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História Os Doze Grandes - Eu sei que vou acordar


Escrita por: Nah

Capítulo 2 - Eu sei que vou acordar


Tohru acordou, e a primeira coisa que notou foi que o mundo estava rodopiando. Demorou algum tempo para perceber que não estava em sua barraca ou no Colégio Kaiwaia, focalizando a vista com certa dificuldade. Aquele lugar lhe era vagamente familiar, mas não conseguia recordar-se de onde. Levantou-se, com uma das mãos na cabeça.

- Você acordou. – disse uma voz ao seu lado, satisfeita.

Alarmada, Tohru virou-se.

- Yuki Souma! O que está acontecendo? Onde estou?

- Está na residência dos Souma, segura por enquanto. – respondeu o rapaz, com um sorriso gentil.

Tohru resolveu não perguntar o que ele quisera dizer com “por enquanto”. Correu os olhos por todo o aposento, com o cenho franzido em concentração. Yuki acompanhou o olhar dela, imaginando o que estaria passando por sua cabeça.

- Por que me trouxe aqui, Yuki Souma?

- Pode me chamar de Yuki, se quiser.

- Ah, desculpe, Yuki Sou... Yuki. – Tohru sorriu. – É estranho chamar você assim sem conhecê-lo direito. Só que você não respondeu minha pergunta!

- Por enquanto não vou responder. – ele disse, ignorando estoicamente o comentário dela sobre não conhecê-lo. – Você vai apenas descansar um pouco e, quando se estiver sentindo apta ficará sabendo. Se precisar de qualquer coisa, basta tocar esta sineta que eu venho atendê-la. Não hesite em chamar para qualquer coisa, mesmo que lhe pareça irrelevante, está bem?

Ela assentiu brevemente, os grandes olhos azuis fixos com curiosidade no rapaz.

- Por que isso, Yuki?

- Está tudo bem. Desculpe por causar toda essa confusão a você, mas prometo que, assim que estiver tudo resolvido, você voltará a ter sua vida normal. Não se lembrará de absolutamente nada.

Tohru permaneceu em silêncio por um longo instante. Yuki levantou-se, dirigindo-se à porta, dando por encerrada a conversa.

- Yuki... – ela murmurou, por fim. Vendo que o rapaz parara para escutá-la, falou de um só fôlego – Eu já estive aqui antes, não foi? Eu já conheci você, digo, conheci-o melhor? Não consigo lembrar-me, contudo... Soa-me tão familiar. É o que você quer dizer com “não se lembrará de absolutamente nada”. Vocês já me fizeram esquecer uma vez. Não é?

Ele sorriu para ela, sem demonstrar exatamente o que sentia.

- Fico feliz em saber que você tem uma vaga lembrança de nós, mas, ao mesmo tempo, isso me descontenta, Tohru. Você deveria ter-se esquecido completamente.

- Por favor, diga o que está acontecendo! Por que minha memória foi apagada? Quem fez isso, você?

- Não! – Yuki pareceu revoltado com aquela idéia, seu corpo estremecendo de cólera. Percebendo então que assustava a garota, ele se acalmou. – Desculpe por isso. É que seu esquecimento foi uma medida drástica tomada por nenhum dos que moram nesta casa. Quando soubemos... Já havia acontecido.

- Quem o fez, então?

Yuki encarou-a nos olhos, e Tohru sentiu a intensidade daquele olhar de ametista. Um olhar carregado de mágoas.

- Melhor deixar isso para mais tarde. Posso sobrecarregar você, e não seria nada bom que você desistisse de tudo antes mesmo que lhe contemos. De qualquer modo, acho que foi a decisão mais acertada. Ficar conosco apenas avivaria seu sofrimento.

Tohru desviou os olhos. Por mais que ele não a quisesse confundir, era exatamente o que fazia.

- Então por que estou nesta casa novamente? – indagou. Aquele lugar lhe trazia sentimentos, não lembranças. Ela não tinha certeza de que gostava daquilo que sentia, uma vez que era agonizante sentir algo por um lugar que não conhecia. Ou de que não se lembrava.

- Ah... – Yuki fez uma pequena pausa. – Eu já disse, no seu devido tempo. Já falei demais, de qualquer forma. Descanse, Tohru. Todos dentro desta casa querem-na bem, e você estará mais segura aqui do que em sua barraca, por enquanto.

“Por enquanto, outra vez...” pensou Tohru.

Assim que Yuki se retirou, a garota levantou e pôs-se a vasculhar tudo. Quanto mais pudesse descobrir sobre aquela casa, maior era a chance de que se lembrasse dela. Precisava urgentemente saber o motivo pelo qual fora cloroformizada daquela forma e seqüestrada.

O quarto, no entanto, estava livre de quaisquer pistas. Frustrada por não conseguir encontrar nada que pudesse ser aproveitado, Tohru suspirou. Sentou-se na pequena cama e apoiou a cabeça entre as mãos, pensativa. Não era possível que se tivesse esquecido de tudo, algo deveria estar dentro de sua mente, perdido em algum lugar.

- Havia outro rapaz também. – murmurou consigo mesma. – Se eu ao menos pudesse lembrar o nome dele...

- Kyo!

Tohru piscou aturdida. Olhou para os lados, mas ninguém estava no quarto.

- Kyo! – repetiu-se o grito.

Ela reconheceu a voz de Yuki e correu para a janela. Não havia visto ninguém antes, mas agora Yuki Souma era perfeitamente visto no lado de fora da casa, discutindo com alguém que ela não conseguia enxergar.

- Kyo, eu não vou procurar por você. Se estiver novamente nesse maldito telhado, saiba que eu não vou atrás de você! Está me ouvindo? Kyo!

- Deixe para lá, Yuki. – falou um homem alto de voz macia, pondo uma mão no ombro do rapaz. – Ele descerá quando melhor lhe convier. Ou quando a fome apertar, o que vier primeiro.Vamos entrar e deixá-lo a sós com seus pensamentos, está bem?

- Aquele idiota resolve perambular justo agora. – resmungou Yuki, voltando-se para Shigure. – Se ele estiver pensando em contar para Tohru sozinho, teremos espetinho de gato para a janta.

- Ele não vai contar. – ponderou Shigure.

- Espero que você esteja certo. Não duvido de nada que venha dele.

Tohru observava silenciosamente, absorvendo as informações aos poucos. Por algum motivo, a associação de Kyo a um espetinho de gato soara terrivelmente adequada. Ela não sabia dizer o motivo, uma vez que supunha que Kyo fosse uma pessoa.

- Tohru-san.

A garota teve um sobressalto e quase pulou da janela. Virou-se para trás, vendo apenas um gato grande e muito laranja.

- Gatinho – ela sorriu, suspirando aliviada. – Foi só você... Por um instante eu pensei ter escutado...

- Eu falando?

A garota piscou compulsivamente, ficando por um segundo sem reação. No segundo seguinte estava eufórica, o que geralmente não é a reação de quem vê um gato falante.

- Você fala! Você fala! É um gato falante. Você é Kyo, não é?

O mais estranho não foi que o gato pareceu então sorrir, mas sim que ele sorria com muito cinismo. Ela nunca imaginara que um gato poderia ser cínico.

- Pelo visto você não se lembra de nada. Yuki está certo, como sempre. – ele murmurou, o desprezo em sua voz claramente perceptível. – Vou deixar você descansar, então mais tarde Shigure vai contar a você. É melhor do que me deixar falar agora.

- Não! Conte, por favor. – ela implorou, ajoelhando-se para ficar na altura do bichano. – Yuki não quer contar o motivo pelo qual fui arrastada que nem um saco de batatas para cá ou por que perdi minha memória. Pode ser que vocês achem que isso seja melhor para mim, mas não é! Estou enlouquecendo! Eu sei onde estou, mas não sei onde estou.

- Isso não fez o menor sentido. – Kyo retrucou, com um gesto que pareceu um arqueio de sobrancelha. Um gato arqueando a sobrancelha. Tohru imaginou se estaria sonhando.

- Eu sei que não... – ela deu um muxoxo. – Eu não faço sentido.

- E esse é um dos motivos pelo qual mais gosto de você, nunca faz sentido, mas sempre diz a coisa certa. Tenho que ir, Tohru-san.

- Não vá...

- Acredite, você não quer que eu fique.

- Quero sim! – ela protestou.

- Quando eu voltar à minha forma original, estarei nu. Vou-me embora antes que isso ocorra, está bem? Mas não se preocupe, veremo-nos em breve.

E foi embora, antes que ela pudesse dizer qualquer coisa mais. Tohru franziu o cenho, afastando-se da janela e voltando à sua cama.

- Então ele é um garoto que se transforma em gato? Estranho...

- Pelo visto o Kyo esteve aqui. – disse um homem alto, com um sorriso esfíngico, aparentemente surgido do nada e recostando-se preguiçosamente na porta. Tohru o reconheceu como o homem que ainda há pouco falava com Yuki.

- Sim. – ela concordou, lacônica.

- Eu sou Shigure Souma. Você provavelmente não se lembra de mim.

Tohru negou com a cabeça.

- Imaginei. – ele se aproximou da garota, sentando-se ao seu lado. Reparando melhor, ela notou que ele tinha o semblante carregado. Estava preocupado com alguma coisa, assim como os outros dois. – Yuki vai discordar veementemente de mim, mas eu acho que é hora de saber por que a trouxemos, depois de tudo.

- Depois de tudo o quê?

Shigure deu um longo suspiro.

- Pelo visto vou ter que contar desde o início... – ele parou um instante para organizar as idéias. – A família Souma está sob uma maldição. Quando somos abraçados pelo sexo oposto, transformamo-nos em um dos doze animais do Zodíaco chinês.

Tohru arregalou os olhos.

- Mas... O gato não é do zodíaco chinês. E o Kyo é um gato. – ela retrucou, hesitante. Tinha uma paixão por gatos, desde que sua mãe lhe contara que o gato fora enganado pelo rato, não podendo então fazer parte do zodíaco.

- Está certa. O gato foi deixado de fora do zodíaco, de modo que Kyo é rejeitado pela família. Ele e Yuki nunca se deram bem, e acho que nunca se darão, uma vez que Yuki é o rato.

- Yuki também? Ele é o rato? – ela ecoou inutilmente.

- Sim. Então, há mais ou menos dois anos, trouxemo-la para viver conosco, nesta residência Souma. Por isso ela lhe é familiar. Esperávamos que você não descobrisse nosso segredo nunca, mas não deu dez minutos e já estávamos todos transformados em animais.

Tohru enrubesceu.

- Hum... Desculpa?

- Ora, deixe para lá. – Shigure riu dela gostosamente. – De qualquer modo, você continuou a morar conosco, guardando nosso segredo. Mas Akito, chefe da nossa família, não gostou que você soubesse. Então ele tentou nos persuadir a fazer você esquecer tudo. Claro que Yuki e Kyo discordaram, além dos outros membros da família, que já estavam por demais apegados a você para que você os esquecesse.

- Então... o que houve? – ela indagou, ignorando a parte de “os outros membros da família”.

- Akito fez pessoalmente com que você esquecesse. Isso foi depois do... Hum, deixe para lá, esse ínfimo detalhe eu conto depois. De qualquer modo, agora precisamos de você. O nosso segredo foi descoberto por uma pessoa que desconhecemos; e ela o divulgará por toda a mídia.

- Para quê?

- Vingança. Aparentemente, ela e Akito-san se desentenderam. Ele não fala sobre isso. Só que a família toda está correndo risco por causa deles, então nós três estamos tentando consertar essa situação. Tenho uma idéia de como fazê-lo, mas vamos precisar de você.

Tohru franziu o cenho.

- Por quê? Eu não tenho nenhuma habilidade relevante, sinceramente. Sou até meio tonta, fiquei em recuperação em algumas matérias, apesar de ter prometido à Kaa-san que este ano eu passaria nos exames. Não sei de ninguém que precisaria de mim. – ela sorriu um pouco melancolicamente.

Shigure sorriu novamente.

- É porque...

- Shigure Souma!

Ambos se viraram para trás. Yuki e Kyo – em sua forma humana e devidamente vestido – encaravam o mais velho dos Souma com olhares venenosos e assassinos.

- Você contou a ela? Seu idiota, nós não íamos contar mais tarde? – gritou Kyo, bufando e agarrando Shigure pela camisa. – E toda aquela história de “não ouse dizer a ela agora, senão, coitadinha, ela vai ficar mais confusa ainda”?!

Shigure deu de ombros.

- Aquilo valia apenas para você. Eu conto quando bem entender.

Yuki voltou os olhos para Tohru, ignorando a ira do ruivo.

- E ela entendeu tão facilmente? Você compreendeu, Tohru-san?

A garota sorriu docemente.

- Não exatamente, mas isso não tem importância. Afinal, daqui a alguns minutos, vou acordar e descobrir que foi tudo um sonho! Meio doido demais para ser verdade, além do que, eu sempre tenho sonhos malucos. Aliás, acho que amanhã é meu dia de folga no Colégio. Eu deveria ter preparado o almoço... Vou ter que almoçar na rua, mas acho que estou sem dinheiro. Talvez eu almoce com a Uo-chan.

Os três rapazes entreolharam-se.

- Talvez seja mais difícil do que imaginamos. – murmurou Shigure, com um sorriso animado. – De qualquer modo, Tohru-san, seja oficialmente bem-vinda à Residência Souma!

Notas Finais


Esse capítulo não está tão interessante, mas isso é porque ele é a introdução para o próximo ;) Além disso, é um resumo (devidamente deformado e modificado xD) do animê.

O três está pronto, só falta revisar. Está muito mais emocionante e revelador... xD

Nah.


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