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História Our Diary - O sol e a lua


Escrita por: paansy

Notas do Autor


Eu tava planejando soltar esse capítulo antes, mas quem é meu leitor antigo e me acompanha no twitter, viu que eu passei uns dias bem difíceis, tanto de saúde, quanto psicológico. Mas, cá estou eu, não consigo me manter muito afastada, até porque esse capítulo já tá pronto há tempos e betado há tempos também.

Aproveitem esse fluffyzinho 2jae, porque eu amo demais esses dois bem fofinhos e lindos. Ai, sou muito muito boba por eles. Boa leitura.

Capítulo 13 - O sol e a lua


Assim, a viagem não deu certo. Infelizmente. Tinham marcado tudo tão certinho, mas não deu certo. Quer dizer, eles até cogitaram a ideia de ir, mas Youngjae não tinha mais clima depois da prisão do Bang. Certo que sabiam que ele estava errado, mas ainda assim era pesado. Deixava um clima chato, pesado, entre eles.

Principalmente porque o próprio garoto foi o alvo daquela vez. Já haviam visto Yongguk brigar outras vezes, principalmente bêbado, mas daquela vez havia sido muito sério. Ele ameaçou uma pessoa e tinha uma arma na mão. Não eram socos, era uma arma!

— Muito obrigado por seu depoimento, senhor Choi. — O delegado sorriu gentil para o mais jovem que assentiu e se levantou.

Curvaram-se entre si em gesto de respeito e ele foi dispensado. Precisou testemunhar contra aquele crime e o fez com o coração triste. Negligenciar aquela atitude ruim do ex-ficante seria dar um tiro para o alto e esperar o momento em que ele voltasse para atingir alguém. Não podia. Seguiu para fora daquele pequeno corredor que dava nas salas da delegacia e acabou encontrando Jaebum no fim deste, esperando-o como disse que estaria.

— E então? — Perguntou ao menor que o encarou sem aquela alegria típica. — Tudo certo? — Assentiu e ganhou um carinho sutil no cabelo. — Está tudo bem, uh? Ele provavelmente vai ser transferido para a prisão da marinha. — Contou com tranquilidade e o Choi não entendia aquilo.

— E isso é... bom? — Franziu o cenho confuso.

Os olhos que pareciam maiores pelo óculos de grau forte encararam o rosto bonito do mais velho que assentiu e indicou outro corredor, este ao lado. Foi conduzido gentilmente pelo oficial que tinha uma mão em suas costas, levando-o para algum lugar.

— Lá vão saber o que fazer com ele, então é bom. — Conversou naquele tom pacífico. — Além do mais, ele precisa de um tratamento, não é como se o problema dele se resolvesse com prisão e essas coisas. — Falou mais baixo ao que se aproximavam de um lugar com grades, uma das celas provisórias.

Youngjae analisou aquilo e se sentiu mais triste. Era um espaço até que grande, de paredes cinza e chão de cimento batido. Havia mais três pessoas ali dentro e o altão bonito estava sentado no chão, abraçando as coxas. Não parecia bem. Olhou para o lado e viu Jaebum o encarando com certa empatia. Não precisava ser o mais sábio dos homens para saber que aquele momento era delicado para todos. Sobretudo para o mais jovem. Ele não estava com raiva de Yongguk, não sentia nada além de dó.

Ele tinha problemas e precisava de ajuda, não de julgamento. Respirou fundo e secou as mãos suadas no jeans claro. O moletom rosa que vestia parecia muito mais pesado do que era porque precisou segurar nas grades e apoiar o rosto ali.

— Hyung. — Chamou baixinho e aquilo foi o bastante para o marinheiro elevar o rosto e procurar de onde vinha aquela voz. — Hyung! — Chamou novamente e viu quando o oficial se levantou rápido e praticamente correu até as grades.

Ele passou os braços grandes pelas grades e abraçou o menino com falta de jeito, mas seu desespero era tanto que queria tocá-lo, queria ver que estava tudo bem. Não tinha feito nenhuma merda, certo? Céus! Se tivesse machucado Youngjae, nunca se perdoaria.

— Estou bem. — Ele grunhiu risonho naquele abraço esquisito, sofrendo com as mãos de dedos finos lhe tocando o rosto, vendo se estava realmente bem. — Hyung, eu estou-...

— Me perdoe. — Não aguentou esperar para falar, olhando diretamente naquelas lentes redondas, os olhos bonitos do estudante. — Eu não queria... — Sussurrou e fechou os olhos com força, engolindo a seco e negando. — não queria machucar você. — Encostou o rosto entre as grades, como se pudesse ganhar mais proximidade com o outro.

Jaebum se afastou um pouco e enfiou as mãos nos bolsos dianteiros do jeans preto que usava. Desviou o olhar e suspirou. Ver aquilo estava testando todos os seus níveis de autocontrole, mas era por uma boa causa, certo? Entendia que a história entre eles era bem deformada e o fim havia sido mais ainda. Só que não dava para esquecer o quanto um significava para o outro.

Eram amigos, além de ficantes. Respeitava isso, mas ver aquele bêbado tentando tocar demais o corpo bonito do garoto de moletom, deixava-o com vontade de pedir para que ele não o fizesse! Não o tocasse em lugar algum.

— Não é pra mim que você deve pedir desculpas. — O pesar na voz sempre alegre fez o homem entender que a besteira havia sido grande demais. — Você apontou uma arma para uma pessoa, hyung, — Sussurrou magoado, arrepiando-se e sentindo um embrulho no estômago só de lembrar da cena. — uma pessoa inocente.

— Você não entende... — Negou e afastou um pouco o rosto para olhar Youngjae, mas não foi uma boa ideia. O olhar que recebeu... riu fraco e engoliu em seco, os olhos marejados. — ele... — E mais uma vez não encontrou palavras para se referir a Jaebum. — ele gosta de você. Você não entende. — Riu amargo, fungando por causa das lágrimas que rolaram. — Eu não queria ter feito o que fiz, mas-...

O mais novo negou. Não aprovaria e nem entenderia aquela atitude porque ela não tinha explicação plausível. Era horrenda e Yongguk seria julgado por ela. Uma das coisas que mais desaprovava no comportamento do ex-ficante, era exatamente aquilo. O fato de ele nunca assumir sua parcela de culpa.

Ele ameaçou matar Jaebum. Por Buda... e se ele houvesse disparado? Ainda justificaria? Achava fielmente que sim.

— Você não tinha nenhum direito de ter feito isso. — A forma que o Choi o olhava, cheio de magoa e tristeza, quebrou-o de dentro para fora. Sentiu-se envergonhado. — Hyung. — Chamou após alguns segundos em silêncio, querendo que ele trouxesse os olhos grandes aos seus. Queria vê-lo. — Em algum momento pensou em me assumir?

Aquela pergunta estava lhe corroendo, precisava fazê-la. No dia anterior, pela manhã, o Bang havia dito aquilo sobre chance e tudo mais, mas isso se aplicava a quê? Não sabia. Ele não desenvolveu e ele estava na sombra, sem saber que segmento tomar. A parte difícil era ter que lidar com todo o peso daquilo.

Não conseguiu dormir, não conseguiu... fazer nada. Estava assustado com como as coisas podem acontecer de repente. Jaebum havia se declarado e por culpa de toda aquela situação louca, nem ao menos pôde digerir isso. Nem... pôde ficar feliz por isso. O cara mal havia se declarado e quase morreu por isso.

Buda era mesmo um sujeitinho... sério. Não satisfeito pelo Im finalmente ter se declarado, queria roubá-lo para si. Egoísta.

Mas, voltando; o difícil para Youngjae era ver aquela expressão apática no rosto do amigo. Ele chorava silenciosamente e tinha um desespero no olhar... era triste de se ver. Por outro lado, o difícil para o marinheiro era ver o rosto sempre tão delicado e sorridente daquele garoto, praticamente imóvel. Ele estava ali, agarrado nas barras da cela e não desviava o olhar nem por um segundo. A voz sempre soava baixa e ressentida.

Teve a certeza que se, em algum momento, chegou a ter Choi Youngjae, havia perdido no dia anterior. Para sempre.

Jaebum saiu dali em passos discretos, não querendo parecer intrometido no assunto que não lhe dizia respeito. E também, ver a proximidade daqueles dois o deixava com náuseas. Queria tirar o Choi dali.

— Youngjae. — O moreno disse após um tempo, sem saber o que responder.

— Eu quis gostar de você. Todo o tempo em que tava fugindo do Jaebum hyung por achar que ele era hétero, eu quis amar você! — Desabafou quase em um sopro, sentindo o peito pesar. — Mas eu sempre soube que você jamais teria a coragem necessária para enfrentar as mil barreiras que você sabe que existem para pessoas como nós. — Suspirou e viu que o oficial da marinha ia falar algo, mas se apressou a piscar os olhos rapidinho e lamber os lábios antes de continuar. — Sabia que você não me escolheria nunca — Riu amargo e negou, vendo o maior negar e tentar se aproximar de novo. — se o seu pai mandasse você se afastar. Como já aconteceu outras vezes. — Desencostou das barras quando Yongguk tentou segurar-lhe as mãos. Quis se afastar para poder continuar. — Eu nunca quis que você enfrentasse sua família ou entrasse em conflito com ela por minha causa.

— Jae-...

— Eu queria, — Falou mais firme, mais alto, mostrando que estava realmente obstinado. Era mais um de seus monólogos, mas um dos mais certos. Precisava falar aquilo. — Yongguk hyung, — Respirou fundo. — que você pudesse ser feliz. Pudesse enxergar muito mais além do que essa caixinha que seu pai te colocou, te deixar enxergar. Queria que entendesse que você pode ser feliz, sim, independente da pessoa que seu coração resolva amar. — Sorriu pequeno, mas logo teve o sorriso sumindo porque o rosto foi moldado em uma expressão de contradição e mágoa. Yongguk viu os olhos lindos do garoto brilharem naquele corredor não tão bem iluminado. — Sexo gay não é passatempo, hyung. — Sussurrou dolorido. Seu ego estava ferido há tanto tempo. — Gays não são passatempo e não servem só pra sexo e para curar monotonia de pessoas curiosas.

— Youngjae, por favor. — Praticamente implorou para que ele parasse porque vê-lo daquele jeito lhe quebrou as pernas.

Usou a manga longa do casaco rosa para esfregar os olhos, fungando fraquinho. Aquilo também tinha uma parcela de culpa para si, sabia disso. Desde o começo sabia que aquilo seria assim; sexo, apenas sexo. Aceitou. Quis mais depois, quis além do que o Bang podia oferecer. Estava errado. Mas, contudo, não dizia aquelas palavras apenas por seu ego machucado.

Dizia para que o mais velho pudesse entender e mudar de postura. No futuro ele poderia arrumar outra pessoa e então ser diferente. Acreditava na mudança, na evolução do ser humano. Ele tinha fé nas pessoas, embora todos os dias alguém tentasse matar aquilo em si.

Era bom em resistir.

— Você uma vez me disse que não seria um homem completo se namorasse um homem. Porque um cara não podia te dar uma família... — Refletiu em suas péssimas memórias e fungou mais uma vez antes de sorrir triste. — Meu maior sonho é casar e ser pai, sabia? — Riu fraco, sentindo uma lágrima teimosa molhar sua bochecha direita. — E eu sou gay. Você acha que não sou um homem completo? Sou menos homem?

— Não, Youngjae. — Esmurrou as barras de ferro, irritado com aquilo. Irritado com suas próprias palavras. — Não acho!

— Nós não podemos ficar juntos, Yongguk hyung, eu sou muito brega. — Tornou a secar o rosto e rir de si mesmo. Porque, sim, era tão old school. — Sou meloso e muito carente, romântico. Adoro coisas bobas, sabe? — Revirou os olhos, todo risonho. — Andar de mãos dadas, assistir o pôr-do-sol, ir ao karaokê, passeios românticos, dedicar músicas bregas, andar de roupas iguais, viagens de casal, apelidos fofos, ficar junto o tempo todo... — Deu de ombros. — eu dou tudo de mim, mesmo tendo pouco, porque eu espero que alguém some nesse pouco e me transborde. Você me entende?

O marinheiro assentiu pesado, admitindo ali sua derrota. Youngjae era como o sol ao entardecer. Era quente, porém agradável. Sempre teria cores lindas, como o pôr-do-sol, e todos se apaixonavam por aquelas cores. Não importa quem, quando ou como; ele chamava atenção, ele era a atração principal de um show natural. Embora não soubesse disso, não pudesse ver, as pessoas sabiam.

Yongguk se sentia sortudo por ter aquele sol para si por um tempo, mas se amaldiçoava por ter perdido. Mas, tudo bem, admitia sua derrota. Era apenas mais um admirador apaixonado pelo pôr-do-sol que sempre fora tão inacessível, apesar de próximo.

O sol era quente demais, apesar de lindo. Não eram todas as pessoas que tinham peito para encarar todos os efeitos colaterais. Bem, Im Jaebum tinha. Porque se Youngjae era o sol do fim de tarde, ele era a lua que vinha logo depois. Era grande, iluminado, não saía jamais de perto do sol. Dividiam o mesmo céu, mesmo durante o dia, a lua sempre estava de olho no sol. Vigiando-o. Às vezes se fundiam em um eclipse e... deus, era o espetáculo mais bonito do mundo.

Abaixou a cabeça e respirou fundo. Sentiu raiva de si mesmo por ter ofendido tanto a moral do Choi. Sentiu-se mal por tê-lo deixado triste. Era injusto. Drenar a felicidade de Youngjae era como... pecar. Tão injusto.

— Me perdoe. — Pediu baixo e o garoto assentiu, secando o rosto, nem sabendo que chorava até sentir as lágrimas mornas tocando sua pele pela quinquagésima vez. — Me perdoe de verdade, Youngjae.

— Desejo que um dia você seja feliz como deseja ser e, quando esse dia chegar, você note que a felicidade, quem faz, é a gente, não rótulos. — Sorriu um pouco menos carregado de energias negativas. Yongguk não fez nada, permaneceu de cabeça baixa, envergonhado. — Ame as pessoas pelo que são, pelo que elas oferecem pra você. Pouco importa se é homem ou mulher, contanto que ela te faça sentir vivo. — Olhou para o lado e viu o Im parado no fim do corredor, encarando-o enquanto tinha os braços cruzados e aquele olhar sério... assentiu para si mesmo. — Sentir seu coração bater tão forte... que parece que está na garganta, sentir seu sangue correr rápido e quente, parecendo em ebulição. — Tocou a própria barriga e riu baixinho. — E que faça seu estômago sentir frio como se estivesse no polo norte. — Respirou fundo e notou que já havia falado muito, precisava ir embora. Nem sabia se podia estar ali. — E no dia que você sentir isso, vai lembrar de mim e de tudo o que eu falei aqui. Meu biscoito da sorte disse que só vamos ser felizes se olharmos sempre para frente. — Aconselhou o mais velho que levantou um pouco o rosto e o encarou, sorrindo bobo.

Youngjae era mesmo um professor. Tinha dezenove anos e estava lhe dando uma lição de moral que nenhum general poderia dar. Não precisou gritar e nem ofender, não bateu e nem esperneou. Apenas... ofereceu o que tinha: conhecimento. Assentiu para o que ouvira e riu fraco. Aquele garoto... ele não existia.

Im Jaebum, maldito sortudo.

— Olhe pra frente e deseje ser sempre o melhor pra você e para as pessoas. Daqui pra frente não nos veremos mais, mas eu espero que nunca se esqueça do que eu te disse hoje, aqui. — Encarou seriamente o mais alto que entendeu que aquilo era um adeus. Nunca mais veria Youngjae porque ele estava cortando os laços ali. Sem mágoa, mas sem expectativas de um futuro também. — Quero que no fim disso, você consiga sentir o que eu tô sentindo agora quando olho pra frente.

Mais uma vez olhou para o lado e sorriu todo bobo quando viu Jaebum o encarando cheio de carinho, prestando atenção em cada palavra que saía daquela boca bonita. Suspirou apaixonado e calmo. Sentia seu coração bater na garganta toda vez que se viam, sentia seu sangue borbulhar quando estavam perto ou quando se tocavam. E, pelo Buda sagrado, sentia seu estômago congelado toda vez que se olhavam daquela maneira.

Tão intensa.

Tão demorada.

Tão apaixonada.

...

Jaebum queria muito não ter viajado por aqueles dias porque agora tinha que cumprir aquilo em dias que poderia pedir folga. Mas não, teve que querer ir pescar. Ou como seu tio falava: healing time. Agora estava meio que infeliz por isso.

Não podia ficar com Youngjae. Malditos peixes que nem ao menos morderam o anzol!

Mas ainda assim, pôde adiantar a hora de almoço para levar o garoto em uma cafeteria. Pelo menos por alguns minutos... certo?!

— Esse lugar é tão bonitinho. — O mais novo comentou todo felizinho, vendo a loja que era toda em cores pastéis, assim como ele mesmo amava. — Por que nunca vim aqui? — Se questionou, sentando em uma mesa rosa, ainda encantado. — A Starbucks não chega nem aos pés disso aqui, tô falando sério. — Olhou para o policial que sorria todo bobo, achando graça na animação do Choi.

Ele tinha saído meio cabisbaixo da delegacia, disse que o irmão o buscaria dali uns minutos para almoçarem, então resolveu levá-lo em um lugar mais básico, onde ele não encheria a barriga e ainda poderia comer com a família. Afinal, era domingo. Ele quem faria cosplay de escravo e ficaria preso naquela delegacia o dia todo, fazendo plantão ainda.

Será que dava tempo de largar tudo e ser artista de rua? Era algo a se questionar, pensar seriamente.

— Abriu recentemente. — Disse olhando para o acastanhado que fez uma expressão de esclarecimento. — Deve ter apenas uma semana.

— É bem bonito. — Pegou o celular, pronto para tirar algumas fotos dali. — Você sempre me leva em lugares bem legais, fico com vontade de tirar tantas fotos. — E era isso que ele fazia, capturando os detalhes do lugar, inclusive do suporte de guardanapo que era bonitinho.

O mais velho riu e olhou para o lado, vendo um casal de idosos se sentando logo ali próximo. Isso sustentou seu sorriso e foi ali que Youngjae tirou uma foto perfeita. Certo, que, as roupas pretas do Im faziam um grande impacto naquele cenário vintage e de cores suaves, mas ele sorria tão bonito... os olhos estavam quase fechados e ele amava o perfil do moreno. Ele tinha o maxilar bonito.

Sejamos francos: o estudante gostava de tudo que se relacionasse a pessoa de Im Jaebum.

Quando voltaram a se olhar, trocaram aqueles sorrisinhos mais discretos e o menor até suspirou. Ainda se sentia meio mal por causa de Yongguk, mas só de estar ali com quem queria estar... nossa. Seu coração ficava bobo.

— O que você quer? — Disse do nada para o mais velho que abriu mais os olhos, surpreso. — Vai ser por minha conta! — Ajeitou os óculos de grau antes de pegar o cardápio, vendo que eles vendiam as coisas por foto. Era quase um photobook. — Uh. — Grunhiu surpreso. Aquilo era tão bonito... — Que lindo. Eu amei esse lugar.

O policial apoiou os braços na mesa e reprimiu o sorriso. Youngjae parecia mesmo uma criança entusiasmada e, naquele dia em especial, quase não estava sendo encarado nos olhos. Sabia que ele provavelmente estava com vergonha e um tanto sem reação por tudo, então achou mais divertido observá-lo.

E, deus, observar o Choi era tão bom. Ele era lindo e adorável, principalmente tímido daquela maneira. Pegou o celular discretamente e tirou uma foto do menino que parecia mais estar posando para a câmera enquanto apoiava o cotovelo na mesa e amassava uma bochecha com a mão, olhando para o cardápio. A franja castanha com luzes delicadas caía de maneira bonita e não dava para ver seus olhos, mas a câmera captou o óculos quase escorregando por seu nariz e aquele biquinho fofo que ele fazia ao silabar os nomes das bebidas. O moletom rosa pareceu casar com o fundo verde pastel. Era lindo. Muito, até.

— Esse parece muito bom. — Disse do nada enquanto o outro olhava melhor a foto que havia tirado. — Aqui diz que é frapuccino da sereia. — Refletiu e o moreno lhe deu toda a atenção, preferindo a realidade ao invés da foto. — Ele é verde e roxo. — Virou o cardápio para o maior que analisou e assentiu.

— É lindo mesmo. — Leu os ingredientes e grunhiu em concordância. Parecia ser realmente bom. — Você quer esse?

— Acho que quero. — Grunhiu confuso, voltando a olhar o cardápio. — Mas tem esse aqui também, ó. — Virou o cardápio e apontou para o milkshake de morango, vintage, que mais parecia aquelas bebidas de filme.

Vinha em uma taça bonita, era rosa como de praxe, tinha chantilly e uma cereja em cima. Bonitinho. Jaebum não deixou de rir! Como o estudante era bobo em relação àquelas pequenas coisas. Achava completamente adorável. Negou consigo mesmo. Pessoalmente odiava todas aquelas cores claras e, principalmente rosa, mas começou até a se familiarizar com a cor por conta do garoto. Era suave, delicada e muito bonita.

Certo, que, Choi Youngjae era um furacão, não era muito suave, mas entrava no mérito de delicadeza e beleza.

— Hyung. — A voz receosa do estudante chamou a atenção do oficial que o encarou. — Você ainda não disse o que quer beber...

— Ah. É verdade. — Pareceu acordar, rindo de si mesmo. — Eu vou querer um macchiato. Apenas isso.

— Blasé. — Voltou com a piadinha e fez uma careta para o moreno que riu à vontade. Aquele garoto não tinha jeito.

— Uh. — Concordou, cansado de discutir sobre ser ou não ser blasé. — Farei os pedidos.

Levantou e foi para o balcão pedir diretamente lá e, enquanto isso, o futuro professor suspirava e analisava um pouco a situação em que se encontrava. Ele não estava em dias bons num geral. Aquela situação que houve com o Bang, chocou-o tanto que nem sabia mais... as coisas ainda estavam confusas. Foi assustador ver alguém quase cometer um crime bem na sua frente. E se... por algum acaso, Jaebum fosse alvejado? Como estaria naquele momento?

Além de lamentar pela prisão de uma pessoa que estimava muito, teria que lidar com a cena de ter o policial machucado e gravemente ferido em seus braços. Sentiu o estômago embrulhar de nervoso. De repente se tornou difícil respirar e, também, quis ir embora. Aquela sensação era horrível!

Olhou para o homem e respirou fundo, vendo-o explicar para a atendente o que queriam. Já sabia que não estava sozinho, isso era bom, mas será que aquilo era bom? Quer dizer, a profissão de Im Jaebum o assustava. Muito.

Fitou as mãos apoiadas na mesa e suspirou. Quando uma coisa não vinha para atrapalhar, tinha mais mil para criar empecilhos.

— Ya. O que houve? — A voz rouca do mais alto o tirou dos devaneios e logo estavam se encarando. Negou. — Você não está com uma cara boa... — Analisou preocupado e o menor sorriu fraco antes de voltar o olhar para as mãos. — algo com sua saúde? Você está se sentindo mal?

— Não, não. — Negou rapidamente para que ele ficasse mais tranquilo. — Eu estou bem quanto a isso. Tô seguindo meu tratamento de forma correta e me sinto muito bem. — Garantiu sincero e viu o moreno o estudar, querendo ver se era verdade ou não. — Estou falando sério. — Fingiu-se de ofendido e o outro negou.

— Como você se sente? — Perguntou após se acomodar novamente na cadeira, podendo dar toda atenção para o Choi que suspirou e encarou as mãos sobre a mesa. — Eu sinto muito por ontem, por ter passado por aquilo. — Murmurou sentido, preocupado. — Sinto muito mesmo.

Youngjae riu fraco. Por que ele tinha que sentir muito? Era ele na mira de uma arma e não ao contrário. A cena foi traumatizante, mas não era ele quem havia se machucado. Quer dizer, não diretamente. Ver Jaebum naquela situação doeu. E, droga, Yongguk foi tão covarde... como cogitou ficarem juntos? Não iam dar certo jamais. E aí, então só aí, poderia se machucar de verdade.

Fisicamente, falando. Porque ficou claro que o Bang era agressivo quando bêbado.

— Eu o conheço. — A voz rouca do Im atraiu sua atenção e logo estava o mirando de forma confusa. Como assim? Viu ele suspirar. — O prendi em uma ocorrência por briga em bar.

— Por que nunca me disse isso? — Franziu as sobrancelhas, não entendendo o ponto daquilo.

— Porque você podia pensar que eu estava usando isso para acabar com seja lá o que vocês tinham. — Replicou se defendendo e viu o mais novo negar, pronto para retrucar, mas continuou. — Quis ganhar sua plena confiança e estar por perto, assim poderia te proteger se ele fizesse algo, mas-...

— Hyung. — Cortou-lhe um tanto bravo. — Não chegaríamos até esse ponto se você tivesse me falado.

— E desde quando você me deixa falar, Choi Youngjae? — Cruzou os braços por cima da camisa preta, encarando seriamente o mais jovem que comprimiu os lábios e desviou o olhar, um tanto envergonhado.

O assunto não durou. Acabou ali. Youngjae focou em mexer nos anéis que decoravam seus dedos e Jaebum estava irritado demais para falar alguma coisa. De fato não chegariam àquele extremo se o garoto o deixasse falar desde que o beijara. Céus. Queria muito entender como funcionava a mente daquele louco porque... nossa. Como podia estar apaixonado por um cara tão doido?

Quase não se afeiçoava pelas pessoas, mas quando o fazia, era aquela loucura.

A garçonete trouxe os pedidos e logo o Choi, ainda de biquinho emburrado, agradeceu a tal bebida da sereia e o policial acenou, agradecendo pelos cafés.

O acastanhado se manteve ocupado em sugar a bebida pelo canudo e olhar para cima, para os lados, evitando o moreno que dava pequenos goles no café e o encarava. Agora que ele tava quieto, também não gostava. Mas que droga!

— Youngjae-ah. — Chamou quando cansou do silêncio e obteve os olhos tímidos em sua direção, mas ele ainda tomava a bebida. — Você gosta mesmo de mim?

E pronto. Quase morreu. A bebida não desceu bem e lá estava Choi Youngjae, o bastardo discípulo do Buda, tossindo desesperadamente enquanto batia no próprio tórax e tentava não morrer de falta de ar porque pela vergonha já estava morrendo. Jaebum ficou preocupado e passou para a cadeira ao lado do garoto, dando leves tapinhas em suas costas.

E em sua mente veio o dia que fingiu engasgo... é o karma, tava ciente. Sabe o que o monge disse sobre “fazer por onde”? Então; não fez.

— Tudo bem. Respira devagar. — Instruiu calmo, subindo a mão para o cabelo castanho, passando os dedos ali, tentando acalmar o mais novo. — Está tudo bem. Você quer ir ao banheiro ou uma água?

Negou e cobriu a boca com a mão, tentando parar de tossir antes que os pulmões explodissem. Jaebum continuou acariciando seu cabelo e isso o fez quase chorar. Pela tosse e por aquele momento de extrema proximidade que não estava preparado para ter. Im Jaebum só servia para quase lhe dar ataques cardíacos e momentos como aquele.

De pura depreciação involuntária.

— Vamos conversar sobre isso depois, certo? Não precisamos falar sobre isso agora e tudo mais. — Suspirou vendo que Youngjae já estava se recuperando, ainda ofegante. — Como está? Melhor? — Perguntou preocupado, encarando o rosto vermelho e um tanto suado do rapaz que acenou em positivo. — Me desculpe. — Beijou a têmpora dele e encostou a testa ali, inalando profundamente o perfume gostoso que o menor tinha. — Me desculpe, tá? — Pediu baixinho, ainda acariciando o cabelo com luzes e sem se afastar.

Youngjae piscou os olhos rapidamente e tossiu fraco mais algumas vezes antes de olhar de canto e notar que sim, Im Jaebum, o policial bonitão que fazia seu coração quase pular do peito e dançar Sorry Sorry, estava ali. Pertinho. Sendo carinhoso e se desculpando por algo que nem foi tecnicamente sua culpa. Sorriu fraquinho e relaxou. Aquele momento era bom...

Sua respiração regularizou, fechou os olhos e ficou ali. Aproveitando aquela proximidade, mesmo que em um lugar público e com gente por perto. Acabou rindo baixinho ao notar que estavam expostos, mas o mais velho não ligava para isso.

— Já tá bem, não é? — O murmúrio rouco lhe trouxe dos devaneios e acabou rindo mais, abrindo os olhos e virando o rosto para encarar o Im que o olhava suspeito, com os olhos inchados, apertados, como se o estudasse. — Do que você está rindo?

— Tem pessoas aqui.

— E elas são engraçadas? — Arqueou o cenho, confuso, olhando ao redor.

Voltou a rir e negou, ajeitando os óculos e tocando o queixo do policial com certo carinho, puxando-o para que se olhassem de novo. Agora que sabia que todo aquele sentimento era recíproco, não queria que ele olhasse para mais ninguém. Queria ter certeza que era enxergado e que... pelo Buda sagrado... ele estava sendo observado por olhos românticos e não olhos amigáveis.

Ainda era meio inédito para Choi Youngjae... ser retribuído. Dê um desconto.

— Você não se importa com elas? — Questionou curioso e viu o moreno negar, ainda com o olhar divertido. — Sinceramente... esse hyung... — Murmurou risonho. — Tão sem vergonha...

— Eu não posso olhar para as pessoas se você está comigo. — Apoiou o cotovelo na mesa e a lateral do rosto na mão, admirando o rosto perfeito do Choi. — Questão de: prioridades.

— Prioridades, é? — Riu brincalhão e Jaebum assentiu.

Pegou seu frapuccino e voltou a tomar, tendo certeza de que estava bem e não engasgaria de novo. Grunhiu em satisfação e suas bochechas cheias fizeram o oficial rir em adoração por aquele gesto tão espontâneo e bonitinho. Youngjae era todo bonitinho. Esqueceu até do próprio café por causa dele.

— Uh. — Sinalizou a bebida após engolir, mostrando para o mais velho. — Isso é muito bom. — Olhou para o copo que guardava o líquido misturando tons de lilás e verde pastel. — Prova. — Estendeu para o Im que não se fez de rogado ao capturar o canudo e sugar um pouco.

Era extremamente doce e tinha gosto de chiclete, para falar a verdade, mas combinava com o Choi. E, se ele gostava, então tudo bem. Tudo para agradá-lo! Não era ruim, a bebida, até gostou e por isso assentiu, grunhindo em positividade.

Youngjae sorriu todo satisfeito vendo Jaebum gostar de sua bebida. Era muita felicidade para pouco coração. Jurava que ia morrer a qualquer instante...

O chiado do rádio comunicador preso ao coldre do policial quebrou todo aquele clima e o sorriso do universitário se fechou um pouquinho. Aquilo queria dizer que precisariam cada um ir para um lado, certo? Era domingo, mas Jaebum ainda estava de serviço... como pôde esquecer? Por um momento se sentiu em um encontro romântico.

— JB, onde você está? Tô precisando de você. — A voz de Chaelin soou e o Im tirou o rádio do cinto.

Apertou o botão e aproximou dos lábios.

— Saí pra tomar um café, mas tô voltando, detetive Lee. — Olhou para o acastanhado que voltara a beber o frapuccino e havia desviado o olhar. — Me dê dez minutos.

— Não temos “dez minutos”. — O rádio chiou e a voz séria da mulher atraiu a atenção até do mais jovem. — Preciso de você agora.

— Entendido, detetive. — E a ligação foi interrompida. Tornou a guardar o rádio e então olhou para o menor. — Preciso ir, mas a gente ainda tem muito o que conversar.

Assentiu sabendo que aquilo era uma verdade e agora seus monólogos intermináveis não poderiam interferir. Ele e Jaebum tinham mesmo muitas coisas para conversar, esclarecer... coisas importantes e que definiriam o futuro dali para frente. Seriam um casal? Não? Como ficaria? E sobre Yongguk? Doyeon? Havia tantas coisas em sua mente, tantas perguntas...

— Me mande uma mensagem quando puder. — Pediu ainda um tanto sem jeito com aquela nova fase. — Vou esperar por isso.

Jaebum sorriu e levantou, arrumando a camisa preta, assim como o cinto que continha seu rádio, o distintivo e a arma na lateral da cintura. O Choi ficou o analisando enquanto bebia seu café, admirado. Aquele homem... ele estava afim de si de verdade? Não era sonho e nem... piada, né? Piscou os olhos rapidamente, acordando do próprio transe quando viu o maior inclinando em sua direção, deixando um beijo demorado em sua testa.

Oh, nossa... estava tão apaixonado...

— Vá em segurança para casa, Youngjae. Me avise quando chegar. — Disse baixinho. O acastanhado afastou a bebida da boca, tendo as bochechas cheias e um biquinho adorável nos lábios. Jaebum riu. — Lindo. — Sussurrou ainda risonho, deixando um selar demorado sobre o biquinho com gosto de doce.

Engoliu rapidamente a bebida e abriu os olhos, surpreso, encarando de pertinho o rosto do outro que havia se afastado e o observava, todo divertido, com aquele maldito sorrisinho no rosto... oh, tão mal...

— Não vai me dar tchau? — Perguntou em uma falsa frustração, ainda sem se afastar.

— Tcha-... — E mais um selar, esse mais demorado. Fechou os olhos e sentiu o corpo todo amolecer. Quando os lábios se desencostaram, acabou suspirando todo bobo e sorrindo. — ...-u, hyung. — Murmurou ainda meio em transe.

Abriu os olhos e viu o sorriso de Im Jaebum de tão perto que acabou suspirando mais uma vez. Era tão lindo... tão... céus. Por que tão bonito? Viu ele levantar e sair, todo cheio de charme até para andar. Tá, espera, espera. Espera. Ele era bonito daquele jeito mesmo ou era só seu coração sendo um otário apaixonado mesmo?

Oh, ao julgar pela forma que a atendente ficou o admirando ir embora, teve a confirmação que Im Jaebum era mesmo maravilhoso. E que Buda o perdoasse, mas tava quase pronto para arrumar uma confusão com aquela mulher que nem aquelas que assistiu na loja de conveniência junto de Dongyul.

Que saco. Era ciumento, droga!​


Notas Finais


2jae me inspira de uma forma que vocês não entendem............... gostaram? Me digam aqui. Cês são maravilhosxs. Eu amo os comentários de vocês, obrigada pelos favoritos, eu tô bem felizinha.

Meu twitter pra quem quiser: @sarcasmoflet


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