1. Spirit Fanfics >
  2. Our Diary >
  3. O meu biscoito da sorte falou

História Our Diary - O meu biscoito da sorte falou


Escrita por: paansy

Notas do Autor


Feliz natal para todo mundo, um beijinho na testa e um capítulo de presente. Cês tão bem? Comeram muito? Agora é hora de sentar, relaxar e continuar acompanhando a loucura que é a mente de Choi Youngjae. É o próprio Keeping Up With The Jae.

Boa leitura, ♥

Capítulo 8 - O meu biscoito da sorte falou


Obedeceu a melhor amiga quando Jaebum mandou mensagem perguntando se podiam se encontrar naquela noite. A garota disse para negar e dizer que tinha um compromisso com alguém. Fez exatamente o que ela disse e o Im respondeu com um “certo, então depois nos falamos”. Foi isso: frio, seco e direto. Tão característico.

Mas, apesar de tudo, estava mesmo ocupado. Ia sair com Bang Yongguk e depois de muito tempo saindo todo mundo junto, seriam apenas os dois. Iriam a um restaurante chinês que amava e isso o deixava um tantinho mais feliz. Um dia fugindo da dieta não o afetaria em nada, não é? Esperava que não. Olhou no espelho e encarou seu mais novo visual. É, estava bem! Relutou muito para aceitar a ideia de pintar o cabelo, mas tinha que concordar que ficou bom. Não pintou, fez luzes. Foi isso. Ficou bem bonitinho, vai. Tinha que dar crédito a Bae Joohyun e sua incrível persuasão delicada.

Uma princesa.

Estava bem vestido, usava uma calça jeans escura dobrada até acima dos calcanhares, um tênis branco de solado bruto, ganhando alguns centímetros. Era genial aquele sapato. Completava com uma camisa listrada preto e branca bem larga em seu corpo bonito. Voilà. Estima 76% recuperada com muito custo e sofrimento! Perfumou-se e escolheu usar óculos naquela noite, combinou com sua roupa; assim como os brincos, os anéis e as pulseiras. Estava bonito.

Respirou fundo, arrumando coragem para puxar “aquele assunto” com o ficante. Não sabia como ele reagiria e esse “não saber” que fazia seu estômago gelar. Balançou a cabeça afastando os pensamentos negativos e pegou a carteira, assim como o celular, enfiando tudo no bolso antes de sair do quarto.

— Vou e não sei quando volto. — Avisou descendo a escada em pulinhos e recebeu o olhar debochado da mãe. — Ladra de crianças. — Apontou para a mulher que revirou o olhar. — Quero minha filha ou te denuncio.

— Pois não tenho obrigação nenhuma de trazer sua filha que você mesmo deixou lá em Mokpo. — Sorriu e o rapaz se sentiu ofendido. — Pais adolescentes...

— O que a senhora está tentando dizer? — Cruzou os braços.

Para apaziguar aquela situação deveras bizarra, assim como qualquer outra situação na família Choi-a-produtora-de-leite, o patriarca abraçou os ombros do filho e silabou um “deixe ele” para a esposa que voltou a prestar atenção na TV, seu programa de zumba estava muito divertido para prestar atenção em seu filho saindo da puberdade. Sentia-se perdendo uns quilos só de ver toda aquela gente malhando e suando.

Importante manter a mente e o corpo em forma, certo?

— Se não for voltar, pelo menos comunique. — Pediu ao mais jovem que assentiu. — Sua carruagem real já chegou, só não quis entrar.

— Ele tem medo do senhor desde que o ameaçou com uma enxada, pai. — Relembrou o fatídico dia em que foi descoberto que Bang Yongguk, o “velho”, estava andando com o bebê dos Choi. Foi traumático! O homem abriu um sorriso orgulhoso e viu o filho negar. — Paboya! — Passou a mão no rosto do mais velho e ganhou uma mordida no dedo mindinho. — Aishi. — Gritou, como de costume, do seu jeitinho.

O mais velho apenas riu e beijou o cabelo do filho, enxotando-o para fora de casa antes que não o deixasse sair nunca mais na vida dele. Claro que Youngjae estava fora dali em menos de um segundo. Sua relação com os pais sempre foi daquela maneira meio esquisita. Também havia a forma que seus familiares lidavam entre si... era mais esquisito ainda. E seu primo DJ – que tinha por nome de batismo Choi Daejong, mas era caipira demais para usar seu nome todo – que era casado com a prima Rin? Se alguém na galáxia tivesse a família mais desconstruída que Choi Youngjae, então ele mesmo assumiria a tal fábrica de leite.

Brincadeira, não assumiria nem sob tortura. Aquilo não! Ter uma fazenda tudo bem, mas uma marca de leite já era caipira demais para seu senso social e a tentativa barata de ser descolado, tentando se enturmar em Seul.

Assim que sentiu o vento fresco no rosto, sorriu. Gostava de sair sábado à noite, era praticamente sua lei própria. Nunca ficar em casa sábado à noite. Viu o importado parado em frente a sua casa e foi até ele, sem nenhuma regalia. Abriu a porta do carona e entrou, olhando imediatamente para o lado e vendo o acompanhante bebendo um pouco no cantil de bolso que sempre tinha consigo. Negou.

— Boa noite? — Perguntou um tanto desconcertado por aquilo.

O homem afastou da boca e engoliu a bebida alcoólica sem nem fazer careta. Sorriu grande para o Choi e piscou os olhos demoradamente, parecia um pouquinho embriagado já.

— Boa noite. — Inclinou o corpo para beijar o menino. Selou os lábios entre um sorriso preguiçoso. — Tá cheiroso. — Selou novamente.

Youngjae afastou o rosto porque sentiu o gosto de whiskey na boca. Então era aquilo. Lambeu os lábios e grunhiu desgostoso pelo gosto amargo que ficou em seu paladar. Yongguk voltou a atenção para o carro, ligando e logo dando a partida, saindo dali.

— E você bebendo e dirigindo. — Reclamou como sempre fazia e o Bang também fez algo que sempre fazia; sorriu bonito e abstraiu. — Não podia ter chamado um uber pelo menos?

— Não tem nenhuma necessidade de chamar uber. — Acomodou-se melhor no banco enquanto dirigia. Olhou rapidamente para o menino bonito ao lado, vendo que era encarado de maneira severa. — Estou bem e dirijo perfeitamente bem.

— Se quiser dirigir assim, então não me coloque dentro do seu carro. — Puxou o cinto e atou ao corpo com certa brusquidão. Estava irritado.

Choi Youngjae podia ser conhecido facilmente como: o cara pacifista que protesta logo ali. Era contra armamento civil, mortes, agressões e qualquer coisa que fugisse do politicamente correto. Era um militante da paz e do bem estar humano. Não importa de quem fosse, estava lá defendendo seus direitos. Daria até um bom advogado, achava.

Andar de carro com alguém que estava bebendo era ferir seus sentimentos e princípios, além de colocar sua vida em risco, assim como a daquele marinheiro estupido que se achava melhor do que todo mundo. Odiava isso nele, era uma das coisas que o incomodava profundamente no Bang, seu senso de superioridade. Depois de sua fala, ele nada disse. Focou na estrada e manteve uma velocidade segura, mostrando que estava bem e que nada ia acontecer.

Foram em silêncio até o restaurante e ao chegarem lá, o clima pareceu desanuviar um tanto. Qualquer clima sumia quando aquele estabelecimento se erguia alegremente em paredes vermelhas aos olhos de alguém. O mais alto estacionou o carro. Em silêncio estavam e no silêncio permaneceram. Youngjae conseguia ser muito firme quando decidia algo.

Mesmo que durasse pouco, ele tinha que ser firme pelo tempo que seu senso tagarela permitia.

Sentaram em uma das mesas livres e o acastanhado olhou em volta, feliz por estar ali. Aquele restaurante havia sido um dos primeiros que conheceu ao chegar em Bucheon.

— Boa noite. — Uma garçonete apareceu sorrindo simpática para os dois homens. Youngjae curvou um pouco os lábios em um sorriso contido e o Bang nem ao menos deu atenção, estava vendo o cardápio. — O que vão querer?

— Eu quero jjajangmyeon com porco agridoce. — Pediu diretamente sem nem precisar olhar o cardápio. Era o que mais consumia. — E um vinho rosé.

O marinheiro riu fraco com o pedido do acompanhante, já sabendo exatamente o que ele pediria. Youngjae era tão previsível. Suspirou e olhou para a mulher que esperava por seu pedido.

— Me traz Mapo Tofu. — Pediu porque sabia que o Choi iria querer aquilo também e poderia dividir com ele. — E uma coca-cola. — Viu a mulher assentir e sair.

Aquilo foi estranho. Quer dizer, aos olhos de Youngjae foi. Sempre quando saíam, o Bang pedia uma bebida, nunca foi de recusar a chance de tomar alguma coisa, ainda mais durante a refeição. Encarou-o avaliativo e viu o olhar dele cair sobre o seu em um misto de diversão e graça. Negou fraco e suspirou.

— Sabe que vinho rosé não combina com sua comida, né? — Arqueou uma sobrancelha e riu rouco.

O universitário rolou os ombros e apoiou os braços na mesa, abaixando a cabeça e encarando os dedos com anéis. Yongguk imitou a posição, mas inclinou um pouco o corpo para que seu rosto se aproximasse do ficante.

— Sai. — Pediu ao levantar um pouco o olhar e ver o mais velho que negou e abriu um sorriso nos lábios pequenos. — Por que pediu refrigerante? — Cedeu à sua interminável curiosidade.

— Porque eu estou dirigindo. — Disse como se fosse óbvio e o universitário expressou seu tédio com uma lufada de ar e um revirar de olhos. — Ya. — Chamou rindo fraquinho e teve a atenção do tedioso garoto bonito. — Eu nunca te machucaria. Não confia em mim?

Aquela frase fez o mais novo pensar. Lembrou de suas questões pessoais e lembrou também da conversa que tivera com a melhor amiga enquanto estavam no salão de beleza. Talvez Yongguk realmente fosse uma boa escolha, eles se davam bem apesar de tudo... talvez... talvez pudessem ter algo mais sério. Algo em que o Choi pudesse se agarrar, tentar arrumar uma salvação.

Sorriu e nem percebeu, mas foi tão sutil que o Bang precisou ficar encarando os lábios do menino, vendo aquele bonito traço.

— E eu — Pausou o tom rouco voltando a encarar os olhos felinos do estudante. — comprei nossas passagens para Busan.

Espera. O quê? Busan? Ele só podia estar brincando. Abriu os olhos e a boca imitou o gesto, expressando seu susto. Viu o moreno abrir um sorriso, mostrando os dentes pequenos. Ele era lindo, ainda mais quando sorria... riu. Riu desacreditado, piscando os olhos repetidamente sem conseguir crer que o marinheiro tinha falado sério sobre a viagem. Ele realmente...

— Eu pensei que você estava brincando. — Sussurrou ainda sem acreditar e o mais alto negou. — Mas... — Parou para pensar e sua alegria foi morrendo centelha por centelha. — e minha faculdade? — Voltou a encarar o militar que lhe dava toda a atenção. — Eu não posso faltar aula e também não sei como faltaria no estágio, aí também tem meus pais. Céus! — Levou a mão até a boca em susto e Yongguk abriu bem os olhos, fingindo entrar naquele monólogo maluco que só Choi Youngjae dominava. — Seus pais não vão achar estranho você estar saindo de viagem comigo? Eles não gostam de mim!

O homem ponderou. Aquilo era uma verdade! Seus pais detestavam o Choi porque sabiam que ele era gay abertamente e, na opinião paternal, aquilo influenciaria a “fama” de Yongguk. Ainda mais com todo o universo em que o garoto era inserido; o irmão era noivo de um homem, não eram uma família de renome e nem sequer eram dali.

Mas o Bang se fazia de surdo e seguia sua vida, mentindo uma coisa aqui e ali, fingindo algumas coisas... tudo dentro da normalidade em sua vida!

— Eles não precisam saber que a gente vai viajar junto. — Deu de ombros. — Aliás, essa viagem está marcada para o início das suas férias.

— Isso quer dizer dezembro. Quase no natal. — Não estava entendendo qual era a do marinheiro que assentiu. — Mas eu passo com a minha família. A gente viaja para Mokpo e-...

— Ah, Youngjae-ah... — Riu debochado e o mais novo não entendeu. — eu sei que você tem dezenove anos e tudo mais, mas você precisa crescer! — O tom debochado do Bang fez o acastanhado sentir raiva daquela conversa. — Nem tudo é sua família, seus pais. Qual é? — Riu novamente. — Comigo você vai se divertir muito mais.

O Choi se sentiu ofendido. Como alguém poderia falar aquele tipo de coisa? Não se compara a família com nada, isso é ridículo. Ok que sua família era bem retardada e nada dentro da centralidade social, mas ainda assim amava cada um. Foram eles que o criaram, Minho... como comparar?

Engoliu em seco e respirou bem fundo antes de falar algo.

— E o que seria essa viagem? — Resolveu entrar no jogo, a voz saindo trêmula. Estava irritado.

O marinheiro levou a destra até a mão do menor, usando a ponta dos dedos para acariciar a pele macia do outro, tocando os anéis no indicador e dedo médio. Gostava do jeito que Youngjae se vestia. Atraía-lhe tanto, sempre atraiu. Não era à toa que não ligou para a idade quando se aproximou dele. Usualmente não faria isso! O Choi quis retesar, mas continuou. Iria esperar a hora certa.

— A gente bebe um vinho gostoso, vê os fogos na praia... — A voz aveludada poderia até soar sensual, se o menor não estivesse tão bravo. — testamos se sexo na praia é tão bom quanto parece...

O garoto entendeu. Sexo, vinho... quantas vezes repetiram aquilo mesmo? Nenhum encontro comum: cinema, boliche, jogo de baralho. Nada. Era restaurante-motel, boate-carro (ou motel), quarto-sexo. Não havia nada ali que não tivesse aquela combinação. Já estava de saco cheio! Retirou sua mão com rapidez e o moreno ficou sério, encarando analiticamente o rosto bonito do ficante.

Ele era expressivo e até adorável quando irritado, sempre achou isso.

— Me chame de criança se quiser, afinal tenho dezenove anos, não é? — Franziu o cenho e sorriu irônico. Yongguk bufou e revirou os olhos, se afastando e encostando na cadeira. — Me tornar adulto significa ter problemas com minha família, esconder coisas deles e fazer de tudo para ficar longe? — Perguntou em um tom ofendido e o moreno o encarou bem sério. Youngjae mesmo negou. — Se você não se dá bem com sua família, o problema não é meu. Se você acha que ser criança é respeitar as tradições de família e segui-las por amor, — Frisou a palavra “amor” batendo o indicador na mesa, o olhar fixo no outro. — então que bom que eu trabalho com crianças. Elas são as melhores coisas nesse mundo!

Levantou da cadeira e nem ao menos olhou para trás enquanto ia saindo do restaurante, irritado demais para continuar naquele lugar e ainda mais com o marinheiro. Isso só podia ser sacanagem com sua cara! Foi chamado de criança só por passar o natal com sua família? Céus! Sua maturidade era medida nesse nível pelo olhar do Bang? Que bizarro!

Já ia passando pela porta quando ouviu uma voz feminina o chamando de “moço” e ao olhar para trás viu uma menina adolescente lhe estender um pacotinho de plástico com um biscoito da sorte. Era funcionária do lugar pelo avental.

— Tenha uma boa noite e uma boa sorte. — Ela disse gentil, sorrindo para o mais alto que a mediu ainda com a expressão carregada.

Pensou em ignorar, mas seria muita indelicadeza, até porque a menina não tinha nada a ver com seus problemas pessoais que só pareciam aumentar. Pegou o pacote e curvou o corpo em agradecimento antes de voltar a se afastar do restaurante. Ok que seu estômago estava roncando, mas, pelo seu orgulho, não voltaria lá.

Poderia até ser uma criança, como o moreno disse, mas era uma criança que sabia muito bem seu lugar no mundo!

E também não dependia daquele idiota para nada. Sabia onde era o ponto de ônibus, tinha duas pernas muito boas e dinheiro na carteira. Não ia morrer de fome e nem ficar perdido. Como foi bobo de pensar que ele e Yongguk poderiam dar certo como um casal. Fala sério! Aquele cara nem tinha coragem de se assumir, que dirá assumir eles dois.

Estava ficando louco, sua cabeça doía e estava começando a perder as esperanças que alguma coisa boa poderia acontecer consigo. Se a vida era uma rua, a sua era uma ladeira, uma descaída infinita e ele era uma bicicleta sem freio descendo alopradamente, gritando e implorando que parasse!

Que ótima analogia, Choi Youngjae. Nota dez para seu desempenho de depreciação!

Sentou no ponto de ônibus e bufou longamente. Que vida... olhou para cima vendo as estrelas e imediatamente perguntando ao Buda o motivo de tanta gente confusa entrar em sua vida. Por que não podia conhecer alguém que pudesse ser bom? Bom e que gostasse de si. Ele só queria ser amado como naqueles doramas, sabe? Ele só... só queria alguém que o amasse e não sentisse vergonha de formar um casal.

— Por que me fez assim se sabia que eu ia acabar nessa rua sem saída? — Perguntou para o alto, a voz baixinha e ressentida. Engoliu em seco, o som do trânsito abafando seu lamento. — Não era mais fácil eu poder gostar de uma bela mulher e ela me amar de volta? — Suspirou e voltou a endireitar a cabeça, descendo o olhar para o plástico em mãos. — Do jeito que me odeia, nem com mulher eu daria certo. — Resmungou revoltado.

Buda era um sujeitinho... ah, mas que sujeitinho carrasco, malévolo e muito implicante. Pelo menos em sua vida, é claro! O que fez de tão ruim pra merecer tamanho karma? Fala sério! Só blasfemava um pouco e corria de templos, monges e tudo religioso; mas isso era porque estava sempre atrasado e com pressa. Não era por mal.

Foi abrindo o pacote devagar, tirando o biscoito de lá. Do jeito que as coisas estavam ruins, aquela porcaria seria um biscoito do azar. A mensagem provavelmente seria: “toma vergonha na sua cara, idiota!” Apostava que sim! Quebrou o biscoito ao meio e tirou de lá o papel fino que tinha alguns dizeres. Aproveitou a visão turbinada por estar usando óculos e leu sem precisar praticamente limpar sua íris com o papel.

— Podia estar escrito: “os humilhados serão exaltados”. — Murmurou olhando para o papel e suspirando cansado. — “Você só será feliz andando para frente” — Leu para si mesmo e franziu o cenho, olhando realmente para frente, vendo o trânsito. — É, realmente. — Murmurou ponderando em humor negro.

Estalou a língua no céu da boca e voltou a encarar aquele pedacinho de papel... não sabia o que significava e nem como se encaixava em sua vida, mas era uma bela mensagem. Guardou no bolso da calça e olhou para o lado, vigiando o ônibus que o levaria para casa. Notou que além dele tinha um casal com filhos e uma senhora esperando. Nem estava tarde, seria triste voltar para casa naquela hora, mas...

Minho e Taemin haviam saído em casal com Kibum e Jonghyun e só os deuses sabiam onde aqueles quatro se enfiaram. Provavelmente em algum clube LGBT ou algo do tipo. Se Kim Kibum estava no meio, então a saída tinha que ter a ver com LGBT. Era um militante muito maluco, mas sensato!

Se aquela droga de ônibus demorasse mais dez minutos ia ter que apelar. Pedir uber e mandar seu pai pagar quando chegasse em casa. Essa ideia era fantástica.

Encostou a cabeça no ferro da plataforma e ficou encarando as luzes dos faróis. Quando sua vida virou tão de cabeça para baixo daquele jeito? Viu um Kia Sportage branco parar no acostamento e bocejou. Aquele carro era bonito. Aliás, não era um desse que disse que queria assim que viu o comercial na TV? Aí, claro, sua mãe veio e o lembrou que não tinha carteira e nem dinheiro. Os sonhos... eles são destruídos na vida de Youngjae. E a matadora era sua própria mãe! A ladra de crianças.

A porta do carona abriu e o Choi encarou aquilo, abrindo bem os olhos atrás das lentes redondas dos óculos. Estava cego (ou delirando) de vez ou era Im Jaebum ali apoiado no banco, mostrando que ele quem havia aberto a porta, estando como motorista? O policial sorriu.

E óbvio que o futuro professor sorriu junto. Quando não sorria? Ah, por favor. Era um otário.

— Vem, eu te dou uma carona. — Ele disse gentil e o acastanhado levantou.

Esquece uber, pra que uber? Quem é uber? O que é celular quando se pode piorar seu problema e suas crises internas? Pff! Por favor.

Caminhou até o carro lindo que um dia já foi seu sonho de consumo, entrando no carona e logo fechando a porta. Passou o cinto ao corpo e olhou para o oficial que sorriu educado.

— Boa noite. — Desejou ao de cabelo escuro que curvou a cabeça de leve. — Ahm... — Grunhiu sem jeito e riu fraco. O que diria? Estava sem assunto. — Obrigado.

O Im riu e voltou a atenção para o trânsito, voltando o carro para a pista, seguindo o tráfego intenso do sábado noturno. Youngjae admirou o colega pelo canto dos olhos e viu que ele vestia uma jaqueta jeans por cima de uma blusa branca grande e jeans preto. Não parecia tão arrumado, mas estava arrumado. Será que ele iria sair com a tal Doyeon? Droga... será que estava atrapalhando? Provavelmente sim, porque só atrapalhava os dias do policial.

— Desculpe te atrapalhar. — Olhou para o moreno que o encarou rapidamente antes de focar no trânsito. — Pode me deixar perto do metrô, eu só estava na parada do ônibus porque aí não precisaria andar até o metrô e tem um ônibus que me deixa perto de casa, mesmo que demore um pouco. Eu não ligo, sabe?

Jaebum aprendeu que aquele sujeitinho elétrico podia falar muito por segundos. Muitas palavras juntas. Iniciava um monólogo e nem notava! E isso acontecia parcialmente quando ele estava nervoso, mas por que ele estava daquele jeito? Achou melhor ser mais relaxado, aquilo poderia ajudá-lo.

— Uh, tudo bem. Não se preocupe. — A voz rouca saiu calma entre alguns risinhos. — Na verdade, eu estava indo beber. — Parou no sinal vermelho e olhou para o mais novo que o encarava um tanto hesitante. — Sozinho. — Foi claro com aquilo para mostrar que ele não estava atrapalhando em nada.

Aquilo realmente acalmou o menino porque ele suspirou e sorriu aliviado. Não estava sendo uma pedra de atrapalho e também... Jaebum estava indo beber sozinho. Sozinho. Eles sorriram um para o outro sob aquela luz avermelhada. Era uma bonita visão. Youngjae podia ver os olhos pequenos do policial e a forma como o analisavam. Sentiu um arrepio gostoso pela coluna. Piscou demoradamente e suspirou profundamente, sentindo o cheiro do perfume amadeirado do policial. Era tão gostoso.

Jaebum olhou para frente por um momento e pensou um pouco. Se ele convidasse Youngjae para tomar uma cerveja, ia soar muito grude irritante?

— Escuta, se você quiser... — Iniciou um pouco sem jeito, batendo nervosamente os dedos no volante, sem encarar o garoto que ainda o analisava. — se você quiser, então podemos beber algumas cervejas juntos e depois eu te levo em casa.

— Uh. Tudo bem. — Aceitou de primeira e o mais velho estranhou aquilo. O Choi sorriu fraco, um tanto triste por estar assumindo para si mesmo que havia perdido a guerra. — Eu aceito.

O outro piscou os olhos ainda um tanto incrédulo, só acordando porque o sinal havia ficado verde e precisava andar com o carro. Sorriu discreto, pisando no acelerador. Estava feliz, de verdade. Por outro lado, o futuro professor fixou o olhar na janela e respirou fundo. Perdeu a guerra e abriu mão de vez daquele controle que estava tentando exercer sobre seus sentimentos.

Aceitou que estava mais do que atraído por aquele oficial. Aceitou que nunca seriam nada, mas mesmo assim queria ficar perto. Aceitou que choraria depois, mas naquele momento... naquele momento não sabia dizer não.


Notas Finais


Esse capítulo é uma ponte para o outro e como minha beta diz, em Our Diary eu só faço pontes. É ponte, da ponte, da ponte. É o meu jeitinho. O próximo é meu favorito, ou um dois e eu aposto que vocês vão amar MUITO. Vou tentar trazer até sexta-feira, mas não se esqueçam de dar aquele review exxxperto que ajuda muito. Nos vemos em breve, ♥

Meu twitter pra quem quiser surtar e chamar o Youngjae de maluco: @sarcasmoflet


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...