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História Os Opostos Se Atraem (Romance Lésbico) - Eu Não Sou Problema Seu


Escrita por: Nutlinha

Notas do Autor


Feliiiiz Nataaal!!!!!!
o(^^o)(o^^)o

Consegui chegar a tempo do Natal e trouxe um extra especial que não afetará na estória, ele é apenas um pequeno agrado de natal que trouxe para vocês :3

Boa leitura e aproveitem!!!!

Capítulo 4 - Eu Não Sou Problema Seu



Ponto de Vista Victoria Beckham


Uma pequena e irritante luz entrou pela janela do quarto atingindo o meu rosto. Tentei acordar mas não consegui abrir os olhos por causa da claridade. Minhas pálpebras pareciam estarem coladas umas nas outras. Porra quem foi que deixou a cortina aberta?


Protegi meus olhos do clarão. Senti braços abraçarem a minha cintura e sorri ao me lembrar da noite passada. Depois de ter bebido um pouco, resolvi passar o resto da noite com a minha morena. "Bom dia, amor". Desejei para Alexia. Meus olhos ainda estavam fechados devido a grande quantidade de luz que já clareava todo o quarto, mas ainda assim, pude sentir seu sorriso.


"Bom dia!!". Desejou ela sendo afetuosa. Alexia estava com uma voz diferente essa manhã, a morena deve ter ficado assim depois de tanto gemer ontem a noite.


Girei o meu corpo na cama, ficando por cima dela. Nossos corpos ainda estavam nús e quentes. Sorri ao sentir o quanto sua pela era suave debaixo da minha, além de ter um aroma muito bom. "Abre os olhos, amor". Ela segurou o meu rosto entre seus dedos macios e depositou um singelo beijo na ponta do meu nariz. O ato foi tão simples e puro que fez meu coração acelerar.


E com um sorriso no rosto, fiz o que ela pediu. Mesmo com a claridade, eu finalmente consegui abri-los e me deparei com dois olhos azuis me fitando com intensidade. "Angel?". A garota de cabelos castanhos sorriu para mim com ternura. "Oh porra!!!!"


Com o susto acabei me desiquilibrando da cama, e caí direto com a cara no chão. "Ai! Merda". Acho que quebrei meu nariz. Depois de sentir a dor do tombo minha ficha finalmente caiu.


EU HAVIA MESMO TRANSADO COM A ANGEL GRAY?


Meus olhos se arregalaram e em um único impulso me levantei do chão. "O que você está fazendo pelada na minha cama?!!!". Virei e me deparei com uma cama vazia e toda bagunçada. O lençól que uso para me cobrir estava enrolado em minhas pernas e meu pijama estava perfeitamente vestido em meu corpo. "Não acredito nisso!!". Em um ato de nervosismo passei a mão no cabelo, bagunçando os fios curtos. Eu havia mesmo sonhado com aquela caipira? Perguntei a mim mesma sem acreditar.


"Então, foi tudo um sonho. Certo?". Por precaução olhei debaixo da cama procurando algum sinal da garota do meu pesadelo. Felizmente não tinha nada além de roupas amontoadas e algumas caixas de pizzas. Fiquei aliviada depois de confirir que eu não havia feito nenhuma besteira. Nunca mais eu iria encher a cara desse jeito de novo. E foi com o meu nariz ainda latejando que fiz meu juramento.


Tenho certeza que isso aconteceu porque passei tempo demais com aquela garota ontem. "Que tormento". Alguns flashes do sonho vieram, e por impulso toquei a ponta do meu nariz. O beijo pareceu ter sido tão real. Senti um arrepio quando pensei nos olhos azuis me fitando. "Não viaja, mana". Expulsei qualquer pensamento que me levasse até aquele sonho maluco e fui direto para o banheiro tomar uma ducha de água fria.


Depois de conferir as horas e ver o quanto eu estava atrasada para as aulas, eu cheguei a conclusão de que Richard já estaria em algum bar, gastando o dinheiro que não tinhamos com bebidas.


Procurei pela chave do carro e não encontrei em canto algum do quarto. Pensei em onde eu poderia ter largado as chaves e me lembrei que deixei no bolso da jaqueta quando cheguei em casa ontem.


"Cadê aquela merda?". Depois de revirar todo o quarto, deixando ele ainda mais bagunçado, também não consegui encontrar a jaqueta. "Que maravilha!!". Ela só podia estar lá em baixo na sala. Quando me aproximei da escada escutei o meu pai falando com alguém pelo telefone. Normalmente eu ignoro os assuntos dele que não me diz respeitam, mas o jeito como ele estava muito irritado chamou a minha atenção.


"Você se esqueceu do nosso combinado?". Richard rosnava para o telefone. "Não se preocupe, eu ainda não fiz nada com ela". Seu tom de voz era intimidador como eu nunca havia visto antes. "Mas se você contar alguma coisa pra Victoria eu não vou mais ser bonzinho com a pirralha. Ouviu bem?". Eu travei no degrau da escada quando escutei ele falar o meu nome. "Considera-se avisada". Ele bateu o telefone no suporte do aparelho e caminhou até a cozinha para pegar uma cerveja na geladeira. Por reflexo acabei me escondendo para que ele não me visse ali.


Milhares de perguntas estavam rodeando a minha cabeça. Nada naquele curto espaço de tempo fazia sentido. O que era que eu não podia ficar sabendo? E para começo de conversa com quem ele estava conversando? Todas essas perguntas junto com a ressaca da noite anterior me causou ainda mais dor de cabeça.


Olhei na direção da cozinha, meu pai ainda estava abrindo a garrafa de cerveja. Desci os degraus fazendo o mínimo de barulho possível. Talvez se eu olhar o número na identificação de chamada, consigo descobrir quem foi que ligou.


Última chamada. "Aqui está". Anotei o número do telefone que apareceu no visor e guardei o papel no bolso rapidamente. Depois eu ligaria nele para descobrir com quem Richard estava conversando, ou melhor ameaçando. Eu precisava de respostas, e talvez essa pessoa possa me dar algumas.


"Resolveu ir pra escola?". Meu pai apareceu na porta da cozinha quando eu já estava alcançando a outra porta para sair de casa. Ele encostou no batente e tomou um gole generoso de cerveja, derrubando um pouco do líquido pela camiseta que já estava toda ensebada com sujeira e suor. Eu podia sentir de longe o fedor de suas roupas.


"Não enche!". Peguei a jaqueta que estava jogada no chão da sala. Richard riu, era aquele mesmo riso nojento de quando ele estava zombando de mim. Sem dizer uma única palavra para ele, eu saí. Por sorte a chave estava mesmo dentro do bolso da jaqueta e eu não precisaria voltar para procurar.


1 Nova Mensagem


Lexy: Porra Victoria por que você não me atende?


Suspirei ao ler a mensagem. Eu estava fodida. Com a agitação do dia de ontem, me esqueci completamente de ligar para Alexia. E para piorar deixei o celular no modo silêncioso.


Eu: estou chegando na escola


Respondi a mensagem de forma simples. A fera já estava irritada mesmo. Não adiantaria o quanto eu caprichasse numa boa desculpa, a morena continuaria querendo comer o meu fígado frito.


"Victoria Beckham". A Diretora Foucher surgiu atrás de mim no corredor dos armários, igualzinho o mestre dos magos.


"Está me vigiando agora?". Fechei a porta do meu armário e guardei no bolso o maço de cigarro que eu tinha pego do armário.


"Você está atrasasa". A velha Foucher falou o óbvio. Quando voltei a minha atenção para ela, acabei me surpreendendo com o quanto sua aparência estava abatida, parecendo que ela não dormia há dias.


"E cadê a novidade nisso?". Passei por ela, ignorando o fato de eu quase ter me importado com a velha. O que a diretora fazia na sua vida particular não tinha nada a ver comigo. E também eu não estava nem um pouco afim de conversar com ela. Não tinha nem condições para isso, a história do meu pai ainda estava martelando em minha cabeça. A única coisa da qual eu tinha vontade de fazer por ora, era fumar. "Se me der licença eu tenho aula pra assistir".


"Depois das aulas quero que vá até a minha sala. Temos um assunto importante para tratar". Seu tom estava tranquilo, o que de certa forma era um bom sinal. Não respondi nada e apenas segui o meu caminho até a sala que eu teria aula agora. Por sorte essa aula não era junto com a Angel.


Balancei a cabeça parando de pensar na caipira. Expulsando as lembranças proibidas do sonho que estavam para surgir. A última coisa que eu queria hoje, era esbarrar com a caip-...


"Ai!". Por causa da queda acabei batendo o joelho no chão. Pelo menos caí encima de algo macío. Mas espera! Esse 'Ai' não foi meu. Abri os olhos me deparando com a Angel que tinha uma expressão de dor em seu rosto.


"Ô boca". Pestanejei. Por sorte o corredor estava vazio, então ninguém havia visto esse mico.


Minhas mãos estavam apoiadas uma de cada lado do corpo da caipira, impedindo que eu depositasse todo o meu peso encima dela, e a machucasse ainda mais.


Por mais que eu a odiasse, não pude deixar de notar que ela tinha um corpo bem bonito, que ficava totalmente desvalorizado debaixo dos vestidos que ela usava.


Engoli a seco depois de observar bem a posição em que estávamos caídas. Ela era muito parecida com a posição do meu sonho. Depois de chegar nessa conclusão senti meu coração dar uma batida mais forte.


Angel levantou suas mãos. No sonho esse era o momento em que ela segurava o meu rosto para me beijar. Porra. Minhas mãos começaram a suar. Eu não entendia o motivo de tanto nervosismo de repente, e muito menos o porquê de eu estar agindo toda estranha desse jeito.


Por impulso meus olhos se fecharam, esperando… esperando o que exatamente?


"Sai de cima de mim". Angel foi rude quando me empurrou.


"Ai". Senti minha bunda doer quando caí ao seu lado. Esse foi um ótimo jeito de voltar para a realidade.


"Olha o que você fez!". Ela mostrou todos os seus livros e anotações que estavam espalhados pelo chão. Inclusive o seu óculos que por azar havia trincado uma das lentes. "Agora vou me atrasar ainda mais para a aula". Angel reclamou.


Por mais que o desastre tenha sido grande, ela ainda mantinha a calma em sua voz. Como era possível existir alguém desse jeito? Se fosse eu, teria logo metido um socão na fuça do infeliz para ele aprender a olhar por onde anda. Mas nem alterar o seu tom de voz ela fazia.


"Então quer dizer que a senhorita perfeitinha também se atrasou hoje?". Não podia deixar passar a oportunidade de zomba-la. Angel tinha a reputação de ter o melhor histórico escolar do Colégio Liberty. Sempre em primeiro lugar no ranking de melhores notas e nunca sendo chamada na sala da diretora. Geralmente esse era o motivo dos outros alunos atormentarem ela na escola, por ela ser perfeita em tudo.


"Por culpa sua!". Distraida, Angel soltou enquanto recolhia as folhas que estavam espalhadas.


"Minha culpa? O que eu fiz, se eu nem vi você até agora". Angel pareceu se ligar no que ela havia dito. De repente suas orelhas ficaram vermelhas e o seu rosto corado.


"N-Não é nada. Esquece". Ela balançou a cabeça enquanto soltava pequenos murmúrios que eu não consegui decifrar o que eram. Angel tinha mesmo ficado envergonhada, não era só minha imaginação. Claro que fiquei curiosa para saber o motivo, porque tinha algo a ver comigo.


"Ah! Qual é?". Me aproximei dela. Angel estava terminando de recolher os livro. "Vamos me conte!?". Ela sequer me deu atenção. Agora só faltava uma coisa para ela guardar, mas eu fui mais rápida e peguei o óculos dela.


"Me devolve, Victoria". Angel ordenou, mas ela ainda não conseguia olhar nos meus olhos, o que me deixou ainda mais intrigada e querendo saber o motivo dela ter ficado tão acanhada de repente.


"Só se você me contar o porquê da culpa do seu atrasso ser minha". Ela tentou tirar o objeto da minha mão, mas eu desviei. "Não, não". Sorri.


"Você é muito chata". Angel finalmente me encarou. Seus olhos azuis estavam raivosos, mas o rubor ainda continuava em suas bochechas.


"Você não vai me falar?". Dei uma última chance para ela decidir, se contava ou não.


"Não tenho nada para te falar". Determinada, Angel cruzou os braços. O que acabou realçando os seus seios. Num ato involuntário, os meus olhos foram diretamente para o local. Engoli a seco depois de concluir que eles eram de um tamanho médio, bem generosos.


Mémorias da minha pele desnuda em contato com os seus seios vieram em pequenos flashes na minha cabeça, arrepiando-me.


Que merda eu estava pensando?


Praguejei o fato de um simples sonho causar tantos estragos no meu emocional. Eu só podia estar ficando louca, reparando assim nas curvas dessa caipíra sem sal.


Pisquei algumas vezes voltando para a realidade. Angel estava com a sua típica expressão de quando eu a irritava. "A escolha foi sua". Sorri, deixando-a confusa e um tanto receosa quanto a minha decisão.


Guardei o óculos no bolso da jaqueta que eu usava, e pisquei para ela quando me levantei. "Vou guardar ele pra você. Vai que você esbarra em alguém de novo e acaba quebrando ele de vez". A cara de descrença que ela fez foi hilária.


"Isso é roubo". Disse por fim. Ela se levantou também, com todos os seus pertences de volta. Quer dizer, quase todos.


"Eu chamo isso de investimento". Sorri. As expressões faciais que ela fazia eram muito fofas e me deixavam com desejo de ver ainda mais dela.


"Você é uma imbecíl". Eu podia ver uma fumaça de irritação saindo pela sua cabeça. Por um momento tive vontade de gargalhar, mas eu consegui conter o impulso, mantendo o controle da situação tudo okay.


"Até mais!". Virei as costas para ela enquanto me despedia com um aceno. Dessa vez foi impossível evitar o sorriso. Acabei de descobrir que irritar ela é muito divertido. "Ah! E se eu fosse você, não demoraria muito a voltar para sala. O inspetor Willians é um cara muito chato. Você não vai curtir bater um papo com ele". Avisei.


Nunca imaginei que trombar com a caipira me faria algum bem. Por um momento eu esqueci de todos os meus problemas, até a vontade que eu estava de fumar passou.


Entrei na sala, o Professor Bornes nem ao menos se importou com o meu atraso. Contanto que eu não atrapalhasse a aula dele, eu podia chegar a hora que eu quisesse.


Senti um par de olhos queimarem a minha pele. Eu nem precisava olhar para saber que era a Alexia quem estava me fuzilando. Ignorei o mau humor da morena. Depois eu tentaria me acertar com ela, com calma.


Sentei na última carteira do fundo da sala e fiquei ali, ouvindo o professor continuar a aula dele. Todos os alunos estavam prestando a atenção, enquanto faziam suas anotações. Fiquei me perguntando como que eles conseguiam se conscentrar em uma aula tão chata de história americana. Entediada acabei tirando o óculos de Angel do bolso da jaqueta e o coloquei em cima da mesa para que eu pudesse ficar olhando para ele.


Por algum motivo senti vontade de sorrir ao ver o trincado na lente do óculos. Estranho. Não era nem no mínimo engraçado isso, então por que eu estava sorrindo?


Meus dedos percorreram pelo objeto com sutileza para não danificá-lo ainda mais. Essa armação combinava perfeitamente com o rosto dela, só é uma pena que a lente tenha se quebrado.


"Onde você arrumou esse óculos?". Evy perguntou me tirando do mundo da lua. No susto acabei guardando o objeto de volta no bolso.


"Lugar nenhum". Pigarreei, estabilizando os batimentos do meu coração. Evilyn levantou sua sobrancelha suspeitando de alguma coisa. Lancei um sorriso amarelo para ela que acabou aceitando a minha resposta - por ora - e voltou a prestar atenção na aula.


Deslizei pela cadeira, aliviada pela Evy não ter me interrogado por muito tempo. "O que deu em mim?". Bati em minha testa com a palma da mão, fazendo o meu cérebro voltar ao normal e parar de viajar em áreas restritas.



Ponto de Vista Angel Gray


"A senhora me chamou, Diretora?". Entrei na sala da Diretora Foucher com um pouco de receio. Eu estava com medo de levar, pela primeira vez, alguma bronca por eu ter me atrasado para a aula hoje.


"Pode entrar, Senhorita Gray". Assim eu fiz. "Sente-se, ainda estou esperando por outra pessoa". A diretora estava tão séria, o que me deixou apreensiva. Mas por outro lado aliviada, pois o assunto não diz respeito somente a mim, motivo esse que chamou ainda mais a minha atenção.


A Senhora Foucher era uma mulher de aparência jovial, levando em consideração o seu cargo. Eu chutaria que ela está no auge dos seus trinta anos. Cabelos negros que dava um ótimo contraste com sua pele branca. E por mais que a diretora tentasse disfarçar através de sua pose de mulher intocável, seus olhos me mostravam o quanto ela estava cansada. Talvez seu cansaço se desse por manter sua reputação de diretora rigorosa, deveria ser trabalhoso manter as aparências e os status no Colégio Liberty, ainda mais sendo uma autoridade com tamanha responsabilidade. Mas ainda era certo que alguma coisa estava perturbando a Diretora Foucher ao ponto de deixá-la com olheiras profundas, que foram parcialmente camufladas com maquiagem.


Mas o que poderia estar preocupando-a dessa maneira? Eu posso estar pensando demais ao tirar essas conclusões precipitadas, a diretora pode estar apenas cansada do ano letivo. Não deve ser nada fácil administrar um colégio sozinha.


O barulho das unhas da Sra. Foucher batendo sobre a mesa de forma impaciente me trouxe de volta para a realidade.


Resolvi deixar a vida pessoal da diretora de lado e voltar para a minha situação. Eu ainda não conseguia entender porquê ela queria conversar comigo tão repentinamente se não era para falar do meu atraso. E mais, junto com outra pessoa? Que eu saiba, eu não fiz nada de errado, muito menos me envolvi com alguém problemático.


Bem, isso estava correto em partes.


De qualquer forma as minhas respostas estavam prestes a serem respondidas. Então resolvi fazer o que ela me pediu. Sentei na poltrona que ficava de frente para sua mesa e aguardei pela outra pessoa.


Para passar o tempo, olhei em volta observando a sala. Nunca tinha ficado tanto tempo aqui dentro. O cômodo estava impecável, muito bem organizado e limpo. Apesar da decoração ser feita inteiriça de madeira maciça, dando um aspecto rústico ao ambiente, o local tinha um toque feminino bastante agradável aos olhos. Logo percebia-se que a diretora era uma mulher que gostava de trazer o conforto de sua casa para o ambiente de trabalho.


"Tá legal. Eu sei andar, falô. Pode tirar suas patas de cima mim!!!". Foi possível ouvir uma pequena discussão do outro lado da porta.


Para o meu descontento, eu conhecia muito bem aquela voz.


Victoria entrou na diretoria sendo arrastada pelo Inspetor Willians. Seu cabelo azul estava todo desajeitado como se ela estivesse deitada em algum lugar.


"Encontrei a pirralha dormindo no almoxarifado". O Inspetor só soltou o braço da Victoria quando os dois estavam de frente à mesa da diretora.


"Muito obrigada, Senhor Willians. Pode se retirar agora". A diretora olhava para a Victoria com uma expressão nada amigável no rosto. O homem de aparência escocesa acenou com a cabeça e saiu da sala, deixando nós três a sós.


Eu não estava conseguindo entender porque a diretoria queria nós duas presentes na sala dela para conversar. Eu não tinha nada a ver com as tramóias da Victoria, então não havia motivo para me chamar aqui também.


 "Eu não quero tomar muito do tempo de vocês, sei o quanto estudantes são ocupados. Por isso, vou direto ao ponto". A diretora começou a falar, tirando a minha atenção da garota ao meu lado. Victoria me olhava com os seus castanhos tão perdida quanto eu, estava escrito na cara dela o tamanho da sua confusão.


Nós duas ouviamos a Diretora Fouher com muita atenção para poder entende-la. Essa era a primeira vez que eu via a Beckham tão calada e atenta, nem mesmo nas aulas ela conseguia ficar desse jeito. "Senhorita Gray, em primeiro lugar gostaria de pedir desculpa por tê-la chamado aqui tão repentinamente. Mas a partir de hoje você será tutora da Senhorita Beckham, ajudando-a com todas as matérias que ela tem dificuldade".


Meus olhos piscavam repetidas vezes. "Como é que é?". Victoria expressou com palavras o que o meu cérebro demorava para processar.


"Isso mesmo que as duas ouviram, Angel ficará encarregada de você, até que suas notas fiquem acima da média". Explicou outra vez com uma calma descomunal.


Isso só podia ser continuação daquele pesadelo.


"Isso é uma brincadeira, né". A Sra. Foucher encarou Victoria sem um pingo de humor. Eu não conseguia dizer uma única palavra. Só então Beckham percebeu o quanto a diretora estava séria sobre o assunto. "Nem fodendo que eu vou ficar trancada com essa…". Ela me olhou, por um segundo achei que ela iria me ofender outra vez com algum de seus apelidos maldosos. "...Garota pelo próximo semestre inteiro". Victoria estava revoltada com a decisão da Diretora Foucher.


"Como eu já te disse antes, isso não é uma escolha sua. Agora que a notícia está dada, vocês já podem se retirar". Victoria saiu na minha frente batendo a porta com força quando passou por ela.


A diretora soltou um suspiro cansado. Ainda continuei na sala, a Sra. Foucher parecia ter mais alguma coisa a me dizer. "Mais uma vez, eu peço desculpas a você, Angel, por ter tomado essa decisão sem conversar com você antes. Mas eu ficaria muito agradecida se você fizesse isso. Sei que é pedir demais e prometo te dar alguma recompensa em troca...". A diretora me olhou com esperança. Havia um brilho similar em seus olhos, que eu tive impressão de já ter visto antes. Eu só não sabia dizer de onde.


"Pode contar comigo, Diretora". Falei por fim, poupando a diretora de dar mais explicações. A mulher a minha frente esbolçou um pequeno sorriso como agradecimento.


Por mais que eu odiasse a ideia de passar mais tempo com a grosseira da Beckham, acabei sedendo ao pedido da diretora. Não sei dizer ao certo, o motivo que me levou a isso. Talvez fosse por pena do olhar cansado que ela emitiu quando se desculpou, ou talvez eu só queira ajudá-la mesmo. De qualquer forma, eu não suportaria conviver o resto dos dias pensando que ignorei um pedido tão sincero quanto o da diretora.


Só espero estar fazendo a escolha certa.


"Você não está mesmo de acordo com isso, está?". Victoria me pegou de surpresa quando eu saí da sala da Sra. Foucher, dando-me um pequeno susto. Beckham estava encostada na parede com os seus braços cruzados, deixando evidente a sua discordância com o assunto. Contudo, o que chamou mais a minha atenção foi o fato de ela ter me esperado sair, por todo esse tempo.


"Na verdade, estou sim". Victoria me olhou inconformada.


"Você só pode estar zoando". Ela parou à minha frente. Seus olhos eram rudes enquanto me intimidavam. Mas eu não me deixei ser levada pelo estresse dela, muito pelo contrário, eu acabei sustentando o olhar dela.


"Acredite, eu estou detestando essa ideia tanto quanto você. Mas foram ordens da diretora. Então se eu fosse você, eu superava isso e começava a me esforçar". Victora bufou.


"Eu não preciso de ninguém para me dar sermão. Muito menos um vindo de você". Ela estava muito próxima quando disse isso. Victoria terminou de falar e saiu pelo corredor se sentindo ofendida com as minhas palavras.


Só mesmo uma idiota feito eu para achar que poderia ter uma conversa civilizada com ela.


Observei suas costas enquanto ela se afastava cada vez mais de mim. Levando em consideração o temperamento dela, até que terminou tudo bem. No meio do caminho um garoto distraído em seu celular acabou esbarrando no ombro de Victoria. Como resposta a garota de cabelo azul o arremessou contra a parede fazendo todos ficarem alarmados com ela. "Na próxima você fica sem celular, idiota". Victoria saiu resmungando, enquanto que o menino continuou caído no chão, olhando assustado para ela.


Soltei um suspiro cansado enquanto tentava ignorar as malcriações de Victoria, o jeito como ela agia me incomodava de verdade. Além do mais, toda essa história com ela e a diretora sugou todas as minhas energias. Sinto-me como se minha vida tivesse dado um giro de 180 graus, ficando de ponta cabeça. Nunca na minha vida imaginei que eu teria de passar tanto tempo com uma garota grosseira e descontrolada que pode a qualquer momento me dar um soco no rosto só porque não gostou do jeito que eu falei.


Uma dorzinha aguda pontou na minha cabeça, como se estivesse me falando que eu não tinha tomado a decisão certa.


Resolvi ignorar. Nada poderia dar errado.


Assim espero.




EXTRA 4.1



Narrador On


Noite do Capítulo 3


Depois de comer quase uma caixa de pizza sozinha, Angel pegou no sono enquanto assistia ao seu programa de televisão prediléto. O seu dia com Victoria foi tão agitado que ela mal conseguiu assistir dez minutos de Tv antes de adormecer.



No mesmo momento em outro lugar

Casa dos Beckham


Victoria depois de chegar em casa completamente bêbada, de alguma forma conseguiu tomar banho e vestir o seu pijama que estava jogado pelo canto. Assim que caiu na cama, e seu corpo relaxou por completo, Victoria pegou no sono sem nenhuma demora.


As duas garotas coinscidentalmente adormeceram na mesma hora e por força do acaso seus sonhos acabaram cruzando um com o outro no meio do caminho, despertando um sentimento jamais imaginado antes. Motivo que fizeram-nas terem o mesmo sonho e a pequena Gray ficar tão desconsertada no colégio quando Victoria perguntou sobre seu atraso.


Depois de perder o seu óculos para Victoria, Angel correu para o banheiro na tentativa de acalmar seu coração que batia feito louco em seu peito. "Por que eu tive que sonhar com aquilo?". Envergonhada, a pequena tampou o seu rosto com as mãos, escondendo o rubor de suas bochechas.




EXTRA 4.2 - Especial de Natal



25 de Dezembro


Ponto de Vista Victoria Beckham


Vários floquinhos de gelo caiam do céu espalhando o seu branco pelas minhas roupas. "Cara, hoje está muito frio. Por que mesmo que estou aqui?". Perguntei ao meu reflexo na vitrine da loja. E quando eu vi todos os acessórios e os enfeites de natal me lembrei do motivo de eu estar no frio com o cabelo coberto de neve.


Claro que eu sabia o que tinha que fazer, mas o que exatamente eu deveria comprar? Eu não posso simplesmente comprar um presente que pareça que eu deixei para comprar de última hora, seria vergonhoso.


Mas não é exatamente isso que você está fazendo? - Meu subconsciente vestido de anjinho me denunciou. Às vezes acho que é ele quem é o capetinha aqui, pois ele só vive me acusando e julgando.


Mas a questão não era essa. No final, eu não sabia qual presente seria bom o bastante para ela.


"HEY! VOLTE AQUI LADRÃOZINHO".


"PEGA ELE, CARA".


Um grupo de três rapazes passaram correndo por mim. Curioso era o fato deles estarem correndo atrás de um pequeno cachorro.


Infelizmente o cachorrinho tropeçou em suas patinhas e acabou afundando na neve. "Ah-hhá!!! Pegamos você seu vermezinho". O três valentões cercaram o cachorro que assustado escondeu seu rabo entre as pernas. Ao ver as orelhas murchas do animalzinho de medo, eu resolvi me envolver. Aquelas pessoas não estavam com boas intençãos com o bichinho que identifiquei ser apenas um filhotinho.


"Vamos ensinar uma lição a ele. Assim ele vai pensar duas vezes antes de roubar o lanche de alguém de novo". Quando um dos rapazes ergueu sua perna na intenção de chutar o cachorrinho, eu gritei bem forte para conseguir chamar a atenção deles, antes que ele agredice o animalzinho.


"Ih!!! qual é, gata?". Senti repulsa quando ouvi sua voz me chamando de 'gata'. Me aproximei deles e empurrei o garoto que estava na minha frente bloqueando a minha passagem, ficando entre o filhote e eles. "Ficou louca, sua vadia?".


Ignorei o menino que estava furioso e quando olhei para o cachorro, certificando de que ele estava seguro, o filhote se aproximou de mim e se escondeu debaixo das minhas pernas, como se eu fosse a mãe protetora dele.


"Então a puta quer brincar de casinha? Vamos ensinar uma lição a essa vadia também, pra ela nunca mais se envolver com a gente". O rapaz mais alto e de boca suja tentou me intimidar. A minha única preocupação era com o cachorrinho, eu queria sair de lá sem precisar brigar, para não machucar ele. Mas parece que isso não será possível. Deduzi depois que os garotos cercaram a mim e o pequeno filhote.


"Parece que vai ser do jeito difícil então". Falei. Escondi o cachorrinho atrás de mim.


[...]



Ponto de Vista Angel Gray


"Poxa! Ela está demorando. Achei que iriamos passar todo o natal juntas". Foi impossível esconder a minha chatiação quando olhei no relógio e vi que ele já marcava 8h00 da manhã. Aquela grosseira prometeu ficar comigo o dia inteiro e até agora nem sinal dela.


A campainha de casa tocou e junto com ela veio meu sorriso. Sem perder mais tempo corri até a porta para abri-la. "Se você pensa que irei perdoar o seu atraso, está muito enganad-...". Minha máscara de garota zangada caiu assim que vi o rosto de Victoria todo machucado e seus lábios cheio de sangue.


"Feliz natal, amor". Ela sorriu, mas logo em seguida fez uma careta de dor, pelo seu lábio estar cortado.


"Vick, o que aconteceu com você?". De primeiro momento eu não sabia o que fazer, devido o nervosismo ao ver o estado da minha namorada. Mas uma coisa era certa, eu tinha que limpar seus ferimentos.


Victoria impediu que eu me aproximasse dela, fazendo uma pequena barreira com a mão. "Espera um minuto. Antes eu quero que você abra o seu presente". Só então eu reparei que ela segurava uma caixa grande, bem enfeitada e com um laço vermelho muito bonito.


"Depois eu abro. Primeiro vamos cuidar de você". Ela me impediu de leva-la para dentro de novo. Essa mulher quando coloca alguma coisa na cabeça não há Santo que a faça mudar de ideia.


"Abre!!". Ela esticou seus braços, entregando-me a caixa. Eu quis dar o contra e cuidar dela primeiro. Mas, seus olhos castanhos brilharam enquanto imploravam silenciosamente para que eu aceitasse seu pedido.


"Está bem!!". Entramos em casa. Vick fechou a porta e nos sentamos no tapete perto da lareira. Com a caixa entre minhas pernar eu desfiz o laço que amarrava a tampa. A garota ao meu lado só sabia sorrir. Antes que eu terminasse de tirar o embrulho, um pequeno ser pulou na caixa fazendo a tampa cair no chão. E logo a cabeça de um pequeno filhote surgiu, ele estava coberto com flocos de neve, deixando seu pelo caramelado todo branco e molhado. Assim que seus olhos me viram, ele deu um latido bem fino.


"Parece que ele gostou de você". Ainda sorrindo, Victoria pegou o filhote e colocou ele no meu colo. O animalzinho não parava de latir enquanto abanava o rabo e me lambia diversas vezes.


"Eu adorei, amor". Falei entre risadas, o filhotinho era bem enérgico. "Obrigada". Selei nossos lábios em um beijo bem demorado. Mas a minha encrenqueira nunca se contentava com apenas um tocar de lábios e logo ela aprofundou o selinho em um beijo digno de tirar o fôlego. Só havia um problema…


"Oh! Merda. Isso dói". Victoria tocou seu machucado sentindo muita dor.


"Parece que vamos ter que ficar alguns meses sem fazer aquilo". Provoquei ela um pouquinho. Victoria olhou para mim indignada com as minhas palavras.


"Nem que a minha boca caia que eu paro de te foder". Ela foi direta demais. Mesmo esperando uma reação dela, eu não esperava que ela fosse dizer isso, assim, abertamente. Senti minhas bochechas ficarem coradas.


"Victoria". A repreendi. "Nós temos uma criança presente aqui". Indiquei o pequeno filhote que olhava atento a nossa interação.


"Que é? Eu apenas estou mostrando a ele o quanto eu amo amar uma pessoa aí". Ela sorriu com aquele jeito sapeca dela, e no fim, roubou-me um beijo. "Feliz primeiro natal, caipira". Sorriu de um jeito carinhoso e encantador.


"Feliz primeiro natal, grosseirona". Rimos juntas e selamos nossa felicidade com um beijo cheio de amor.


Floquinho pulou entre nós duas, nos fazendo separar. "Parece que alguém também quer um pouco de atenção". Falei pegando o filhote e colocando entre minhas pernas. "Você vai ser muito feliz aqui, Floquinho".


"Floquinho?". Perguntou.


"Sim. Acho que caiu perfeitamente nele". Olhei para o Floquinho e ele latiu para mim como resposta a minha brincadeira com as palavras. "Viu até ele aprovou".


"Que brega". Ela falou apenas para me provocar, mas eu não iria cair na dela. "Vejo que seu gosto ainda continua sem graça". Joguei uma almofada nela.


"E você continua uma imbecíl". Emburrei ainda mais depois de ouvir sua gargalhada. Victoria sempre consegue me tirar do sério. "Eu te odeio". Virei de costas para ela.


"Mulher, você não fala assim não". Victoria avançou para cima de mim, prendendo os meus braços contra o chão. Floquinho a essa altura estava brincando com algum enfeite da árvore de natal. Ela olhou profundo em meus olhos. "Eu te amo, Angel Beckham Gray". Seus olhos eram tão sinceros e calorosos, que fizeram o meu coração saltar. Meu rosto corou. Eu estava muito feliz.


"Eu te amo, Victoria Beckham Gray". Assim como num pacto, selamos o nosso amor, eternizando a nossa felicidade, com um beijo puro e doce.



Notas Finais


Hehe!!! E foi isso

Espero que tenham gostado

Beijos da Nutlinha, Feliz Natal meus leitores 🌹💕🌹

Obrigada por me acompanharem hehe
\(^-^)/


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