Yohio - POV
Linder tinha acordado mais cedo, tinha feito o café da manhã, eu apenas me sentei na frente dele para comer e ele demorou para me notar. Ele estava feliz e distraído, tinha um sorriso bobo no rosto que parecia tentar controlar, e isso fazia sua expressão ser minimamente engraçada.
– Você... – Dissemos ao mesmo tempo.
– Fala você primeiro. – Ele disse.
– Você parece meio feliz.
– Feliz? Eu estou sempre feliz.
– Se você está dizendo... mas está meio distraído.
– Só estava pensando...
– No que?
– Nada...
– Eu esqueci de perguntar... Como foi antes de ontem? – Linder engasgou. – Ficou tudo bem? Como ele está agora?
– Ah, o Seike não trabalhou ontem para cuidar do Ray, então ele está bem melhor.
– Mas e vocês? Fizeram as pazes?
– Sim... – Ele parecia constrangido.
– O que você não está me contando?
– Não é nada demais...
– Vocês se beijaram de novo? – Se eu continuasse acertando o Linder morria afogado em suco de laranja porque eu o fiz engasgar mais uma vez. – Vai com calma... – Eu ri.
– Você ainda tá nessa?
– Ah, então vocês se beijaram de novo, entendi. É que você não ficou gripado, então só deu para saber agora... Foi bom?
– Yohio, chega dessas perguntas.
– Não posso nem falar abertamente com o meu irmão?
– Olha, eu não sei direito o que está rolando entre a gente... Acho que só estamos ficando mesmo.
– Já é um começo! O Ray vai ter muito trabalho com você, pelo visto.
– Eu não sou tão complicado assim...
– É sim! Mas tudo bem, ele quis te suportar, então deixa... – Linder balançou a cabeça enquanto eu ria. – Tá, mas e ai... Eu sei que é íntimo, mas... Quem é o passivo?
– Que tipo de pergunta é essa? – Ele aumentou o tom de voz, estava completamente constrangido.
– Eu te deixei vermelho... – Debochei, era a minha revanche.
– A gente ainda vai ter um encontro, é muito cedo para ficar pensando essas coisas da gente.
– Hmm, vão ter o primeiro encontro!
– Sim... – Ele desviou o olhar.
– Se bem que uma hora vocês vão fazer "essas coisas".
– Yohio, não desvirtua!
– Só estou dizendo... Quando era com garotas você não se importava.
– Mas aí é diferente.
– Não é não... Quer dizer, não exatamente... De qualquer forma, seja gentil com ele.
– Você acordou animado para fazer esses comentários maldosos...
– Já disse, uma hora vai acontecer...
– Eu gosto dele, mas... – Ele parou ao perceber o que disse – Quer dizer, não é que eu goste, mas... eu não sei...
– Tudo bem, vamos dar um desconto pro cara "heterossexual"...
– Também não é assim...
– Ah, mas até que é romântico.
– Do que você tá falando?
– É como se vocês se apaixonassem várias vezes, tipo, todas as vezes que vocês se reencontram vocês se reapaixonam. Vocês são meio que exclusivos um do outro.
– Não viaja.
– É sério! Você ainda vai dizer isso!
– Você já está querendo dar uma de cupido?
– Vai me dizer que nunca pensou nele nenhuma vez? Vai me dizer que não sentiu nada quando beijou ele?
– Não exatamente...
– Tô dizendo.
– Antes você nem gostava dele!
– E você não gostava do Seike!
– Tanto faz... Eu já estou indo. – Linder se levantou e levou o prato e a xícara para a pia.
– Vai se encontrar com ele?
– Não, eu tô indo trabalhar, a gente precisa compor uma nova música.
– E quando vocês vão sair?
– Isso não interessa...
– Fala!
– Mais tarde...
Já que o Linder havia saído para compor com a banda dele, eu fiquei em casa compondo também, eu realmente havia gostado daquilo, talvez eu tivesse achado a minha vocação. Passei a tarde inteira na sala escrevendo, riscando, rasgando papel. Quando foi mais tarde Linder voltou, ele foi para o quarto e depois o ouvi abrir o chuveiro. Ele passou um bom tempo dentro do quarto e depois saiu completamente arrumado e cheiroso.
– Nossa senhora... – Exclamei.
– O que foi?
– Tudo isso para o Ray? Tem certeza que não está apaixonado por ele?
– Não é isso... Eu vou ter um...
– Encontro? – Completei, já que ele não conseguia dizer.
– Estou me sentindo muito estranho... Eu estou estranho?
– Você está neurótico, só isso, tô começando a achar que é de família.
– É só que é estranho! Como é sair com um cara?
– Normal, é como sair com uma garota que você está afim, só que ele é do sexo masculino, ou como sair com um amigo... só que no caso você quer beijar, ou transar, não sei.
– Não sei se você ajudou...
– Só aja naturalmente, ele já gosta de você mesmo
– E a minha roupa, tá legal?
– Está sim.
– Não está meio exagerado?
– Você já viu como o Ray se veste? Ele sempre se veste bem demais, você só esta um pouco de acordo com os padrões dele.
– O que você quer dizer?
– Que está bom! Faz quanto tempo que você não vai a um encontro? Séculos?
– De verdade... faz alguns anos já...
– Agora tudo faz sentido!
– Então... Eu acho que já vou...
– Aonde vocês vão?
– Vamos em uma cafeteria do centro.
– Aquela que você me levou uma vez?
– Sim.
– Boa escolha!
– Obrigado, agora eu vou porquê não quero me atrasar.
– Bom encontro...
Linder saiu. Alguns segundo depois eu me levantei e saí também, minha consciência dizia que eu não deveria fazer isso, mas uma presença maligna no meu ombro era bem mais forte, então decidi dar uma checada.
Eu deixei uma boa distância entre nós, já que eu sabia onde que eles iam. E para não ser visto eu fiquei em uma lanchonete do outro lado da rua, olhando para o Linder que estava sentado em uma mesa do lado de fora. O Ray só chegou um pouco depois, pelo visto o Linder não estava nem perto de se atrasar, só queria chegar antes, e quando o Ray chegou ele se levantou por motivo algum. Os dois se comprimentaram de forma completamente normal, como amigos, mas o Linder não parecia fazer ideia do que estava fazendo. Eles se sentaram um de frente para o outro, de onde eu estava conseguia vê-los de perfil, Ray sorria normalmente e Linder parecia tenso.
Eles fizeram o pedido e ficaram um bom tempo conversando, com o tempo o Linder pareceu ficar mais tranquilo, mas ele não conseguia olhar tão diretamente para o Ray como o Ray olhava para ele. Pelo jeito que ele olhava para o Linder eu podia dizer que ele estava realmente apaixonado, as vezes sorria demais e isso me lembrava como eu ficava com o Seike, qualquer coisa já me fazia sorrir por menos engraçado que fosse. Confesso que as vezes eu sorria sem nem saber o que ele disse porque estava distraído. Já o Linder provavelmente estava sempre tentando arrumar algo para dizer, ele não lidava bem com o silêncio.
Eu peguei algo para comer também porque as vezes eu sentia que as pessoas já estavam olhando estranho para mim. Voltei a olhá-los, achando que ia começar a ficar entediado de nada acontecer, para mim bastava qualquer coisa para tornar mais interessante, então vi o Ray passar a mão no branço do Linder enquanto sorria, acariciando ele. O Linder estragou tudo porque ficou desconfortável e fez com que o Ray parasse.
– Cara, porquê ele é tão idiota? – Falei comigo mesmo.
– Yohio? O que você está fazendo aqui? – Olhei para o lado e era o Seike.
– O que VOCÊ está fazendo aqui?!
– Eu estou em horário de almoço...
– Agora?
– É que eu tive que fazer uma cirurgia e ela durou mais tempo do que o previsto.
– Entendi...
– Mas e você, o que faz aqui?
– Eu...
Estava sem boas ideias para desculpa, e ao invés de dizer a resposta mais óbvia, como "Só estava dando uma volta e parei aqui para comer", fiquei que nem um idiota pensando. Por causa da minha demora ele olhou para a direção que eu estava olhando antes dele me interromper.
– Aquele não é o Linder?... E o Ray? Você está seguindo eles?
– Não, eu... foi só uma coincidência, assim como encontrar você! Ou você estava me seguindo?
– Para quê eu iria te seguir? Você é meu namorado! E eu vim falar com você! Então para de tentar contornar... – Ele se sentou na minha frente, mas ainda não tapava a minha visão dos dois.
– Desculpa, eu sei que é errado...
– Você sempre sabe que é errado e mesmo assim faz!
– Ah, mas é que eu queria ver se eles iam dar certo, se não ia ter treta de novo...
– Yohio, agora sim eu devo dizer, pela milionésima vez, que com certeza isso não é mais da sua conta... Isso é uma coisa deles.
– Mas, Seike...
– Além disso, não sei qual é a graça, você nem sabe do que eles estão falando, é só um encontro normal... E isso é invasão de privacidade!
– Ah, mas eu posso imaginar o que está acontecendo lá.
– Ah, claro...
– Bom, até agora o Linder não está fazendo nada demais porque ele está nervoso. E mesmo que ele fique nessa de que não gosta do Ray, ele se produziu para ele. O Ray por outro lado sabe o que sente, mas não sabe como fazer algo sobre os sentimentos do Linder, e está com medo de fazer qualquer coisa que desagrade ele.
– Tá, agora fale algo que eu não sei.
– O Linder está nervoso sobre sexo.
– Okay, isso e novo... mas como você sabe?
– Porque eu tentei puxar assunto sobre sexo com ele... E acho inclusive que isso acabou deixando ele nervoso para o encontro, não que ele planeje transar com o Ray hoje.
– E quem você acha que é o passivo?
– Pensei que não quisesse se meter nisso.
– Já tô aqui mesmo...
– Olha a falta de moral agora... De qualquer forma, mesmo o Linder estando totalmente defensivo agora, eu acho que ele vai ser o ativo. Se bem que não duvidaria se futuramente eles tivessem um relacionamento mais flexível.
– Isso porque antigamente você ficava todo vermelho quando tocava nesse assunto.
– Como você disse "Você vai se acostumar"... Além disso, não é sobre mim mesmo. – Seike riu – E quem você acha que vai ser o ativo e o passivo?
– Eu concordo com você, mas não sei se o Ray vai ter coragem para ter uma postura ativa, ou se o Linder mudaria.
– Ah, mas o Linder é uma pessoa que gosta de ver o outro feliz, então não sei...
– Pode ser que ele goste.
– É...
Ficamos um bom tempo lá, mas o Seike teve que ir por causa do trabalho. Disse para que eu parasse de seguí-los, mas eu queria ver no que iria dar. No fundo me senti mal por estar fazendo isso, mas depois eu dizia para mim mesmo "Só mais um pouco". Não tardou para que eles saíssem também, e eu os segui até um parque, quando já estava quase desistindo e indo embora, porque nada de emocionante acontecia e a culpa estava aparecendo, os dois saíram do parque. Decidi ver para onde iriam agora, e já estava ficando tarde sem que eu me desse conta, os dois estavam indo para o cinema. Fiquei na dúvida se comprava um ingresso, mas eu já estava indo longe demais, então o Seike me mandou uma mensagem que me fez começar a desistir.
"Ainda seguindo eles?" dizia a mensagem, eu lhe respondi que "Sim, mas penso em parar", então ele retribuiu com outra que me fez decidir "Por que não para de seguir eles e não aproveitamos que eu estou saindo mais cedo do trabalho, que não vai ter ninguém na sua casa..." no final ele colocou um emoticon com o rosto malicioso.
Concordei e voltei para casa para tomar um banho antes que ele chegasse. Quando chegou eu estava usando uma roupa bastante andrógena, o que diferia mais eram as meias que vinham até a coxa. Seike mal me deixou fechar a porta e já me encheu de beijos, podia jurar que a minha vizinha tinha nos visto brevemente. Ela era uma senhorinha de idade que as vezes vinha trazer algum bolo para mim e meu irmão.
Tranquei a porta enquanto o Seike me abraçava por trás e beijava o meu pescoço, ele sussurrou no meu ouvido "Eu estava sentindo tanta saudade..." e perpassou a mão por baixo da minha camisa. Fomos indo para o meu quarto enquanto nos beijávamos, ele fechou a porta com o pé e tirou a camisa, sentei na cama apoiando meu corpo com as mãos. Seike foi avançando e eu recuando, como se o convidasse, ele tirou minha camisa e eu deitei.
Seu corpo se pressionou contra o meu enquanto seus lábios acariciavam o meu pescoço, depois ele desceu para as minha coxas, beijando a parte de dentro enquanto tirava as minhas meias. Sentia meu corpo inteiro arrepiar, eu realmente era sensivel naquela região, e ele sabia. Seike marcou com um chupão e eu soltei minha respiração extasiada. Meu shorts e minha cueca foram tirados com rapidez e senti a língua dele percorrer meu membro que já estava enrijecido.
Seike voltou a me beijar e eu o virei, ficando sobre ele. Beijei seu corpo até embaixo, pela primeira vez eu devolveria o oral. Abri o zíper da calça e abaixei junto com a cueca, expondo sua intimidade exitada. No início quase engasguei, mas encontrei o meu ritmo. Seike segurou firme o cabelo da minha nuca e, vez ou outra, soltava um gemido abafado.
Quando parei ele estava ofegante, subi em cima dele e encaixei seu falo em mim, movimentei minha pelves lentamente até que acostumasse e então fui aumentando a intensidade. Tampei meu rosto com uma mão, sentia-o queimar, e leves gemidos escapavam entre meus dedos, Seike puxou minha mão para ver meu rosto e entrelaçou seus dedos com os meus. Debrucei sobre ele, já estava chegando no meu limite, e então ouvi a porta do quarto abrir e fechar rapidamente. Cheguei ao ápice e senti meu corpo estremecer antes que me desse conta do quão constrangedor seria depois.
Deitei ao lado do Seike e ficamos virados para o teto um tempo, recuperando o fôlego.
– Seike...
– Eu sei... – O clima estava estranho.
– Eu realmente acho que o Linder chegou...
– É melhor eu ir embora...
– Entendo...
Seike se levantou e subiu as calças, colocou a camisa de volta e sentou na beirada da cama para colocar os sapatos. Eu fui me limpar no banheiro e lavar o meu rosto que estava extremamente vermelho, Seike entrou e me deu um beijo de despedida.
– Até a próxima...
Vesti minha roupa e respirei fundo, precisava de coragem para conseguir olhar para o Linder, era uma situação bastante constrangedora. Saí do quarto e o vi na sala, sentado no sofá, fui até lá e sentei ao seu lado.
– Então... – Estava muito nervoso.
– Pois é, eu acho que estou traumatizado, nunca mais vou transar na vida.
– Não é para tanto...
– Ver o meu irmão rebolando em cima do namorado não é lá muito agradável.
– Um dia pode ser você... ou o Ray...
– Não começa.
– Só estou dizendo... Mas como foi hoje? – Tentei mudar o assunto.
– Foi bem normal, a gente não fez nada demais, mas eu me diverti.
– Estava nervoso? – A verdade é que eu já sabia.
– Bastante, mas ele parecia tranquilo.
– Achei que voltaria mais tarde.
– É que ligaram do trabalho, então ele foi embora.
– Como assim embora? Não acredito, você deixou ele ir? Linder!
– Calma! Ele vai voltar! Semana que vem ele esta de volta...
– Você vai ficar uma semana sem ele... Já programaram de se encontrar quando ele voltar?
– Sim... – Linder pareceu inquieto – Eu vou buscar ele e depois a gente vai passar um tempo juntos na casa do Seike.
– Hmm... – Olhei malicioso.
– Não pense besteira!
– Qual é, não peça o impossível... mas e se ele quiser?
– Eu não sei... Mas não vamos pensar em daqui uma semana, o que importa é agora! Vou para o meu quarto, preciso tentar compor algo.
Ele se levantou rápido e saiu.
– Daqui uma semana... – Sorri malicioso.
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