História Os sobreviventes (Simbar) - Um dia engraçado

POV SIMÓN

Se eu soubesse que a Âmbar iria levar tão a sério essa história de aposta, eu não teria apostado. Eu praticamente virei o escravo dela durante todo esse mês! Tinha que fazer massagem, buscar coisas pra ela, até compras eu fui fazer com ela. Mas não comprando junto, e sim carregando as sacolas! Não sei se isso pode ser algo bom, mas nem tudo que ela comprou foi pra benefício próprio. E sim pra ela usar no seu projeto final. Isso é bem legal! Tirando o fato de que o meu projeto mesmo, ficou parado por causa disso.

O Ramiro ficou rindo da minha cara ao saber da minha derrota. Mas por outro lado ele ficou me cobrando e dizendo que eles precisavam estar com a primeira parte pronta em uma semana, que seria quando o nosso orientador iria avaliar o nosso trabalho.

                  — Mas e a Yam? Por que não cobra a ela também? Até parece que são só nós dois!

                   R: A Yam, ao contrário de você meu caro, não brinca em serviço!

                  — Em que sentido? — Falo sorrindo pra ele maliciosamente e ele me dá um pequeno empurrão — Ei!

                    R: Sentido puramente acadêmico meu caro! Apenas isso!

                   — Tá bom então! Não está mais aqui quem falou! Então ela já fez tudo?

                    R: Não só já fez como já me entregou e já juntei com o meu! Agora só falta você!

                   — Tá legal então! Eu já estou acabando. Falta apenas revisar alguns detalhes. Até segunda vai estar pronto! A aposta acabou hoje ainda bem!

                     R: Ahhhh, a tal aposta, que você vergonhosamente perdeu para uma garota! — E ele gargalha

                     Y: É isso mesmo que ouvi senhor Ramiro Ponce? — Chega Yam por trás, surpreendendo o Ramiro, que gela na hora — Vergonha perder para uma mulher por que? — Ela cruza os braços esperando uma resposta.

                     R: Ah... Que isso amor! Eu estava brincando! É claro que não tem vergonha nenhuma! Muito pelo contrário!

                     Y: Não foi o que pareceu! E já que acha que nós mulheres somos fracas, por que não fazemos um desafio?

                     A: Que desafio? — Âmbar chega sentando no meu colo. — O que tá rolando

                     — Yam está desafiando o Ramiro a descobrir como é ser mulher!

                     A: Como é que é? Por que?

Então eu conto pra ela o que aconteceu, e ela dá um tapa nas costas de Ramiro.

                    R: Ai! Por que fez isso?

                    A: Porque você é um idiota!

                    Y: Obrigada amiga! E então Ramiro, vai topar o desafio?

                    R: Você quer que eu vire mulher? Nem morto!

                    Y: Está com medinho é? — Ela o encara em tom de desafio

                    R: Eu com medo? Jamais! Eu só não vou me vestir roupas femininas nunca!

                    Y: Tá legal, eu também não seria tão má assim! Mas que tão depilação?

Eu então encaro o Ramiro, e damos risadas.

                    R: Depilar? Tipo arrancar os pêlos com cera?

                    Y: Exatamente! Algum problema?

                    R: Não, nenhum! Mas com uma condição...

                    Y: Qual? — Ela fala cruzando os braços

                    R: O Simón vem junto!

                    — Eu o que? — Falo pra ele sem acreditar

                    R: Isso mesmo! Eu não vou entrar nessa sozinho! E a culpa disso tudo foi sua!

                    — Minha? Mas o que eu fiz?

                    R: Atrasando a entrega da sua parte no TCC!

                    — Mas não fui eu que mandou você falar besteira!

                    A: Tá legal chega! Não vão brigar por bobeira não é? Agora o mais importante é: Simón você vai topar isso sim e sim!

                    — Ah não Âmbar! Nem vem!

                    A: Ah eu vou sim! Não esqueça que o mês acaba apenas na próxima semana... Então você ainda está nas minhas mãos... — Ela dá uma risada que me dá medo

                    R: Hum... Nas mãos dela é? Então agora não tem jeito meu amigo, está ferrado e vamos nessa!

                    — Nunca mais eu aposto com você! — Digo olhando pra Âmbar com raiva.

***

Hoje era o último dia da aposta, e o dia em que eu teria que me depilar. Quando contamos pro Sebas, ele começou a rir da nossa cara, falando coisas como “se ferraram” e gargalhava. Ele só parou e ficou quietinho quando ameaçamos falar com as meninas a falarem com a Delfi para participar da brincadeira também.

                     Se: Boa sorte então! Só não vão gritar demais hein?

Ignoramos ele, que voltou a rir e saímos pra encontrar com as meninas.

                     A: Demoraram hein? Achamos que tinham amarelado!

                    — Jamais linda! — Dou um selinho nela

                       Y: Então vamos? — Ramiro tenta beijá-la mas ela vira a cara —Só vai ganhar beijo quando cumprir o combinado!

                       R: Ah qual é Yam! Só um beijinho vai! — Ele faz uma carinha de cachorro que caiu da mudança

                       Y: Já disse que não! E vamos logo porque quando mais demorar, mais tempo vai levar pra me beijar de novo!

                     R: Tudo bem! — Ele revira os olhos e eu e Âmbar só sabemos rir

Então nós fomos.

***

                     R: Ainda dá tempo de fugir?

Ramiro fala só pra mim enquanto aguardamos nossa vez no tal lugar. Ele ficava no shopping mesmo. Estava consideravelmente cheio, mas quando chegamos ainda não tinha quase ninguém, então não demoraria para ser a nossa vez. Eu já estava ficando tenso. Mas sinto Âmbar segurando minha mão.

                     A: Calma amor! Pra que isso tudo! Nem dói, você vai ver!

                      — Ainda bem que essa aposta acaba hoje viu! E eu só quero saber o que eu vou depilar, porque eu quase não tenho pelos!

                      A: Quase não é não ter! E eu melhor do que ninguém pra saber que você tem sim alguns pelos na perna né?

                    — Bem isso é verdade — Rio — Mas e aí? O que vai acontecer depois?

                     A: Como assim?

                    — Não vai me dar uma recompensa por isso que estou fazendo?

                       A: É sério? Esqueceu que você está pagando uma aposta amor? Não tenho nada que te recompensar por isso!

                    — Ah é? Tá malvada hein?

                   A: Sempre fui fofo! Você só nunca notou — Ela diz sorrindo

Então ouvimos uma voz chamando meu nome. Era a depiladora. Ela também chama Ramiro, já que a gente faria isso juntos. Felizmente as meninas não nos acompanhariam, então se fosse pra passar vergonha, seria sem elas verem!

Então entramos, e a mulher pediu pra sentarmos nas macas. Nós dois estávamos de bermuda por motivos óbvios. Eu já estava ficando nervoso. Eu só espero que a Âmbar esteja certa, e realmente não doa.

                  — Cera quente ou fria? — A mulher pergunta

Eu olho pra Ramiro e pensamos a mesma coisa: Que a fria com certeza doeria bem menos.

                  — Fria! — Falamos juntos

                  — Tá legal... — Ela disse com uma cara muito suspeita.

Ela então preparou e trouxe e começou a passar nas nossas pernas. Até que era gostoso a sensação. Era... Frio é claro! Acho que vou gost....

Ouço um grito. Era o Ramiro, quando a mulher foi puxar o papel da perna dele. E a cara dele não era muito boa.

                   R: Mas que...

                  — Ramiro! — O repreendo antes que ele termine a frase.

                   R: Mas essa porcaria dói pra caraca!

                  — Ah mas não pode ser tão ruim assim né?

Eu nem percebo que a mulher já está em cima da minha perna, pronta pra arrancar a cera. Mas quando tento falar alguma coisa, ela puxa com tudo, e não consigo conter o grito que eu dou.

                    R: Eu avisei! Como elas conseguem?

Eu não respondo, pois estava ocupado demais sentindo dor. Mas percebo que a mulher se segurava para não rir da nossa cara. Que vergonha! Mas o pior?

Era que isso era apenas o começo.

***

POV ÂMBAR

                 — E aí, como será que os meninos estão se saindo?

Mal acabo de perguntar quando ouço um grito que eu acho que o shopping inteiro escutou.

                  Y: Isso responde a sua pergunta?

                — Com certeza! Eu não acredito como podem ser tão fracos!

                 Y: Nem me fale! — Nós duas começamos a rir, e ouvimos outro grito

                — Esse com certeza foi o Simón!

                 Y: Não duvido! Dá pra saber quem é quem só pelos gritos!

                — Ai, acho que me arrependi de fazer o Simón passar por isso!

                 Y: Ah amiga para com isso! Âmbar Benson com arrependimentos? Por favor né? E além disso, é divertido né?

                 — É, isso é verdade — Eu rio

                 Y: E afinal de contas, é ele quem está sentindo, não você!

                 — Sim, é ele quem está sen...tin...do!

                 Y: Algum problema amiga?

                 — Não nenhum!

Mas é óbvio que era mentira. Realmente o que a Yam me fez lembrar que dessa vez, eu não senti o que o Simón sentiu. Era pra eu ter sentido a dor que ele está sentindo agora pela depilação. Mas não, não sinto nada. Absolutamente nada! Que estranho!

Mas não tive tempo de pensar em mais nada, quando vi que os dois saíram, e estavam, mancando?

                 Y: O que é isso meninos? Vai não pode ter sido tão ruim assim né?

Mas a cara que o Ramiro fez me fez ficar com um pouquinho de medo dele. Um pouco não, muito!

                 — Amiga acho melhor não falar mais nada! — Ela acenti e vamos andando na frente. Já estava tudo pago mesmo, então tudo bem.

***

                  — Ai amor, me perdoa? Não deveria ter feito você fazer isso!

Estávamos em um dos pátios do shopping, onde estavam vários bancos. Nos separamos de Yam e Ramiro, que depois de ter ficado um tempo em silêncio, acabou que se derreteu completamente depois da Yam ter dado um super beijo nele. Então decidiram ir ao cinema.

                   S: Ah esquece isso Âmbar! Até que não foi tão ruim assim!

                   — Não foi tão ruim? O shopping inteiro conseguia ouvir vocês! Mais um pouco até lá da faculdade a gente conseguiria ouvir vocês!

                   S: Nem um pouco exagerada você né fofa? — Ele ri com aquela risada fofa que só ele tem.

                 — Claro que não!

Eu rio e dou um beijo nele. Era pra ser só um selinho se transformou em um beijo muito quente. Mas aí lembramos que estávamos em um shopping e paramos com falta de ar.

                  — Por que você tem que beijar tão bem hein? — Falo sorrindo que nem boba apaixonada

                  S: Eu que pergunto isso! — Ele ri de novo — Mas o que você tem?

                 — Ah? Como assim o que eu tenho? Não tenho nada! — Falo estranhando

                  S: Sei lá... Você parece estranha, como se me escondesse algo!

                 — Escondendo? Eu? Mas por que diz isso?

                  S: Não sei, mas parece que você tem algo pra me contar...

                 — Bem — Bufo e sorrio — Na verdade tem algo sim

                  S: Aha! Eu sabia! Então o que foi?

                 — Na verdade é o que não foi...

                  S: Não entendi!

                  — Acontece que, enquanto você se depilava, e gritava, com dor, eu estava normal. Aliás eu até esqueci desse detalhe até a Yam me fazer lembrar.

                    S: É sério isso? Mas agora que você falou eu também lembrei disso! Nem nos ligamos nesse detalhe! Mas como é possível que você não tenha sentido nada?

                 — Boa pergunta! Até um mês atrás até as marcas que você tinha eu tinha também!

                  S: Verdade! Mas então o que houve?

                  — Bom... Parece que alguns tipos de dores e creio eu que de machucados não nos afetam da mesma maneira como outros...

                   S: Se for assim eu fico feliz que você não tenha sentido a dor que eu senti, senão iria ser muito hilário!

                  — Claro que sim! Imagine como seria hilário eu gritando lá da sala de espera por nada? — Falo irônica —Se bem que eu não sinto dores com depilação, afinal eu já estou muito acostumada com isso! Me depilo desde que me entendo por gente!

                   S: Pera aí... É isso!

                 — Isso o que? — Pergunto sem entender

                   S: É por isso que você não sentiu o que eu senti! Por você já estar acostumada! Você não sente essa dor!

                  — É... Pensando bem, pode ser isso! Realmente faz sentido! Mas então por que quando é o contrário você também não sente? Pelo menos nunca me disse nada!

                   S: Não sei! Talvez seja justamente por você não sentir nada, que eu não sinta também!

                 —É, deve ser isso mesmo! Nossa amor quem diria que dessa vez o gênio seria você!

                 S: Mas que engraçadinha você né? — E ele começou a fazer cócegas em mim

                 — Ai amor para! Estamos em público — Alternava a fala entre risos

                  S: Quem mandou provocar? — Ele ri mas para as cócegas —Tá bom parei! Vamos embora?

                 — Vamos! Mas e a Yam e o Ramiro?

                 S: Deixa eles né? Eles vão entender! Vamos!

Então ele me pegou pela mão e saímos sem rumo por aí. De mãos dadas, começamos a passear pela cidade. Ainda não havia anoitecido, mas estava quase. Aproveitamos e fomos andando pra faculdade, que não ficava muito longe daqui.