Emma estava sentada na plateia, vendo o ensaio da sua nova peça. Era a história de um feiticeiro que se apaixonava por uma princesa. Não sabia de onde havia tirado aquele roteiro, mas lhe veio rapidamente em sua mente. Escreveu em duas noites e já o tinha pronto.
Os atores se despedem, saindo do palco e ela fecha os olhos, sentindo o ambiente do teatro a preencher. Pensa em Erik, o homem misterioso e nos seus olhos azuis penetrantes. Todo seu corpo se esquenta ao pensar nele e seu coração acelera. Fazia uma semana desde que o virá e ele nunca tentou ligar para ela. Emma se sentia frustrada, mas também não insistiu em mandar mensagens para ele. Esperaria o dia da estreia. Ela o veria lá, caso ele realmente estivesse interessado nela. Ao abrir os olhos, viu um homem adentrar o palco, com o violino. Não conseguia o reconhecer.
- Senhor já encerrou os ensaios por hoje – ela informa da sua poltrona – Você veio para algum teste?
- Sim – a voz de barítono dele preencheu o ambiente – Há vagas ainda?
Ela ri.
- Não, já estamos para apresentar a peça e falta um mês – ela responde – Sinto muito.
- Tem certeza? Eu soube que você não tem um violinista – ele diz e sua voz ecoa pela acústica do teatro, causando arrepios em Emma. Ele se aproxima do final do palco.
A luz dos holofotes incide no rosto do homem misterioso e ela o reconhece. Seu coração se acelera ao vê-lo.
- Senhor Destler, que surpresa agradável – ela diz, tentando controlar a animação e sua voz e ser mais polida possível – Eu não o esperava tão cedo.
Ele ri. Seu sorriso era contagiante.
- Eu não me controlei – ele confessa, em tom dramático – Eu queria dizer que sua peça é incrível e que somente faltava uma coisa.
Ela franze o cenho, curiosa.
- O que falta? – pergunta.
- Falta o violinista – ele responde.
Agora era a vez de ela rir.
- Mas eu já tenho uma orquestra, senhor – ela explica – Eu não preciso de mais um violinista. E seria desperdiçar seu dom, que ouvi dizer ser maravilhoso.
E é claro que era. Seu pai não deixava de elogiar Erik.
- Mas falta um violinista para iniciar os atos da peça – ele explica – Seria perfeito começar com o violino e uma música sobre a história. Escute.
Ele coloca o violino em seu queixo e começa a tocar. A melodia é doce e envolvente. Ela fica extasiada ao ouvi-lo e se levanta. Sobe pela escada lateral do palco e o observa. Ele toca para a plateia, com olhos fechados e parece em êxtase. Ela pode observar que ele trajava uma camisa branca e calças pretas e calçava sapatos sociais. Seus cabelos negros estavam jogados de lado de forma rebelde. Ela o olha, admirada. É envolvida tanto pela melodia quanto pela beleza do rapaz. E a melodia a envolveu, a ponto de ela fechar os olhos, e começando a cantar. Suas vozes se encontraram, em um dueto. Cantaram sobre amores perdidos, amores não correspondidos e amores antigos e esquecidos pelo tempo. Pareciam ler o pensamento um do outro. Ela sente lágrimas desabrocharem de seus olhos. Ao findar da música, Emma abre os olhos. Ele a fita, embevecido. Seu coração se acelera e eles não sabiam como se aproximaram tanto um do outro no palco. Seus rostos estavam a centímetros um do outro.
- Então, tenho uma vaga em sua peça? – ele pergunta, quebrando o silêncio.
Ela suspira frustrada e dá alguns passos para trás. Acreditou que poderia ter um beijo daquele homem misterioso. Mas, logo corrige seu pensamento, pensando o quanto era atrevida.
- É claro, mas é um pedido incomum – ela diz, tentando controlar sua própria respiração.
Ele ri e observa a expressão de Emma. Sente que seu ato fora bem executado e está conseguindo conquistar a afeição da mulher que ama.
- E tenho mais um pedido incomum, então – ele diz, com um sorriso malicioso.
Ela arqueia a sobrancelha.
- E qual seria? – pergunta.
- Que você cante comigo – ele responde – E que cante comigo em cada começo dos atos. Acredito que poderíamos formar uma ótima dupla, não acredita?
Ela fica espantada.
- Mas eu não sei cantar tão bem.
- Sabe sim. Sua voz combina com o violino e comigo. E é uma soprano nata – ele diz, elogiando-a.
Ela fica sem jeito.
- Eu não sei...preciso pensar.
Ele assente.
- Não será perfeito se você não estiver na peça – ele diz, lhe dirigindo um olhar penetrante.
O telefone de Emma toca. É Adam.
- Desculpe, preciso atender.
Ele assente e espera ela conversar. Adam sabia de tudo, cada detalhe, pois Erik o havia colocado a par dos acontecimentos, tanto sobre a poção e sobre seu plano para conquistar Emma novamente. Era através de Adam que soube onde Emma morava e onde estava trabalhando. Adam estava apoiando a ideia de Erik reconquistar Emma, mas de forma tranquila, sem assusta-la.
- Eu vou precisar ir, senhor Destler – ela diz, sentindo um vazio no peito – Tenho um encontro com meus amigos.
Ele assente, sentindo tristeza ao vê-la partir. Ela se vira para ele, antes de descer as escadas do palco.
- Você quer vir comigo? – ela convida, hesitante.
Ele assente, avido por ter mais tempo com ela.
- Somente se me chamar de Erik – ele diz, provocando-a.
Ela revira os olhos.
- Tudo bem, Erik, vamos – ela aceita a brincadeira.
Eles saem do teatro e andam pelas ruas de Londres. Erik conta sobre sua vida, omitindo muitas coisas. Emma também fala sobre si e se sente eufórica ao lado dele. Adam os vê entrar na boate e pisca para Erik. Oliver e Maya acenam, sorrindo. Eles passam a noite entre conversas e bebidas. Todos pareciam se divertir ao lado de Erik e suas histórias. A noite somente havia terminado depois das duas da madrugada. Erik ajuda Emma a voltar para casa, chamando um táxi. Ele a leva até a porta e ela a abre, com dificuldade. Está um pouco bêbada.
- Então, é isso – ela diz.
- Até logo, Emma – ele diz, sorrindo.
- Até.
Ele se afasta e ela entra em casa, suspirando. Visualiza seu celular, esperando que ele mande alguma mensagem. Passou apenas dez minutos e alguém bate na porta. Ela abre, desconfiada e Erik está na soleira, com uma rosa vermelha nas mãos.
- Eu sei que é muito cedo, mas queria demonstrar o quanto é perfeita e o quanto essa noite foi especial – ele diz, sem jeito. Está com as bochechas coradas.
- Como você...- ela tenta pergunta sobre a rosa.
- Eu a encontrei em um canteiro, fora do prédio – ele se adianta. Quer se dar um soco mentalmente, pois ela não sabe que ele consegue produzir uma rosa perfeita apenas com sua magia – E esta rosa simboliza a mulher delicada e doce que você é.
Ela aceita, sentindo o aroma adocicado.
- É lindo, Erik. Eu não sei como agradecer...-ela diz, extasiada.
- Eu tenho uma ideia, mas parece muito cedo para isso – ele diz, malicioso.
Ela ri.
- Não acho que seja cedo ou tarde para nada – ela diz, puxando sua mão para que ele entre em seu apartamento.
Ele adentra, se sentindo sem jeito. Não imaginava que ela ficaria tão envolvida por ele, mas cada segundo que tinha com ela, bastava. Ela fecha a porta, trancando-a. Se aproxima dele, colocando a mão no seu peito, se equilibrando na ponta dos pés e o beija. Ele toma sua cintura, sentindo o calor do momento envolve-los. Ele a ama tanto e deseja dizer isso a ela. E como deseja ama-la, ali mesmo. Como a deseja profundamente. E ela também o deseja e algo dentro dela parece lhe dizer o quanto o ama. Eles passam a noite juntos e Erik sabe no fundo que precisara de muito esforço para conquista-la mais uma vez. Há segredos que ele ainda queria partilhar com ela, principalmente seu passado. Era necessário. Mas, por enquanto, somente queria ama-la e aproveitar cada segundo que tinham. E faria de tudo para protegê-la e faze-la feliz. Era somente o que importava.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.