História "Os opostos se atraem?" - Livro 2 - You

  - Ah, graças a Deus - falei ao me jogar na cama. Eram 22:00, eu havia passado doze horas no hospital fazendo dezenas e dezenas de cirurgia no estômago e esôfago. Estava exausta e havia acabado de tomar um banho. A única coisa que eu não queria fazer era levantar da cama pelo menos até o ano seguinte.

O telefone que estava na mesinha de cabeceira tocou. Quem será a essa hora?

- Alô?

- Melissa! - era meu pai.

- Oi, pai! - me sentei - Tudo bem?

- Tudo sim! E com você?

- O mesmo de sempre. Acabei de chegar em casa.

- Olha, a sua mãe está pensando em fazer um jantar na semana que vem, no aniversário da Bella. O que você acha?

- Bom, tudo para a festa já está encomendado... Vai ser naquele salão de festas aqui perto, sabe? Mas não consegui marcar no dia 10 de abril, no aniversário dela. Tive que marcar dia 12. Em um sábado.

- Era isso que sua mãe estava falando. Para não passar o aniversário dela em branco.

- Tudo bem. Pode ser aqui em casa, então. Mas acho que almoço é melhor.

- Por mim tudo bem.

- Okay. Dia 10 às 13:00?

- Ótimo. Ela mandou um beijo.

- Mande outro pra ela. Tchau, pai.

- Tchau, filha.

Desliguei o telefone e peguei um papel para fazer a lista de pessoas que não poderiam faltar para ter uma ideia de quantos salgados vou encomendar.

Eu, meus pais, Bella, Gabi, Giovanna, Vinícius, Alice, Erick e Lucas, Brunna e Nathan.

Coloquei o nome de Renato e em seguida risquei. Bella realmente odeia ele. Não tem sentido chamar para vir no aniversário dela.

Doze pessoas. Até que está bom para uma festinha em família.

Guardei o papel e não demorou um minuto para que eu pegasse no sono.

Acordei com meu celular tocando. Era um sábado, o dia que eu achei que teria para descansar até tarde.

- Alô?

- Não acredito que você ainda está dormindo! - Brunna gritou do outro lado da linha.

- Acabou de me deixar surda. O que foi?

- Lembra daquele dia que eu e o Nathan te chamamos para a sorveteria? Então, é hoje.

- O quê?! Que horas são?

- São 13:00, hora de você acordar. Eu liguei para o Erick e ele disse que você pode deixar a Bella lá sem problemas.

- Tá, tudo bem. Em meia hora eu tô pronta e vou. - suspirei.

- Se demorar, eu ligo de novo!

- Tchaaau, Bruh.

Desliguei e afundei nos travesseiros. Por que hoje?

- Mamãe, a tia Bruh mandou você levantar! - Bella disse entrando no quarto.

- Ela ligou no seu celular também?

- Ligou.

Rolei os olhos.

- Ta, vai se arrumar, porque você vai ficar na casa da Gabi. Ou prefere a casa da vovó?

- Gabi. - ela disse sem pensar e saiu do quarto.

~ Brunna~

Eu estava MUITO ansiosa. Mas nem eu nem Nathan éramos idiotas. Os dois não iriam conversar como se nada tivesse acontecido. Então, eu e Nathan bolamos uma ideia para que os dois sejam obrigados a conversar.

Tomara que dê tudo certo.

Ele me buscou em casa e nós fomos até a sorveteria. Falando assim, até parece que é um lugar simples, mas não. Era um prédio de dois andares cor de gelo todo revestido de vidro. A parte debaixo era a sorveteria e a parte de cima era onde a dona morava. Lá era possível encontrar tudo feito de sorvete. Além do tradicional, havia bolos, cupcakes, até lanches de sorvete.

Por isso eu adorava trabalhar aqui. Mas hoje era meu dia de folga.

- Nathan, eu vou enrolar a Rosária, e você arranca as placas dos dois banheiros e me trás a chave do feminino, ok?

- Ok.

Ele caminhou até o banheiro masculino enquanto eu entrei na cozinha.

- Rô! - falei.

- Olá, Bruh! O que está fazendo aqui? É seu dia de folga.

- Eu sei. Vim com o boy - pisquei e ela riu.

Rosária era uma mulher de meia idade, muito moderna e legal. Eu adorava ela.

Através da pequena tela que havia na parede, vi Nathan indo até o banheiro feminino e tirando a placa dele.

- Rô, se quiser, eu posso servir o pessoal que vier.

- Deixa disso, menina. E hoje talvez nem venha tanta gente. Todos estão no estádio vendo o jogo. Talvez tenha movimento depois das 18:00.

- Tudo bem então.

Saí de lá e me sentei em uma mesa junto com Nathan. Logo avistei Melissa chegando.

Era agora.

Como ela não havia me visto, me levantei, fui até a pilha de potinhos e peguei um. Coloquei um sorvete aleatório até o topo e muita muita muita calda de chocolate. Rosária apareceu para dizer que hoje era por conta da casa, sorriu e voltou para a cozinha.

Através da parede de vidro que separava a cozinha de onde estávamos, vi o reflexo de Melissa se aproximando e me virei com tudo, derrubando o sorvete na camiseta dela e boa parte da calda.

- Aí, merda! - falei - Desculpa!

- Que legal, minha camiseta nova. Vou te matar! - ela falou.

Claramente estava de mal humor. 1) eu a acordei. 2) acabei de derrubar sorvete em sua camiseta nova de propósito, mas ela não sabe dessa parte.

- Se não sair, eu compro outra - falei tentando segurar a risada.

- Se não sair, é bom você comprar outra cabeça porque a sua eu arranco! Onde é o banheiro?

- Ali - apontei para o banheiro feminino que agora estava sem placa. - Aquele outro está interditado. - apontei para o masculino.

- Tudo bem. - ela falou e foi até o banheiro feminino.

- Metade do plano feito - falei para Nathan - Agora vai e faz com o Gabriel exatamente o que eu fiz com a Melissa.

Nathan ligou para o Gabriel, e me disse que o amigo estava chegando, se levantou e colocou uma montanha de sorvete no pote, e o triplo de calda de chocolate que eu havia colocado.

- Ele vai me matar - Nathan riu.

- Ótimo, morremos nós dois então. Melissa está muito brava.

Ele riu e eu vi Gabriel chegando. Quando o vi pessoalmente, entendi completamente o por que de Melissa ter engravidado.

Meu. Deus.

- Você deve ser a Brunna - ele disse e me cumprimentou.

- Sim. Olá. - falei.

- Oi, Nathan - ele disse e Nathan se virou, mas derrubou o sorvete em sua blusa. - Aí, cara!

- Nossa, mano, desculpa!

- Não, relaxa. Onde é o banheiro?

- Ali - apontei para o banheiro feminino - O outro está interditado.

- Ok.

~Melissa~

Eu vou MATAR a Brunna! Já fazia mais de dez minutos que eu estava naquele banheiro mas só estava piorando a situação. Tirei a blusa do corpo para ver se eu conseguia ver melhor a mancha e nessa hora, ouço a porta abrir e alguém entrar.

Antes que eu pudesse gritar, paralisei. Era ele.

Ele arregalou os olhos e ambos olhamos para a porta quando ouvimos o som que indicava que ela estava sendo trancada por fora.