1. Spirit Fanfics >
  2. Os Escolhidos da Luz >
  3. Capítulo 20. Primeira Aula: Uma verdade não contada

História Os Escolhidos da Luz - Capítulo 20. Primeira Aula: Uma verdade não contada


Escrita por: ritinha1500

Notas do Autor


Olá pessoal. Mais um capitulo, boa leitura.

Capítulo 21 - Capítulo 20. Primeira Aula: Uma verdade não contada


Fanfic / Fanfiction Os Escolhidos da Luz - Capítulo 20. Primeira Aula: Uma verdade não contada

Tinha perdido metade do fôlego enquanto era arrastada por corredores e mais corredores.

- Acel será que pode parar? - Implorei porque tinha certeza que meus pulmões estavam entrando em colapso.

Mas fui ignorada e depois de mais uns três corredores saímos para o ar livre do campo o que praticamente me renovou no mesmo instante que senti os ventos tocarem meu rosto. A lua brilhava em seu esplendor iluminando tudo ao redor.

- Onde estava com a cabeça? - Indagou finalmente me soltando e fixando seus olhos frios em mim - Tem noção do perigo que se colocou? Aqueles garotos estão há mais tempo que você, conhecem mais coisas que você e são mais fortes também. Aquele soco teria de machucado muito, será que entende a gravidade do que poderia ter acontecido? - Seu rosto transmitia puro ódio e eu sabia que qualquer resposta errada ele perderia o controle.

- Acel - Tentei com o máximo de esforço esconder o tremor em minha voz - Eu não podia deixar que aqueles idiotas machucassem a Viola, estavam humilhando ela e ninguém fazia nada.

- E daí Celina? Ela é de uma linhagem desonrada e a menos que se case com alguém de posição acima, aquilo sempre acontecerá a ela.

- Não é porque uma coisa sempre acontece que seja certo que aconteça.

- É, mas as coisas são assim e você terá que se acostumar com elas.

Enfim um pensamento clareou em minha cabeça e mandei toda calma ir catar coquinhos deixando a raiva assumir o controle.

- Você estava lá e não ajudou ela.

- O que?

- Sim, só entrou na confusão porque sua noiva estava lá - O acusei percebendo o quando sua atitude me chateava - Mas se eu não estivesse lá, você não teria movido um músculo para ajudá-la - Não tinha sido uma pergunta e sim uma afirmação. Uma afirmação dolorosa.

- Realmente você não me conhece - Rebateu deixando transparecer o quando aquilo o magoava - Estar ficando tarde melhor você voltar para o seu quarto, amanhã começa seu treinamento.

- É só isso? - Exclamei - Não vai se defender?

- Acho que isso seria uma perda de tempo. Você já formou sua ideia sobre mim, do que adianta?

Queria lhe dizer que adiantava que eu precisava daquela explicação tanto como precisava do ar para respirar. Mas uma pequena parte de mim sabia que ele estava certo, então o deixei e aquilo foi pior do que um soco na cara.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Entrei no quarto vazio. As outras ainda não tinham voltado o que queria dizer que ainda estavam no refeitório jantando, algo que percebi não ter feito, mas naquele momento eu não sentia nenhuma fome. Na verdade não sentia nada. Eu tinha discutido com Acel, não o abracei, não perguntei o motivo de não ter me contado sobre que seria meu treinador, não lhe dei mais um beijo que tanto quis desde que o tinha visto de manhã.

Mas não conseguia calar as questões do meu coração: será que eu o conhecia ou pelo o menos estava conhecendo? Queria mesmo conhecê-lo de verdade? Ou o personagem inventado pela minha cabeça, de que ele era perfeito, era tão atraente que tinha medo de que a verdade o destruísse?

- Você estar ai - Disse Holanda entrando no quarto - Que confusão foi aquela lá embaixo? Fiquei de boca caída, principalmente quando aquele gato entrou para salva-la. Olha o "gato" é com todo respeito porque ele vai ser nosso treinador e é seu noivo.

- Tudo bem - Respondi me deitando - Ele é muito bonito mesmo.

- Sim e você é uma garota sortuda. Sabe, nós somos da linhagem baixa e mesmo que não seja o pior nível, ainda não é o mar de rosas. E você tem a chance de subir até o topo garota, deveria levantar as mãos pro céu e agradecer mil vezes.

- Olha Holanda se você não se importar quero dormir um pouco. Acho que estou começando a ficar com dor de cabeça.

- Tudo bem, durma bem e tenha bons sonhos.

Agradecer mil vezes? Mais pelo o que?

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Meu despertador (que consegui salvar do fundo da mala) tocou às três e vinte. Levantei-me ansiosa e apreensiva para o primeiro dia de treinamento. Escovei os dentes, tomei um rápido banho (a água era mais gelada a noite) e me vesti sem querer pensar na discussão de ontem à noite. Iria focar no que era mais importante no momento: achar o meu dom da luz.

Quando retornei para o quarto minhas colegas já haviam despertado. Holanda foi ao banheiro no instante que sai, me deixando com Rebek que de alguma maneira já estava arrumada.

- Bom dia, o café da manhã é as quatro e é só permitido quarenta minutos - Informou juntando uma mochila e colocando nas costas - Eu já vou. Só uma coisa antes de eu sair: Não vou tratá-la diferente porque é noiva de um Lawford, tá legal?

- Beleza, eu não iria querer... - Mas ela nem esperou o resto da resposta batendo a porta ao sair.

Peguei o meu material (desconhecido) e desci após Holanda gritar que não precisava esperá-la. O refeitório no café da manhã era mais agitado do que no jantar com pessoas correndo e comendo rápido para não perder o horário de suas atividades. Peguei apenas um pedaço de bolo de cenoura e um copo de leite e fui me sentar na mesma mesa de ontem. Não demorou muito para Valéria e Robson se juntarem a mim.

- Ei como você estar? - Perguntou ela assim que engoliu seu mingau de aveia.

- Estou bem - Menti.

- Você praticamente é uma intocável agora, todos estão falando sobre o ocorrido de ontem.

- Porque ajudou ela? - Indagou Robson me encarando com um rosto sem expressão. O que estranhei já que isso era uma atitude bem rara da parte dele.

- E porque eu não ajudaria? Ela estava com problemas e precisava da minha ajuda, não dava para ficar olhando sem fazer nada.

- É o que a maioria das pessoas fazem.

- Mas eu não sou a maioria das pessoas.

Depois disso comemos em silêncio sem forças ou vontade de prolongar o assunto. Valéria verificou nossos horários: iriamos ter os três a mesma aula "História Guerreira".

- Só pelo nome vai ser cansativo - Ironizou Robson enquanto saíamos do refeitório rumo à sala de aula que ficava do outro lado da Academia.

Chegamos a tempo onde alguns dos alunos iniciados já se encontravam estirados em cadeiras conversando o quanto estavam animados para massacrar monstros. Sentei nos fundos junto com Valéria e Robson sentindo mil olhos me acompanhando até minha cadeira. Com toda certeza o plano de ser invisível tinha virado pó.

- Bom dia alunos! Em suas cadeiras e bocas fechadas - Exigiu um homem alto e musculoso entrando carregando uma maleta preta. Parecia um dos homens de preto e torcia para que ele apagasse a memória que todo mundo tinha sobre mim até agora - Sou o mestre Vagonve e os ensinarei uma das matérias essenciais para a vida de qualquer guardião: História Guerreira.

- Até parece - Sussurrou um dos garotos que eu ainda não sabia o nome.

- Não entendi senhor... - Disse Sr. Vagonve apontado para o dono do comentário mostrando que sua audição era bem aguçada.

- Senhor Montês - Completou o idiota engolindo em seco.

- Senhor Montês porque não fala para todos nós o que quis dizer com o seu comentário.

O pobre do garoto olhou a sala inteira na esperança de algum milagre o pudesse salvar. Mas vendo que o mestre ainda o encarava, olhou para o chão e disse:

- Só acho senhor que aprender a lutar é mais essencial a um guardião do que qualquer coisa.

- Qual linhagem o senhor é?

- Média.

- Bom senhor Montês responda-me uma coisa: Você sabe quais são os monstros que você terá que lutar? Você sabe de onde surgiram eles? Suas fraquezas? As habilidades que terá que usar para derrotá-los?

- Não mestre.

- Então você percebe que se colocar a espada em suas mãos será a mesma coisa que dar a um macaco (Com perdão aos macacos pela comparação)?

- Acho que sim senhor.

- Ótimo, agora dobre sua língua dentro da boca e evite comentários sem autorização dentro de minha aula se não quiser saber os quais os castigos que aplico para engraçadinhos - Na mesma hora Montês obedeceu e tenho certeza que pela sua expressão quase tinha feito xixi nas calças.

- E isso vale para todos vocês - Informou o mestre apontando para a sala toda - Um mestre ensina e seus pupilos aprendem, não estamos aqui para criar rebeldes. Agora chega de papo, abram seus livros na página 13. Começaremos pela minha parte preferida: a origem da escuridão.

Troquei um olhar com Valéria que parecia muito mal como se fosse vomitar todo seu mingau de aveia. Mostrei-lhe um sorriso de encorajamento enquanto pegava o livro. Abri-o na página pretendida, desejando não demonstrar minha curiosidade. Finalmente iria aprender mais sobre o nosso povo.

- Sabemos que nossos antepassados ganharam os dons e a missão de proteger a Luz por serem corajosos em derrotar sozinhos forças tão sombrias. Mas como surgiram essas forças? Essa parte da história não foi permitida ser contada para os mais jovens antes que tivessem a idade certa para obterem esse conhecimento.

Toda sala ficou no absoluto silêncio. Parecia que todos estavam prendendo as respirações com medo de interrompê-lo com um mínimo barulho. Sempre achei que a história sobre nossa origem era perfeita e tola, mas nunca pensei realmente como tinham surgido esses monstros. O que fazia todo sentindo já que tinha que haver algum motivo para nossos antepassados serem obrigados a salvarem a todos.

- Isso poderá chocar muito de vocês, mas as forças do mal foram criadas pelos nossos antepassados. Sim, vocês não ouviram errado - Confirmou ao ver nossas expressões assombradas - Nossos antepassados cometeram erros inimagináveis. O que alimenta o lado sombrio, que temos a missão de derrotar, são os atos egoístas, as maldades e as atitudes cruéis. Mas o importante a destacar aqui é que eles concertaram seus erros por isso a Luz os escolheram para cuidar da sua proteção.

"Não" gritou a parte que eu tentava não ouvir. A Luz os escolheu, nos escolheu, para nos castigar pelos nossos atos, para nos punir e não nos presentear. Arriscamos nossas vidas e as vidas de quem amamos simplesmente por erros cometidos por outras pessoas. Aquilo não devia (Aquilo não era) certo.

- Sei que isso não era o que queriam ouvir e sei também, mesmo que não admitam, que muitos estão pensando o quando dito dessa maneira parece mais um castigo do que um presente. Acho que por isso não contamos a história completa as nossas crianças e adolescentes, por não terem a devida capacidade de entender. Claro que eu não espero que vocês compreendam tão facilmente, nem mesmo eu compreendi no primeiro momento. Mas peço que ao saírem dessa sala reflitam sobre essas questões: Será que eu tenho o direito de cometer os mesmos erros novamente? Saber sobre isso deixa o ato de salvar vidas menos altruístas? Conseguirei viver em paz comigo mesmo se eu não quiser salvá-las?

E por mais que eu quisesse refletir sobre aquelas questões só conseguia pensar que eu estava certa o tempo todo: minha vida era injusta.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- Não sei o que falar - Pronunciou Valéria enquanto seguíamos para o campo onde ocorreria nossa próxima aula - Meus pais já mais me contaram sobre isso, acho que me sinto um pouco...

- Traída - Completou Robson que caminhava olhando apenas para baixo ignorando os xingamentos daqueles em quem acabava trompando.

- É, acho que essa é a palavra perfeita que define - Concordou ela - O que você acha Céu?

Ignorei sua pergunta por que não tinha a capacidade para respondê-la. Meus pensamentos estavam embrulhados e sinceramente não sabia em que acreditar. Minha família arriscava suas vidas todos os dias por causa de um erro, Robson era obrigado a passar provações por causa de um erro, Ben quase perdeu a vida naquele ataque por causa de um erro, sou obrigada a viver praticamente exilada por causa de um erro, estou noiva de um completo estranho por causa de um erro e o pior de todos: Perdi minha irmã por causa de um erro.

- Simplesmente errado - Respondi assim que chegamos ao nosso destino - Simplesmente tudo isso é errado.


Notas Finais


Comentem!!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...