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História Os segredos da Ópera Garnier - O Fantasma da Ópera - Capítulo 6 - Minha musa


Escrita por: Lady_Rosalinda

Notas do Autor


Bom dia pessoal, obrigada por comentarem a fic. Segue mais um capítulo. Boa leitura!

Capítulo 6 - Capítulo 6 - Minha musa


Fanfic / Fanfiction Os segredos da Ópera Garnier - O Fantasma da Ópera - Capítulo 6 - Minha musa

Acordei desorientada, em uma cama com lençóis de seda azul. É tão confortável que não quero abrir os olhos. Os últimos acontecimentos voltam a minha mente e lembro que sou prisioneira de um homem louco. Meu coração acelera ao constatar que estou presa e não tenho ninguém a quem recorrer. Tateio os meus bolsos, lembrando o celular. Não o encontro. Seria fácil demais se Erik me deixasse com o aparelho a minha disposição. Observo o quarto e percebo o quanto ele tentou me deixar confortável. Apesar de ser um homem desequilibrado, ele parece muito gentil. No criado mudo, ao lado da cama ele deixou uma bandeja com frutas, croissant, um chá fumegante e manteiga. Levanto e observo a comida. Toco-a, para ver se está boa. Não sei se terá algum veneno. Estou com tanta fome que acabo me alimentando. Sento na cama e fico a meditar, tentando descobrir uma maneira de achar uma saída desse lugar. Parece que passou vários minutos e ainda continua viva. Então a comida era uma cortesia e não uma forma de acabar com minha vida.

 

                  Noto que há um abajur ligado, por isso o quarto não está tão escuro. Não há janelas, pois estamos no subterrâneo da Ópera. Atrevo-me a sair do quarto e encontro a porta aberta. Sinto uma agitação crescer em meu interior e temo encontrar Erik parado do lado de fora, mas apenas encontro a sala vazia. O violino não está no pedestal, então presumo que ele tenha saído. Torço para que seja isso. Tentando encontrar uma porta, mas as outras duas que encontram, estão trancadas. Sinto-me derrotada e sento no divã. Não há o que fazer para sair desse lugar. Procuro um objeto que possa fazer de arma e encontro um castiçal de prata em cima de uma cômoda, em tom mogno. Seguro ele, sentindo seu peso e percebo que posso acerta Erik com isso, em sua cabeça. Preciso acertar com força, para que ele fique descordado. Mas como farei isso?

 

                Estou tão entediada que passo a analisar cada quadro nas paredes. Busco um livro e pego um de Mil e Uma Noites. Estou tão distraída com a leitura que não noto a porta de entrada ser aberta. Erik está em pé, me observando. Olha o castiçal no chão e me fita deitada no divã, com os livros entre as mãos. Reteso o corpo, com medo do que ele possa fazer. Ele dá alguns passos e coloca o violino do pedestal e uma sacola em uma mesa de centro.

 

                - Trouxe algumas coisas para que você pudesse comer - ele diz, inexpressivo.

 

                Ele fita o livro que está em minhas mãos, com um pequeno sorriso, mas o jeito que ele tenta conter parece uma carranca. Quero dar risada, mas me contenho.

 

                - Que bom que achou algo para entretê-la - ele comenta - O castiçal é para me acertar?

 

                Congelo, sentindo medo da sua reação. Ele parece tranquilo, como se nada o afetasse, mas sei que por dentro está maquinando algo. Ele abaixa a mão, para pegar o castiçal e o coloca de novo na cômoda.

 

                - Não tente essa tática, pois não vai funcionar comigo - ele diz, sério - Se precisar de toalete, tem um dentro do seu quarto. Estarei fora por alguns dias e espero que você não quebre nada por aqui.

 

                - Você vai me deixar sozinha? - digo, indignada, me sentando. Largo o livro de lado e o encaro com raiva.

 

                Ele não parece se abalar.

 

                - Vou, tenho negócios a tratar fora da cidade - ele responde, sem me fitar.

 

                - E o que eu vou fazer aqui, enquanto isso? - pergunto petulante.

 

                Ele suspira, irritado.

 

                - Não teste minha paciência, Emma - ele troveja se aproximando de mim, tomando meu queixo com sua mão de dedos longos e graciosos - Sou muito paciente, mas meu limite está se excedendo.

 

                Erik solta meu queixo, abruptamente. Sinto a raiva me consumindo, como combustão. Quero ataca-lo, feri-lo por estar me prendendo aqui.

 

                - Você não tem o direito de dizer exigir qualquer coisa, Erik - digo, irritada. Estou em pé, de frente para ele. Ele não me olha, parece querer fugir de mim, mas está mantendo sua postura indiferente - Quero sair daqui e você vai me abrir essa droga de porta!

 

                Ele parece não se abalar. Vira de costas para mim e pega o violino em suas mãos. Observa-o, com todo respeito e carinho. Parece ter uma devoção por esse instrumento. Quero toma-lo de sua mão e quebra-lo em sua cabeça. Ele coloca o violino apoiado abaixo do seu queixo e toca uma melodia encantadora. Vejo-me extasiada. Não tenho reação a isso, parece estou envolvida por um encanto poderoso, como se precisasse beber da sua música. Sou transportada para um lugar bonito, cheio de flores e uma paisagem bucólica. Ele está tocando e vejo minha voz cantar junto a ele em um dueto. Estamos tão envolvidos no processo que esqueço a raiva que sentia. Passo para admiração. Estou tão envolvida que não noto que ele para de tocar e me observa incrédulo. Ele parece desconcertado e respira profundamente. Também estou e estou tonta. Nunca havia cantando daquela forma. Eu tinha facilidade com a música, mas não dessa forma.

 

                - Quem te ensinou a cantar? – ele indaga. Sua voz está tremula, demonstrando nervosismo.

 

                - Eu aprendi sozinha – respondo. Ainda sentia certa confusão – Mas foi desse jeito. Parece que sua música me inspirou.

 

                Ele fecha os olhos. Seu semblante é de dor. Não compreendo sua reação. Ele abre os olhos, procurando alguma coisa em mim. Não faço ideia do que possa ser. Erik desvia o olhar e coloca seu violino dentro de um estojo. Abre uma porta, ao lado do quarto que dormi e entra, trancando-a por dentro. Estou devastada. Não consigo compreender o que está havendo, mas estou determinada a descobrir.

 

***

 

                Durmo no divã. Havia pegando no sono, esperando que ele saísse e pudéssemos conversar. Contudo, acabei ficando cansada e adormeci, lendo o Mil e Uma Noites. Ele já havia partido, pois o violino não estava mais aqui. Estou frustrada. Quero respostas e preciso entender essa conexão que temos. É de ódio e admiração, ao mesmo tempo. Tenho vontade de esgana-lo, mas quando ele toca, parece que toda raiva vai embora. Além de ele ter sido gentil, ao deixar para mim algo que eu pudesse comer. Contudo, não iria ficar parada até que ele voltasse. Iria buscar algo que pudesse me ajudar a descobrir mais sobre ele e também uma maneira de sair daqui.

 

                Noto que a porta por onde ele havia entrado mais cedo está com uma fresta aberta. Dou alguns passos, cautelosa. Talvez ele ainda esteja aqui. Procuro escutar sons que o denunciem, mas parece que sou a única a estar nesse lugar. Adentro o recinto, procurando um interruptor, acendendo as luzes. É um ateliê de pintura. Há várias telas, com paisagens bucólicas, um de um rosa vermelha, outro de uma máscara que Erik usa em seu rosto. Outro parece grotesco. É sua versão com o rosto deformado de um lado e os cabelos desse lado estão ralos. Ele aparece com uma expressão cruel, como se o próprio mal habitasse dentro de si. Seus olhos não são azuis, mas negros, como carvão. Tenho um sobressalto, pois é o mesmo rosto do homem que vem assombrando meus pesadelos. Como isso é possível? Estou tão desorientada, que não consigo respirar. Tento me acalmar e racionalizo que isso só pode ser uma coincidência. Muitas vezes sonhamos com aquilo que já vimos. Talvez esse rosto seja de algum filme que assisti. Mais calma, vejo que há uma tela no fundo. Parece ter dois metros de altura. Está coberta por um pano. Puxo-o, para ver o que contem. O que vejo me sobressalta. É a mesma mulher do quadro, que está na sala. É sua versão de corpo inteiro. Posso ver cada traço do seu belo rosto, dos seus olhos verdes e cabelos loiros esvoaçantes. Ela parece ser sua musa. Está nua, como a Vênus de Botticelli, mas o traço é tão realista que parece uma foto. Erik é tão talentoso, além de saber tocar muito bem, tem o dom para a pintura. Cubro de volta o quadro, com dificuldade.

 

Há uma escrivaninha encostada em um canto da parede. Provavelmente há documentos, ou uma chave extra para sair daqui. Abro uma gaveta e vejo vários documentos. Parecem ser falsos, pois neles há sempre uma foto de Erik, com nomes diferentes. Vejo as datas de nascimento e elas não batem. Pego um documento ao acaso e vejo seu nascimento é do ano de 1947. O que não faz sentido, pois ele não parece ter mais de 34 anos. Não sei explicar isso, mas há algo estranho com ele. Largo o documento e procuro por uma chave. Acabo encontrando um fundo falso da gaveta e encontro uma pilha de cartas. Todas datam de 1899. Pego-as e abro uma para ver o conteúdo.

 

                Querido Erik,

 

Não posso ir ao seu encontro hoje. Meu marido está de volta à cidade. Espero muito poder vê-lo em uma próxima oportunidade. Não vou esquecer-me das nossas aulas e nem de você. Prometo que o encontrarei assim que possível.

 

Com carinho,

 

C.D.

 

                Iniciais C.D? Pode ser qualquer pessoa. Carolyn Donavan? Catriona Davis? Pode ser qualquer um. Abro mais uma ao acaso.

 

                Meu anjo,          

 

                Faz tempo que não a vejo. Parece que se esqueceu de mim e não me amas como diz amar. Estou cansado de esperar sua volta. Caso não venha me visitar este mês, farei uma visita pessoalmente. Não me obrigue a fazer tal coisa, pois seria muito desconfortável para nós dois.

 

                Espero sua visita, ansiosamente.

 

                Do seu,

 

E.D.

 

                Por que eles não assinavam essas cartas? Estou irritada, tentando encontrar a identidade deles. Provavelmente era para ninguém descobrir que a dama em questão estava cometendo adultério. Passo a ler as cartas, todas tem o mesmo conteúdo. Um homem apaixonado por uma mulher casada. A mesma parece se distanciar com o passar do tempo. Ela está cortando relações com ele, contudo o mesmo não compreende a situação. Sinto-me condoída por ele ou ela. Apesar de que o marido não merecia tamanha traição. Algumas cartas são violentas, por parte do amante. O tal de E.D. parece ameaça-la e dizer que irá matar seu marido se ela não voltar para ele em breve. Sua amante pede mais tempo para que os dois se encontrem. Ela parece querer engana-lo, mas o amante é mais astuto. Contudo não há uma continuação dessas missivas. Tudo se encerra em uma última carta em que ele diz que vai busca-la, quer ela queira ou não. Guardo as cartas em meu bolso. Aposto que Erik não vai sentir falta de algo tão velho assim. Vou ler com calma e quem sabe escrever algo sobre os dois. Um provável final para essa trama. 

 

              Procuro a chave para poder abrir a porta da frente dentro de outras gavetas, mas não encontro nada. Apenas fotos antigas, em sépia e preto e branco. Olho as fotos e vejo Erik, ao lado de um homem. Parece um cigano. Os dois estão vestidos com roupas dos anos 40. Acho curioso, pois a foto realmente parece muito antiga. Pode ser que o homem na foto seja seu pai ou avó. Coloco a foto dentro do bolso, pois quero analisar mais sobre sua história. Encontro uma pintura em miniatura, da mulher de cabelos loiros. É somente seu rosto angelical. Atrás está escrito: Minha musa. Deixo a foto no lugar, pois sinto que há algo muito especial nessa foto. Pode ser a mulher que ele amou uma vez. Estou curiosa para saber o que houve entre os dois. Talvez ele tenha a prendido, igual a mim. Talvez ele tenha a matado. Tenho medo dos meus próprios pensamentos. Deixo tudo em ordem, apago a luz e saio do quarto, encostando a porta. 

 

             Tento ler mais um pouco, mas não consigo. Estou ansiosa e claustofóbica aqui dentro. Ando de um lado para o outro para me acalmar. Entro novamente no atelie, para ver se não encontro a chave. Na parede, noto uma caixa de força de energia. Abro-a e vejo as chaves de força. Erik etiquetou todas as chaves. Uma está escrito: quarto, sala, atêlie, corredores, acesso aos esgotos da catacumba. Paro meus olhos no último, acesso aos esgotos da catacumba. Olhou ao meu redor, procurando uma porta, alguma coisa que ligue essa chave de força com a porta. Tateio pelas paredes e encontro um fundo falso. Desligo a chave de força e tento empurrar a porta. Ela dá acesso a um corredor estreito, mas está muito escuro para enxergar. Busco uma laterna, fosfóros, velas, qualquer coisa que possa iluminar o caminho. Encontro uma lanterna em uma das gavetas e uso a passagem. Vou arriscar tentar sair daqui. Meu coração está saindo pela boca. Sinto a adrenalina correr pelas minhas veias. Quero tanto sair daqui, que corro o mais rápido que posso pela passagem estreita.

 

                



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