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História Osaka Boy - yuwin - Yuta


Escrita por: woolari

Capítulo 4 - Yuta


Naquela noite Sicheng não conseguia dormir. Cenas do passeio que tivera insistiam em aparecer na sua mente. Para quem não havia tido muitas aventuras, aquela era uma e tanto. Sicheng jamais poderá esquecer o medo e o choque que sentiu ao ver o garoto cair, desacordado. E quando finalmente descobriu que na verdade nem humano ele era, o labirinto que havia formado em sua cabeça. Sicheng sempre havia sido tão inteligente. E de repente não conseguia entender, mesmo os fatos estando expostos bem na sua cara. 

Ele havia se preocupado à toa.

Ele havia se preocupado.

No dia seguinte, assim que desce do metrô, ele se dirige à loja e entra buscando o homem com quem havia conversado. 

– Oh! Você realmente veio.

Sicheng podia jurar que seu coração acelerou alguns milésimos de segundos antes de virar na direção daquela voz. Obviamente era algo que ele jamais revelaria. Nem por um decreto. Nem por todo o dinheiro do mundo.

– Tadashi me disse que você apareceria. – o garoto aproxima-se dele. – Peço perdão pelo que houve ontem. Não queria que nosso passeio acabasse daquele modo. – Sua expressão de tristeza é substituída por um sorriso no mesmo instante. – Eu me diverti muito. – Ele conclui.

– Você se divertiu?

O garoto assente.

– Como você pode… se divertir? Quero dizer… você sente alguma coisa?

– Essa é uma pergunta bastante indelicada, meu jovem. – o homem chamado Tadashi aparece vindo do outro cômodo.

– Não é como se ele se sentisse ofendido, certo? É uma máquina.

Ele olha de relance para o garoto curioso sobre sua expressão e nota que a mesma não havia se alterado. O sorriso ainda permanecia em seu rosto.

– De fato. – Tadashi responde. – Creio que você não veio até aqui perguntar se ele está bem. Pensou sobre a possibilidade de obter um de nossos modelos?

– Bem, eu… – Sicheng deixa escapar uma leve tosse. – Pensei sim. – ele responde cabisbaixo e então aponta para o robô. – Ele.

– Perdoe-me meu jovem, mas ele não está à venda. É apenas uma amostra.

– Isso quer dizer que ele é mais barato?

– Isso quer dizer que ele por natureza já é defeituoso. Acredito que encontrará algo melhor em nosso catálogo.

Ao ouvir como aquele homem falava sobre as "características" do robô com tanta sinceridade, Sicheng não pôde evitar olhar na direção do mesmo. Ele mantinha uma expressão plena. "Então ele realmente não se ofende."

– Eu já entendo um pouco como ele funciona. Acho que não terei tanta dor de cabeça.

Vendo que ele não desistiria, Tadashi acaba sendo convencido. Ele chama Sicheng para um balcão e acerta os detalhes da compra. 

– Gostaria que ele fosse resetado?

– Não!! – Sicheng responde tão de imediato que até ele mesmo se assusta.

– Muito bem. Cuidaremos dos detalhes e o enviaremos em até 24 horas.

Isso significava que em um dia no máximo, Sicheng não estaria mais sozinho no apartamento. Ele sai da loja sem sequer olhar para a mais nova aquisição. Será que havia feito o certo? O que pretendia com aquilo? Nem ele mesmo sabia, mas agora já estava feito. Qualquer coisa era só devolver, certo?

••••

A aquisição de Sicheng chegara bem mais cedo do que ele havia imaginado. Dentro do prazo, claro, mas ele sequer pôde se preparar psicologicamente. Ele imaginava receber o robô no dia seguinte, pela manhã, mas ao chegar em casa após a faculdade, uma enorme caixa estava na frente de sua porta, quase bloqueando o corredor. 

Com dificuldade, ele arrasta a caixa para o lado, destrava a fechadura e para, olhando novamente para a caixa. Ele joga a mochila no sofá e começa a arrastar a caixa, queixando-se por não ter sequer recebido uma ligação da loja. O correto seria que os entregadores o ajudassem a carregar, não? Ele retira o celular do bolso e observa inúmeras chamadas perdidas. "Droga".

Com o robô já dentro do apartamento, ele anda ao redor da caixa em busca de informações. 

– Modelo 1500 - Yuta. – Sicheng sorri. – Então esse é o seu nome. Não achei que seria tão difícil conseguir o nome de alguém. – Ele diz conversando consigo mesmo.

Um barulho é ouvido e a caixa começa a se abrir sozinha, com um jato de ar saindo de dentro da mesma. 

Sicheng poderia considerar a próxima visão que teve como sendo a segunda mais traumática de sua vida. A primeira foi quando ele havia acabado de se declarar para uma colega e no segundo seguinte uma garota se aproxima dando um selinho nela. "Desculpa" foi tudo o que ela disse antes de ir embora, com os dedos entrelaçados nos da outra garota.

Yuta estava sem roupas. Não apenas sem roupas. Ele era totalmente igual a humano. Um humano sem roupas. Um homem sem roupas. Sicheng paralisa focando seus olhos abaixo da cintura do robô. Não que fosse intencional. Ele havia congelado nesta posição.

– Olá! – uma voz é ouvida de cima.

O chinês rapidamente move sua cabeça para a parte superior da cintura, seus olhos encontrando os do robô. Ele levanta-se num sobressalto. 

– Eu não… eu não estava…

O robô franze as sobrancelhas. O rosto mostrando um semblante confuso.

– Eu não olhei nada. – Sicheng diz enfim.

Yuta dá então seu primeiro sorriso desde o último encontro. – Você olhou sim.

O chinês nunca havia corado tanto em tão pouco tempo. Ele geralmente era uma pessoa tranquila, que pouco demostrava suas emoções. No entanto, desde que teve contato com o robô na estação de metrô, ele têm mostrado um outro lado de si, e isso despertou sua curiosidade em conviver com ele. 

Yuta continuava sorrindo, seus olhos brilhando como se numerosas galáxias estivessem ali. Certamente não era um sorriso provocativo. Por ser uma máquina ele não reconheceria a vergonha que Sicheng estava sentindo com toda aquela situação. Talvez só estivesse feliz? 

– Yuta! – Sicheng exclama. O robô arregala os olhos como se estivesse prestando bastante atenção. – Então esse é mesmo o seu nome. – ele some para dentro do quarto e volta com um par de roupas. – Você sabe colocá-las, certo? Eu não preciso te ajudar.

– Eu não sou um robô idiota. – Yuta diz pegando as roupas.

– Ah! Então agora você assume ser um robô. Por que não disse quando nos encontramos antes?

– Mas eu disse. Lembro perfeitamente. Eu disse que fazia parte do programa.

"Isso pode ser interpretado de outra maneira, seu idiota." 

Quando termina de se vestir, Yuta fica encarando Sicheng, que por sua vez desvia o olhar, mas volta a observá-lo novamente. 

– O que foi?

– Obrigado.

– Por eu ter comprado você? – Sicheng sorri.

– Isso também. Obrigado por ter optado por não resetar minhas memórias. Não tenho muitas, mas gosto das que tenho.

As palavras dele soam tão sinceras que Sicheng baixa a guarda. A vergonha vai embora e ele pode finalmente voltar a respirar normalmente. 

– De que você se lembra?

– De você.

Os olhos de Sicheng voltam a piscar freneticamente como se ele tivesse tendo um tique. – Sim… é… se eu resetasse teria muito trabalho o educando novamente.

O robô assente. 

– Bem, eu não imaginei que você chegaria agora então não arrumei nenhum local para você se acomodar...

– Não tem problema, eu posso ficar no sofá.

O chinês havia esquecido por um breve segundo a origem do outro. Por ser uma máquina, ele não dormia. 

Sicheng entra no quarto por um instante e volta com algo em mãos. Ele levanta a mão do robô e o entrega o pequeno objeto.



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