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História Os Doze Grandes - A morte de Shigure


Escrita por: Nah

Capítulo 5 - A morte de Shigure


- Temos que encontrar Motoko Watanabe – anunciou Yuki, sentando-se de frente para o laptop disposto na sala de jantar e ligando-o. – Não há muito tempo restante.

- Tempo restante para o quê? – Tohru franziu o cenho, um pouco confusa. – Ela estipulou algum prazo?

- Acho que não havíamos mencionado isso a você – explicou Shigure, com um sorriso complacente. – Com toda a confusão de Akito, há algumas horas. Lembra-se de que Motoko me havia levado ao seu laboratório, para fazer experiências com o meu DNA e implantou um chip em mim?

- Lembro. – ela respondeu, contendo um soluço. Recordava-se vagamente de alguma coisa relacionada a bombas de potássio.

- Ela disse que, se eu não coletasse o material genético de todos os Souma até as cinco horas da tarde de hoje, o dispositivo seria acionado. Então eu morrerei.

- Cinco horas! – Tohru levou as mãos à boca, apavorada. – Que horas são agora?

- Duas da tarde – informou Yuki, concentrado, digitando alguma coisa no computador.

Kyo entrou pela janela, sentando-se no parapeito e folheando alguma coisa. Ignorava completamente a presença dos outros três, e os dois Souma ignoravam-no também.

- Kyo-kun – saudou Tohru, sorrindo. – O que você está lendo?

- Nada interessante, Tohru. Apenas umas informações que encontrei na biblioteca a respeito dessa Watanabe.

A garota aproximou-se dele, arregalando os grandes orbes azuis.

- Mesmo? E o que diz?

- Fala dos lugares onde ela estudou, onde ela trabalhou também. Tem uma lista de prêmios ganhos, além de invenções patenteadas.

- Tem foto dela?

Kyo desviou os olhos das folhas, mirando Tohru com curiosidade.

- Para que você quer a foto dela?

Tohru respondeu com um chacoalhar de ombros. O rapaz sorriu para ela, procurando, dentre as várias páginas, alguma que contivesse uma foto. Franziu o cenho, visivelmente consternado.

- E então, achou?

- Não, não achei – respondeu Kyo, um pouco rápido demais. Sua fronte estava séria, tentando disfarçar a preocupação. Yuki e Shigure perceberam sua inquietação, volvendo-lhe os olhos com ar de interrogação. – O que foi?

- Deixe-me ver essas folhas. – anunciou Yuki.

Shigure começou a suar frio.

- Não, Yuki! Kyo, rasgue essas malditas folhas!

Obedecendo a Shigure sem questionar, Kyo rasgou rapidamente a página que continha a foto de Motoko Watanabe. Yuki lançou a eles um olhar furioso.

- O que está acontecendo aqui?

- Yuki, Tohru... por favor, compreendam. Não vejam as fotos dessa mulher, por enquanto, ao menos. Pode ser? Dão-me esse voto de confiança?

- Temos escolha? – resmungou Yuki Souma, aborrecido. Voltou-se para o computador. – Kyo, você ao menos conseguiu encontrar o endereço dela?

- Não tem nada aqui.

- E na folha que você triturou?

- Não havia nada.

Frustrado, Yuki voltou a fazer suas próprias pesquisas, começando a ficar impaciente. Tohru, sentindo-se um tanto inútil no meio dos três Soumas, concentrados em suas investigações, retirou-se, procurando na pequena biblioteca da casa alguma coisa que pudesse ajudar.

Encontrou diversos títulos que a interessaram, empilhando-os em cima da mesa. Correu os olhos pelos livros que havia conseguido: Uma história da genética, de Mark Ambhill, Grandes nomes das ciências biomédicas, de Eloise Frederich, O futuro da ciência, de Gregório Xavier, dentre outros. Sentou-se diante da mesa, começando pelo de Ambhill.

Em menos de meia hora, estava dormindo.

- Temos de fazer alguma coisa antes das cinco horas – disse Kyo, quebrando silêncio da sala. Começava a ficar muito irrequieto com essa história. – Tentar localizar o chip ou algo assim.

- É um nano chip – devolveu Yuki, lançando a ele um olhar assassino. – Você acha que já não tentamos? Acha que não pensamos nisso, é? Perdemos a conta de quantas cirurgias Shigure fez, de quantos Raios-X passaram por seu esqueleto, de quantos médicos visitamos!

- Mesmo assim – insitiu Kyo. – Se forem jogadas bombas de potássio, ele morrerá por desequilíbrio em seu sistema nervoso, não é? Não seria então adequado pensar que, jogando bombas de sódio, seu sistema ficaria equilibrado?

- Ah, claro. Vamos acabar com Shigure de uma vez, poupando Motoko Watanabe desse trabalho! Está maluco, Kyo? Injetar sódio em Shigure? – Yuki respirou fundo, acalmando-se. – Sua idéia faz algum sentido. Mas não é possível considerá-la. Como saberemos qual a quantidade exata de sódio a injetar? E quando? O potássio age rápido demais. Antes que pudéssemos atingir alguma veia de Shigure, ele estaria morto!

Kyo mordeu os lábios, irritado. Não estava acostumado a ficar daquela forma, atado. Não havia nada que pudessem fazer? Ficariam sentados esperando a morte chegar?

- Ligue para Motoko. Diga a ela que conseguiu os códigos genéticos e que vai mandar a ela. Ganhe tempo.

- Impossível, Kyo. – Shigure deu um sorriso agradável a ele, como se estivesse completamente alheio ao fato de que sua morte estava aproximando-se. – Acha que já não tentei? Tudo o que consegui foi diminuir meu prazo. Originalmente, ele se estendia até a semana que vem.

- Porcaria! E por que chamamos Tohru só agora? Se ela pude mesmo ajudar, teríamos de ter chamado ela antes!

Ambos ergueram para ele um olhar enigmático. Kyo demorou alguns segundos para compreender seu significado.

- Ela não pode ajudar – explicitou.

- Não. Ela não pode. Ela apenas está sob nossa proteção. Motoko sabe muito mais do que parece, Kyo. O que poderia Tohru fazer para impedi-la? Ela está aqui apenas para que possamos descobrir se é mesmo a próxima herdeira ou não. Nada mais.

- Então por que a chamamos agora? Por que não chamá-la depois das cinco horas de hoje, quando tudo estiver terminado?

Shigure Souma continuava a sorrir, a tristeza resplandecendo em seus olhos escuros e amendoados.

- Porque eu queria vê-la uma última vez.

Kyo permaneceu em silêncio por alguns instantes. Maneou a cabeça, consentindo. Afinal, teria feito a mesma coisa.

- Onde está Tohru? – interrompeu Yuki.

- Deve estar na biblioteca.

- Peça para ela vir aqui, Kyo. Queremo-la perto de nós.

Kyo assentiu, saindo do parapeito da janela e indo à procura de Tohru Honda. Ela estava realmente na biblioteca, sua cabeça repousada em cima de um dos livros que separara. Sua respiração compassada indicava que estava adormecida.

- Tohru – chamou Kyo, mansamente tocando seu ombro.

A menina acordou de súbito, arregalando os olhos e começando a arquejar. Olhou para Kyo, seus olhos transmitindo uma tristeza imensa.

- Eu sonhei com uma mulher, Kyo. Sonhei com uma mulher vestida de branco, num laboratório. Acha que era ela?

- Depende. Como era essa mulher?

Tohru mordeu os lábios nervosamente, remexendo as mãos. Desviou o olhar, concentrando-se em regular sua respiração.

- Ela era idêntica a mim.

Kyo sentiu um nó em sua garganta. Era a mesma mulher que vira em sua pesquisa, então. Shigure tivera um motivo muito forte para não querer mostrá-la a Tohru; afinal, como reagiria a pequena ao saber que a mulher que estava destruindo os Souma era tão parecida com ela? Seria difícil matá-la. Para qualquer Souma.

- Que horas são? – indagou Tohru, piscando compulsivamente. – Por quanto tempo dormi?

O rapaz franziu o cenho; havia muito tempo que não consultava o relógio. Olhou de relance para o pulso, empalidecendo.

- São... dez para as cinco.

Tohru soltou um grito. Outro grito foi ouvido simultaneamente do andar de baixo, onde estavam Yuki e Shigure. Pálidos, ambos desceram as escadas, tropeçando muito.

Shigure jazia morto no chão. Yuki, sentado a um metro de distância do corpo, tinha o rosto enterrado nas mãos brancas.

- Faltavam dez minutos! Faltavam dez minutos! – berrou Kyo, adiantando-se para o corpo, inutilmente chacoalhando-o. – Acorde, seu desgraçado, ainda faltam dez minutos!

Yuki ergueu o rosto, enxugando as lágrimas teimosas.

- Seu relógio está errado, Kyo. São cinco horas em ponto.

Ambos se viraram para encarar Tohru, que mirava fixamente o corpo de Shigure, as lágrimas escorrendo-lhe pelo rosto lívido.

- Tohru-san. – murmurou Yuki. – Temos de descobrir se você é o próximo Cão.

A menina voltou-se para ele, assentindo lentamente. O rapaz levantou-se, caminhando na direção de Tohru.

Yuki abraçou a garota, sentido pela primeira vez, em muitos anos, o calor de seu corpo.

Ele não se havia transformado em rato. Isso era apenas possível se Tohru também tivesse a maldição.

Kyo não conteve um sorriso, apesar de tudo.

- Seja novamente bem-vinda à família. Acho que agora você é Tohru Souma outra vez.


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