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História Our Castle - Umbrella


Escrita por: paansy

Notas do Autor


Depois dos 11k passados eu fiquei confusa com oc, gente, socorro, precisei de umas férias. Mas cá estou eu em prazo ainda, considero meu atraso ainda dentro do prazo. Hoje não vou me exceder muito, só quero agradecer muito por vocês que favoritaram oc, estamos tão grande aqui que eu fico emocionada. Eu amei os comentários passados, era cada um que eu dava risada... vocês são demais, cara.

oc fora do verão, oc finalmente entrando em uma fase mais things could happen. Espero que gostem tanto desse capítulo, tanto quanto gostei.

Capítulo 36 - Umbrella


Mesmo quase caindo o mundo em uma chuva de verão, Seokjin tinha ido trabalhar porque suas férias de verão eram apenas uma semana, então iria cumprir sua palavra. Namjoon não concordou com isso inicialmente, mas sendo colocado contra parede em um: ou é isso ou é nada, preferiu abdicar de sua opinião.

Mas sem o mais velho ali, todas as crianças ficavam concentradas em um lugar só, sendo mais difícil ainda de lidar. O policial tinha uma teoria de que, todos aqueles meninos juntos conseguiam ser pior que a mais perigosa operação policial que ele já enfrentou.

— Jungkook, chega. — O moreno proferiu, pegando o garotinho que já tinha um roxo no joelho por cair enquanto tentava bater em Hoseok. — Você já tá quase todo quebrado. — O jogou sob seu ombro direito.

Jimin apenas assentiu, sentado no sofá com Taehyung em seu colo enquanto o menininho abraçava o irmão e chupava o polegar, vendo toda aquela cena. Hoseok estava em pé, depois de se proteger do irmão mais novo.

E Yoongi, bem, esse estava no telefone com Jennie Kim. Trancado no quarto.

— Ele me chamou de dentuço, pai. — Resmungou, se dando por vencido. — Esse... esse...

— Olha só como fala com seu hyung, pirralho. — O de dez anos reclamou, massageando o braço, onde ganhou uma espadada de um sabre de luz. — Você é dentuço mesmo.

— Kookie não é dentuço. — Jimin defendeu. — Ele só tem dentes maiores que o normal.

— Dentuço! — Yoongi gritou do quarto.

O mais novo começou a se debater, querendo descer do colo do pai. Namjoon respirou fundo e apertou mais o corpo do garotinho contra seu ombro.

— Parem de chatear o irmão de vocês. — Resmungou e se sentou na poltrona, colocando o de cabelos grandes em suas coxas. — Ele tem dentes lindos. Vocês todos têm.

— Pai, você não disse que tinha uma coisa pra falar com a gente? Isso faz uma semana. — Hoseok resmungou, se jogando no sofá ao lado de Jimin.

O mais alto assentiu e respirou fundo. Aquela era a hora. Disse para o namorado que resolveria aquela situação e de fato resolveria.

— Yoongi, vem cá. Desliga esse telefone. — Chamou sério e não obteve reclamações. Em menos de dois minutos o garotinho de moletom apareceu, a cara de sono e o lado esquerdo do rosto completamente vermelho, denunciando o quanto pressionou o celular ali. — Quero fazer uma pergunta.

Yoongi sentou no braço da poltrona onde o pai estava e recebeu um braço do mais velho em sua cintura, o segurando.

— É tipo um jogo, tio? — O de bochechas grandes e vermelhas perguntou e sua animação contagiou Taehyung que tirou o dedinho da boca e sorriu.

Namjoon sorriu de lado e maneou a cabeça. Teria que fazer aquela situação ser a mais leve possível.

— Mais ou menos. — Respirou fundo. — O que vocês acham que é um “casal”?

Jungkook levantou a mão, como se pedisse permissão pra falar e o policial apenas o olhou, assim como todos da sala, esperando sua resposta.

Vendo a atenção em si, o garotinho abaixou a mão.

— São duas pessoas que se gostam muito, muito, muito. — Abriu os braços pra ilustrar o quanto ele estava falando. — Como você e o tio Jin, o Yoongi hyung e Jennie Kim noona.

O filho mais velho sentiu seu rosto esquentar, mas não desmentiu. Apenas desviou o olhar para o chão e coçou a nuca, completamente desconcertado.

— E a Lalisa com o tio Bam. — Jimin completou. Namjoon assentiu.

— Tio Jae e tio Bum? — Hoseok perguntou e respondeu ao mesmo tempo, fazendo o pai assentir concordando. — Eles são casados há um tempão, então são um casal.

— E qual a diferença da Lalisa com o Bambam e o Youngjae com Jaebum? — Perguntou de forma maldosa, intencional.

Queria forçar as crianças a expressarem os mais sinceros pensamentos e sentimentos com aquilo tudo, então só assim poderia desconstruir.

— Nada. — Yoongi quem respondeu, como o moreno esperava. — Pelo menos eu não vejo diferença nenhuma.

— Como não? Lalisa é mulher. — Jimin respondeu confuso e o Kim mais velho o olhou satisfeito. Aquele era o ponto. — A diferença é que ela é menina.

— Mas como casal, qual a diferença? — Reformulou a pergunta e todos os meninos ficaram pensativos.

Menos Yoongi, ele já tinha entendido a intenção do pai e por isso apenas se recostou no corpo do mais velho e ficou encarando aquela cena curiosa.

Até ele queria ver como os menores reagiriam mediante aquela situação.

— Tia Lisa pode ter bebês e tio Jae não? — Jungkook perguntou e Namjoon riu, mas assentiu. — Mas isso não é problema, papai. Existem muitas crianças querendo papais.

— E não vão ser menos filho só porque são adotados. — Yoongi deixou claro para que as crianças entendessem.

Porque eles eram aquele caso e eram filhos de Namjoon sim!

Assim como Taehyung era filho de Seokjin sim!

Jimin abraçou o irmão mais novo com mais força, ainda se sentindo um pouco confuso com aquele assunto, nem notando Taehyung adormecido em seu colo. Em algum momento o bebê relaxou o suficiente para ignorar aquele papo construtivo e dormiu.

— Eu estou confuso, pai. — Hoseok resmungou coçando a cabeça. — Não há diferença nenhuma.

— Um é mais certo que o outro? Lalisa é mais certa por estar com Kunpimook, do que eu estar com Seokjin? — Perguntou direto e as crianças se calaram por um momento.

Jimin mordeu o lábio inferior e se sentiu constrangido. Estava tão confuso com aquela situação.

Jungkook negou veementemente e Hoseok apenas olhou o pai com uma confusão iminente. Ainda não entendia onde o policial queria chegar.

— Quem define o que é certo e errado? — Yoongi perguntou, só pra ajudar Namjoon. — O certo é gostar da pessoa, cuidar, respeitar e nunca fazer a pessoa chorar.

— É. — O segundo mais velho dos filhos assentiu, ouvindo a primeira coisa sensata. — Não têm ninguém mais certo ou errado aqui, pai. Se você ama tio Jin, e a tia Lisa ama o tio Bam; então todos estão certos.

— Mas o Jackson hyung disse que dois homens não podem se beijar porque é errado. — Jimin sussurrou envergonhado e Namjoon o olhou com compreensão.

Era apenas uma criança. Sorriu exibindo suas covinhas e suspirou. Jungkook encarou o amiguinho como se estivesse ouvindo a maior ofensa que alguém já havia lhe dito.

Hoseok o olhou mais uma vez confuso.

— Aquele babaca disse que Star Trek é mais legal que Star Wars, hyung. — Jungkook comentou alterado, irritado. Jimin encolheu-se no sofá. — Ele não sabe de nada. É burro.

— Nochu, com quem você aprendeu a palavra “babaca”? — O moreno perguntou assustado e viu o menor sorrir tímido e colocar as mãos na boca. — Não chame ninguém de burro também, isso é feio.

— Feio é Jackson hyung implicar com você e tio Jin. — Reclamou e o policial estreitou os olhos, encarando o filho com mais atenção. — Por isso ele agora fica falando coisa feia sobre dois homens juntos.

— Como ele soube? — Yoongi perguntou mais sério.

— Eu vou bater nesse garoto se eu ouvir alguma gracinha. — Hoseok garantiu e recebeu um olhar do pai. Abriu bem os olhos, como se sentisse injustiçado. — O quê? Ele não pode falar o que quiser, ainda mais de quem ele não conhece.

— Jungkook bateu nele. — Jimin denunciou e Namjoon olhou para o filho mais novo que cruzou os braços e virou o rosto para o lado oposto. — E levou um soco na barriga.

— Como alguém bate em uma criança de seis anos? — O de treze reclamou alto e pulou do sofá. Sabia que Jackson tinha sete anos, mas mesmo assim. — Jungkook, você não disse nada por quê?

— Não doeu. — Murmurou abaixando a cabeça e colocando as duas mãozinhas na barriga, sentindo o olhar atento do pai sob si.

Namjoon suspirou. As coisas estavam mais sérias do que ele achava que eram.

— Jungkook, você não me disse sobre esse soco. — O moreno disse sério, fazendo o garotinho abaixar os ombros. — Você não pode apanhar e esconder isso de mim.

— Mas eu bati também. Se eu contasse, você ia na escola e a diretora ia ficar sabendo. — Cruzou os bracinhos em seu dorso e o policial bufou, se sentindo nervoso. — Ela não sabe.

— Pai, eu resolvo isso. — Yoongi garantiu e o mais velho o olhou por um minuto. — Eu avisei que se aquele moleque se aproximasse...

— Não. Você não vai fazer nada! Primeiro que o garoto é muito mais novo que você. — Corrigiu o filho mais velho com um tom mais sério do que usava normalmente e o menino pareceu bravo. — Eu vou resolver essa situação.

— Tio Joonie. — Jimin chamou um tanto tímido por ver o mais velho um pouco mais nervoso que antes. Namjoon respirou fundo e olhou pro menino, tentando parecer menos alterado. — E o inferno?

— Jimin... — Respirou fundo mais uma vez e passou a mão nos cabelos, finalmente alegre por ter tirado a tala dos dedos. — Inferno é qualquer coisa que te castiga por fazer algo errado.

— Como quando você colocou Yoongi hyung de castigo por ter xingado! — Hoseok lembrou e Namjoon assentiu meio incerto.

— Ficar sem celular foi realmente um inferno. — Murmurou aborrecido e voltou a sentar no braço da poltrona.

— Dois homens juntos, duas mulheres, uma mulher e um homem... eles podem sim fazer um casal, uma família, se tiver amor tudo é possível. — Namjoon explicou e Jimin o encarava com atenção, os olhos inchadinhos bem firmes e o policial sorriu. — Amor é amor e qualquer pessoa que diga que um ato de amor é errado está errada. Amor é igual para todos, você não consegue escolher quem seu coração vai amar, isso não é errado.

— Eu entendi. — Murmurou sentindo as bochechas vermelhas. — Jackson hyung é um burro, fica falando coisas que não são verdades.

Jungkook assentiu e obteve o olhar do pai recaindo por si. Achou que o mais velho tinha esquecido o assunto de antes.

Aparentemente não.

— Eu ainda não esqueci o soco que você levou e deu, ok? E quero saber direitinho essa situação. — Disse severo e o menininho bufou.

Foi apenas um soco... e nem doeu!

*

— E foi por isso que eu voltei mais cedo da minha viagem. — Youngjae terminou de falar antes de segurar o copo de café com ambas as mãos e levar até os lábios, tomando um gole. — Bummie deve estar na delegacia nesse instante.

— Estranho. Namjoon não disse nada sobre isso. — Seokjin murmurou pensativo.

Havia trabalhado na cozinha na metade do dia e agora, no expediente final, estava no balcão. O dia estava chuvoso e o restaurante vazio, apenas alguns trabalhadores locais entravam, mas o movimento estava bom para aqueles que queriam apenas sentar e conversar.

Esse era o caso de Lalisa, que mesmo trabalhando como garçonete, estava sentada ao lado de Youngjae e tinha a atenção presa naquele homem bonito.

— Então quer dizer que é assim que funciona a polícia? O delegado estala os dedos e os recrutas tem que aparecer? — Perguntou debochada e o homem riu nasal.

Negou antes de olhar para a ruiva que ainda tinha um sorrisinho debochado nos lábios. Não entendia bem a lógica daquilo. Se Jaebum estava de férias, por que encurtaram tudo sendo que não faziam quase duas semanas que o homem havia sido dispensado?

Não fazia sentido em sua cabeça. Já Seokjin estava pensativo. Namjoon não havia falado nada sobre reunião na polícia e isso era estranho.

Muito estranho.

— Não foi o delegado que recrutou, Lali. Foi o sargento, o primeiro sargento Baek. — Explicou paciente. — Ele foi tutor do Bummie e do Namjoon durante uma semana de treinos e ao que parece, ele voltou recrutando todo mundo.

— Ainda quero saber o porquê do Joonie não ter comentado nada comigo. — O de cabelos rosas resmungou e apoiou os cotovelos no balcão.

— Hyung, ele estava com a mão machucada até anteontem, eles devem estar poupando-o. — Choi foi otimista na hora de acalmar o mais alto que suspirou e assentiu, fazendo uma nota mental que questionaria o namorado quando chegasse em casa. — Jaebum também não comentou nada que encontraria Namjoon hyung.

— E sobre o que é essa reunião? — A mais nova questionou curiosa, atenta ao professor que piscou os olhos devagar, encarando o nada, parecendo pensar. — Vamos lá, você é casado com um deles, tem de saber.

Youngjae negou parecendo contrariado, ainda pensativo.

— Não... — Respondeu devagar, tendo a atenção de ambos em si. — Ele não me disse nada. Quando são assuntos confidenciais, ele só me diz quando passa. Eles não podem abrir a boca e a gente precisa respeitar isso.

— Estar com um homem assim requer muita maturidade e sangue frio às vezes. — Kim respirou fundo, pensando alto. Youngjae o encarou enquanto tomava mais um gole de seu café. O mais velho levantou-se do balcão e deu de ombros. — Eu não sei se consigo lidar tão bem assim.

O de cabelos castanhos sorriu de lado e tombou a cabeça para o lado, prestando atenção no rosto bonito de Seokjin, assistindo uma expressão duvidosa nublar seus olhos. Entendia. Claro que entendia. No início, quando descobriu no que Jaebum trabalhava, também hesitou, também pensou que não fosse conseguir aguentar.

Mas depois notou que era muito mais forte, que o amor deles era muito mais forte do que o medo.

— Você o ama, hyung. E pensar apenas como nós, que estamos assistindo de fora, é até egoísmo. Pensar que “não conseguimos lidar” pode até parecer coerente, mas de fato, eles sabem lidar? — Questionou e arqueou uma sobrancelha, encarando o mais velho. O rosado suspirou e mordeu o lábio inferior. — Homens como Namjoon hyung, Jaebum, precisam de um motivo pra voltar pra casa mais do que qualquer outro trabalhador comum. Precisam saber que têm amor e apoio fora de uma cena de crime e que não vão ser julgados ou culpados por algo, precisam sentir que se morrerem, vão causar muita dor e não indiferença. Entende o que eu digo?

O tom usado foi tão calmo e doce que era de duvidar sobre o que falavam. Um assunto tão pesado fora transformado em apenas um assunto. Porém, o mais velho encarou o mais baixo e sorriu de lado, vendo como Youngjae era maduro, mesmo tão novo. Era de se espantar que um cara de vinte e dois anos fosse tão maduro ao ponto de estar casado há três anos e ter toda aquela experiência.

Mais uma vez Kim Seokjin desejou ter um relacionamento tão estruturado e maduro quanto Youngjae e Jaebum.

Quem disse que jovens não amam de um jeito certo e duradouro? Pff.

— Eu agradeço tanto pelo meu namorado estar lavando pratos nesse exato momento. — A tailandesa resmungou, quebrando um pouco o peso que se instalou ali, arrancando risada de ambos os homens. — Enquanto vocês dois estiveram fora, notei que não tenho amigas.

— E pra que amigas se já tem dois amigos como nós dois? É o suficiente. — Choi respondeu óbvio.

— E eu sou ciumento. — Seokjin piscou para a ruiva que revirou os olhos e acenou com a mão, como se indicasse “tanto faz”. — Quer amigas pra quê?

— Pra fofocar.

— Ué. — O de cabelos castanhos resmungou confuso, largando sua caneca de café em cima do balcão e olhando para a mulher ao lado. — Pensei que estivéssemos fazendo isso nesse exato momento.

— Não, vocês só estão dramatizando os homens de vocês. Jaebum-ssi e Namjoon-ssi que ganham dinheiro usando uma roupa preta legal, e o meu Bambam usa um avental e uma esponja. — Comentou e ambos os homens riram à vontade, totalmente mais relaxados do que antes. Lalisa sabia bem como mudar o humor do ambiente. Sorriu satisfeita quando notou os dois mais tranquilos. — Já que vocês não querem me deixar ter amigas, então me contem como foi a viagem de vocês.

— A minha foi ótima. Eu comprei presentes, mas está tudo em casa, depois entrego. Comprei às pressas por conta da volta adiantada. — Youngjae suspirou e respirou fundo, sorrindo bobo ao lembrar da sua lua de mel. — Foi tão... bonito. JB me disse coisas tão lindas, me tratou como um príncipe. Me mimou até o último segundo. Transamos muito...

— Detalhes demais. — Seokjin resmungou, levantando a mão direita como um sinal de “pare”.

— Detalhes de menos. Desenvolva melhor, Jae oppa. — Lalisa se aproximou do homem e sorriu grande, esperando os detalhes.

O mais alto riu com vontade e tomou mais um gole de seu café. Chegou na Coréia há duas horas e já estava enfurnado no restaurante de Seokjin, sem chances de ficar em casa sozinho.

E por outro lado, precisava conversar com os amigos sobre tudo.

— Falando nisso... — Sussurrou pensativo, mudando o foco do olhar, encarando o mais velho de cabelos rosas que estava mais ocupado em fechar a conta de um cliente. — Jin hyung. — Chamou curioso, sorrindo largo quando viu o olhar do amigo recair sobre si após atender o senhor que saiu em seguida. — Como foi...?

Lalisa deu um mini grito e atraiu até a atenção do senhor Cha que estava mexendo no notebook em uma mesa no canto, contatando os fornecedores. Seokjin ruborizou completamente e engoliu em seco.

Youngjae não podia estar falando sério. Lalisa cobriu a boca com as mãos, os olhos com o dobro do tamanho.

Aquilo não podia ser sério... podia?

— Foi bom. — Respondeu baixo, sem graça. Em geral não era tímido com os amigos, mas estavam falando de sua vida sexual: é óbvio que ficaria extremamente tímido. Uma coisa era ouvir Lalisa e suas aventuras, outra coisa era ele falar as suas. — Namjoon é... incrível. Eu realmente não sei o que dizer.

Lalisa ainda permanecia daquele mesmo jeito, encarando o melhor amigo.

Ele havia chego há quase uma semana e não falou absolutamente nada sobre aquilo. Já Youngjae o encarava com curiosidade. Haviam se falado no telefone no exato dia que aconteceu, deu conselhos para o mais velho. Precisava saber se foram eficazes.

— Sabe o que dizer sim, pode falando agora! — Lalisa exigiu, vendo o mais velho revirar os olhos, arrancando risadas do professor. — Ele usou voz de prisão? Algemas? Vocês brincaram de polícia e ladrão? — Desatou a perguntar e no mesmo nível que o mais alto ficava vermelho, Youngjae gargalhava à vontade.

E por o restaurante estar vazio, a atenção estava toda neles, e novamente o chefe os encarou querendo manda-los falar baixo ou se calarem de vez, mas desistiu. O silêncio de um restaurante vazio era incomodo.

Riu sozinho e continuou mexendo em seu computador. A risada de Youngjae era tão engraçada quanto a de Seokjin. – achava.

— Oh... espera... — A mulher continuou, parecendo pensativa ao lembrar-se de algo. — Quem ficou por cima?

— Ya. — O cozinheiro gritou, cheio daquelas perguntas indiscretas. Youngjae ainda gargalhava, mas agora tentava se conter. Seokjin estava completamente vermelho de vergonha. — Você está achando que está falando com quem?

Lalisa fez uma expressão desolada e bufou. Por que Seokjin tinha que ser um amigo tão reservado?

Choi olhou inquisitivo para o amigo e o viu retribuir o olhar. Sabia o que estava querendo saber.

— Estou curioso para saber se usaram o que você levou. — Questionou e o mais velho bufou, mexendo em seus cabelos, os jogando para trás. — Você sabe, não são todos os homens que gostam de usar camisinha e lubrificante e pessoalmente meu marido não gosta, mas...

— Eu não usei. — Respondeu diretamente e Youngjae o encarou, abrindo um sorriso malicioso, dando uma risadinha. — Agora chega, certo? Acabou esse assunto.

Youngjae ergueu as mãos em sinal de rendição antes de voltar sua atenção para a caneca quase vazia e Lalisa continuou encarando o melhor amigo, esperando mais detalhes. Detalhes esses que não viriam porque Seokjin ia guarda-los só para si e para o namorado.

A intimidade deles só dizia a respeito a eles. .

A porta foi aberta e Seokjin olhou para a pessoa que passou por ali, mas queria não ter olhado. Respirou fundo e aquele ato fez seus amigos olharem para trás também, vendo quem estava ali.

Senhora Kim estava com seu enorme casaco de pêlos negros e luvas. Seus cabelos bem arrumados, o rosto maquiado... não estava molhada, o que denotava que tinha ido de carro até ali. Seokjin sabia que a mãe estava morando em seu prédio, um andar acima, conseguiu alugar e por isso, dedicava unicamente sua rotina a irritar o filho mais novo.

Tava até demorando pra aparecer, na concepção do de cabelo rosa.

— Vou lá. — Lalisa fez menção de se levantar, mas teve seu braço segurado delicadamente pelo mais alto que ainda encarava a mãe se sentando em uma mesa vazia. — Oppa. — Olhou para o melhor amigo de uma forma preocupada.

— Eu vou. Fica aqui com o Jae, eu já volto. — Murmurou e soltou o braço da menor.

Passou pela cozinha e saiu dali, entrando no salão do restaurante, pouco ligando de estar usando jeans, tênis e uma camisa azul qualquer. Estava tão desleixado porque sabia que ia pegar chuva. Não adiantava se arrumar. E é óbvio que a mulher o olhou dos pés à cabeça e fez uma careta enojada.

Seokjin sempre foi um bonequinho da mãe. Usava as melhores roupas escolhidas a dedo pela mulher e vê-lo daquele jeito a fazia querer morrer de desgosto.

— Me admira ver você saindo de casa em dia de chuva. — Murmurou debochado. — Não tem medo de molhar a maquiagem?

— Assim como você não tem vergonha de sair usando trapos, eu não tenho medo de molhar meu rosto. — Sorriu e apontou para a cadeira à frente. — Sente-se.

— Eu não sou cliente. Fale o que quer comer, eu não tenho só você de cliente, não se sinta tão especial assim. — Respondeu afiado e recebeu uma risadinha da mais velha que se apertou mais no casaco grosso que usava.

— A não ser que você esteja vendo coisas em um universo paralelo e este lugar esteja cheio no seu mundo... — Debochou e Seokjin quis virar as costas e sair dali. Estava começando a se irritar. — Mas na realidade está vazio... claro que você pode sentar-se com sua mãe e conversar por alguns minutos, que não será diferente do que estava fazendo com seus dois amiguinhos fracassados. E também, eu já comi.

O homem sentiu o punho fechar com força e suas bochechas corarem de raiva. O sangue correndo feroz em suas veias. O ofender tudo bem, mas por que envolver seus amigos? Aquilo era patético.

Sentou-se com má vontade e continuou com aquele mesmo olhar duro para a mulher que sorriu vitoriosa e analisou melhor o rosto do filho, o tom bronzeado da pele...

— Fala logo o que você quer antes que eu mesmo te coloque pra fora desse lugar. — Disse baixo entre os dentes.

— Almocei por duas vezes com Mark Tuan durante esse curto espaço de tempo que você foi brincar de casinha no litoral. — Comentou e Seokjin respirou fundo. Aquilo era completamente ridículo. — Ele disse muito sobre você, sobre como está feliz de trabalharem juntos.

— E o que porra você tem haver com isso mesmo? — Perguntou sem paciência, coçando a cabeça e respirando forte.

Queria poder estourar e dar bons gritos, mas se conteve. Não estava na rua e muito menos em sua casa. Ainda preservava a boa educação e ética.

Mas o fato de ver sua mãe se metendo em sua vida de um jeito tão descarado e absurdo, o tirava do sério. O que era para ser bom, ela estava conseguindo estragar.

— Eu estou tentando te ajudar, pirralho. Seja menos idiota e mais grato. — Murmurou entredentes, agarrando o queixo do filho e o trazendo para perto, querendo o encarar de perto. — Quer mesmo acabar como minha família? Falidos? — Sussurrou e o cozinheiro estreitou o olhar, comprimindo os lábios fechados.

Não se moveu, apesar de querer empurrar a mais velha. Porém, ainda tinha respeito por ela ser mais velha e sua mãe.

Mesmo que não merecesse.

— Eu não dou a mínima. — Respondeu de volta e puxou o rosto da mão enluvada da mulher que revirou os olhos. — Se ter dinheiro de sobra quer dizer ser alguém como você, então prefiro ficar pobre.

Aquelas palavras foram desferidas com tanta raiva e ressentimento, que por um momento a mulher ficou sem reação. Engoliu em seco e piscou os olhos devagar, encarando o rosto expressivo do filho.

Lhe lembrava muito o ex marido e isso a incomodava. Seokjin era igual ao pai; orgulhoso como ele.

— Como se eu estivesse interessada na sua opinião de todo o modo. — Pensou alto e passou a língua entre os lábios pintados em um tom de nude. — O que eu quero fazer é um convite.

— Recusado. — Respondeu de ímpeto e viu a mulher mais velha rir, achando aquela reação tão engraçada, porque era esperada. — Não quero nada seu ou com você.

— Você vai a um jantar comigo e com Mark sábado à noite. — Sorriu enquanto jogava uma mecha de cabelo para trás e via o sorriso debochado nos lábios do filho mais novo. — Eu pago um salão para reverter essa besteira que você fez no cabelo. De novo.

Seokjin riu e negou. Como aquela mulher pode agir como uma desvairada e ainda achar que é normal em algum momento?

Só podia ser louca.

— Ouviu a parte onde eu disse que não queria nada seu ou com você? — Perguntou fingindo susto e a Kim mais velha sorriu irônica.

Ali, naquele momento, Seokjin soube que teria que fazer o que aquela mulher insuportável estava o sujeitando.

Porque obviamente ela tinha um plano pra forçar aquela situação a acontecer. O rapaz conhecia a mãe, sabia bem o que ela era capaz de fazer para conseguir o que queria.

— Seus filhos sabem que tem uma avó? — Abriu um sorriso e Seokjin empalideceu. — Mesmo que aquele armário armado ande 24h atrás de você e daquelas crianças, eu ainda posso conseguir me apresentar pra eles.

— Você não seria capaz... — Sussurrou vendo um sorriso cínico abrir nos lábios finos da mulher. — Não envolva as crianças nisso.

— Oh, mas eu não quero nenhuma criança envolvida nisso, querido. Você quem está me fazendo correr à medidas drásticas. — Cruzou os braços sob o peito, adorando ver o rosto pálido de Seokjin enquanto era observada com certa repulsa. — Nossos negócios são bem claros, é entre eu e você. Você aceita meu convite e eu continuo sendo apenas a vizinha rica e chata que você não gosta, na visão das crianças.

O homem engoliu em seco e respirou fundo. Aquilo era covardia, chantagem da mais nojenta. Usar seus filhos para conseguir algo de si? O quanto aquilo era sujo?

O que Namjoon falaria? Porra. Ele precisava de Namjoon.

— Eu vou levar o Namjoon. — Disse tentando ser firme, mas sua voz falhou. Falhou porque ele sabia que aquela exigência seria vetada.

— Você não vai levar ninguém. Você vai se vestir como eu disser que vai, vai sorrir e vai ser muito doce com Mark Tuan. Vai ser quem eu criei para ser, Kim Seokjin. E acho muito bom não me desapontar! — Pela primeira vez o mais alto se sentiu intimidado pela mãe naquele dia.

Primeiro porque ela falou como falava com ele quando era menor, e segundo por ela o olhava como um menor infrator. Daquele mesmo jeito que olhava quando ele não fazia algo que ela mandava, ou fazia errado.

Ele estava se sentindo uma mercadoria. Um maldito pedaço de carne sendo comercializada.

— Fique longe dos meus filhos, fique longe dos filhos do Namjoon. Seu problema é comigo! — Levantou-se e olhou de cima para a mulher que abriu um sorriso lateral e arqueou uma sobrancelha, fazendo uma expressão superior, sua especialidade. — Não quero ver sua cara ou ouvir sua voz até sábado.

Senhora Kim maneou a cabeça, rindo baixinho ao ver o filho virar as costas e caminhar direto por onde tinha saído antes.

Se sentiu satisfeita, afinal, Seokjin estava fazendo o que ela queria novamente.

*

Seokjin saiu do trabalho mais tarde, quase quando senhor Cha estava recolhendo as chaves para trancar tudo. Naquele dia não levou Lalisa no ponto porque Bambam estava junto e recusou a companhia dos amigos, disse que precisava pensar e ficar sozinho.

A verdade era que desde da conversa do homem com a mãe, sua áurea mudou completamente e ele nem quis mais tanto assunto. Youngjae foi buscado pelo marido um pouco depois e ambos foram para casa, descansar a viagem. Lalisa até tentou conversar com o melhor amigo, mas ao vê-lo negar mais de sete vezes seu pedido de conversar, achou melhor deixa-lo sozinho e foi o que fez até o expediente acabar.

Seokjin fechou os olhos assim que sentiu a chuva fria e forte lhe atingir o rosto assim que pisou fora do restaurante. Ficou alguns segundos parado ali, apenas sentindo as gotas escorrendo por seu rosto, pelo cabelo, pela roupa... pouco se importou com sua mochila, sabia que o couro não deixaria o interior molhar.

Reabriu os olhos quando a chuva parou de tocar seu rosto e alguém se postou ao seu lado. Olhou para a esquerda e viu aquele senhor rechonchudo lhe guardando em um guarda-chuva grande.

— Vai pegar um resfriado se ficar aí, garoto. — Resmungou fingindo indiferença. — Onde está o seu guarda-chuva? Eu sei que tem um.

— Não quero usar. — Respondeu e viu o chefe o olhar com um misto de cumplicidade e dó. Riu fraco e deu de ombros. — É verão. Está quente, uma chuva sempre é bem-vinda.

— Se refresque em casa, criança. Chuva vai te deixar doente e eu não me proponho a pagar os dias que você faltar por estar resfriado. Nem que aquele seu namorado policial me intime. — O tom de voz forçadamente profissional fez Seokjin rir e assentir, ainda sentindo algumas gotas de água lhe rolando pelo rosto e o corpo já um tanto frio pela chuva. — Abra seu guarda-chuva e vá em segurança para casa. Seus filhos precisam de um pai saudável.

Eu vou ficar bem, senhor Cha. Eu garanto. — Disse sem muita firmeza. — Não vou ficar resfriado.

Aquela conversa tinha um duplo sentido e Seokjin sabia. Sabia também que seu chefe não seria tão direto, sempre entrelinhas. O senhor mediu o jovem mais alto e assentiu, mesmo não sentindo firmeza nos olhos do Kim, vendo-o mais sensível do que uma criança desprotegida.

Mas sabia também que a vida precisa te bater pra você fortalecer.

— Então aguente essa chuva e chegue saudável amanhã para trabalhar. — Disse firme e o de cabelos rosas assentiu, sorrindo de lado. — Ótimo, odiaria ter que te despedir por incapacidade.

O mais novo riu e sentiu a chuva voltar a bater em seu rosto e corpo assim que o chefe sorriu pequeno, indicando o trajeto que o mais alto deveria tomar. Curvou-se respeitosamente perante o mais velho e recebeu um aceno em resposta. Começou seu trajeto realmente, vendo que as ruas estavam vazias de pessoas, apenas carros e ônibus matavam um pouco aquela solidão urbana.

Seokjin usou os dedos para jogar os cabelos para trás e respirou fundo, sentindo as gotas frias rolando por seu rosto, seus braços... a roupa pesando em seu corpo, seu coração pesado no peito.

Estava pesado.

Chutou uma poça de água e riu sozinho com as gotas voando em todas as direções. Estava frio e ele queria muito se agasalhar, mas isso estava fora de questão. E mesmo que ele se agasalhasse, ainda se sentiria com frio. Porque estava frio.

Moeda de comércio, carne à venda, puta de luxo... por isso fugiu. Por isso foi embora. Ser gay na visão de sua mãe era ser um brinquedinho exótico na mão dos grandes homens. Ele estava trabalhando tão duro, se esforçando tanto... sozinho...

Por que ela não podia reconhecer que ele era um homem? Um homem competente, honesto e muito integro? Por que ela não podia respeitar seu “não”?

Apenas saiu de seus pensamentos assim que chegou no apartamento e abriu a porta de pedestres, passando pelo hall de entrada e ignorando o olhar assustado que senhor Kang lhe lançou. Tinha a completa certeza que estava horrível.

Se sentia horrível.

Resolveu ir de escada, não queria encarar seu reflexo no espelho do elevador. Preferiu deixar seu rastro de chuva pelos degraus enquanto subia devagar, tentando adiar ao máximo sua chegada. Não queria que seus filhos vissem aquilo, aquele homem quebrado. Não era justo com seus meninos e por isso, quando chegou em seu andar e abriu a porta para sair das escadas, tomou um susto quando viu Namjoon o esperando. Quase caiu para trás, aliás.

O moreno não estava sozinho, aliás. Yoongi estava ao seu lado com Jimin em suas costas, Hoseok segurava a mão de Taehyung e Jungkook foi o primeiro a abraçar o mais velho, o agarrando pela perna, ignorando o corpo molhado de Seokjin.

— Oi, amor. — O moreno disse carinhoso, notando pelos olhos do namorado, que havia algo de errado. — Você vai pegar um resfriado assim.

Namjoon carregava uma toalha grande e preta em mãos, e ela foi parar nos ombros do cozinheiro que não sabia o que dizer. Estava estático. Não esperava aquilo. Como sabiam de sua chegada?

Mal sabia que aquilo havia sido um trabalho de equipe. Youngjae contou sobre a mãe de Seokjin e sua mudança repentina de humor, tudo em um áudio longo no kakaotalk, incluindo mídias da conversa com Lalisa, onde a garota dizia que o melhor amigo não queria falar com ninguém e estava estranho. E por último, senhor Kang em uma simples ligação pelo interfone, avisou a chegada do homem. Preocupou-se em ressaltar que estava completamente molhado e estava indo pelas escadas.

E bom, Namjoon achava que não havia nada que um abraço quentinho em família, não resolvesse. Principalmente corpos frios e úmidos de chuva.

Se eu adoecer, vocês cuidam de mim. — Sussurrou sentindo os olhos marejarem de leve pela primeira vez no dia e viu o policial assentindo com firmeza.

Não sabia qual era o problema, mas seja qual fosse, eles cuidariam do membro mais velho daquela família. Estavam juntos e ninguém ficaria para trás.

O moreno abraçou o namorado com força, escondendo seu rosto molhado no pescoço, querendo que Seokjin se acalmasse pelo menos um pouco. Estava seguro ali, em família. Aos poucos mais alguns pesos foram depositados no corpo do cozinheiro, vários braços o envolvendo.

O frio... passou.

— Você está seguro agora. — O policial sussurrou no ouvido do menor que assentiu. — Amamos você.

Seokjin apertou mais ainda os dedos nas costas de Namjoon e sentiu o abraço ficar mais apertado. Se sentiu seguro, se sentiu aquecido e amado.

Não era nada do que sua mãe queria que ele fosse. Nunca seria.

Ele queria ser Kim Seokjin, o membro mais velho daquela família. O cozinheiro do subúrbio que lava roupa toda segunda-feira, tem amigos desbocados, namora um policial convencido, que tem um filho bochechudo e um monstrinho, que tem como filhos emprestados um aspirante a rapper, um garoto excêntrico pra moda e um baixinho que adora bater e morder pessoas.

Ele queria ser aquela pessoa, ele era e continuaria sendo.


Notas Finais


Essa parte "drama" do capítulo eu escrevi ao som de i need u, então saibam que foi culpa do bts ter ficado bem drama mesmo. Finalmente voltamos para a cidade e para seus problemas, e agora? What we gonna do? Dashi run.

Falem aí pra mim o que acharam, o que estão esperando daqui pra frente, eu quero ouvir cada um de vocês. ♥~

meu tt pra quem quiser: @sarcasmoflet e é nóis, bebês ♥~


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