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História Our Diary - O blasé e o caipira


Escrita por: paansy

Notas do Autor


Esse capítulo é um dos meus favoritos e agora sim esse maluco do Youngjae tá se dando bem. Feliz ano novo adiantado, gente, espero que gostem. ♥

Capítulo 9 - O blasé e o caipira


Youngjae não sabia que tinha um pub tão bonitinho daqueles pela redondeza. Era um lugarzinho pitoresco, parecia aqueles cenários de filme, sabe? Uma graça. Tirou até uma foto de uma parte onde havia a bandeira da Coreia do Sul com uns pisca-pisca. A luz era baixa e amarelada, o lugar todo de madeira escura e tocava algum indie coreano. Ao vivo. Era um ambiente tão agradável.

Ficou encantado, olhando em volta, o lugar um tantinho cheio por causa da hora e por ser sábado. Jaebum sorriu feliz quando viu que sua companhia estava gostando dali, era seu pub favorito.

— Vem. Vamos sentar aqui. — Chamou o mais novo para uma mesa um tanto afastada da banda e da área mais cheia. Ali era um tanto mais escuro, mas era melhor. — Eu sei que gosta de pop e tudo mais, mas-...

O Choi abriu os olhos não acreditando naquilo. Como poderia alguém falar aquilo? Seu gosto musical era bem variado. Era ofensivo falarem aquilo para ele, considerando o fato de que ouvia Day6 quase todos os dias indo para a faculdade.

Hyung. — Pela primeira vez usou o honorífico e o Im abriu um sorriso, apoiando os braços na mesa e analisando o menor. — Eu fui no show do Day6, sabia?

— Oh, é mesmo? — Fingiu interesse e o universitário assentiu convicto.

— Posso cantar qualquer música deles em qualquer momento. — Empinou o nariz e o moreno sorriu todo cheio de graça para cima daquele mimado. — E outra coisa. — Apontou para o oficial. — Eu tenho uma camisa do Arctic Monkeys.

Jaebum abriu os olhos impressionado. Aí sim seu coração foi ganhado! Comprimiu os lábios e fez uma expressão de aprovação enquanto assentia. Youngjae riu fraco e desviou o olhar um tanto sem jeito.

— Eu fui no show deles. — Piscou para o acastanhado que o encarou um tanto admirado. Riu fraco. — O que quer beber?

— Cerveja. Heineken. — Escolheu e o oficial assentiu se levantando. — Jaebum-ssi? — Chamou antes que ele saísse e acabou ficando um tanto encabulado por sentir o estômago roncar. — Você pode pedir porco agridoce pra acompanhar?

O moreno sinalizou um “ok” com os dedos e saiu em direção ao balcão. Youngjae suspirou antes de olhar em volta e realmente admitir que adorou aquele lugar. Sentiu o celular vibrar no bolso e rapidamente pegou, vendo que Yongguk lhe mandava mensagens desesperadamente. Comprimiu os lábios e desviou os olhos da tela para onde o Im estava, analisando-o. Ele estava apoiado no balcão enquanto esperava os pedidos.

A vida era estranha... ainda uns dias atrás ele estava ignorando as mensagens dele por causa do Bang, mas então houve uma reviravolta. Voltou o olhar para o celular e negou. Não queria responder.

• Bang Yongguk 9:24PM: Onde você está? Pelo amor de deus, Youngjae, não seja infantil. Me responda, estou preocupado! Tem noção que seus pais vão me culpar se você ficar sumindo como uma criança mimada?

Riu fraco. Era realmente uma criança? Não se via dessa forma, mas se aquele marinheiro estava repetindo tantas vezes, então... abriu a mensagem e clicou para responder.

• cyj 9:25PM: Eu me resolvo com meus pais, não se preocupe, estou bem.

Bloqueou o celular e bufou. Aquele cara... ele sabia como o tirar a paciência. Lembrou de toda a discussão e acabou grunhindo de raiva. Como Yongguk podia falar uma coisa daquele tipo e ainda o chamar de criança? Fala sério! Qual seria o “ser adulto” para ele? Ficava muito curioso para saber. Tentou melhorar o semblante quando viu o acompanhante voltar para a mesa, trazendo duas garrafinhas verdes.

— Daqui a pouco vão trazer seu porco agridoce. — Avisou entregando uma das garrafas e tomando um gole da sua. — Ah, a propósito. — Ajeitou-se melhor na cadeira e encarou o menino que bebia a cerveja como se estivesse com sede. — Seu cabelo. Você ficou muito bonito! Eu gostei. — Elogiou a mudança do Choi que afastou a bebida só para encarar melhor o policial.

Fora seus pais e seu cunhado, ninguém havia notado a mudança. Sabia que não era nada demais, mas ainda assim... engoliu todo o líquido amargo, lambendo os lábios, analisando o rosto bonito de Jaebum. Ele sorria e dava pequenos goles na bebida. Piscou devagar desviou um pouco o olhar, o coração acelerado. Céus. O frio na barriga... coçou a bochecha e passou a mão no cabelo, o jogando para trás, não notando que era o foco do olhar do mais velho.

O Im encarava o acastanhado com certa atenção, guardando os detalhes em sua mente. Ele parecia um tanto abatido naquele dia, mas estava tão bonito. Viu ele abaixar a cabeça e segurar a garrafa verde entre os dedos com anéis, batendo os objetos metálicos no vidro, tentando seguir o ritmo da música. Riu fraco.

— Jaebum-ssi. — A voz baixa do Choi soou entre aquele falatório ambiente, a música de fundo. O moreno grunhiu mostrando que estava prestando atenção. — O que você faz no natal? — Elevou um pouco o olhar e o mais alto ficou pensativo.

As coisas em datas festivas tinham um padrão. Sempre era assim. Fugiu apenas uma vez daquela loucura e isso o rendeu uma ressaca no dia seguinte, coisa de adolescente. Deu de ombros e encarou Youngjae, vendo que ele realmente estava querendo uma resposta.

— Minha família se reúne, vem alguns parentes, fazemos um grande jantar e depois vamos para a frente da lareira, trocamos presentes quando dá meia noite e ficamos conversando, bebendo vinho... — Desviou o olhar ainda pensativo. O que mais faziam? Devia ser só aquilo. — Fazemos isso todos os natais. Eu sempre fico até tarde com meus irmãos mais novos, eles sempre dão a ideia de alguma merda desinteressante de adolescente.

Youngjae riu e negou. Apoiou o cotovelo na mesa e a bochecha no punho, encarando o colega que parecia realmente pensativo com aquilo tudo.

— Fazem isso todos os anos?

— Uh. — Assentiu voltando a olhar o rosto bonito do Choi. — Fazemos isso no natal e no ano novo sempre viajamos para a praia, ficamos lá para ver os fogos.

O estudante sorriu feliz por aquelas palavras. Parecia bom, confortável. Jaebum bebeu um pouco e depois encarou o garoto sorridente. Não havia entendido a finalidade da pergunta.

— Parece divertido. — Murmurou e o Im riu fraco.

— Uh, pode apostar. — Deu mais um gole e arqueou o cenho, irônico. — Meu pai bêbado é sempre divertido. — Pensou alto e mais uma vez ganhou mais risadas do de óculos.

Perdeu o olhar na banda que agora tocava Baby Don’t Cry do Daesung. Quanto aquele povo ganhava para cantar música triste em um sábado à noite para um monte de gente bebendo e possivelmente triste? Queria se profissionalizar naquilo. Suspirou. Ainda estava se sentindo mal por tudo aquilo. Será que era mesmo uma criança?

Oh, certo, tinha dezenove, mas nunca se considerou uma criança. Trabalhava, estudava, tinha sua vida; como poderia ser criança? Só porque era apegado à família? Isso o tornava um bebê dependente? A parte do questionamento era a pior.

O oficial mordeu o lábio inferior e sentiu-se mal por Youngjae parecer tão avoado e triste.

— Ya. — Chamou a atenção do garoto. — O que você faz no natal?

— Nós viajamos para Mokpo, para a fazenda da minha família. — Voltou a olhar para a bandinha indie, a voz saindo baixa e desanimada. — Passamos o dia 24 todo cozinhando, todos nós. Antes de dar meia noite nós fazemos amigo oculto e depois comemos. — Olhou para o moreno que o encarava interessado. — No dia 25, nós assistimos vídeos antigos, vemos fotos...

O sorriso que o Im deu, fez todo o interior do garoto se esquentar. Ele parecia realmente interessado e admirado com sua tradição familiar, isso era legal. Pelo menos alguém apreciava e não o achava infantil ou careta. Sabia que podia ser um tanto bizarro aquilo, aquela reunião de família, mas ainda assim... era o jeito Choi de fazer as coisas. Era como a família vinha vivendo.

Gostava daquilo! Gostava de preservar aquele sentimento bom.

— Isso é legal demais, Youngjae-ah. — Sorriu feliz e o outro sorriu junto, por mais que ainda meio apático. — Uma vez fizemos amigo oculto, mas não deu muito certo. — Entortou os lábios ao lembrar da cena. — Minha ex madrasta tirou meu irmão mais velho. — Negou para si mesmo e riu fraco antes de beber.

— Você acredita que, uma vez, eu coloquei a Coco para participar? — Comentou tão relaxado que nem percebeu que Jaebum não sabia quem era Coco.

Dito e feito. O policial não entendeu.

— Quem é?

— Ah, minha filha. — Disse com tanta naturalidade que o policial riu, mas entendeu. — É uma maltês, hipoalergênica e essas coisas. — Explicou para o mais velho que assentiu compreendendo. Rapidamente pegou o celular e abriu na galeria, abrindo uma das mil fotos que tinha da cachorrinha. — Olha, aqui ela tinha acabado de voltar do banho. — Mostrou para o maior que abriu um sorriso ao ver o animal pequenininho.

Devia caber em sua mão de tão pequena, o focinho tão miúdo. Ela era realmente linda! Nunca escondeu seu apreço por animais, ainda mais cães e principalmente gatos. Youngjae abriu outras fotos e ia mostrando com animação para o moreno que sorria e elogiava o quanto aquela cadela era bonita. O Choi parecia hiperativo novamente e isso o animou. Finalmente ele parecia melhor.

— Você tem alergia a pêlos? — Perguntou assim que o Choi pareceu um pouco mais animado para comer e não mais mostrar fotos.

Em algum momento entre a conversa deles sobre a famosa Coco, o pedido havia sido deixado na mesa e eles nem perceberam. Estavam mais ocupados em ver vídeo da cadelinha brincando com o estudante que sempre tinha uma nostalgia gostosa ao falar da dela.

— Uh. — Grunhiu positivamente, mastigando e olhando para o celular, vendo as fotos da cachorrinha de pêlos-de-algodão. — Eu sempre tive vontade de ter um animal, mas por causa da alergia, não podia. — Explicou após engolir, bloquear o aparelho e voltar o olhar para o oficial que comia. — Então meus pais me deram a Coco.

Jaebum sorriu discreto enquanto mastigava, feliz por ver o Choi à vontade e fora daquela defensiva que ele sempre se enfiava. Gostava de vê-lo sem todos aqueles muros de contenção, conseguia ver o porquê de gostar tanto dele... conseguia entender o porquê de insistir nele e em ninguém mais.

Ficou um silêncio agradável enquanto comiam e ouviam um pouco da música ao vivo, mas logo o Im limpou a boca e retomou:

— Eu tenho três gatos. — A menção àquilo fez o mais novo abrir os olhos maravilhado. — A Nora eu adotei filhote e ela é a mais agarrada comigo. — Relaxou na cadeira confortável. — Odd e Kunta eu adotei da rua.

— Eles são bonzinhos? — Sorriu interessado e ganhou um sorriso mais bonito ainda. Jaebum assentiu. — Qual o tamanho deles?

— Oh. Assim. — Prendeu os hashis nos lábios e usou ambas as mãos para tentar mostrar o tamanho. — Nora. — Disse atrapalhado, logo mudando o tamanho. — Kunta. — E mudou mais uma vez. — Odd.

— Odd é bem pequenininho! — Exclamou cheio de fofura, nem notando que havia falado com sotaque. O policial assentiu feliz e tirou os hashis da boca. — É filhotinho?

— É, mas acho que não vai crescer muito. — Deu de ombros e voltou a comer. Youngjae fez um bico pensativo e assentiu. — Nora é pequena dessa forma. Dorme comigo às vezes. — Suspirou pensativo, refletindo sobre seus dias e o tempo que não tinha para curtir seus felinos. — Mas ando tão ocupado que nem os vejo mais... — Riu apático antes de ocupar a boca com a comida.

O acastanhado suspirou e se sentiu mal pelo colega porque sentia o mesmo. Coco foi deixada em Mokpo exatamente por ele não ter mais tanto tempo assim e pelo fato de o animal ser muito agarrado a si, a matriarca dos Choi estava preocupada que a bichinha adoecesse. Cachorros são realmente frágeis. Lá ela tinha os outros cachorros e a vovó Choi a mimava tanto...

Coco estava feliz, mas ele não, será que as pessoas não entendiam isso?

— Uh. — Chamou o moreno após pegar a garrafa de cerveja e erguer, indicando um brinde. Jaebum o encarou e repetiu o gesto, ainda um tanto confuso. — Um brinde aos pais ocupados de bichinhos fofinhos.

O oficial abriu um sorriso que derreteu o coração do Choi. Eles sorriram um para o outro e brindaram, bebendo em seguida enquanto se encaravam. Era algo tão... ugh. Não conseguiam desviar os olhos em momento algum. Youngjae foi o primeiro a fazê-lo, encarando a bandinha indie, lembrando de algo.

— Você gosta de indie rock... — Refletiu sobre o de jaqueta jeans que bebia ainda. Olhou-o. — Não sabia que você era tão blasé.

— Ya! — Jaebum o repreendeu entre risadas, ouvindo o som que aprendeu a gostar mais do que o saudável. Ele ria da própria piadinha. — Eu não sou blasé!

— É sim.

— Sinceramente... olha esse garoto... — Grunhiu negando, estalando a língua no céu da boca. Revirou os olhos e suspirou, apoiando o braço na cadeira livre ao lado. — Eu gosto de indie rock, filmes antigos e fotografia expressiva. — Arqueou uma sobrancelha e o Choi o encarava com uma expressão de falsa surpresa. — Poemas em francês e arte.

— Blasé. — Repetiu abrindo um sorriso enorme sem mostrar os dentes.

Apoiou os cotovelos na mesa e sustentou o queixo com ambas as mãos, como se fosse tirar uma foto em aegyo. Jaebum riu nasal e negou mais uma vez. Youngjae sabia ser muito implicante quando queria. Mas tinha que admitir que vê-lo daquela maneira era novo e interessante.

— Então me diz você! — Imitou a pose do outro, deixando os rostos perigosamente próximos. — O que você gosta?

A língua coçou muito para dizer: de você, mas apenas piscou os olhos demoradamente, encarando o rosto perfeito de Jaebum. Ele era realmente lindo. Estava de óculos, sua miopia não estava enganando-o, ele era realmente... estava sendo observado no mesmo nível e sabia que não tinha nenhum atrativo em potencial, mas ainda assim... ainda assim esperava que um dia, qualquer dia, o moreno visse em si algo que o agradasse. Algo que o fizesse vê-lo de outra maneira.

Nem que fosse por curtos segundos. Em uma situação hipotética, alguma coisa...

— Filmes de comédia romântica e de comédia. — A voz baixa e atenta contrastou com o grunhido de compreensão que o outro lhe ofereceu, sem desviar o olhar. — Gosto de pop, r&b e músicas bregas em dias chuvosos. — Jaebum riu fraquinho com aquilo e o de óculos viu de pertinho aquele sorriso; era tão lindo... — Não entendo poemas e muito menos francês, mas gosto de desenho animado da Cartoon Network. Não entendo arte, mas amo livros de colorir. — O modo que Jaebum o encarava quase deu a entender que ele estava completamente na sua e por um momento se deixou iludir um pouco. Suspirou e continuou. — Não faço a menor ideia de como mexer em uma câmera fotográfica, mas acho que sou muito bom tirando fotos da Coco.

— Eu concordo. — Murmurou rouco, completamente rendido à fofura da cadela maltesa.

— Obrigado, senhor blasé. — Disse no mesmo tom e ambos ficaram ali, se encarando.

Tocava Robbers ao fundo, o Im notou. Ele adorava aquela música. Respirou devagarzinho, sentindo o cheiro um tanto adocicado do perfume do acompanhante. Combinava exatamente com ele. Virou um pouquinho o rosto e analisou como a franja fora afastada delicadamente da testa, mostrando melhor os olhos pequenos que se escondiam por detrás das lentes redondas dos óculos. Ainda conseguia ver a pintinha charmosa... não se importava muito de estarem naquela posição por mais de cinco segundos. Não se importava com nada, aliás.

Youngjae parecia exatamente o mesmo. Estavam próximos, menos de um palmo de distância. A luz baixa e amarelada atrapalhava um tanto a visibilidade do rosto do outro, mas pelo menos os olhos conseguia enxergar e eles também estavam fixos aos seus. Engoliu em seco. Havia tantas pessoas ao redor, mas isso não o deixava nervoso. Nem um pouco. Seu lado LGBT militante bem implantado por Kim Kibum o ensinava que ele poderia ser quem quisesse ser, apesar dos olhares ruins.

Aparentemente, Im Jaebum estava tão foda-se para os olhares quanto o próprio militante alá apaixonadinho.

— Com licença. — Uma voz soou ao lado da mesa e imediatamente ambos viraram a cabeça para o lado, tão rápido que o homem se assustou. — Dois shots de soju em entrega especial. — Ergueu os dois copinhos com líquido transparente.

Colocou para os homens que ainda estavam um tanto confusos. Primeiro: soju espe-... quê? Segundo: que clima foi aquele que nasceu? Estavam tão perto, se olhando de uma forma tão... especial... e então do nada aquilo foi quebrado como quem dá um murro em um vidro frágil.

— Desculpe. — O menor chamou o garçom antes que ele saísse. — Mas por que as bebidas? Não é nosso aniversário ou algo assim. — Riu sem humor, ainda um tanto mexido.

Jaebum apenas encarava o acompanhante e depois o garçom, tão confuso quanto.

— Foi pedido especial da mesa cinco. — Ele disse indicando com a cabeça, a mesa dita. — Parabéns, galãs. — Brincou com os dois que ainda não entendiam.

O policial olhou para a tal mesa cinco e encontrou um grupo de umas quatro mulheres, duas delas sendo ovacionadas pelas outras. Youngjae nem olhou muito, foi muito rápido na hora de entender o que estava havendo. Revirou os olhos e riu debochado, pegando o shot de soju e virando de uma vez. O moreno o encarou e depois voltou a encarar as mulheres, vendo a loira de cabelo curto lhe piscar um dos olhos maquiados.

Sorriu educado e voltou a encarar o acompanhante que havia voltado para a comida.

— Como está seu irmão? — Perguntou depois de alguns segundos ainda tentando entender o que estava se passando.

— Insuportável como sempre. — Respondeu um tanto irritado, de boca cheia. O maior pegou a garrafa de cerveja e deu um gole. — Ainda mais agora. — Parou para pensar e encarou o mais forte. — Não te contei que ele noivou oficialmente, certo? — Jaebum negou. — Ele está noivo. — Bateu os hashis de madeira na mesa e bufou. O Im lhe deu toda atenção e ouvidos. — Agora fica pra cima e pra baixo falando: bla bla bla porque meu noivo... — Engrossou a voz e deu ênfase ao “meu noivo” e o outro riu da impaciência do universitário que já começava a cair no sotaque. — Não aguento mais ele falando de casamento no meu ouvido. — Grunhiu choroso, falando com seu sotaque caipira. Jaebum apoiou o cotovelo na mesa e o queixo na mão, o admirando. — Eu amo meu cunhado, amo o fato de ele entrar na família de uma vez, já que ele fica nessa de penetra há mais de dois anos, mas, sinceramente... — Negou irritado, dando-se conta de que estava falando que nem seu tio, o dono da vaca prenha. Abriu os olhos assustado e encarou o oficial que o admirava. — Ah... desculpe... não queria parecer um criador de galinhas mais uma vez!

Jaebum riu, riu mesmo. Riu porque Youngjae o fazia querer rir. Ou era a bebida? Não... não ficava bêbado tão fácil assim. Suspirou e lambeu os lábios, vendo que o mais novo parecia realmente um tanto sem jeito por ter caído na tentação de falar com seu sotaque natal.

You look so cool. — Cantarolou junto da bandinha indie ao fundo. Youngjae sorriu sem jeito e desviou o olhar, coçando a nuca. — Não ligo pra isso, Youngjae-ah, seu sotaque é até bonitinho.

— Fala sério. — Resmungou ainda sem jeito por ter Jaebum cantarolando algo pra si. — Eu nem entendi o que você quis dizer. — Ficou com vergonha de admitir que seu inglês era igual ao amor do Buda por sua pessoa.

Ou seja, não existia!

Jaebum analisou a opção de traduzir ou não traduzir. Ver Youngjae com aqueles olhos curiosos e um biquinho adorável nos lábios, podia ser muito gratificante, tinha que assumir.

Você está lindo! — Disse direto e o garoto abriu os olhos surpreso com a ousadia do mais velho. — É isso o que a música diz. — Tombou a cabeça para o lado e abriu um sorriso sacana.

O Choi expirou devagar um tanto decepcionado, vendo que aquele desgraçado estava brincando consigo. Apertou o olhar na direção dele e negou, recebendo uma risada divertida antes de beber o resto da cerveja. Queria bater aquela garrafa na cabeça dele, fala sério.

— Cool não é “legal”? — Questionou ainda com aquela expressão desconfiada para o oficial que ergueu uma sobrancelha, irônico. — Lembro do meu irmão falando que eu não era legal em inglês!

— Oh. — Fingiu cair em si e deu um tapa na própria testa, fingindo lembrar de algo. Riu cínico e o acastanhado apertou mais o olhar, quase fechando-os. — Deve ser por isso que eu era um C- em inglês na época do colégio.

— Sei. — Grunhiu ainda desconfiado e o Im abriu um sorriso, achando graça daquela carinha bonita que o menor tinha projetado. — Tô de olho em você, Im Jaebum-ssi!

O mais velho fez uma careta ofendida e finalmente ganhou uma risada do futuro professor que negou e voltou sua atenção para a cerveja que ainda restava em sua garrafinha verde.

— Youngjae-ah. — Chamou o acompanhante depois de um tempo, mesmo ele bebendo. Ganhou um grunhido de “sim”. — Amanhã você tem algo pra fazer? — Perguntou um tanto relutante e o acastanhado afastou a garrafa da boca para olhar melhor o policial.

As bochechas infladas pela bebida, os olhos curiosos... Jaebum sentiu seu coração cair no limbo. Se antes tinha alguma dúvida, naquele momento ficou tudo tão claro. Tudo tão... claro. Engoliu em seco um tanto apreensivo e o outro engoliu a bebida aos poucos para conseguir responder. Até engoliria rápido para gritar: tô livre, mas aí podia engasgar e passar muita vergonha.

Melhor ir devagar. A pressa é a amiga da pagação de mico, não é assim o ditado? Jurava que sim.

— Tô livre. — Respondeu ainda incerto e o Im suspirou mais tranquilo.

— Bom, meu irmão tem prova de cálculo na segunda-feira, — Mentira! Nem sabia a agenda escolar de Jeno, por deus. — E como eu já havia comentado com você sobre ajudá-lo e comentei com ele sobre você ajudar...

Youngjae assentiu compreensivo, lembrava de se comprometer em ajudar o garoto. Assentiu melhor ao notar que o colega esperava uma resposta.

— Tudo bem. — Respondeu educadamente. — Marque a hora e eu vou! Sem problema algum.

— Okay. — Assentiu mais animado e sorriu para si mesmo.

Oh, maldito coração acelerado... será que ele não podia sossegar por um minuto? Voltou a olhar o Choi que se mexia delicadamente no ritmo de outra música que tocava ao fundo, parecendo realmente feliz e relaxado, coisa que não parecia muito quando o encontrou naquele ponto de ônibus. Ficou feliz por ter sido a porta de conforto para aquele garoto, pelo menos naquela noite.

Por outro lado, enquanto se balançava ao som daquela música que não fazia a mínima ideia de quem fosse ou do que estava falando, o Choi lembrava. Lembrava do jantar arruinado com Yongguk, da forma que foi tratado... do biscoito da sorte... ainda estava com ele, certo? Não havia jogado fora! “Você só será feliz andando para frente!”

Olhou para frente e viu Im Jaebum e Im Jaebum o viu.

Jaebum era tudo o que estava se acostumando a ver todas as vezes que olhava para frente. Desde então, só queria olhar naquela direção.


Notas Finais


EU AMO ESSE CONCEITO DE JAEBUM BLASÉ-NÃO-BLASÉ E AMO O JAE COM O SOTAQUE DE FAZENDEIRO. Amo meus meninos demais, que saco. Enfim, espero que tenham gostado e que me deixem aquele feedback lindo que tem deixado, eu fico muitíssimo feliz. Meu twitter pra quem quiser: @sarcasmoflet e noix. ♥♥


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