Não me canso com tanta facilidade. E, no momento, estou bastante animado, se é que me entende. – Terminou de falar dando uma piscadela e mordendo seu queixo.

Tal insinuação a fez corar de vergonha, ao imaginar tudo o que poderiam fazer. Suspirou em desejo e expectativa, balançando a cabeça em afirmação, esperando pelos próximos movimentos.

-Parece que acabou concordando comigo. Fico feliz em saber. Então, acho melhor voltarmos nossa atenção para o que interessa no momento, porque ainda temos muita coisa pela frente.

-O que quer dizer? – Perguntou entre um suspiro e outro, com a mente enuviada de desejo, por enquanto que o sentia beijar a pele de seu colo com carinho e volúpia.

-Que.… só estamos começando. Pretendo... a manter... em meus braços.... pela noite inteira. – As palavras saíram entrecortadas, sendo pronunciadas entre um beijo e outro.

-A noite inteira? Quantas vezes está pretendendo fazer isso? – Perguntou com um misto de nervosismo e luxúria, na expectativa de saber qual seria a resposta.

-Bem, acredito que posso fazer isso mais umas três vezes.

-Três? Não é possível. – Perguntou surpresa, o olhando boquiaberta, o que foi o suficiente para o fazer sorrir.

-Não acredita em mim? Bem, então quando terminarmos, você vai me dizer quem estava certo sobre isso. – Falou voltando a beijá-la, agora na boca, com vontade, a tirando o fôlego, logo soltando um grunhido de desejo. – Retiro o que disso, do jeito que estou agora, acho que aguento umas quatro vezes.

Nem se quer teve tempo de responder o último comentário e seus lábios foram novamente tomados e um beijo cheio de luxúria e desejo se iniciou. Pelo jeito, não iriam se separar tão rapidamente. Mas, não reclamava, pelo contrário. Estava amando cada segundo.

[...]

Estava deitada no chão, olhando para o teto, por enquanto que deixava um sorriso bobo estampar em sua face. Seu coração estava acelerado e a respiração descompassada, tentando recuperar o fôlego perdido e se acalmar. Itachi não estava tão diferente de si. Seus corpos nus e suados estavam entrelaçados, e a sensação do calor e do peso de seu corpo sobre si era aconchegante.

Olhou para o lado, conectando mais uma vez seus olhares. Ele passou o braço por debaixo de sua cabeça, para lhe dar apoio, a aproximando ainda mais de si.

Nada falaram, ficaram apenas curtindo o momento de silêncio por enquanto que recuperavam o fôlego.

 O momento de paixão e de entrega tinha passado, mas ainda estava vivo e presente em sua memória, não conseguido deixar de pensar no que tinham acabado de fazer, e, principalmente, em como tinham feito. Nunca antes tinha imaginado que fazer amor pudesse ser feito de tantas maneiras deliciosamente diferentes.

Tais lembranças a fizeram corar, ao mesmo tempo que a fazia rir. Se sentia tão feliz, tão serena, como se estivesse em uma calmaria, que a fazia não ter vontade nenhuma de sair daquele momento. Tudo estava maravilhoso.

Sorriu ainda mais com isso, acabando por chamar sua atenção, que arqueou uma sobrancelha a questionando com um sorriso faceiro:

-Porque está rindo?

-Bem, só estava pensando no quanto estou feliz.

-Que bom! Porque me sinto do mesmo jeito. – Disse, depositando um beijo doce em sua fronte.

Tal gesto a fez sorrir ainda mais, o abraçando com força, deitando a cabeça sobre seu peito desnudo. Nada mais falou, estava tão absorta em seus pensamentos, sentimentos e sensações, que no momento não achava que precisava de palavras, apenas queria sentir o momento.

-Sabia que você fica linda com essa expressão pensativa?

O escutou falar, acabando por a tirar de seus devaneios, o olhando em indagação.

-Como assim? – Inquiriu por fim, quando não recebeu resposta.

-Só estou querendo dizer que você é linda de qualquer jeito. – Falou com uma voz rouca, próxima de seu ouvido, a arrepiando de imediato.

Como resposta o beijou rapidamente, logo voltando a deitar do seu lado, acariciando suas madeixas longas. Começou a sentir um pouco de frio devido à falta de roupa, mas isso não importava, estava se sentindo tão bem naquela posição que não tinha coragem de se afastar e quebrar o momento.

-Você tem uma cicatriz atrás da orelha, semelhante a uma estrela. – Ele disse tranquilamente, apenas jogando conversa fora.

-Sim. Quando tinha cinco anos acabei caindo de uma escada e me machucando feio. Minha mãe me disse que fiquei uma semana apagada no hospital.

-Caramba! Então, foi realmente grave.

-Sim, quase morri.

-Ainda bem que isso não aconteceu, ou nunca teria a conhecido.

Sorriu com o comentário, depositando um beijo em sua bochecha.

-É claro que minha vida seria muito mais fácil, mas quem não gosta de uma aventura? – Ele continuou falando a olhando de esguelha, tentando provocá-la.

Apenas riu do comentário, desferindo um leve soco em seu ombro, tentando fingir indignação e raiva.

-Pois, acredito que sua vida sem mim, seria um tédio.

-Bem, tenho que concordar com isso. – Disse sorrindo, lhe lançando uma piscadela, começando a lhe fazer cócegas.

Tentou resistir, mas logo começou a soltar altas gargalhadas, tentando o afastar de qualquer maneira.

Chorava de rir, sentindo dores no abdômen devido as fortes convulsões impostas pela risada. Custou a afastá-lo, na tentativa de conseguir se recuperar, mas ele logo voltou a abraçá-la, parecendo não querer se afastar por um único segundo.

Acabaram caindo em silêncio, apenas ficando a saborear o barulho da respiração do outro e o som de seus corações batendo.

-Você confia em mim, certo? – Itachi a inquiriu, quebrando o silêncio reconfortante que os envolvia.

Voltou a olhá-lo, não entendendo o porquê da pergunta repentina, mas não hesitou em balançar a cabeça em afirmação, falando que confiava.

-Não pude deixar de notar que você me contou quase tudo sobre a sua vida, no passo que eu não lhe disse praticamente nada. – Ele continuou a narrar, com os olhos vidrados no teto, parecendo perdido em lembranças perturbadoras do passado.

Isso a preocupou, se empertigando de imediato, com medo do que poderia ouvir.

-Bem, te contei porque queria e não vi o porquê de nada falar. Mas, isso não quer dizer que você deve fazer o mesmo.

-Está enganada. Preciso sim. É o mais justo a se fazer. Você precisa saber quem de fato eu sou. – Sua voz era um misto de angústia, tristeza e amargura.

Sentiu um arrepio percorrer sua espinha, deixando seu coração acelerado, e um medo de descobrir alguma coisa no qual pudesse a fazer se arrepender de seus sentimentos.

-Não me importo em não saber.

-Mas, preciso falar. Agora que estamos tão próximos e íntimos um do outro, sinto que preciso te contar. Não vou me sentir bem até que você saiba.

Viu que sua angústia crescia cada vez mais, e acabou por perceber que deveria ceder e permitir que contasse, por mais que estivesse com receio, e até mesmo, medo do que poderia descobrir. Mesmo que a contragosto, acabou aceitando, o fitando em expectativa, esperando para que continuasse a falar.

Demorou algum tempo para pronunciar alguma palavra, parecendo estar perdido em alguma lembrança, ponderando sobre o que falar. Mas, quando começou, sua voz era decidida, apesar de fraca:

-Eu nem sempre fui assim. Houve uma época, há alguns anos, em que eu não pensava muito nas pessoas a minha volta. Na verdade, qualquer pessoa que não tivesse meu sangue, que não fosse da minha família, não me importava. Eu era frio, calculista e não me importava em deixar um rastro de sangue por onde passava. Fiz coisas horríveis, inimagináveis e não importava o que eu visse ou fizesse, nada me abalava. – Sua voz ficava cada vez mais vacilante e incerta, e sua respiração cada vez mais rápida, deixando nítido o nervosismo que sentia. – Até que um dia acabei fazendo uma coisa horrível. Pior do que qualquer outra coisa. Eu... – Ele engasgou, perdendo a voz, deixando uma lágrima escorrer por sua face. - Era só... uma criança...

Se sentiu mal no mesmo instante ao vê-lo naquela situação e um desespero crescer dentro de si. Não queria saber o que era, pelo menos não naquele momento. Sabia que não iria suportar caso descobrisse. E, a última coisa que queria naquele momento era sentir qualquer outra coisa que não fosse carinho e amor por ele. Não estava preparada para voltar a encarar o lado sombrio da vida, e muito menos saber que aquele homem tão amável pudesse fazer parte daquele mundo.

Sentou-se de imediato, balançando a cabeça freneticamente, colocando a mão sobre seus lábios, com medo de não conseguir impedi-lo a tempo. Seus olhos negros estavam marejados e aflitos, desesperados para saber o que ela pretendia fazer.

Tomito respirou fundo, o olhando com carinho, perguntou:

-Você se arrepende?

Itachi arqueou uma sobrancelha, mas não hesitou por um instante sequer em afirmar que sim, balançando freneticamente a cabeça em concordância, solvendo o ar em angústia.

-Não tem um dia se quer que não penso naquele dia e no que poderia ter feito de diferente. Nunca me arrependi tanto de uma coisa como disso. Sou atormentando dia e noite pelas lembranças daquele dia. Sei que todo o sofrimento que vou passar nessa vida e em qualquer outra vida, não será o suficiente para pagar por esse pecado. – Sua voz voltou a ficar falha, e algumas lágrimas voltaram a cair, no qual, ele as secou de imediato, na tentativa de se mostrar forte.

-Bem, é isso que importa.

Ele a inquiriu com o olhar, não entendo onde ela queria chegar.

-Não preciso saber o que fez, só preciso saber que você se arrependeu. Isso é o que importa. O que me importa é como você se sente agora e não suas atitudes passadas.

Ele a olhou por alguns instantes, parecendo pensar no que falar. Logo, deixando um sorriso sincero estampar em sua face e um brilho iluminar seus olhos:

-Obrigado. – Foi a única coisa que pronunciou, antes de puxá-la para seus braços, em um abraço aconchegante e cheio de sentimentos.

Retribuiu o gesto da melhor maneira que conseguia, tentando transmitir toda a confiança que possuía. Não queria saber o que ele tinha feito antes, porque tinha medo de descobrir do que se tratava. Mas, pelo pouco tempo que tinha convivido juntos, sabia que ele não era aquela pessoa que ele desenhara sobre si mesmo. Se um dia tinha realmente sido daquele jeito, era nítido que já não existia mais um único resquício sequer do que já fora um dia. E, isso era o que importava. Estava disposta a deixar tudo de lado, a nunca inquirir sobre seu passado, se isso significasse que ele ficaria bem e continuaria sendo aquela pessoa maravilhosa.

Acabou o aconchegando em seus braços, fazendo carinho em sua cabeça, tentando acalmá-lo e confortá-lo. Era visível o quanto ele se sentia atormentado com as lembranças do passado. E, naquele momento, estava disposta a fazê-lo esquecer.

-Tente descansar um pouco. Vai se sentir bem melhor. Pode dormir, vou ficar acordada, vigiando. Não precisa se preocupar, se aparecer alguma coisa te acordo. – Falou docemente, o aconchegando ainda mais em seus braços, para o deixar confortável.

-Obrigado. – Ele disse em concordância, se ajeitando o melhor que podia e fechando os olhos.

Ficou o acariciando até que finalmente dormisse, e depois, por mais algum tempo ainda. Tal gesto a acalmava e fazia com que não ficasse pensando. Não queria permitir que sua mente a arrastasse para campos obscuros e tenebrosos, na tentativa de desvendar qual teria sido seu pecado. Já tinha se decidido em não querer saber, por isso, não iria ficar tentando imaginar o que seria.

Engoliu em seco, tentando se lembrar de seu irmão e de sua mãe.

 Tal exercício começou a surtir efeito e, logo se viu perdida em lembranças felizes do passado, da saudade que sentia de ambos e da enorme angústia e desespero por encontrar seu irmão.

O tempo foi passando, e a nevasca diminuiu um pouco, apesar do vento ainda produzir sons arrepiantes, hora ou outra.

Olhava para o teto, perdida em pensamentos, até que acabou escutando um barulho diferente do lado de fora, nos fundos da casa, que chamou sua atenção. Começou a prestar atenção, na tentativa de conseguir desvendar do que se tratava. Demorou alguns minutos, mas acabou escutando algo, como se fossem vozes a cochichar. Se sobressaltou de imediato, ficando nervosa. Sabia que podia ter se enganado e o barulho poderia ser um efeito do vento, mas não podia arriscar.

-Itachi, acorda. – Começou a chamá-lo em um sussurro, com medo de delatar sua presença, o sacudindo na esperança de acordá-lo.

Após algumas tentativas, finalmente o viu abrindo os olhos um pouco perdido, a olhando em expectativa.

Sem pestanejar, falou:

-Acho que tem alguém lá de fora.

No mesmo instante o viu arregalando os olhos, deixando de imediato o torpor do sono de lado, se levantando em um rompante.

-Coloque uma roupa. – Disse por enquanto que pegava suas próprias roupas e as vestia o mais apressadamente possível.

Seguiu seus gestos, colocando o mais rápido que podias suas roupas, ficando nervosa com o que poderia vir a acontecer.

-Você tem certeza? – A inquiriu por enquanto que colocava a camisa, a olhando com intensidade.

-Ouvi um barulho parecendo de conversa. Mas foi apenas uma vez. Pode ter sido o vento, mas não tenho certeza.

-Tudo bem. Vou lá de fora dar uma olhada.

-O que? Não. Pode ser perigoso. – Disse rapidamente, se levantando e segurando seu braço, na tentativa de pará-lo.

-Não se preocupe. Tomarei cuidado. Talvez não seja nada, mas não podemos ignorar. – Terminou de falar lhe lançando um sorriso reconciliador, se afastando, pegando o rifle sobre a mesa. – Fique aqui. Não saia por nada. Não vou demorar a voltar. – Terminou de falar, abrindo com cautela a porta, na tentativa de amenizar qualquer tipo de ruído, saindo logo em seguida.

Uma angústia a apoderou de imediato, a deixando aflita. Olhava para todos os lados, tentando manter a calma e se concentrar no que acontecia lá fora. Não ouvia nada além do vento e isso a deixava nervosa. Queria saber o que estava acontecendo, não conseguia aguentar a ansiedade. Detestava ficar no escuro, sem saber dos fatos.

Se aproximou da porta, encostando o ouvido na madeira, na tentativa de escutar com maior precisão o que acontecia do outro lado. Mas, nada escutava e o tempo passava. Estava inquieta, querendo fazer alguma coisa, mas não sabia o que.

Sabia que Itachi tinha pedido para ficar dentro da casa e esperar que voltasse, mas não conseguia se manter quieta sem saber o que estava ocorrendo.

Olhou a sua volta, a procura de qualquer coisa que pudesse usar como defesa, vendo caído mais ao canto uma pá enferrujada. Não titubeou em pegá-la com firmeza, voltando para a porta. Hesitou por alguns instantes, inspirando e expirando para se acalmar, logo depois abrindo a porta e saindo.

O vento congelante a atingiu de imediato, a fazendo arrepiar. O ar estava gelado.

Olhou a sua volta, e apesar de ser noite, conseguia distinguir os troncos das árvores secas e um manto branco acumulado no chão. Flocos de neve rodopiavam a sua volta e um silêncio sepulcral a atingiu.

Sentiu calafrios com tal sensação, fazendo com que segurasse com mais força no cabo da pá.

Começou a andar cautelosamente, olhando tudo a sua volta. Seus pés afundavam na neve, produzindo um leve barulho de esmagar que a sobressaltava.

Mais à frente, reparou que havia um pequeno lago com sua superfície congelada. Aproximou-se lentamente, parando em sua beirada, ainda atenta a qualquer movimentação.

Acabou por reparar em uma pegada solitária na neve mais à frente, mas não conseguia saber que direção tinha tomado.

Se distraiu por alguns instantes, mas acabou por escutar passos logo atrás de si, a assustando. Virou rapidamente, com a pá levantada, pronta para acertar a cabeça de quem quer que fosse que se aproximava na surdina. Sem nem mesmo ver quem se tratava, balançou o objeto a sua frente. A única coisa que conseguiu ouvir depois de tal gesto foi um grito de susto, seguido por barulho de algo caindo na água.

Travou no mesmo lugar. 

Conhecia aquela voz.

Jogou o objeto no chão, olhando desesperada para o lago, vendo suas águas se movimentarem com algo se debatendo nela. Não demorou para ver cabelos loiros imergirem na superfície. Seu coração falhou uma batida e antes mesmo de perceber, se abaixou na beirada, na tentativa de tirá-lo lá de dentro.

-Naruto!? – Disse alto em desespero, ainda sem acreditar.

Será que seus sentidos estavam lhe pregando uma peça? Isso podia acontecer. Sabia que deveria ter total certeza de quem se tratava, antes de se jogar desesperada para frente, na tentativa de tirá-lo de lá, porque poderia ser outra pessoa. Mas, no momento isso era o que menos a preocupava, devido à ansiedade e desespero que sentia.

Conseguiu o segurar pelo braço, o puxando com força para cima. Ele a ajudou no processo, projetando seu corpo para a beirada, finalmente saindo do lago. Tossia, e resmungava, xingando em um nítido e perfeito alemão.

Soltou um grunhido abafado, tentando segurar o choro, ao colocar a mão sobre a boca. Não acreditava no que seus olhos viam. Mas, não podia ser engano, era ele. Seu irmão estava parado a sua frente.

Sem pensar se jogou em sua direção, o apertando com força entre seus braços. Ele se assustou, tentando a afastar.

-O que está fazendo? – Ele ralhou perdido, a empurrando para trás.

Ela se afastou, olhando com intensidade aqueles olhos tão intensos e azuis no qual amava tanto, não conseguindo mais segurar as lágrimas, e o sorriso que teimava em surgir.

-Naruto. – Disse em um sussurro, o olhando com amor e carinho.

Pela primeira vez ele a olhou de fato, prendendo a respiração no instante que a reconheceu.

-Tomito? – Perguntou receoso, depositando uma mão trêmula em sua face.

Tal gesto a fez sorrir ainda mais, balançando a cabeça em afirmação, não conseguindo proferir palavra alguma devido ao turbilhão de emoções que sentia.

Ambos se abraçaram novamente, transmitindo todo o amor, toda a saudade que sentiam um pelo outro. Voltou a chorar ainda mais, acariciando suas mechas douradas, morrendo de medo de se separar e perceber que tudo não passara de uma ilusão.

Ficaram naquela posição por algum tempo, mas logo o ouvi começar a resmungar:

-Tomito, você está me esmagando. Preciso respirar.

Não se importou com a reclamação. Na verdade, isso só fez com que o abraçasse com maior intensidade. Ele tinha a molhado toda, mas isso não importava, só lhe dava ainda mais certeza de que realmente estava ali, em carne e osso.

Escutou novos passos reverberando a sua frente, chamando sua atenção. Viu uma silhueta surgir gradativamente, logo percebendo que se tratava de Itachi. Ficou aliviada no mesmo instante.

Com a pouca claridade que tinha, era difícil distinguir alguma coisa, mas o pouco que conseguiu, foi o suficiente para perceber que seu supercílio direito estava cortado e que a manga de sua blusa estava suja de sangue. Ficou preocupada no mesmo instante, mas antes que falasse algo, percebeu uma segunda pessoa surgir logo atrás, com um pouco de dificuldade para andar, não demorando para se postar ao lado do outro, tendo sangue escorrendo pelo nariz. Era nítido a semelhança de ambos, e isso a deixou inquieta. Parecia que o conhecia de algum lugar, mas não conseguia lembrar.

Ficou o olhando com intensidade, até o ver soltar um sorriso e falar em escárnio:

-O que aconteceu com você, Naruto? Se molhou de medo?

Seu estômago se embrulhou de imediato ao reconhecer aquela voz. Todas as lembranças daquele dia de terror invadiram sua mente.

Se afastou de imediato, andando para trás, assustada. Naruto se espantou com o movimento brusco e repentino, e viu que Itachi a lançava um olhar perdido.

-O que ele está fazendo aqui? – Disse por fim com a voz falha, seus lábios tremiam de medo.

-Ele se chama Sasuke, e estava comigo. – Naruto falou, se levantando.

-Sasuke? – Disse receosa, olhando de um para o outro. – O que? Estava com você?

-Sim.

-Não. – Disse ficando cada vez mais nervosa, se afastando ainda mais, balançando a cabeça freneticamente.

-Se acalme, Tomito. – Naruto disse, tentando a tranquilizar.

 Mas não conseguia entender como seu irmão estava andando com aquele homem.

-O que está acontecendo aqui? –Itachi disse por fim, olhando sem entender o que sucedia. – Vocês se conhecem? – Perguntou por fim, olhando para o moreno que estava ao seu lado.

Aquele gesto fez seu coração se apertar, e com que tremesse ainda mais.

-Você conhece ele? – O inquiriu baixo, temendo a resposta.

Pensou que não tivesse a ouvido, mas ele não demorou para olhá-la, falando calmamente:

-Claro, esse é o meu irmão. E, pelo jeito vocês também já se conheceram. Mas, me parece que não foi em um momento muito bom.

Sentiu uma forte pontada no peito.

Bem no fundo sabia que aquilo era verdade. Se lembrava perfeitamente bem de ter os achado tão parecidos, mas logo acabou deixando a ideia de lado, pensando ser apenas uma coincidência. Agora, percebia, que tinha se enganado e isso a feria. Estava magoada.

Sabia que ele não tinha culpa, e nem Naruto, mas, mesmo assim, se sentia traída.

-Sim, já nos conhecemos. – Ouviu mais uma vez a voz daquele que a fez ter pesadelos e insônia por vários dias, a fazendo se arrepiar.

-Quando? – Itachi voltou a inquirir curioso.

-Foi ele que me levou para uma caverna e me obrigou a cuidar de um ferimento. – Disse rapidamente, em tom acusatório.

-Estava ferido e precisava de ajuda. Vi que vestia um uniforme de enfermeira e não pensei antes de a levar comigo.

-Então era você? – Itachi disse mais uma vez, espantado com a descoberto. – Não acredito, vocês já se encontraram.

- Sim, e não gostaria de ter que encontrar de novo. – Falou em um rompante, começando a se sentir injustiçada, por ninguém estar se importando com sua angústia.

-Olha, não foi minha intensão te magoar, só precisava de ajuda. – O tal Sasuke falou novamente, a deixando com raiva.

-Me magoar? Você não me magoou. Você me aterrorizou. Colocou uma arma na minha cabeça e deixou bem claro que ia me matar. – Cuspiu as palavras o olhando em desafio. Sentia medo, mas ainda mais indignação.

-Mas, acabei não fazendo nada.

-É, e até hoje fico me perguntando o porquê.

-Foi porque fiquei pensando: o que meu irmão faria no meu lugar? E, acabei chegando à conclusão de que não faria nada. Deveria agradecer a ele por isso.

Se surpreendeu com a resposta, olhando para Itachi de imediato, que parecia tão surpreso quanto ela. Então, até mesmo naquela época, quando ainda nem tinham se conhecido, de certa forma ele tinha a salvado.

-Não acredito nisso, Sasuke. Você realmente pensou em matá-la? – Ele inquiriu bravo, o olhando com intensidade.

-Não me julgue. Estamos no meio de uma guerra e ela é uma alemã. Não é como se fosse a coisa mais absurda.

-É claro que é. Ainda bem que não fez nada, porque se não... – Itachi paro de falar de imediato, parecendo medir as palavras, respirando com dificuldade devido ao nervosismo.

-Se não, o que? – O irmão o inquiriu se divertindo, arqueando uma sobrancelha e deixando um sorriso presunçoso esboçar em sua face.

Não conseguia acreditar que eles eram irmãos. Apesar da nítida semelhança física, era perceptível o quão diferente eram. Era um absurdo. Por isso que nunca antes tinha desconfiado de nada.

-Meu Deus! É só eu ou realmente está ficando frio aqui. – Naruto disse por fim, com uma voz trêmula, chamando a atenção para si.

Tomito tinha se esquecido por alguns instantes da presença do irmão, mas acabou relutantemente se virando para ele, vendo que estava tremendo, se abraçando com força, na tentativa de se esquentar. Suas vestes estavam com uma pequena película de gelo e sua face tão pálida quanto a neve a sua volta, com os lábios ficando roxos. Arregalou os olhos de imediato, se aproximando rapidamente.

-Meus Deus, você está congelando. – Disse apressada, esfregando seus braços na tentativa de aquecê-lo. – Sua temperatura está baixa. Precisa se esquentar quanto antes ou vai ficar doente. – Terminou afoita, esquecendo da pequena intriga que se desenrolara há pouco.

 Seu irmão era muito mais importante e precisava de seus cuidados.

-Todos nós estamos congelando. Vamos voltar para a cabana. – Itachi falou por fim, indicando com a cabeça a construção logo atrás de si.

Não pensou duas vezes antes de se abaixar e pegar a pá que tinha deixado cair e segurar no braço do irmão, o arrastando consigo na direção da casa. Naruto arregalou os olhos no mesmo instante, pegando o objeto de suas mãos com avidez, a fazendo estranhar tal gesto.

-Eu é que não vou deixar você andar por aí com uma arma mortífera como essa. – Falou, demonstrando uma expressão de espanto.

-Do que está falando? Tenho certeza que nem te acertei. – Ralhou sem humor algum, no momento, para brincadeiras.

-Imagine se tivesse. Estaria morto agora.

-Não exagere.

-Pois, é a verdade. Imagina que vergonha, ser morto por um golpe de pá na cara.

-Você está sendo idiota. – Disse, não conseguindo deixar de estampar um leve sorriso na face. – Senti sua falta. – Admitiu, se lembrando de todos os momentos que passaram juntos, no qual Naruto não falava coisa com coisa.

-Também senti.

Sorriu ainda mais, sabendo muito bem o que ele estava fazendo. Estava tentando acalmá-la, deixá-la mais à vontade e tranquila com toda aquela situação. E, era por causa disso e de tantas outras coisas que o amava tanto.

-Obrigado. – Sussurrou, o abraçando de lado, por enquanto que abria a porta para entrar na cabana.

[...]

Olhava para Sasuke com intensidade.

Se sentia feliz e aliviado por ter finalmente o reencontrado. Quando saiu da cabana, estava receoso e apreensivo. E quando acabou o encontrando, admitia que não tinha o reconhecido de imediato. O que resultou em uma pequena troca de socos, até finalmente, acabarem reconhecendo um ao outro.

 Se sentiu feliz de imediato, dando um forte abraço no mesmo, que retribui de bom grado, fazendo um gracejo. Logo depois, Sasuke segredou que estava acompanhado, e saíram à procura do outro, que não demoraram em encontrar, para sua grande surpresa, abraçado com Tomito. Depois disso, tudo aconteceu rapidamente, não esperando por aquilo. Não esperava que Tomito já conhecesse Sasuke, e que não tinha sido uma experiência muito boa. Era visível seu transtorno. Mas, a única coisa que podia fazer era torcer para que ela entendesse e o perdoasse, porque, se não, as coisas dali para frente iriam ficar complicadas.

-Nossa! Sente tanto amor assim por mim que não consegue tirar os olhos? Não se preocupe, não vou desaparecer dentro de uma fumaça negra ou derreter feito sorvete. – Sasuke falou brincalhão, se encostando na mesa, cruzando os braços a frente do corpo, começando a averiguar nos mínimos detalhes o ambiente a sua volta.

Fechou a porta atrás de si, ignorando o comentário. Imitou os mesmos movimentos, parando ao seu lado, voltando a atenção para Tomito e o loiro que não parava de falar. Eles conversavam freneticamente, no qual nada entendia, já que era em alemão, mas, dada a expressão da morena, tinha toda a certeza que ela estava brigando com ele. Sorriu com isso, chamando a atenção do irmão:

-Tá com esse sorriso bobo no rosto porquê?

-Não sei do que está falando.

-Não sabe, é? Então, deixa que eu te explico.

-Sasuke, por favor, não começa. Não estou de bom humor. Ainda não consigo acreditar que vocês dois já se conheceram e que não foi uma experiência muito boa.

-Eu estou bem.

-Não estava falando de você. Tomito está com medo. Espero que tenha reconhecido isso e peça desculpas quando tiver a oportunidade.

-Tudo bem. Mas, você sabe que não agi errado.

-Eu sei que não. – Disse o olhando com severidade. – Mesmo assim, tem que reconhecer que a assustou.

-É, eu sei. Não se preocupe, vou pedir desculpas para sua namorada.

-O que? De onde tirou isso? – O inquiriu apressadamente, o olhando com intensidade.

-Deixa eu ver... – Sasuke falou segurando o queixo como se estivesse a pensar. – Eu não sei se é o jeito que você falou quando soube que já nos conhecíamos, ou o jeito idiota que olha para ela, ou até mesmo, essa sua cara de quem acabou de transar. Eu não sei, estou em dúvidas. – Disse o olhando de lado, acabando por completar. – Definitivamente é essa sua cara de idiota.

-Vai se ferrar, Sasuke. – Falou revirando os olhos.

-Sabia.

-Não temos nada.

-É claro que não. Você nunca a olharia de outra forma. Quer dizer, olhe só para ela. Ela só tem aqueles olhos bonitos, aquela pele macia, os lábios carnudos e umas belas curvas. Nada que possa chamar a atenção de um galinha inveterado como você.

-Do que está falando? – O olhou chocado e com um leve toque de ciúmes por tais observações.

Não acreditava que o irmão estava falando aquilo na sua frente e, o pior, ter notado todos esses detalhes em tão curto espaço de tempo.

-Relaxa, não tenho interesse.

-Ah, então deve estar interessado no irmão. Não se preocupe, Sasuke, até que ele é jeitoso. – Falou provocativo, conseguindo arrancar uma carranca de repreensão do mais novo.

-Nem começa.

Sorriu do comentário, se sentindo satisfeito.

Não estava surpreso pelo irmão ter notado o que estava acontecendo. Sasuke era bastante observador e o conhecia muito bem para saber que ele não deixaria alguém como Tomito em paz. Mas, o que ele não entendia era que daquela vez as coisas estavam um pouco diferentes, que não se tratava apenas de sexo. Ele realmente gostava dela.

-O que aconteceu com sua perna? –Perguntou por fim, querendo mudar de assunto, chamando a atenção do outro, que estava bastante entretido em ver os irmãos discutirem com veemência logo a sua frente.

-Nada de mais. Apenas um desentendimento com uns amigos que conheci pelo caminho. Acabei machucando o joelho, mas já está quase curado.

-Amigos? – O inquiriu desconfiado.

-É, você sabe. – Disse dando uma olhadela de esguelha para os irmãos mais à frente.

Entendeu de imediato do que se tratava. Sasuke tinha tido problemas com alemães.

-E onde encontrou esse tal de Naruto?

-Esse tal de Naruto é o irmão da digníssima dama que habita seu coração, e claro, sua cama. – Falou, dando uma leve piscadela.

-Não fale assim.

-Por que não?

-Porque não gosto que se refira a ela dessa maneira.

-Tudo bem. Desculpe. Não sabia que era tão sério assim.

Ambos se olharam por alguns instantes, transmitindo seus reais pensamentos e sentimentos, sem nada falar. Sasuke arqueou uma sobrancelha, parecendo finalmente compreender o que estava acontecendo. O viu abrindo a boca para falar algo, mas uma voz acabou por chamar a atenção.

-Ei, vocês dois. – Uma voz feminina se fez presente, fazendo com que a olhasse. Ela os encarava com uma mão na cintura e um olhar reprovador. – Nada de ficarem de cochicho pelos cantos, falando em francês. Nós não entendemos.

-Desculpa, não iremos mais fazer isso. – Disse para tranquilizá-la, no qual apenas a viu balançar a cabeça em concordância, lançando um olhar frio para Sasuke, logo depois se voltando para o irmão.

-Tira logo essa roupa, Naruto! – Ela disse severa, tentando arrancar a roupa do loiro, que estava sentando a sua frente, com uma expressão nada feliz na face.

Sasuke começou a rir de imediato, logo depois falando:

-Ela fala assim com você também? Tira logo essa roupa, Itachi. – Disse em um gracejo, tentando imitar Tomito.

-Por favor, não faça isso. – Falou com intensidade o olhando série, esperando que dessa vez Sasuke compreendesse e ficasse quieto.

Ele apenas deu de ombros, sorrindo de canto.

Sabia que ele não iria ficar quieto por muito tempo, logo encontrando uma maneira de importuná-lo novamente.

-Ei, vocês dois, nada de ficar de cochichos. Não entendemos alemão, então tratem de falar em inglês. – Sasuke disse com tom irônico para os dois irmãos postados a sua frente, com um sorriso faceiro no rosto.

Ambos o olharam de imediato, e fora nítido o olhar gélido e mordaz que Tomito o lançou. Sasuke não sabia que estava brincando com algo muito perigoso. Mas, tinha quase certeza que o mais novo logo iria descobrir as proezas da morena. Não podia esperar pela hora do massacre começar. Iria apenas ficar observando de camarote, sem nada falar. Sasuke merecia isso por estar fazendo tais gracejos.

[...]

Tinha quase certeza que se seus olhos tivessem o poder de matar, aquele teria sido o momento perfeito. Olhava com raiva para o irmão de Itachi, que tinha acabado de repreendê-los praticamente com as mesmas palavras que a pouco havia usado. Mas, não era isso que lhe dava raiva, mas sim seu sorriso presunçoso. Estava morrendo de vontade te arrancá-lo da face a tapas. Mas, acabou por optar em respirar fundo e desviar o olhar. No momento, era mais importante cuidar de seu irmão, por isso, deveria ignorá-lo. Só não sabia se iria conseguir fazer isso por muito tempo.

Inspirou mais profundamente, fechando por breves segundos os olhos, tentando manter o foco no que era mais importante, os abrindo novamente.

Fitou Naruto a olhando em desafio, ainda agarrado as roupas ensopadas. A raiva voltou a borbulhar dentro de si. Tinha se esquecido no quão teimoso o irmão podia ser quando queria. Quase lhe desferiu um soco no rosto por isso. Sabia que um tapa seria muito pouco por tal rebeldia.

Começou a se questionar se os métodos maternos pudessem ter um pouco de efeito sobre ele. Talvez, se lhe lançasse um olhar mortífero semelhante ao da mãe, conseguisse algum resultado.

Bem, essa era uma ótima estratégia que não demorou a acatar. Não demorou a ver o rosto do irmão contrair e os olhos arregalarem com uma visão que ela quase tinha certeza, deveria ser tenebrosa.

-O que está fazendo? Parece até que é a mamãe que está me olhando com repreensão.

-Bem, e está funcionado? – Perguntou com esperanças, o olhando em expectativa.

-Um pouco.

-Não é o suficiente. – Falou desanimada, desistindo da tática. Talvez esse dom fosse único e exclusivo de Dona Kushina, e suas tentativas eram falhas.

Suspirou em desânimo, voltando a falar por enquanto que segurava na borda do casaco, tentando puxá-lo para cima.

- Por favor, Naruto, tire essa roupa. Ela está encharcada e o único jeito de conseguir se esquentar de forma apropriada é se retirá-las.

-Não vou fazer isso.

-Por que não? Se não o fizer vai ficar doente. – Ralhou, falando mais alto, na tentativa de persuadi-lo.

-É porque não quero que você me veja nu.

-Não seja idiota, não é como se eu nunca tivesse visto um homem nu. – Falou tranquilamente, sem se quer pensar nas palavras.

Acabou percebendo o que tinha dito quando o viu ficar assustado e os olhos tão arregalados, que quase caiam das órbitas.

-O que!? – A inquiriu de forma escandalosa, chamando a atenção de todos para si.

-Aconteceu alguma coisa? – Itachi perguntou se aproximando preocupado, no qual ela tratou de esticar a mão em sua direção, pedindo para que parasse.

-Não seja exagerado, Naruto. Esqueceu que sou enfermeira e que já cuidei de vários soldados feridos? E, até mesmo, tive que ajudar um ou outro a se trocar. Deveria saber disso, não precisa de tanto escândalo. – Falou o mais tranquilamente possível, pensando com cautela em cada palavra que proferia, apesar de estar sentindo suas bochechas esquentarem.

Só podia torcer para que a vermelhidão não ficasse tão evidente.

A última coisa que queria naquele momento era que seu irmão descobrisse sobre suas aventuras amorosas. Isso seria um desastre. Ainda mais se descobrisse que a pessoa em questão, que teria levado sua irmã para o mal caminho, estava bem do seu lado, olhando para eles sem entender o que acontecia. Ao ver a confusão estampada em sua face, lhe lançou um olhar amigável, pedindo com o olhar que se afastasse, pois, estava com tudo sobre controle.

-Mesmo assim, não quero.

-Naruto, você é meu irmão. – Disse mais severamente, o olhando com intensidade. – Deveria confiar em mim.

-Vê! Esse é o problema. Você é minha irmã. Não quero que me veja sem roupa.

-Como se isso nunca tivesse acontecido antes. Esqueceu que quando éramos pequenos costumávamos tomar banho juntos? Naruto Uzumaki, pare de agir como uma criança mimada, e faça o que estou dizendo agora. – Disse a mais séria possível, o repreendendo com firmeza.

-Caramba! - Ouviu Sasuke falando, o que fez com que lhe lançasse um olhar semelhante ao da mãe.

-Vocês dois fiquem quietos.

Sorriu internamente ao vê-lo engolir em seco, logo voltando ao irmão.

-Cansei de tentar bancar a sensata, se você não tirar essa roupa agora, eu é que vou tirar na porrada.

Finalmente, tais palavras pareceram surtir efeito no loiro, que com um medo estampado em sua face, começou a tirar com rapidez e vigor as roupas. Apenas se limitou a sorrir docemente em satisfação, olhando para os irmãos parados ao lado da mesa, que a olhavam com espanto. Que tivessem medo de si, antes melhor. Nunca foi um símbolo de fragilidade e delicadeza e não era agora que iria começar a ser.

Não demorou muito para Naruto ficar somente com as ceroulas, tremendo ainda mais de frio com a exposição da pele. O envolveu com o pano que estava no chão, colocando seu próprio casaco sobre seus ombros, para o esquentar ainda mais.

-Tire a cueca. – Disse por fim, estendendo a mão para que ele tirasse e a entregasse.

- O que? – A inqueriu fingindo desentendimento.

-Tire essa cueca agora. – Falou em um tom mais sério, que o fez agir de imediato, retirando a última peça que faltava.

Pegou as roupas que estavam jogadas ao seu lado, ainda o lançando um olhar de reprovação, logo se afastando e as estendendo no parapeito da janela para que pudessem secar.

-Você podia ser um pouco mais delicada. Nem parece mulher. – Ouviu o loiro reclamar, a fazendo o fuzilar com o olhar.

-Não sei porque está reclamando, você sabe que sempre fui assim.

-Pior que é verdade. – O viu murmurar mais para si mesmo.

-O que disse?

-Nada não. – Naruto se sobressaltou de imediato parecendo temer por mais uma leva de reprimendas.

-Apenas fique quieto e mantenha o casaco bem rente ao corpo.

-Tudo bem. Mas, ouvi dizer que conversar esquenta. Acho que isso pode me ajudar.

-Bem, não tenho argumentos contra isso. – Disse por fim, se sentando novamente em sua frente, ajeitando o casaco envolta de seu corpo.

-Então, quer dizer que você deu a louca e acabou vindo para cá? – A inquiriu com um olhar brincalhão, ansioso pela resposta que ele sabia ser nada educada.

-A louca? Me respeite, garoto. Só estava tentando te encontrar.

-Me encontrar?

-Sim, você desapareceu do nada. Seu nome foi parar em uma lista de desaparecidos do exército. Você acha mesmo que depois de descobrir isso eu iria ficar quieta? – Disse divertida, arqueando a sobrancelha em indagação.

-Como você teve acesso a essa lista? Eu sei que ela não é divulgada à população.

-Isso não interessa.

-Meu Deus, Tomito! Quem você matou!? – Ele falou divertido, achando graça da situação, mas tal comentário acabou por fazê-la sentir um forte aperto no peito.

-Você nem faz ideia. – Murmurou sem vontade, no qual o fez rir, visivelmente alheio a toda a situação.

Deveria estar achando que ela estava brincando, assim como ele. Preferiu deixar o assunto de lado. O contaria sobre o ocorrido um outro dia. Não estava com ânimo para fazer aquilo no momento. Assim, se limitando a sorrir de lado.

-E mamãe? Aposto que ficou doida quando soube do seu alistamento.

-Você nem faz ideia. Me deu um sermão que pareceu durar dias.

Naruto riu alto do comentário, fazendo gracejo do ocorrido. Sentiu seu coração se iluminar ao presenciar aquele sorriso que tanto amava. Temia nunca mais vê-lo, mas agora estava ali, e isso a enchia de alegria.

-Bem típico dela. E como ela está?

-Já faz algum tempo que tive notícias dela. Mas, na última carta que recebi, ela estava bem, apesar de estar morta de preocupação.

-Claro, normal. – Falou simplesmente, sorrindo. Mas, logo sua expressão mudou para horror. – Já imaginou se ela veio atrás da gente? Tenho certeza que ela seria bem capaz de fazer isso depois de não receber notícias suas.

-Isso realmente não seria de se espantar.

-Ah, meu Deus. Espero que não tenha mais nenhum Uzumaki perdido em terras francesas.

-Se isso for verdade, logo iremos nos encontrar. Nós sempre nos encontramos no final. – Falou com amor e carinho, acariciando seu rosto, na tentativa de tranquilizá-lo.

-Isso é verdade. Mas, e papai? Quando teve notícias dele?

Seu coração se apertou de imediato, como se uma mão invisível o esmagasse com força, fazendo uma dor surgir em seu peito. Temia por aquela pergunta, mas sabia que não iria demorar muito para acontecer e não podia fugir dela. Mas, não sabia se estava preparada para responder. Ainda sentia muita dor e tristeza e detestava se lembrar daqueles momentos de desespero e angústia que tinha passado ao lado da mãe quando recebera a notícia. De certa forma, tinha torcido para que Naruto já soubesse, para não ter que lhe contar. Não sabia como fazer e temia pela reação.

Engoliu em seco, desviando o olhar cabisbaixo, procurando apoio em Itachi, que os olhavam com apreensão, sabendo o que iria vir a seguir.

-Você está cansado. Acho melhor pararmos de conversar por agora, para que possa descansar. Na verdade, acho que todos estão cansados. – Falou rapidamente, tentando desconversar, se levantando e afastando.

-Concordo. Acho que devemos descansar. – Itachi falou rapidamente, vindo em seu socorro, chamando a atenção do irmão para si, que o olhou com desconfiança.

Infelizmente, Naruto não se deixou persuadir, continuando a encará-la com intensidade.

-O que está acontecendo? Porque desviou o olhar daquele jeito?

-Não desviei nada.

-Desviou sim. E, de qualquer forma, porque não responde à pergunta? – Seu nervosismo era palpável, tentando se levantar, mas ela o impediu, o empurrando de volta para o lugar.

-Não se levante.

-Então, me conte o que está acontecendo. Porque não quer me falar sobre o nosso pai? – Perguntava preocupado, e desconfiado. Com medo de descobrir a resposta.

Não conseguiu falar, sentia muita dor e tristeza.

Sentiu quando uma lágrima solitária acabou escapando de seu olho, percorrendo tranquilamente a pele de sua face. No mesmo instante, viu quando Naruto de fato compreendeu o que tinha acontecido, e a tristeza o invadir de imediato.

-Não! – O ouviu balbuciar, antes de se jogar em seus braços a apertando com força.

-Está tudo bem. – Falou em uma voz abafada, tentando conter o choro.

-Não está nada bem. Não consigo acreditar nisso. Quando que aconteceu?

-Foi em maio do ano passado. Era de tarde e dois oficiais levaram um comunicado em casa. Depois disso, só me lembro do choro e desespero e do outro dia estarmos em seu velório com um caixão lacrado. Só tinha uma foto dele, com o uniforme militar. – Narrou com dificuldade o que conseguia.

Não queria lhe dar os detalhes. Não queria compartilhar de todo o desespero da mãe e de seu próprio tormento.

-Meu Deus! – Ele balbuciou antes de começar a chorar como uma criança em seus braços. – Foi minha culpa.

-É claro que não.

-Sim, foi minha culpa, minha culpa. – Ele murmurava repetidamente as mesmas palavras, como em um mantra, tremendo com cada palavra pronunciada, a fazendo se sentir cada vez pior.

-Não foi sua culpa. Você não tem nada a ver com isso. Por favor, não se culpe. – Disse o mais firme que conseguia, na tentativa de convencê-lo.

Ele ficou quieto, mas, não sabia se suas palavras tinham surtido efeito ou se ele apenas tinha desistido de falar.

Isso só fez com que sentisse ainda mais dor e tristeza. Odiava o ver assim, tão frágil. Isso a dilacerava.

Desviou o olhar para seus expectadores que os observavam perdidos. Itachi tinha um olhar de pena e compressão, e Sasuke um olhar perdido, mas, de... tristeza? Ele realmente estava sentindo por isso? Talvez tivesse se enganado, apesar de ser possível ver seus olhos aturdidos, olhando para o irmão em busca de resposta.

-Vem, Sasuke. Vamos dar a eles um pouco de privacidade. – Itachi disse, indo em direção a saída.

-Mas... – O outro insistiu, mas parou de falar no mesmo instante ao ver a expressão séria do irmão.

-Conversamos lá de fora. – O mais velho disse por fim, saíndo, logo sendo seguido pelo outro, que saiu, mas não antes de lançar um último olhar de pura agonia.

Suspirou em desânimo, apertando ainda mais o irmão em seus braços. Aquele era o seu momento de luto e deveria permitir que o tivesse. Deveria deixar que extravasasse tudo o que estava sentindo. Era o seu momento de pesar. Mas, Tomito estaria ali, ao seu lado, para segurá-lo e não permitir que desmoronasse.


Notas Finais


Espero que tenham gostado 😁
Deixem sua opinião, para saber o que estão achando.
Gostaria de agradecer a @NanaNamikaze por ter me ajudado com esse capítulo. Você é d+.
Até o próximo!
Bye


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