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História Our Castle - Saturday Night


Escrita por: paansy

Notas do Autor


Olha quem reapareceu depois de quase duas semanas (foram duas semanas completas? Eu não sei). Eu avisei no twitter que eu ia demorar um pouquinho por conta dos a fazeres universitários, mas que voltava logo, e voltei. Voltei com 8k e um pedido de desculpas, ~sorrisinho tímido~

Disse sobre o jornal que explicaria sobre THUG e suas vertentes possíveis, mas o caso é que meu notebook acabou de estragar e vos falo isso do notebook do meu irmão que foi forçado a me emprestar o dele pra postar. Mas ainda essa semana devo postar o próximo, devido minha folga da semana acadêmica na minha universidade, então é nóis.

Pra quem achava que não tinha interação NamjoonxJimin, JinxHoseok: TOMA ESSA SURRA DE INTERAÇÃO. E bom capítulo ♥~

Capítulo 38 - Saturday Night


Quente, calor. Aquele dia estava se saindo muito digno ao ser chamado de dia de verão. Seokjin podia jurar que por duas vezes durante o dia teve que fazer uma pausa para lavar o rosto, em uma tentativa de fugir daquele calor infernal. 

Mas em compensação, a tarde estava agradável. Tão agradável que aceitou de muito bom gosto ir tomar um sorvete com Bambam e Lalisa depois do expediente. E, claro, aproveitou pra comprar dois potes grandes de sorvete para suas crianças. 

Estava entrando no hall do prédio com as sacolas da sorveteria, tentando equilibrar as sacolas em uma mão, sua mochila em um ombro e a mão livre digitando uma mensagem para seu irmão, que depois de muito tempo, havia dado sinal de vida, perguntando sobre as crianças. 

— Seokjin-ssi. — O de cabelos rosas parou por um momento e olhou para o lado, encarando o porteiro novato, aquele que revezava com senhor Kang. — Tem algo aqui para o senhor. 

— Pra mim? Mas as contas chegaram anteontem. — Murmurou confuso, guardando o celular no bolso da bermuda jeans branca que estava usando. — Alguém deixou identificação? 

O rapaz sinalizou para o mais alto esperar e foi até dentro da cabine do porteiro, pegando duas grandes sacolas pretas, com um símbolo na frente. Seokjin bufou e coçou a testa com a mão livre. 

Claro. 

— Foi um entregador, não havia identificação. Só me pediram para entregar ao senhor. — Relatou e entregou as sacolas para o morador que aceitou. — O senhor não estava esperando? 

O cozinheiro já sentia seu humor estragado. Era sexta-feira e ele esqueceu totalmente que no dia seguinte, ele teria que ir naquele jantar ridículo. 

E, óbvio, é claro que ele sabia quem havia mandado aquilo pra ele. 

— Estava sim. Obrigado por isso. Boa noite! — Respondeu cordialmente e recebeu uma curvatura corporal. 

Seguiu até o elevador e preferiu não olhar para baixo e encarar aquelas duas sacolas que deviam custar mais do que sua roupa completa. Uma merda de papel. 

Não que ele odiasse marcas, porque não. Ele gostava, ele sabia o que era se vestir bem e com as melhores coisas. Se aquilo tivesse sido um presente de coração, ou ele mesmo comprado, então as coisas estariam bem. 

Mas não. 

Quando o elevador abriu em seu andar, saiu do cubículo de metal e andou mau humorado até sua própria casa. Sabia bem que seus filhos estariam com Namjoon, naquela última semana de férias tanto para os menores, quanto para o policial; em breve toda a rotina estaria de volta. Entrou em casa e deixou as sacolas de roupa na sala antes de guardar os potes de sorvete na geladeira. 

Não queria encarar aquela roupa, não queria tocar nela. Respirou fundo e bagunçou os fios rosados, indo até a sala e pegando as sacolas e indo diretamente para seu quarto, onde sabia que teria de provar aquilo. 

Jogou a mochila para um lado e retirou a camisa, pouco ligando de ficar com o peitoral exposto. Andou até a primeira sacola preta e a abriu, sentindo um perfume masculino saindo dali. Malditas lojas caras que perfumam suas roupas. Haviam duas caixas ali dentro e duas foram puxadas de uma vez, ambas finas e o homem sabia como aquilo funcionava. 

— Pra que essa merda toda se eu vou queimar tudo no fim do dia? — Murmurou pra si mesmo e abriu a primeira caixa, encontrando uma camisa branca perfeitamente dobrada. Jogou a caixa pro lado e abriu a outra, encontrando uma calça social de corte exato. — Quanta besteira. — Jogou para o lado, sem se importar. 

Marca ou não, Seokjin pouco se importava com aquela roupa. Ele queria que aquela pressão acabasse logo de uma vez, estava cada vez mais mal-humorado por culpa daquele jantar e ninguém o merecia daquela forma. 

Pegou a outra sacola e a abriu, retirando de lá uma pequena sacola preta onde ele sabia que estavam os sapatos e dentro ainda havia o blazer dentro de um suporte de pano que o impedia de amassar e ficava dobrado dentro da sacola. O tirou daquilo e viu que era vinho, a única peça de cor ali. 

Mais besteira. 

Viu que havia seu cinto embalado dentro da mesma sacola e na hora que estendeu para pega-lo, viu um papelzinho branco brilhar no meio daquilo tudo. 

Respirou fundo e ignorou alguns fios rosas caindo por seus olhos, estendendo os dedos e pegando aquele pedaço de papel. Um bilhete. 

“Espero que suas medidas ainda continuem as mesmas, escolhi a dedo cada peça de sua roupa. Fique lindo, Mark merece. 

xx mamãe.” 

Seokjin riu irônico e jogou aquele papel para o lado, olhando para sua cama e vendo toda aquela roupa cara ali. Ele não queria, não precisava. Bagunçou os fios lisos e tomou um leve susto quando ouviu a porta abrir e logo algumas vozes conhecidas entrando. Rapidamente pegou a camisa que usou para trabalhar a fim de vesti-la de novo, mas foi impedido. 

— Papai fizemos uma coisa pra você. — Jimin pulou em suas pernas e em suas mãos estava um pedaço de pano que era pra ser branco. — Olha. 

— Onde você pegou essa camisa, mochi? — Perguntou curioso, pegando a camisa das mãos do filho e vendo que estava completamente pintada de tinta. Sorriu e olhou para baixo onde tinham coisas escritas. — Saranghaeyo tá escrito errado, filho. 

— Jungkook que disse que era assim. — Resmungou desapontado, afastando-se das pernas do pai. — Quer que eu conserte? 

— De forma alguma, príncipe. Eu adorei. Ficou lindo... — Agachou na frente do filho e deixou um beijo na ponta do narizinho fofo do menino que abriu um sorrisão com direito a olhinhos fechando. — Essa camisa é minha? 

— Agora é, mas era do tio Joonie. Ele nos deu pra fazer um presente pra você. — Contou e o rosado assentiu compreensivo. Jimin fez um gesto de “vem cá” com sua mão direita, fazendo o pai aproximar-se. — Ele também tem um presente pra você. — Sussurrou no ouvido do mais velho. 

Seokjin franziu o cenho curioso e se afastou, olhando para o filho e vendo a criança levar o dedo indicador até a boca e sinalizar silêncio. Quando o mais velho elevou o olhar, viu o porquê de Jimin o chamar tão pertinho. Namjoon estava ali o tempo todo, encostado no batente da porta, de braços cruzados e encarando aquela cena, mas não sorria. 

Aliás, seu olhar estava nas coisas espalhada na cama grande do namorado. Estranhamente se sentia irritado por toda aquela situação. 

— Cadê os outros, querido? — O mais baixo perguntou ao se levantar e chamar o moreno para seus braços. 

— Hoseok e Yoongi saíram para jogar basquete na quadra com os meninos mais velhos, Taehyung está dormindo e Jungkook está desenhando lá em casa. — Contou ao se aproximar e puxar o cozinheiro para seus braços, o abraçando protetoramente, deixando um beijo nos cabelos rosados já um tanto desbotados. — Essa roupa é pra amanhã? 

— Sim. Ela deixou pra mim lá na portaria. — Murmurou e o policial assentiu. Não ia prolongar muito aquele assunto, Jimin ainda estava ali. — Eu não quero nada dessa merda. 

— Eu sei. — Sussurrou cansado e beijou demoradamente os lábios do mais velho que pareceu relaxar com aquilo. — Aguenta só um pouco, isso já vai acabar. 

Seokjin assentiu e suspirou satisfeito com as mãos grandes do moreno em sua cintura nua, a massageando, acariciando. Jimin tinha ido para a cama do pai e estava mexendo curiosamente nas roupas novas. Estava tudo tão cheiroso. 

O mais velho dali se virou e negou ao ver o filho pegar a camisa branca de dentro da caixa, a puxando para ver melhor. 

— É tão bonito e cheiroso, pai. — Comentou alegre e os dois mais velhos até riram daquilo. — Comprou hoje? 

— Sim, bebê. — Mentiu e sentiu as mãos do namorado se apertarem mais em sua pele, como um gesto cúmplice. — Prometo que depois de amanhã, eu te dou ela pra brincar. 

— Jin! — Namjoon resmungou confuso e puxou o corpo largo do namorado para sua frente, querendo encarar os olhos de Seokjin que transmitiam um sentimento estranho de raiva e tristeza. — Isso é muito caro. Não faz isso. 

— É só um pedaço de pano. — Respondeu baixo e o policial bufou. Aquilo também não lhe parecia coerente. — Não quero nada daquela mulher dentro da minha casa. Não foi nem um presente. 

— Mas mesmo assim... 

— Você pode fazer o que quiser com a roupa, filho. — Disse mais alto, fugindo dos braços do mais alto que ainda estava perplexo com a atitude do rosado. — Agora o papai vai tomar um banho pra vestir essa camisa linda que vocês fizeram pra mim. 

— Veste essa, papai, é mais linda. — O pequeno garotinho estendeu a camisa social para o adulto que negou veemente. — O que fizemos é feio perto dessa aqui. 

Seokjin fez uma careta e negou mais uma vez. 

— Eu acho essa aqui muito mais linda. — Levantou a camisa que segurava. — E por isso vou colocar, e essa aí eu não ligo. 

A criança assentiu feliz. Então seu pai havia gostado do seu trabalho artístico junto com o irmão mais novo e até Jungkook. Namjoon piscou cúmplice para Jimin e deixou Seokjin livre pra pegar uma calça de moletom no guarda-roupa e uma cueca, pronto pra ir tomar banho. 

— Eu já volto. — Avisou caminhando para fora do quarto, mas voltou só pra sorrir de lado e ver seus meninos o encarando com curiosidade por aquele sorriso. — Comprei sorvete. 

E com aquela simples frase, Jimin urrou feliz e Namjoon alegrou-se juntamente do garotinho que abandonou as roupas do pai para ficar de pé na cama e ser pego pelo mais alto. 

— Vamos pedindo nosso jantar, que tal? Acho que seu pai merece uma folga da cozinha. — Deu a ideia e viu Jimin assentir. — O que quer comer? 

— Pizza. — Respondeu rápido e o moreno fez uma careta pensativa. 

Pizza? Nah... 

— Que tal irmos no Burguer King e comprarmos alguns hambúrgueres? — Ofereceu e viu a boca de lábios cheios se abrindo em descrença, assim como os olhinhos começando a brilhar de felicidade. O mais velho soube ali o que jantariam. — Ótimo! Isso é um “sim”? 

— Tem brinquedo do Star Wars, tio Joonie. — Segredou e o policial assentiu, abrindo um sorriso logo após. — Jungkookie vai gostar. 

— Sim. Ele vai. Vamos colocar nossos sapatos e vamos. — Colocou o menino no chão, deixando ele livre para correr até os sapatos, o que ele realmente fez. — Pegue para seu irmão também, Jimin-ah. — Pediu alto e o garotinho gritou um “tá”. 

Namjoon vasculhou a escrivaninha do quarto do namorado atrás de algum papel e caneta, onde escreveria que haviam saído para conseguir o jantar e logo voltavam. Sorriu pequeno ao ver livros de receita cheios de de marcação e alguns cadernos abertos, folhas soltas e uma delas estava rabiscada com “#menu1: propostas para o buffet do Mark”. Olhou as opções e não entendeu nada, não conhecia aqueles pratos, muitos deles estavam escritos em romanização, até. 

Mesmo que falasse um inglês fluente por conta de ter estudado sua vida toda em uma escola tradicional americana, ainda assim, não sabia nada de gastronomia. Nada de gourmet, como os conceituais diziam na TV. 

Ok, ele confessava que se achava um pouquinho menos leigo depois dos episódios de MasterChef que ele assistia toda sexta-feira à noite com o namorado. 

Achou um bloquinho de post-it rosa, pra variar, e uma caneta preta. Escreveu rapidamente o que queria e puxou a anotação, saindo do quarto de Seokjin, porém, não sem antes olhar para a cama e ver aquelas roupas caras. 

Suspirou. 

— Ela não vai conseguir tirar ele de mim. Nem com essas roupas e nem com nenhuma chantagem barata. — Murmurou entredentes, sentindo seu coração apertar no peito. Engoliu em seco. — Ela não vai destruir a minha família. — Com aquilo, fechou a porta e colou o post-it ali, esperando que seu príncipe rosado, lesse. 

Jimin apareceu já com sandálias de velcro nos pés e balançou um par igual, no entanto, menor, em suas mãos. O moreno estendeu o polegar em confirmação e indicou a porta. 

Iriam dar uma folga para Seokjin e ao mesmo tempo, conseguirem sozinhos o jantar. 

Comprado, claro, porque sem Seokjin ou comida comprada, morreriam de fome. 

Namjoon comprou tudo pelo drive thru e aproveitou também para passar na Starbucks e comprar um copo de limonada rosa para o namorado, porque sabia que ele queria fazia um tempo e não tinha tempo de ir comprar. 

Oh, sim, comprou brownies para os garotos e um cookie para Taehyung. Notou que quanto maior a família, maior deveria ser seu salário. Mas, apesar de tudo, ele se sentia feliz. Mais do que antes, seu sonho de ter uma família grande estava finalmente se realizando. 

Voltaram para casa cheios de sacolas de comida. No banco de trás, Jungkook insistia em roubar batatas de dentro da sacola de papel, mesmo sendo repreendido por Jimin. 

— Esse lanche é do Hoseok hyung, para de roubar as batatas dele. — Reclamou e o garotinho de cabelos grandes apenas olhou para o mais velho com a maior descrença e colocou a batata na boca. Jimin fez um biquinho irritado. — Vou falar pra ele. 

— Hyung. — Taehyung chamou o garotinho e abriu a boca. — Ahh.. — Sinalizou que queria também e foi prontamente atendido pelo segundo mais novo. 

Jimin se enfureceu mais ainda vendo seu irmão mais novo sucumbindo naquela tramoia. Namjoon estava vigiando tudo pelo retrovisor, rindo com aquela cena. 

— Taetae! — O mais velho das crianças reclamou e o bebê encarou seu rosto. — Não caia nessa. 

— Fome, hyung. — Resmungou manhoso e o de bochechas grandes revirou os olhos. — Kookie-ah... 

— Pode comer do meu. — Namjoon deu o aval e Jungkook abriu um sorriso grande. — Só deixem espaço na barriga, porque Jin-ssi comprou sorvete pra sobremesa. 

E mesmo que para Namjoon e Seokjin aquele dia estivesse sendo um pouco pesado, para as crianças estava sendo bom. Muito bom. 

Cheio de comida boa e muito mimo. 

Seokjin, assim que terminou seu banho e se vestiu, tomou um susto quando viu a porta de seu quarto fechada e a caligrafia atrapalhada de Namjoon o avisando que haviam ido comprar o jantar e que ele estava de folga por hoje. 

Sorriu bobo e negou. Seu namorado era mesmo incrível. 

Desistiu de secar o cabelo com o secador assim que sua casa foi invadida por Hoseok e Yoongi, completamente sujos e suados. O mais velho segurando uma bola de basquete na mão e o outro correndo imediatamente para a cozinha, gritando um “oi Jin” antes de sumir. O rosado apenas riu e gritou um “oi” de volta. 

Lhe agradava ver que estavam tão íntimos até o ponto de não haver quase nenhuma formalidade entre ambas as famílias. 

— Nossa casa tá fechada por quê? Resolveram fugir? — Yoongi perguntou ofegante por terem subido de escada. 

O mais velho indicou a cozinha e foram andando pra lá, onde Hoseok já tomava seu segundo copo grande de água. Além de estar muito calor, ainda havia aquele jogo de basquete onde seu time perdeu para o do irmão. 

Também, no time de Yoongi tinha aquele chinês que jogava bem basquete. O tal de LuHan. Assim não podia concorrer. 

— Foram comprar algo pra gente comer. — Avisou e encheu um copo grande com água e deu nas mãos do menino de cabelos pretos que aceitou sem pensar, largando a bola no chão. 

— Que bom, porque eu tô morto de fome. — Hoseok resmungou depois de saciar sua sede com três copos e meio de água. — Tio Jin, fiz cinco cestas de três hoje. 

— Sério? — Perguntou abrindo bem os olhos e o garotinho assentiu orgulhoso. — Ainda acha que sair do time de basquete foi o certo? 

Yoongi revirou os olhos, a única reação possível, já que a boca estava ocupada bebendo água. 

— Prefiro dançar. — Murmurou e o mais alto assentiu. Hoseok era realmente bom na dança. — Amanhã tenho aula de dança. 

— Ele fez todas essas cestas, mas ainda assim perdeu pra mim. — O de treze murmurou deixando o copo vazio em cima da pia. Seokjin riu e negou. Hoseok emburrou a cara e cruzou os braços. — Acho melhor ele ficar na dança mesmo, Jin-ssi. 

— Ah, é? E eu ach-... — O de cabelos castanhos ia retrucar, porém o adulto interviu. 

— E eu tenho certeza que vocês precisam de um banho antes de jantarmos. — Falou e obteve dois pares de olhos cansados em sua direção. Negou veemente, conhecia bem aquele olhar. — Nem adianta me olhar assim. Primeiro banho, depois comida. 

— Jin-ssi-ah... — Hoseok se agarrou ao corpo do adulto que mesmo estando de banho tomado e o menino completamente sujo e suado, o abraçou de volta. — Eu estou com fome. — Resmungou manhoso. 

Yoongi nem tentou, sabia que não ia conseguir dobrar o de cabelos rosas, não havia jeito. 

— Primeiro banho, depois comida. Prometo não deixar ninguém comer antes de vocês. — Sussurrou carinhoso e ouviu um choramingo do garotinho. 

Não havia jeito mesmo. Seokjin conseguia ser mais firme que Namjoon e os meninos estavam percebendo isso. 

— Você sabe que “saranghaeyo” está escrito errado na sua camisa, não sabe? — Yoongi analisou e o outro riu alto. 

Hoseok se afastou só pra olhar aquilo de perto, puxando a camisa do padrasto para ver, constatando o erro. 

Constatando também a letra. 

— Eu sei, Jimin quem escreveu errado. 

— Não, tio Jin. — Hoseok negou, um tanto confuso. — Essa letra é do Jungkook. 

O rosado abriu bem os olhos e sorriu bobo. 

Então o filho caçula de Namjoon já dizia que o amava? Wuah... 

Estavam todos jogados no chão da sala de estar de Namjoon. O homem colocou as almofadas no chão e afastou um pouco os sofás para que todos ficassem confortáveis no chão mesmo. Sabia bem que o namorado não queria estar em casa devido aquela roupa e aquela situação toda, então, mais uma noite havia o convencido de dormir ali. Com ele. 

Já estava virando costume, aliás. 

Aquele lugar estava muito barulhento. A TV ligada no episódio de MasterChef, como de costume, o barulho de Jimin e Jungkook brincando com seus bonecos recebidos pelo lanche comprado – Jimin havia escolhido a Rey e obviamente Jungkook escolheu Kylo Ren, e agora ambos encenavam a batalha de Jedi contra Darkside –, Hoseok e Yoongi brincado com Taehyung ao tempo que o alimentavam com calma, mesmo o garotinho agitado pelos meninos mais velhos ali perto. 

Taehyung escolheu o BB8 porque ele achou fofo. Jungkook tentou o persuadir para pegar o R2D2, porém... Taehyung manhoso, dizendo que queria o “robô fofinho” ganhou a situação. 

Namjoon e Seokjin se dividiam entre mandar os dois de seis anos pararem de brincar e comerem logo, comerem seus próprios lanches e assistirem MasterChef. 

Era eliminatória. 

— Jimin! — Chamou, ainda mastigando seu sanduíche de frango. — Senta pra comer. 

— Perdi a fome, pai. — Fez um biquinho e o adulto o chamou, o colocando sentado entre suas próprias pernas. 

— Se eu soubesse que não iam comer o lanche todo, nem compraria nada. — Namjoon continuou o sermão e Jungkook se sentou perto do pai. 

Sem Jimin não havia brincadeira, então do que adianta ficar de pé? Deixou Kylo Ren quietinho do seu lado e olhou para o pai. 

— Sem fome, é? — O mais velho de todos perguntou assim que ofereceu um pedaço de seu lanche para o filho que não só aceitou, mas como pegou um enorme pedaço. — Você pode brincar depois que comer, mochi. Aprende isso. 

Jungkook engatinhou para o colo do pai que ainda o encarava fingindo estar bravo, mas logo sua carranca foi desmontada assim que viu o menininho pegar seu próprio cheeseburguer pela metade e tirar um pedaço. 

— Muito bom. — Murmurou sorrindo de lado, satisfeito em ver o filho se alimentando. 

Seokjin olhou para o lado enquanto mastigava, vigiando o filho mais novo que mordia um pedaço de nugget de frango e olhava Yoongi comendo seu enorme sanduíche enquanto lhe oferecia o copo azul, de plástico, que Seokjin havia colocado o refrigerante do garotinho, para não derramar no chão. 

— Gostoso? — Perguntou para o mais novo que olhou curiosamente para o pai e abriu um sorriso. 

— Gostoso. — Respondeu rindo, mas logo recebendo o bico do copinho na boca, aceitando o refrigerante que Yoongi lhe dava. 

O de cabelos rosas sorriu para o bebê e voltou sua atenção para Jimin que roubava mais um pedaço de seu sanduíche, esquecendo que dentro da bolsinha de papel comprada, havia um cheeseburguer só para si. 

Mas Jin não era pai de primeira viagem, sabia bem que depois que se tem filhos, nada mais é só “seu”. 

Roubou algumas batatas de Namjoon, visto que as suas haviam acabado. 

— Appa, amanhã vai começar os ensaios para a festinha da escola. — Jimin relembrou o pai que grunhiu em compreensão, os olhos presos na TV. — Você vai? 

Aquela pergunta lhe doeu o coração. Desde que Jimin havia entrado pra aulas de dança, nunca havia perdido um ensaio ou apresentação. Nunca. E perder aquele ensaio importante era dolorido. 

Ele não queria perder, mas era obrigado a isso. 

Seokjin sentiu sua mão ser segurada pela de Namjoon e suspirou. Entrelaçaram os dedos e ele se sentiu menos pior ao dizer. 

— O papai vai precisar sair, amor. Me perdoa. — Disse e viu o menor lhe olhar confuso. 

— Mas é sábado, papai. — Seus olhos inchadinhos miraram curiosamente o pai que tinha uma feição de culpa. 

— Ele tem que resolver uma coisa no segundo trabalho, Jimin-ah. — Namjoon explicou carinhoso e o menino bochechudo assentiu entendendo antes de suspirar. — Mas, eu vou estar lá, que tal? Eu e Yoongi. Amanhã ele não tem treino de basquete. 

— Vocês vão? — Perguntou esperançoso olhando do policial para o hyung mais velho que tinha a boca cheia e assentia. 

Jimin abriu um sorriso onde seus olhos fecharam e Seokjin sorriu aliviado, acariciando a mão do moreno com seu polegar. Namjoon olhou para o mais velho e piscou o olho esquerdo, sorrindo de lado, sorrindo cúmplice. 

O rosado apenas sibilou um mudo “obrigado”. Kim Namjoon estava mesmo sendo sua âncora. 

Seokjin quis adiar, quis enrolar o dia todo até finalmente tomar banho e se vestir com aquela roupa que ele não queria vestir. Mas vestiu. Ele se sentiu fazendo o que fazia quando era mais novo. Da maquiagem até o jeito de pentear o cabelo. 

Ele realmente parecia o velho Kim Seokjin. Isso não o agradava. 

Vestiu o blazer vinho e se olhou pela última vez no espelho, respirando fundo. 

— Você está... wow. — Ouviu a voz de Namjoon soar da porta e acabou rindo fraco, sem olhar para o namorado. — Parece um verdadeiro homem de alta classe. 

— Larga de ser bobo, Joonie-ah. Sou só eu. — Murmurou e se virou para o moreno que também estava bem vestido. Namjoon tinha o poder de parecer bem vestido de jeans e camisa preta básica. — Vão sair agora? 

— Sim, só vim avisar que já estamos indo. — Fechou a porta do quarto e caminhou pacientemente até o mais baixo, o analisando por todo o caminho, sorrindo fraco ao ver o namorado realmente elegante. — Você está lindo, amor. Queria ser a pessoa que vai poder te olhar por toda a noite... 

O rosado suspirou pesado e abraçou o corpo largo do mais alto, se agarrando à camisa de Namjoon, o sentindo circular sua cintura com os braços e o prender nos braços, como se quisesse passar um pouco de confiança para o mais velho. 

— Queria que fosse você a me levar para jantar... — Sussurrou e o policial sorriu. — Eu estou odiando essa noite. 

— Eu quero te dar uma coisa. — Disse baixinho, afastando o corpo de Seokjin só para conseguir enfiar a mão no bolso da frente e tirar de lá uma correntinha de ouro branco que continha um pingentinho delicado escrito “Kim”. — Esse pingente eu ganhei da minha mãe assim que eu nasci, mas como eu não costumo usar cordões, nunca usei muito depois que tomei certa idade. 

— Namjoon... 

— E eu quero que fique com ele. Eu não te dei nenhum presente de começo de namoro. Somos um casal e não usamos nada que mostre isso. — Continuou o discurso, mesmo vendo o namorado negar. — Quero que cuide da minha correntinha. 

— Mas... e o seu? Eu também não te dei nada. Isso não é justo, eu não concordo. — Murmurou e o moreno riu fraco, levantando o pulso direito e mostrando a correntinha ali, igual ao cordão. — Amor... 

— A pulseira meu pai me deu, quando viu que eu não gostava de cordão. E eu prometi pra mim mesmo que só usaria esse conjunto com alguém que eu realmente amasse, porque não queria usar mais sozinho. — Explicou e o cozinheiro piscou os olhos demoradamente, sentindo seu coração bater tão forte e pesado no peito. — E eu te amo. Amo o suficiente para querer que use essa correntinha. Você é nosso Kim número um e eu quero ser o número dois de vocês. 

— Você é. — Respondeu e deixou que o policial fosse para suas costas e fechasse a delicada correntinha de ouro em seu pescoço, e mesmo que fosse parar dentro da blusa social, ela ainda estava ali. No meio de tanta coisa errada, apenas aquele acessório parecia certo. — Eu te amo, Namjoon. Obrigado por estar do meu lado e por ser quem eu preciso, desde aquele dia do sabão e a máquina. 

O moreno riu e deixou um beijo delicado na nuca do namorado antes de ir para frente do menor, o encarando de frente, olhos conectados o suficiente para Seokjin entender o que estava se passando, mesmo que o mais novo não estivesse disposto a verbalizar coisas. 

Insegurança. Ele estava inseguro. 

— Eu vou jantar, manter tudo profissional e vou voltar pra você, vou voltar pra você me ajudar a tirar essa roupa... — Disse baixinho e passou a mão no rosto de Namjoon, usando o polegar para tocar o lábio inferior do policial que suspirou e fechou os olhos. — Eu só quero ficar com nossa correntinha no corpo, no fim da noite. 

— Só com a correntinha? — Perguntou rouco, sentindo o polegar do namorado afastar seus lábios gentilmente. 

Aquilo já estava o agitando... papo sexual logo na hora de sair... 

Seokjin era a pessoa mais imprevisível que Namjoon conhecia. A mais apaixonante também. 

— Só. — Respondeu no mesmo tom, sem parar o carinho, sorrindo de lado assim que a língua do moreno passou delicadamente por seu polegar. — Não me provoca. 

O policial sorriu e reabriu os olhos, encarando a expressão séria do mais velho. Estava altamente provocante com aquela roupa e aquela expressão. 

— Espero que as horas passem rápido. — Afastou sua boca da mão do mais baixo e deixou um beijo demorado no polegar do homem que assentiu e suspirou. — Porque no fim, também espero ficar só com nossa correntinha no meu corpo. 

Seokjin abriu um sorriso, um sorriso que se fechou assim que seu celular apitou mensagem. 

Hora de ir... 

Mark havia ido buscar os dois no subúrbio e ficou feliz de saber finalmente onde Kim Seokjin morava. O homem desceu alguns minutos depois de sua mãe, junto do namorado e as crianças. Mark sorriu ao ver o mais velho beijando a testa de todas as crianças, menos a mais alta, cujo deu apenas um abraço rápido e foi retribuído. 

Havia um bebê vestido com uma fantasia de Stitch, com direito a rabinho e orelhinhas. Esse estava nos braços de Namjoon e Mark sentiu inveja ao ver o rosado fazendo cócegas na criança e fazendo o menino abraçar o policial um pouco antes do cozinheiro beijar o homem mais novo e depois repetir o gesto com o filho mais novo. 

Realmente pareciam uma família. Mark os achou uma bonita família e invejou aquilo. Invejou porque visualizou aquilo que ele sonhava para si, mas não era de fato seu. 

Seokjin se despediu mais uma vez e recebeu mais tchaus antes de aquele grande grupo sair em direção ao estacionamento do prédio e o homem caminhar, agora sem sorrir, para o portão do prédio, saindo e cumprimentando o engenheiro com uma curvatura corporal respeitosa. 

— Boa noite, Mark-ssi. — Desejou sério e o mais novo se sentiu um tanto envergonhado, mas assentiu. 

Ele queria ver aquele Seokjin de poucos segundos atrás, aquele que sorria e brincava com as crianças e Namjoon. Ele queria aquilo para si. 

— Decidi levar vocês no bistrô da Hyejin-ssi. Você se incomoda? 

O rosto do homem se iluminou. Pelo menos algo bom, ele teria sua vice ao lado, não ia se sentir tão acuado. Mesmo que não fossem íntimos, já estavam próximos por conta do profissional. 

Isso já era um começo. 

Senhora Kim e seu fabuloso vestido preto e maquiagem impecável, estava segurando sua bolsa tira-colo e sorria satisfeita vendo seu filho antigo ali. Bem vestido, e obviamente, perto de Mark. 

Em sua concepção, eles faziam um lindo par. 

— Isso é ótimo. Assim podemos tirar uma parte da noite para conversar sobre algumas coisas do trabalho. — Sorriu e Mark sorriu de volta, porém decepcionada. Sempre trabalho. — Vamos? 

O engenheiro assentiu e abriu a porta traseira para a mulher que agradeceu o gesto e entrou. Mark estranhou o fato de Seokjin nem se quer olhar para a mãe, porém não questionou. Fechou a porta e antes que pudesse repetir o gesto com o mais velho, querendo o impressionar, ele já havia entrado pela porta do carona. Tuan suspirou. 

Seokjin parecia indiscutivelmente forçado com aquilo. 

Chegaram no bistrô em alguns minutos arrastados dentro do carro onde Seokjin não falava nada, sua mãe parecia empenhada e puxar assuntos variados com Mark e puxar o filho para o assunto. 

Mas o rosado não parecia muito interessado em nada que não fosse a paisagem, o contraste entre o subúrbio e a classe alta. 

O local era bonito e não era grande e não havia placa. Ficava em um local com muitas árvores e alguns seguranças que pediam identificação antes de deixar o cliente entregar o automóvel nas mãos de um manobrista. 

Seokjin se sentiu intimidado. Aquela mulher, sua vice líder, tinha um bistrô tão conceitual e ele trabalhava em um restaurante familiar que vendia tudo a preço popular. 

Irônico e triste para sua estima, porque ele sentia que não merecia o cargo que tinha, o que reforçava sua ideia de que Mark só tinha o colocado naquilo por gostar de si. 

— Esse é o bistrô principal. — Mark começou a explicar, abrindo a porta traseira e oferecendo a mão para a senhora Kim que aceitou. — Nesse só entra quem for convidado ou quem reservar. Mas pra reservar precisa do número e não são todos os que possuem. 

Seokjin ajeitou sua roupa e olhou para aquele lugar, ficando encantado com tudo aquilo. Era realmente lindo, deslumbrante. 

Mas não o enchia os olhos. 

— Então ela tem outros? — Perguntou curioso e o Tuan assentiu após fechar a porta do carro e entregar a chave nas mãos do manobrista. — E como funciona esse? 

— Ela tem apenas mais dois. Um é em Paris e o outro é mais para o centro de Gangnam, lá é maior. Mas ela trabalha mesmo nesse, as comidas são feitas pela própria. — Explicou gentilmente e o mais velho assentiu. 

Senhora Kim permaneceu quieta e deixou os dois conversarem entre si sobre como funcionavam aqueles estabelecimentos onde você só podia entrar com convite. A mulher se sentia satisfeita e feliz ao ver o filho finalmente passando a visão que sempre devia passar. Um homem rico e com boa postura. Mark também observou isso. Aquele cozinheiro parecia alguém da alta classe aquele dia, diferente do Seokjin que via sempre. 

Isso era interessante. 

Entraram no lugar que não estava cheio, mas ainda assim era um local impecável. As paredes com acabamento em gesso, assim como o teto com um lustre de cristal imenso logo no centro. Ali tudo era num tom de branco e bege. 

Seokjin ao passar os olhos pelo local, notou que só haviam pessoas com poder aquisitivo notavelmente. Se sentiu incomodado e deslocado. Por mais que não parecesse, ele não era dali. 

Ele não fazia mais parte daquilo. 

— Yien! — A mulher ruiva apareceu e Seokjin só a reconheceu pelo cabelo ruivo ondulado, porque estava vestida com um uniforme branco, típico de cozinheiros. — Estava esperando por vocês. Boa noite! — A mulher curvou-se educadamente e recebeu aceno dos outros três. 

— Boa noite. — O homem mais novo dali desejou com um sorriso impecável, como sempre. — Esse lugar está lindo depois da reforma. 

— Nada modesto, hm? — Perguntou brincalhona e Seokjin sorriu junto pelo simples fato de se sentir muito mais à vontade com a presença da mulher. — Mark-ssi quem fez obra aqui. Ele é ótimo. 

— Deixe disso. — Mark riu de volta. — Esta mulher deslumbrante é a mãe de Seokjin-ssi. 

A cozinheira sorriu educada e recebeu um sorriso da mais velha que balançou a cabeça ao receber mais uma curvatura corporal em sua direção. Senhora Kim se agradou daquela mulher, faria um belo par com seu filho. 

Afinal, dois cozinheiros poderiam se dar bem, certo? 

— Muito prazer, senhora. Adorei os sapatos. — Elogiou e recebeu mais um sorriso. A ruiva logo olhou para o líder e sorriu mais intimista. — Seokjin-ssi está completamente deslumbrante hoje. Nossa. 

O de cabelos rosas sorriu contido. 

— Hyejin-ssi poderia mostrar a cozinha para o nosso líder depois do jantar, uh? — O mais baixo perguntou e sorriu carinhoso para o cozinheiro que pareceu se animar com a ideia. — Apesar de achar que hoje ele deveria apenas ser o cliente. 

— Eu adoraria conhecer sua cozinha. — Disse e a mulher assentiu, aceitando aquela proposta. — Ainda precisamos marcar nosso almoço. 

— Jungsu-ssi anda tão ocupado, vamos acabar almoçando apenas nós dois. — Riram juntos, mostrando para os dois outros que já estavam em uma boa sintonia. — Venham comigo. Eu mesma vou guia-los e servir esta noite. São meus convidados especiais. 

Hyejin guiou aquele pequeno grupo até uma das mesas mais especiais do bistrô, onde ficava perto do piano que tinha uma mulher elegantemente tocando alguma sinfonia clássica, deixando o ambiente o mais requintado possível. Sentaram-se e logo pegaram os cardápios. 

— Por que não escolhe nosso prato, filho? — Senhora Kim perguntou sorrindo para o homem que não tirou os olhos do cardápio para olhar o sorriso falso da mãe. — Aposto que será algo incrível. 

— Seokjin-ssi tem um gosto impecável, devo admitir. — Mark se gabou do cozinheiro que sorriu sem jeito. 

Não estava acostumado com tanta adulação em si, por isso preferiu voltar a dialogar com Hyejin. 

— Esse salmão com rúcula... como é feito? — Perguntou interessado e a ruiva olhou para o menu onde apenas dizia o nome do prato. 

— Ele é cozido no vapor e marinado em ervas por 24h. — Explicou e o cozinheiro assentiu, grunhindo em aprovação. — A cebola e a rúcula são orgânicas. 

— Perfeito. — Murmurou ainda olhando para o cardápio, folheando com paciência. 

Mark suspirou apaixonado por aquele homem e a cozinheira viu, notando algo totalmente estranho, mas preferiu ignorar. Conhecia o engenheiro há tempo o suficiente para saber que ele estava completamente apaixonado por Seokjin, mas em contrapartida, não sentia reciprocidade. 

O mais velho parecia muito mais interessado em namorar o menu do que notar Mark. 

— Senhora Kim poderia escolher nosso vinho. — Mark, ao notar que encarava muito Seokjin, resolveu disfarçar. — Havia comentado comigo que é apaixonada por vinhos. 

— Oh, sim. — A voz do Kim mais velho soou irônica e atraiu a atenção de todos e o olhar estranho da mãe. Sorriu. — Ela é apaixonada por vinícolas também, inclusive, teve um episódio engraçado... — Riu fraco, levando a mão até o rosto, coçando o queixo, demonstrando uma feição despreocupada enquanto a mulher lhe fuzilava com o olhar. — Fomos à China visitar uma vinícola e conhecemos um vinicul-... 

— Seokjin! — A mulher chamou a atenção do filho mais novo, vendo o olhar debochado do homem. Se segurou e sorriu doce. — Sem histórias engraçadas antes da refeição, querido. 

— Uma pena, a história é tão boa... — Fingiu decepção e os dois que apenas acompanhavam aquela guerra fria, entenderam como real assunto interno entre mãe e filho, por isso apenas riram fraco. — Bem, acho que vou ficar com o salmão, Hyejin-ssi. 

— Anotado. — Sorriu para o colega e olhou para a senhora. — E o vinho? Gostaria que eu chamasse o maître para lhe dar um parecer mais profissional? 

— Não é necessário. — Agitou a mão e pegou a carta de vinhos, dando uma olhada mais atenta em cada opção ali. — Château Petrus da safra de 97? — Refletiu e Seokjin revirou os olhos. Sua mãe realmente gostava de vinhos. — Acho que vinho tinto é espetacular para acompanhar o sabor da rúcula. 

— Me sinto totalmente ignorante perto de vocês. — Mark comentou rindo, arrancando sorrisos orgulhosos da mulher mais velha, porém nenhuma reação do homem cujo queria um sorriso. — É tão interessante conhecer esse lado mais... como posso dizer... 

Seokjin respirou fundo. 

— Rico? — Perguntou, virando o rosto para o engenheiro que viu a expressão do cozinheiro e rapidamente se conteve. — Não gosto muito dessa minha versão, prefiro a que você conheceu no restaurante popular. 

— Me poupe... — Senhora Kim revirou os olhos e bufou. Seu filho realmente lhe irritava. 

— Eu volto em pouco tempo com a refeição de vocês. — A cozinheira sorriu um tanto sem jeito e curvou-se respeitosamente antes de sair. 

Ela sabia que havia algo de errado ali, algo de muito errado. Seokjin parecia desconfortável e sua mãe parecia um tanto forçada. Mark, é claro, estava alheio, perdido entre olhar para Seokjin e fingir olhar para o piano. 

— Me desculpe se te ofendi, Seokjin-ssi. — Mark se tratou, um tanto sem jeito. — É só que é diferente. 

— Mas ele é esse aí que você está vendo. Seokjin adorava visitar os melhores restaurantes de Seongdong, inclusive, ele e meu filho mais velho, Seokjung, viviam em eventos gourmet. — Contou e Mark se mostrou completamente interessado naquela história. 

— Seokjin-ssi tem um irmão? — Perguntou alegre por estar sabendo mais coisas sobre o homem que gostava. — Ele também cozinha? 

— Oh, não. Seokjung é formado em direito, apenas acompanhava Seokjin porque eram muito unidos e faziam tudo juntos. — O cozinheiro pareceu desconfortável com o assunto e pigarreou, fingindo coçar a garganta, tentando fugir daquele assunto. — Ambos eram os príncipes de Seongdong. 

— Não exagere. — Pediu sério, sem nenhum risco de humor. Mark encarou o mais velho e ficou um tanto confuso por não entender o porquê do de cabelos rosas sempre parecer tão arisco perto da mãe. — Isso já passou. Agora eu sou outro. 

— Para de fingir que você é apenas um pobre, quando na verdade você é de uma família rica. Pelo amor, que hipocrisia. — A mulher levou a taça de água que continha na mesa, até os lábios pintados com um batom vinho fosco, tomando um gole. — Seria tão mais fácil se você aceitasse os termos e voltasse pra casa. 

Seokjin respirou fundo e fechou os olhos por um momento, se controlando para não se levantar e ir embora de uma vez, sem nem olhar para trás. Mark parecia confuso mais uma vez. Não ia questionar sobre o que falavam, não lhe dizia respeito. 

Mas ficou totalmente satisfeito assim que o garçom chegou para lhes servir o vinho, cortando o assunto estranho de antes. 

O jantar transcorreu bem, assim como previsto, o sabor do vinho com a comida deu um gosto muito mais acentuado. Hyejin recebeu elogios pelo prato bem feito, Seokjin pela escolha do prato e senhora Kim pelo vinho. O assunto ficou entre trabalho e viagens que já haviam feito, até que Seokjin se sentiu menos desconfortável com Mark. Ele era um cara legal e tinham coisas em comum, como o snowboarding. 

Senhora Kim só os observava, porque sabia que se se metesse, poderia acuar o filho e queria que ele notasse que Mark poderia ser perfeito para ele e despertasse daquele transe que entrou por Kim Namjoon. 

— Você também fez ensino médio em uma escola técnica? — Mark se assustou e o cozinheiro assentiu, dando um gole em seu vinho. — O que fez? 

— Ah, nada comparado a você e a engenharia. Eu me formei em ator pela escola técnica. — Sorriu de lado, lembrando de como tinha sido divertido. Mark suspirou apaixonado e riu fraco de si mesmo, de como estava sendo bobo. — Mas minha paixão sempre foi cozinhar. Queria ter uma segunda opção, então escolhi atuar. 

— Você tem porte para ator, Seokjin-ssi. — Mark disse sincero e o mais velho riu sem jeito, negando. — Você é alto, tem um corpo bonito e é muito bonito. Os doramas iriam te amar. 

— Prefiro que meus clientes me amem. — Comentou rindo e sua mãe revirou os olhos. Queria o filho estrelando algum dorama, mas como sempre, ele desobedeceu e preferiu cozinhar. — Só tem três coisas que amo na minha vida e atuar não é uma delas. 

— Que três coisas são essas? — Mark caiu no erro de perguntar. 

Erro sim porque seu coração iria se partir e ele sabia disso. 

— Cozinhar, meus filhos e Kim Namjoon. — Disse e acabou sorrindo bobo ao falar o nome do namorado. — Esses são os amores da minha vida. 

Mark engoliu em seco e sorriu sem jeito, fazendo senhora Kim querer bater no filho por ser tão indelicado. Seu olhar queimava tanto o mais alto, que ele parou de sorrir e acabou se irritando com aquele olhar da mais velha. 

— Seokjin-ssi, você não gostaria de conhecer a cozinha? — Hyejin apareceu junto dos garçons que vinham para tirar os pratos vazios da mesa. O de cabelos rosas assentiu. — Vem comigo. Há algum problema se eu roubar meu líder de vocês um pouquinho? 

— De forma alguma. — A mais velha disse sucinta, quase expulsando o filho da mesa. — Leve-o! 

Seokjin estava envergonhado demais por sentir Mark um tanto incomodado com o que tinha dito, ele sabia que o rapaz era bom e legal, mas também parava por aí. 

Era um homem comprometido e o resto eram apenas detalhes. 

Levantou-se após pedir licença e seguiu a ruiva até a cozinha, se sentindo muito mais leve ao sair daquele ambiente. Ao passarem pela porta de metal que dava para a cozinha, se sentiu em casa. Aquele local era muito maior do que o seu no trabalho, as aparelhagens em inox muito bem polidas e bonitas, tudo de primeira linha. Seokjin respirou fundo aquele aroma gostoso de comida e sorriu feliz. 

Você sabe que está no lugar certo quando se sente feliz ao olhar ao redor e se sentir ansioso, animado sem motivo aparente. 

— Não há nada demais aqui, mas eu acho que é bem fácil, essa arrumação que fiz entre cada área da cozinha. Eu gosto de espaço pra trabalhar, então procurei fazer uma cozinha grande onde todos possam transitar sem se bater. 

— Sinto falta de uma cozinha grande assim. — Resmungou e viu Hyejin rir fraquinho. — No meu trabalho é bem estreito e às vezes eu e meu ajudante nos batemos, ou temos de escolher quem vai passar e quem vai ficar parado. 

— Quando comecei, em um restaurante de beira de estrada, também era assim. — Comentou risonha. — Prometi a mim mesma que quando tivesse meu próprio negócio, teria todo o espaço que eu queria. 

Seokjin assentiu e riu junto. Pensava o mesmo, mas seus sonhos não eram ter um restaurante tão caro como Ahn Hyejin, ele era muito mais prático e simples. Antes que pudesse falar mais alguma coisa, seu telefone tocou e ele pediu licença para a colega antes de atender, vendo o nome de Namjoon no visor. 

— Oi amor. — Atendeu como o de costume, mas a confusão de vozes deixava claro que não era o policial na linha. Franziu o cenho. — O que vocês estão fazendo com o celular do Namjoon? 

— Ih. — Hoseok gritou. — Taetae te ligou sem querer, tio Jin. Desculpe. 

— E por que uma criança de três anos está com o telefone de um homem de vinte e cinco anos mesmo? — Perguntou debochado, rindo, contagiando a mais baixa que sem querer estava prestando atenção naquela conversa. 

Estava vendo Seokjin sorrir genuíno, sendo alguém menos profissional e menos sério, que é o que estava sendo por toda noite. 

— Papai está ajudando meu hyung no rap e deixou o celular comigo, eu estava ensinando o Taetae a jogar o joguinho dos docinhos, mas eu fui ver o placar do FIFA lá com os dois menores, porque eu também vou jogar. — Seokjin apenas grunhiu em confirmação, ouvindo o enorme relato de Hoseok sobre a situação. — Mas aí quando voltei, tava em ligação com você. 

— Entendi, Hobi-ya. — Riu fraco e coçou a nuca, sem jeito por notar que ainda estava ali com Hyejin. — Avisa seu pai que vou chegar em breve, ok? Vocês jantaram? 

— Sim. — Respondeu animado, provocando um sorriso enorme na boca do homem. — Tava muito gostoso, tio Jin. 

— Escovaram os dentes e tomaram as vitaminas? — Perguntou e obteve um grunhido manhoso de “sim”. — Vou perguntar pro seu pai se está falando a verdade. 

— Eu vou escovar ainda, mas eu prometo que vou. — Disse rápido e Seokjin fez um grunhido de negação. — Volta logo, tio Jin, vai passar Procurando Nemo na TV daqui a pouco e você disse que veria com a gente. 

— E eu vou. — Disse carinhoso, porém firme. — Eu não vou perder mais nada de vocês, prometo. Agora preciso desligar, tá bom? Vai escovar os dentes, quando chegar quero ver seu sorriso brilhando. 

Hoseok respondeu manhosamente novamente e finalmente desligaram a ligação. Hyejin estava sorrindo e acabou ficando constrangida quando viu o olhar do líder voltar para si, a notando novamente. 

— Oh, desculpe por ter ficado ouvindo... — Murmurou com as bochechas coradas e o rosado apenas sorriu gentil e negou, tratando aquilo sem importância ao tempo que guardava o celular no bolso interno do blazer. — Seu filho? 

— Não exatamente, filho do meu namorado. — Respondeu e viu o rosto da mulher clarear em confirmação de alguma coisa. — Mas aparentemente, meu filho quem ligou. 

— Eu não sabia que tinha filhos. — Comentou carinhosa com aquele assunto. Adorava crianças. 

— Eu tenho dois, e agora adotei os do meu namorado. — Sorriu orgulhoso. — Somos uma família grande de sete membros. 

— Seria um prazer conhecê-los um dia. — Sorriu gentil e o mais velho assentiu em concordância. Adoraria apresentar sua família, tinha muito orgulho dela. — Não me interprete mal, mas... achei que tinha algum affair com Mark-ssi. 

Seokjin negou veemente. 

— Eu namoro e eu nunca olhei para ele com outros olhos a não ser o profissional. — Deixou claro e a mais baixa assentiu entendendo, vendo sinceridade ali. — Eu espero que ele me olhe da mesma forma. 

Hyejin riu fraco. 

— Claro. — Murmurou mesmo sabendo que aquilo era impossível porque Mark já estava apaixonado, completamente apaixonado. — Bom, parece que já está sendo requisitado para outro compromisso. 

— Oh, sim. Esse não dá pra adiar, é muito importante. — Disse rindo e contagiou a ruiva que se sentia completamente à vontade na companhia do mais alto. — Assistir Procurando Nemo em família é o meu compromisso mais importante, aliás. 

— Espero um dia ter o mesmo compromisso na minha agenda... — Murmurou entortando os lábios e suspirou. — Vai lá, líder. Foi um prazer ter você aqui. Já sabe, quando quiser me visitar, é só me avisar e as portas do meu restaurante estarão abertas pra você. 

— Claro. Vou ver um dia pra trazer minha família pra você conhecer. Com certeza vamos destoar a imagem de “lugar visitado só por gente rica e poderosa”, mas já que você convidou... — Brincou com a cozinheira que revirou os olhos e riu. 

— Deem graça, som e cores ao meu restaurante algum dia, eu vou amar. E será tudo por conta da casa. — Começaram a andar para fora do lugar, um ao lado do outro, só sorrisos. — E vou eu mesma me encarregar de fazer um menu infantil digno. 

— Dê hambúrguer, pizza e batata-frita e eles vão te amar. — Avisou e a baixinha riu à vontade. — Obrigado por tudo Hyejin-ssi e me desculpe por não poder ficar mais. 

Hyejin balançou as mãos como um “não se importe” e sorriu carinhosa só de lembrar da conversa adorável que Seokjin havia tido no telefone. 

— Um programa em família, de fato, é mais importante que um jantar de negócios. — Sussurrou para o colega assim que chegaram perto da mesa. — Eu sei que é um saco estar onde você não quer, com pessoas que não quer estar, então corra pra casa. 

Seokjin sorriu grande e assentiu. Sabia que se sentiria mais à vontade com Hyejin ali, não estava enganado. Mark começou a falar com a amiga sobre a conta já estar paga e a mulher começar a reclamar que queria dar o jantar de presente para eles. Seokjin olhou para a mãe que o olhava com raiva e apenas ignorou, desviando o olhar. 

Senhora Kim não havia conseguido o que queria, Mark não havia escutado o que gostaria, Seokjin estava apressado pra voltar pra casa e Hyejin, que costumava ser invejada, estava invejando. Invejando a vida de Seokjin, porque queria ter alguém para lhe ligar errado, queria ter alguém para dar bronca por não ter escovado os dentes. 

Queria ter alguém para a chamar para ver Procurando Nemo... 


Notas Finais


Quero dizer que: betei, mas se tiver algum erro, é culpa do word online e meus itálicos também foram comidos em sua maioria, estou bem irritada, mas seguimos o baile, não tenho energia pra refazer todos os itálicos. Só choro.

O que vocês acharam do jantar? Não foi tão ruim, né? Mark é um amorzinho, Hwasa finalmente inserida na estória... o que cês tão achando? Eu pessoalmente acho que eles estão agindo cada vez como uma família, espiem só.

Diz pra mim o que vocês acharam, tô com saudades de vocês e espero que vocês de mim. ♥♥~


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