História Os Olhos de Hinata - Kurama

“Kurama” – Disse Naruto.

Killer Bee caminhava trancos e barrancos em direção as escadas. Naruto se virou em direção ao amigo e perguntou:

-Bee-No chan! O que faremos?

Bee se apoiou à parede e pensou por alguns instantes.

- Acho melhor nos livrarmos de todas as armas primeiro.

-E a policia?

- Esqueça a policia por enquanto. Eu vou... – Killer Bee apontou para as escadas – Preciso de ar fresco.

- Killer Bee! – Disse Naruto fortemente, surpreendendo Bee pela forma que ele lhe chamou – Ou colocamos fogo em todo o local, ou dissolvemos os corpos com soda caustica.

- O que? – Disse Bee chocado com as palavras de Naruto.

- Você me ouviu. Não podemos chamar a polícia senão nós dois seremos incriminados. E outra, eles iriam confiscar tudo que há aqui, inclusive nossos planos contra a Akatsuki. Não podemos abrir mão de nosso arsenal. E além do mais... – Naruto olhou o redor da sala – Só pode ter sido a Akatsuki que provocou a morte dos dois. Eles já sabem desse lugar. Não podemos mais ficar aqui.

Killer Bee analisou as opções, e tomou sua decisão:

- Faremos os dois. Me ajude a tirar tudo isso daqui. Farei umas ligações, e levaremos nossas coisas para outro lugar.

- Certo.

“Espere ai! Eu não disse nada disso.” – Afirmou Naruto.

“Eu falei.” – Disse Kurama.

Naruto piscou os olhos e balançou suas mãos. Ele sentia-se estranho. Sentia-se dissoluto, entorpecido; como se o chão fosse irreal; como se ar estivesse espesso e pesado; como se os sons do ambiento estivessem distantes, reverberando calmamente. Ele viu surgir do nada, uma pessoa agachada perto do corpo estático de Orochimaru; tocando no sangue e analisando com seus dedos. Ele se levantou e virou-se em direção a Naruto, exibindo seu sorriso intrigado. Naruto se assustou com o que viu. Ele era uma cópia perfeita de Naruto. Uma cópia espelhada, apenas com os olhos avermelhados com pupilas afiadas. Logo, como num suspiro, o ambiente voltou ao normal.

Killer Bee desceu as escadas e correu para fechar a porta onde estavam os corpos ao chão. Bee se aproximou do Uzumaki e estralou seus dedos perto do rosto dele.

- Naruto acorde! Temos trabalho a fazer.

O Uzumaki se assustou com Bee. Estava tão distraído e amedrontado com suas alucinações que quase tropeçou em seus próprios pés. Killer Bee enchia algumas caixas de munição, que recém foram abertas, e cerrava-as com fita crepe. Os dois organizaram o equipamento que estava intocado, e o que havia sido mexido. Havia muita coisa espalhada. Em poucos minutos de analise e deslocamento, Naruto e Bee perceberam que aquilo demandaria muito tempo. Eles precisavam de ajuda.

- Eu consegui um local para guardar tudo isso, mas não temos um veiculo grande. Vamos precisar fazer algumas viagens para conseguir transportar tudo. – Disse Bee.

- E os nossos amigos?

- Verdade. Vou ligar para eles.

Novamente, Bee correu escadas à cima.

“Você sabe que dia é hoje?” – Perguntou Kurama.

Naruto olhou para um calendário preso à parede. Sábado, dia 10.

- O que? Mas ontem não foi segunda? Eu visitei Hinata ontem.

“Você perdeu muito coisa enquanto esteve fora.”

Naruto não compreendia absolutamente nada. Havia a possibilidade de ele perder quatro dias num piscar de olhos?

“Deixa-me te mostrar”

Novamente aquela sensação. Sua cabeça pesava. Seus sentidos desapareciam. O reflexo de Naruto estava novamente, à sua frente. As paredes do local começaram a descascar. As cores perderam o foco, tornaram-se opacas. Naruto ouviu um urro em seus ouvidos e, instantaneamente, estava em seu quarto. O ambiente estava banhado pela mesma sensação entorpecente. Deitado à sua cama estava... Ele mesmo, encurvado e meio tapado com o cobertor – seu pé estava descoberto.

“Que diabos?” – Murmurou Naruto.

O despertador começou a tocar. Naruto esticou sua mão batendo com força nele. Ele se levantou da cama e lentamente, abriu os olhos.

“O que?”

Não era exatamente “O Naruto” que havia acordado naquela manhã e, sim, seu alter ego Kurama.

“Parece que minha mente conseguiu sobrepujar a sua.” – Disse Kurama.

De repente, o mundo a sua volta começou a passar aceleradamente. Naruto via tudo o que Kurama havia feito durante o tempo que ele esteve fora de si. O seu café da manhã, a sua ida até o colégio, a aula de química... Tudo o que Naruto fazia normalmente em seu dia. O Uzumaki percebeu que Kurama não atendia nenhuma das ligações de Hinata. Foram vinte e duas ligações dela. Kurama não interagia com ninguém. Evitava ao máximo o contato humano.

“Quem diria que exatamente naquele dia, nós receberíamos aquela ligação.” – Disse Kurama à mente de Naruto.

Um número desconhecido ligou exatamente, no horário de recreio.

- Hoje à noite às 22 horas. Em frente ao seu colégio. Colocaremos nosso plano contra Pain, em ação.

A mente de Naruto foi levada ao momento em que Kurama adentrava num carro de vidros fumes em frente ao colégio. Um dos homens de Tobi colocou um saco no rosto de Kurama, e depois o carro apareceu no esconderijo desconhecido de Tobi. As memórias passaram rapidamente. Naruto pôde ver a transformação para que ele pudesse passar-se por Pain. Seu cabelo foi levemente cortado, e pintado com spray laranja; duas lentes de contato para a cor dos olhos; um pouco de maquiagem para esbranquiçar o rosto e alguns piercings para finalizar as características de Pain.

- Não será necessário você ser exatamente como ele. Apenas basta se parecer. – Disse Tobi.

Kurama não disse nada. Não reagia, e nem demonstrava estar sentindo dor enquanto recebia os piercings pelo rosto. Permanecia fixo encarando o seu próprio reflexo se transformar em Pain.

Mais uma vez, a mente de Naruto transitou pelas memórias vividas por Kurama. Imagens fragmentadas do “suposto Pain” sabotando diversos estabelecimentos como: lojas de conveniência, lava jatos, lotéricas, todas as lojas que eram usadas como pontos de lavagem de dinheiro das quadrilhas e facções criminosas parceiras da Akatsuki. Isso era o necessário para que Pain recebesse um enorme prejuízo no dia seguinte, mas a cartada de mestre viria a seguir.

- Você já ouviu, alguma vez, o nome Madara? – Perguntou Tobi.

- Madara?

- É parece que nunca ouviu falar. – Tobi sacudiu a cabeça negativamente – Digamos que Madara é o nome mais temido entre nós. Ele é um “Rei” praticamente. O mais rico e mais poderoso, ele tem quase todas as gangues e facções em suas mãos.

- E o que isso tem a ver? – Perguntou esnobemente Kurama.

Tobi ficou analisando o desaforo do Uzumaki, sem saber que era Kurama quem estava falando.

- Se Pain criar inimizade com Madara, o seu fim será inevitável. Madara o caçara até no inferno.

- O que você tem em mente? – Perguntou Kurama.

- Estamos indo agora mesmo assassinar o irmãozinho do Madara.

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“Ontem à noite, uma série de atentados ocorreu durante a madrugada no principal prédio comercial das Empresas Susanoo. Pelo que parece, os responsáveis não estavam interessados em créditos ou qualquer fortuna. Porém, os estragos que eles causaram à empresa foi catastrófico. Eles destruíram dois terços do equipamento de tecnologia, e provocaram um incêndio que já foi contido pelo corpo de bombeiros. Mas a maior tragédia foi a morte do chefe de segurança do local – o irmão do dono das Empresas Susanoo, Madara. As câmeras captaram algumas imagens dos criminosos. Um deles podemos ver claramente – seu nome é Yahiko.”

Naruto/Kurama estava sentado ao sofá, retirando seu tênis enquanto ouvia o noticiário na televisão. Ele afagava seu rosto avermelhado pela retirada urgente dos piercings. Tsunade não estava em casa. Ela havia ido para o colégio. Naruto ficara fora de casa à madrugada toda e o começo da manhã. Isso iria causá-lo grandes problemas. Seu celular possuía dezenas de chamadas não atendidas de Tsunade e de Hinata. Naruto/Kurama evitava atender qualquer ligação. Ele seguiu até a pia do banheiro e começou a lavar suas mãos manchadas de sangue seco.

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Em poucos dias, Kurama havia tomado decisões que abalaram a vida tradicional de Naruto, apesar de levá-lo a cada vez mais perto de seu objetivo de vingança. Mas a que preço? Naruto/Kurama enchera sua mochila com peças de roupas. Estava determinado a aceitar uma pequena proposta. Uma proposta feita por Tobi após a morte do irmão de Madara.

- Eu quero que você me coloque em frente ao Pain. Quero ser o cara responsável por sua morte. – Disse Kurama.

- Claro Naruto. Mas você terá que fazer algo por mim antes.

- O que?

Naruto/Kurama se lembrava da conversa que teve com Tobi, com um sorriso sagaz ao rosto. A revolução estava para acontecer.

- Você terá que me entregar aquele traidor. – Disse Tobi.

Naruto/Kurama colocou a mochila nas costas, acendeu uma boca do fogão deixando gás escapar, e trancou todas as portas e janelas da casa. Em poucos minutos, o gás entraria em contato com algum eletrônico, e entraria em combustão rapidamente. Naruto/Kurama saiu da casa de Tsunade sem sequer olhar para trás. Por que Kurama estaria fazendo isso? Ao contrário de Naruto, sua segunda personalidade não se importava com os demais. Seus objetivos eram o que lhe fazia continuar em frente. Se isso lhe colocasse mais perto de Pain, então ele faria sem pensar duas vezes.

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- Aqui onde ele está?

- Sim.

A loja estava fechada há algumas horas. Naruto/Kurama conhecia muito bem o local. Facilitando o acesso, Tobi adentrou o local junto com Naruto apenas portando uma pistola com silenciadora. Os dois pararam em frente a porta do quarto de Orochimaru. Tobi não pensou duas vezes e abriu a porta com violência. Para sua surpresa, estavam Orochimaru e Kabuto juntos agarrados em gracejos de costas a parede.

- Tsc! – Resmungou Tobi ao ver a cena.

Tobi apenas apontou a arma para a cabeça de Orochimaru, acertando um disparo critico e, logo depois um disparo em Kabuto. Tobi guardou a arma e se virou para Naruto.

- Aguarde minha ligação.

Naruto/Kurama sorriu satisfeito. Estava um passo mais perto da sua vingança, e dois passos mais distante de sua vida.