História Our Light In Every Fight - O Sorriso

Uma vez, Taehyung havia brigado comigo. Não me lembro de ter ficado tão triste quanto naquele dia, tudo porque deixei-o decepcionado. Naquela manhã, ele saiu muito mais cedo que o normal para fazer compras e me deixou encarregado de fazer o almoço.

Eu poderia ficar assistindo filme ou levantar e fazer aquela maldita refeição. Preciso mesmo dizer o que eu escolhi? Óbvio que a primeira opção.

Todavia, mesmo sabendo como eu sou, ele pediu justamente para que eu fizesse. Tem tantos lugares que vendem comida pronta.

— Será que você não pode se preocupar um pouco com os outros?! Não faz absolutamente nada, todas as obrigações da casa caem nas minhas costas e, quando eu saio, pensando que vou comer algo quando chegar em casa, você ficou sentado a manhã inteirinha vendo filme?! — Ele gritava feito um um doido na cozinha, errado não estava, não é? — Sendo sincero com você, estou cansado disso tudo. É pedir demais um pouco de ajuda, Min Yoongi?

Taehyung, às vezes, parecia uma mãe nervosa. Me chamar pelo nome inteiro não era do feitio dele, deu pra notar o nível da raiva.

— Poxa, você já faz comida todo dia, o que custa fazer mais esse? Ou, sei lá, pedir uma pizza. Você se irrita demais por coisas fúteis.

— Eu fui fazer as compras, já que você não faz isso também.

— Claro, agora tudo é culpa minha. — Levantei-me do sofá e andei até a cozinha.

— Sim, é exatamente o que estou dizendo. Era para eu chegar e ir sentar, mas agora tenho que fazer a comida porque você não fez. — Parando para prestar atenção agora, Tae usou muito o verbo “fazer”, que engraçado.

— Já disse que você não precisa fazer! É só pegar o telefone e ligar para algum lugar que seja delivery! — Tomei a pior decisão: aumentar meu tom de voz.

— Hoseok, diferente de você, trabalha. Quando ele chega, gosta de sentir o cheiro da comida fresquinha. Vou ter que pedir para ele esperar os quinze minutos da entrega? — Taehyung estava cada vez mais nervoso.

— Não sei, isso você resolve com ele e não comigo, né?

— Que inferno! Não dá para continuar assim! Você é um inútil que não me ajuda nem com uma palha nessa casa, acorda meio dia e quando acorda cedo é pra ficar mais tempo sem fazer nada! — Ele veio caminhando lentamente em minha direção até estar de frente comigo. — Até quando vai ser o peso morto das nossas vidas?

Ser chamado de “peso morto” me magoou bastante, eu entendi como se Hoseok e Taehyung não precisassem de mim, poderiam seguir suas vidas sem que minha presença fizesse diferença.

Até rimou.

— Não tenho argumentos válidos para as acusações, porém em nenhum lugar dizia que eu era obrigado a te ajudar. Hoseok trabalha e traz dinheiro suficiente para todos, você limpa a casa e faz tudo perfeitamente bem, não tem nada pra mim.

— Você não tem nem vergonha na cara! Olha, some da minha vista, não quero te xingar mais, apesar de você merecer.

— Eu? Merecer? O tempo que está gastando me xingando, poderia ter terminado o almoço. Você fala demais e briga por coisas banais, quem deveria estar bravo aqui sou eu.

— Vai querer se fazer de vítima agora? Por que eu ainda aceitei namorar com você?

— Sabe que me questiono a mesma coisa todos os dias? — disse ríspido, Taehyung ficou me encarando sem nenhuma ação. Era como se ele pensasse que eu estava infeliz há tempos, mas eu só quis sair por cima da situação que eu obviamente estava errado.

Lembro que depois de várias horas se xingando, eu e Taehyung tínhamos dito coisas horríveis um para o outro. No final da tarde, eu estava no quarto tentando não chorar, porque sabia que no fundo ele tinha razão. Realmente não custava nada ajudá-lo de vez em quando.

Como todos os dias, Hoseok abriu a porta do quarto e me encarou encolhido na cama. Ele ainda estava de terno, imagina só o charme.

— Oi, Tae me contou tudo o que houve. Não quer falar comigo sobre isso e depois ir lá para a sala ver alguma coisa com a gente? — Hobi se aproximou da cama e sentou-se ao meu lado.

— Posso até conversar com você, mas ir para a sala já é demais. Taetae está bravo comigo  e eu estou magoado comigo também. — Quando eu fico triste, Hoseok sempre diz que sente uma vontade incontrolável de me apertar, porque fico fofo. — Era só fazer o almoço, mas eu fui inútil ao ponto de não ajudar.

— Esqueça esse assunto, Taehyung se exaltou demais ao dizer algumas coisas e você também.

— Ele disse apenas verdades, vocês seriam mais felizes sem mim. — Encolhi-me um pouco mais, meus olhos estavam marejados e minha voz começou a ficar embargada.

— Nunca mais diga uma mentira dessas! Sabe que está sendo difícil para ele se acostumar com a casa nova, a perda que ele sofreu. — Ele passou a fazer um ótimo cafuné em minha cabeça, adorava quando ele fazia isso. — Tae nunca se importou em te mimar, é que agora ele está se irritando com tudo. 

— Antes era a sogrinha que fazia as coisas com ele… Eu juro que não queria ser tão inútil.

— Você não é inútil… — Hoseok sorriu e isso me fez sorrir também, mesmo que fraquinho. — Te achamos o ser mais precioso desse universo. Amamos você assim, acha que seu apelido é em vão? Nosso bicho preguiça.

— Sério? Não sou um peso morto?

— Nem um tiquinho. — Jung fez um biquinho com os lábios e mostrou a quantidade com os dedos. — Vamos, cadê o sorrisinho que eu amo?

— ‘Tá, mas ainda quero pedir desculpas para o Tae. Deixei ele bem triste com o que eu disse. — Sorri e estiquei os braços para que ele me pegasse no colo.

Sempre que eu estou magoado, gosto de pensar no sorriso de Jung Hoseok. Além de ser meu namorado, ele faz com que eu me sinta bem independente das situações. Taehyung também pediu desculpas, aparentemente também estava se sentindo culpado e Hobi fez todos sorrirem novamente.

Digo com certeza que o sorriso dele é um bom motivo para amá-lo.