História Otaku - Otaku 6

Otaku

Mais tarde Todoroki estaria esperando Midoriya fora da escola, desejava que o esverdeado chegasse antes que os garotos mais velhos fossem liberados, assim não teriam a chance de lhe atormentar.

No entanto, seu momento de paz foi tirado ao ouvir a voz de Yoarashi ao fundo rindo de algo com seu grupinho. Naquele momento Shouto se sentiu tentado a ir caminhando para casa.

- Olha só se não é o viadinho. - Inasa se aproximou rindo - Tá esperando o namorado?

- ...

- Desde quando prostituta namora? - Monoma perguntou com um típico sorriso cretino em lábios - Talvez esteja esperando o velho que pagou o programa.

Shouto desviou o olhar quando mais piadinhas continuaram, pelo menos - ainda - não estavam lhe agredindo fisicamente.

- Você acha que alguém pagaria pra comer isso? - Yoarashi cutucou o rosto do menino com o dedo.

Todoroki fez uma expressão de desgosto com o toque, deixando um tapa sobre a mão nojenta que tocava seu rosto, foi instantâneo para a expressão de Inasa se tornar irritada para si.

- Não me toque. - disse o mais baixo.

- Olha só, o viadinho quer dá uma de macho. - Neito sorriu - Por que não ensinamos uma lição a ele?

Olhos heterocromáticos se arregalaram, o menino virou-se para correr.

Nunca se viu tão aliviado quanto quando se virou para o outro lado, vendo Midoriya a poucos metros dali tirando o capacete, sua solução foi correr até esse.

Izuku franziu o cenho quando o menino se aproximou parecendo nervoso. Olhou para o grupo que antes estava perto do meio-ruivo.

- Você está bem? - o maior perguntou.

- Ótimo, agora vamos embora. - disse com pressa ao Midoriya que o olhou desconfiado.

Agora ele estava corajoso para andar de moto?

- Certo. - decidiu não insistir, novamente deveria ser coisa de sua cabeça.

Colocou o capacete no menor e o mesmo pareceu tremer quando ouviram outros adolescentes rindo. Todoroki subiu na moto com pressa, querendo sair daquela situação o mais rápido possível.

- Se segura. - o esverdeado disse fazendo o outro segurar sua cintura com receio olhando de relance para o grupo.

- ...

Logo estavam se afastando da escola e Shouto lentamente voltando a ter medo do veículo onde estava.

Se agarrou à cintura do outro fechando os olhos com força até que a moto finalmente parasse para seu alívio, no entanto, se viu em um lugar desconhecido ao abri-los.

- EU SABIA, É UM SEQUESTRO!

- Para com isso. - Midoriya riu.

Shouto olhou desconfiado para o outro, mesmo assim acompanhou Izuku quando o maior começou a andar em direção à uma rua que ele desconhecia.

- Eu não vou entrar em nenhum beco com você!

- Eu não vou para nenhum beco, relaxa um pouco.

Todoroki suspirou, logo percebeu que o esverdeado andava rápido demais, tinha que praticamente correr atrás do homem. Em certo momento segurou a blusa do mais alto apenas para não perdê-lo de vista.

- Chegamos. - o esverdeado anunciou pouco tempo depois o fazendo franzir o cenho ao olhar em volta.

Não tinha nada além de algumas casas e um muro branco.

- Uau... Chegamos em lugar nenhum. Ok, agora podemos voltar?

- Não.

- Eu vou ligar pra polícia.

- Não precisa, okay? Vai ser legal. – o maior falou se dirigindo até uma das casas de fachada rosa claro, tocando a campainha.

- Meu Deus, eu vou ser estuprado... - Todoroki sussurrou horrorizado.

- Para com isso! - Izuku gritou envergonhado.

- Você me trouxe pro meio do nada e agora está chamando os capangas!

- Não tem capanga ne...

- Ôh Jirou, Brócolis chegou! - os dois conseguiram ouvir o grito da mulher de olhos âmbar que havia acabado de abrir a porta.

- Não, eu me recuso a ser comido por mulher, me tire dessa orgia. - Shouto olhou para o céu como se estivesse perguntando o porquê de ser punido.

Midoriya apenas suspirou, foi até o menino o puxando para dentro da casa.

- Quem é o baixinho? - Hatsume perguntou curiosa.

- Me solta! - esse resmungava até então ser colocado dentro da residência encarando a mulher - Por favor, eu sou virgem!

- É o quê? - a garota riu sem saber o que fazer.

- Eu já disse que não vamos te estuprar! - Midoriya gritou.

Shouto se afastou dos mais velhos, porém quando Hatsume lhe ofereceu biscoitos o garoto rapidamente se aproximou e começou a conversar com a rosada.

- Ele é tão fofinho! - a garota de cabelos rosas disse segurando as bochechas do meio-ruivo que comia o biscoito - E ainda shippa Kagehina. Finalmente você arrumou um amigo que preste!

- Ele se aproximou de mim porque meu irmão pagou ele pra me sacanear. - disse o bicolor para a garota.

Mei olhou para o esverdeado e esperou o mesmo dizer que era brincadeira.

- Eu usei o dinheiro para comprar um negócio para ele. - deu de ombros.

- Isso é sério? - a garota franziu o cenho com o bicolor a assentir.

- Ele é Judas.

- Meu Deus... - a rosada decidiu que era melhor não tentar entender.

Momentos depois Kyouka chegou na sala e conheceu o bicolor, Deku revirando os olhos ao ver as mulheres paparicando o garoto como se fosse o mais novo irmãozinho delas.

- Podemos começar logo ou vão querer enrolar mais um pouquinho? - Izuku perguntou ao trio na mesa que conversava, com Shouto a fazer questão de sumir com os biscoitos do pote.

- Começar o quê? - perguntou curioso.

- A parte que importa. - disse o homem.

Todoroki se viu encarando a parede branca que tinha visto no início, o trio balançando as latas de tinta.

- Vocês vão vandalizar a parede?! – Shouto perguntou em choque.

- Não vamos vandalizar, é grafite. - Jirou respondeu.

- Vocês vão ser presos!

- Nós temos permissão, inteligência. - Izuku riu.

Todoroki apenas cruzou os braços e assistiu os três começarem os grafites, depois de um tempo foi atrás de outro pote de biscoitos.

Voltou logo depois, vendo o início de alguns desenhos feitos pelo trio, com o Midoriya a lhe encarar, vendo-o cheio de biscoitinhos na mão.

- Não quer tentar? – o maior perguntou.

- Eu não quero estragar nada não, obrigado. - levou outro biscoito à boca.

Franziu o cenho quando o homem tirou o pote de suas mãos e o entregou uma das latas.

- Me devolve!

- Eu te dou depois que pintar.

- Eu não vou estragar o muro!

- Eu te ajudo.

Todoroki acabou cedendo por insistência do maior, no final Izuku se colocou atrás de si e segurou sua mão para ajudá-lo com a pintura.

Nunca se imaginou "pichando" um muro, agora lá estava ele, em um lugar que não conhecia com um suposto sequestrador, se divertindo ao fazer os desenhos, por mais que no fundo ainda tivesse medo de ser preso.

- Ele é fofinho. - Jirou sussurrou para Hatsume.

- E faz bem para o Izu... - disse a rosada.

As mulheres observaram o sorriso que Midoriya possuía enquanto ajudava o meio-ruivo.

- Até que não é tão ruim, se a gente realmente não for parar na cadeia. - o menor disse conseguindo ouvir o riso do outro.

- Nós não vamos.

- Espero... - Todoroki olhava aos poucos o desenho tomar forma.

- Shouto, aqueles caras que estavam com você na frente da escola são seus amigos?

 - ... São conhecidos.

- Você correu deles assim que me viu, estava acontecendo algo?

- Não! - o menor suspirou frustrado ao perceber que respondeu rápido demais - São só os caras do terceiro.

- Hum…

- Quando eu estava no primeiro tinha uns caras do terceiro que mexiam comigo. - Kyouka falou ao ouvir a conversa.

- ... O que você fez? - o menor perguntou.

- Chutei as bolas deles.

O menino riu da resposta.

- Isso é algo que a Momo faria. - voltou a prestar atenção ao muro - Eles não me incomodam.

- Se incomodarem, leva um spray de pimenta e tenta chutar. Garanto que funciona. – aconselhou indo trocar o spray.

- Pode deixar.

Depois de um tempo Shouto deixou que os mais velhos continuassem o que estavam fazendo e voltou para o pote de biscoitos.

O bicolor segurou o celular quando o mesmo começou a vibrar, era Shinsou. Sorriu atendendo a ligação do amigo e levando o celular ao ouvido.

- Oi, Shin.

- Onde você tá? Eu cheguei na sua casa, mas o dono da boca disse que você não tinha chego.

Todoroki riu.

- Desculpe, mas eu acho que vou demorar aqui.

- Eu posso te encontrar aí, se quiser, a Momo tá comigo.

- É que eu não sei se dá…

- Como não?

- Eu não sei onde eu estou.

- Que história é essa?

- Estou pintando parede.

- Shouto Todoroki. - agora era a voz de Yaoyozuru - Você tá fumando?

- Não.

- Quem te levou aí?

- Um cara chamado Izuku...

Midoriya o olhou ao ouvir seu nome sendo citado.

- Coloca no viva-voz, quero falar com ele.

- Tudo bem. - respondeu pouco antes de deixar no viva-voz fazendo sinal para o Midoriya que veio até si - É para você. - disse o mostrando o celular.

- Alô? – o esverdeado falou confuso.

- ESCUTA AQUI, SEU MERDINHA...

- Momo! - Hitoshi lhe repreendeu.

- Onde você enfiou o meu bebê?

- O quê?

- Onde porra está o Shouto?

- Eu trouxe ele na casa de uma amiga.

- E quem te deu autorização? - a mulher voltou a perguntar - Pelo que eu sei você é tão babaca quanto o Dabi.

- O dono da boca é estranho… - Hitoshi disse ao fundo.

- Eu sou amigo do Shouto.

- É? - o próprio bicolor pareceu surpreso.

- Quieto, pirralho.

- Toca em um fio de cabelo do meu bebê e eu tiro a sua capacidade reprodutiva. - disse a morena do outro lado da linha.

- Ah... - Izuku olhou para Todoroki em busca de ajuda.

- Eu achava que ele iria me colocar no porão. - o menor comentou.

- Shouto! - o esverdeado repreendeu abismado.

- Mas eu estou bem, a amiga dele me deu biscoito. – o bicolor falou estranhamente sonhador ao pensar nos biscoitos.

- E se tiver maconha nesses biscoitos?! - Yaoyorozu parecia horrorizada.

- Não tem. - o bicolor suspirou.

- Como pode ter certeza?!

- ...

O garoto de olhos heterocromáticos não respondeu.

- Isso aí pode ser culpa minha... - confessou Shinsou quando Momo ficou surpresa com o silêncio de Shouto.

- Shouto, me passa o endereço agora! - a mulher disse do outro lado.

- Mas eu não sei!

- Pede pro sequestrador!

- Olha, Shouto, tá descarregando... - o esverdeado rapidamente desligou o celular do menino e o entregou - Não liga.

- O que foi isso? - Jirou começou a rir.

O esverdeado parecia um pouco assustado após ameaçarem sua capacidade de produzir descendentes.

- Eu também não sei e prefiro continuar assim.

- A bateria ainda estava na metade... – Todoroki comentou.

- Não, descarregou. Agora come os biscoitos. – o maior gesticulou para o pote.

- ... - Shouto deu de ombros e levou outro biscoito à boca.

- Gente, Izuku não era hétero? - Mei começou a rir - Pra tá sequestrando shota…

- Eu sou hétero. - franziu o cenho - E não estou sequestrando ninguém, muito menos sou shotacon!

- Tem certeza? Parece um sequestro. - Mei falou rindo.

A dupla começou uma pequena discussão, Kyouka apenas continuou pintando a parede. O trio só voltou a olhar para o meio-ruivo quando o mesmo suspirou. 

- Hum... – o menino olhou para um biscoito como se estivesse apaixonado pelo mesmo.

- Tá tudo bem com ele? - Kyouka perguntou encarando o rapaz.

- Será que tão alimentando ele direito? Esse é o último biscoito. – a rosada perguntou com diversão na voz.

- Depois eu levo ele em uma lanchonete. - o esverdeado falou e Todoroki o olhou com estrelas nos olhos.

- Leva?

- Levo sim.

O sorriso nos lábios do bicolor cresceu antes de comer o último biscoito do pote.

- Não dá pra acreditar que é irmão do Dabi. - o esverdeado riu antes de voltar a prestar atenção ao muro.

- Realmente. - as garotas concordaram.

- Eu vou pintar também. – Todoroki falou com um pequeno beicinho antes de ir atrás dos sprays.

Não tinha mais nada para fazer agora que seus biscoitos haviam acabado.