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História Our Time - Night of rebels


Escrita por: paansy

Notas do Autor


Cheguei rápido para sanar a curiosidade de vocês com 9k. Irra. Eu falei que eu chego às 18h, e eu chego às 18h. Como vocês estão? Me contem. Eu tô de férias e preciso avisar que logo, logo virão os projetinhos novos pra vocês, inclusive a tão amada namjin vibes que eu sei que sentem falta.

E eu também, cry.

Não vou falar muito porque tem MUITO o que ler, então eu só espero que gostem e tenham uma excelente leitura.

Capítulo 8 - Night of rebels


Yugyeom era um jovem rebelde. Quer dizer, não na forma mais literal da coisa, até porque era muito bem educado pelos pais.

Taehyung gostava da forma que seu grupo de amizades era dividido. Podia ter – e tinha – muitos amigos, mas quem o conhecia de verdade sabia que tinha duas companhias certas. O garoto altão de cabelo preto e pintinha no rosto, que vivia zanzando para cima e para baixo com uma moto enorme. E Kang Taeyong, o cara quietão que era mais inteligente do que os dois bobões juntos. Ele era emo, é isso.

Quer dizer... nada. Era isso mesmo.

O cara de cabelo platinado, jeans pretos rasgados, blusa de banda, lápis de olho e que estava sempre contra o governo, que achava tudo uma grande porcaria porque tinha sede de mudança. Falava sobre mais democracia, direitos e respeito.

Taeyong era o Robin-Hood dos direitos humanos. E acadêmico de cinema nas horas vagas (nenhuma, porque ele não as tinha).

E, ah, vinha ele mesmo: Taehyung. O cara popular, com jeitinho de burguês, com um histórico profissional impecável e nem tinha vinte e cinco. Falava três idiomas fluentemente, gostava de arte, música clássica e filosofia. Tinha bons costumes e educação...

Ah, e um lindo sorriso quadrado.

Os três foram criados juntos. Foram ao colégio juntos e se entendiam, funcionavam, muito bem. Quando Taeyong se apaixonou pelo primeiro rapaz e teve uma espécie de crise existencial, foram os amigos que lhe consolaram, afinal eram criados por famílias homoafetivas e eram como todo mundo. Uma família, não tinha diferença. Amor era amor e eram felizes!

Mas voltando para o Choi motoqueiro; ele era uma espécie de miniatura de Im Jaebum com o humor de Choi Youngjae. Ele brilhava e sua presença era quente, muito agradável e enérgica. Mas sua postura era todinha a de um badboy saído diretamente de algum filmezinho cliché. Depois que ganhou uma moto então...

Moto essa que estava usando de carruagem para o príncipe Taehyung Gogh encontrar seu amor impossível e tudo mais. A cidade estava iluminada naquele início de noite, as pessoas saindo de seus trabalhos... tudo parecia incrivelmente bem. Tudo parecia em sintonia pela primeira vez.

Por via das dúvidas, desligou o telefone assim que saiu da galeria, não queria ninguém atrapalhando aquela noite. Não sabia ainda o que ia acontecer, mas sabia que, independentemente do que fosse, não queria ninguém se metendo.

Eram Yoongi e ele. Apenas Yoongi e ele.

A moto foi estacionada à frente do alto prédio residencial. Desceu e retirou o capacete, entregando-o ao mais alto.

— Valeu, Yug. — Arrumou o cabelo e o blazer, tentando ainda parecer apresentável. O moreno abriu o visor do capacete. — Nos vemos amanhã de tarde no futebol idiota que Jimin-ssi marcou?

O motoqueiro riu. Nem se lembrava muito bem daquilo. Seu primo era um maldito perna-de-pau com síndrome de copa do mundo e realmente fechou um campo society por um dia inteiro para fazerem nada.

Porque gols... isso ia ser difícil. Era todo mundo horrível.

Enfim.

— Não quer que eu venha te buscar? — Ofereceu desligando a moto, parando o ronco naquela rua silenciosa. Ele negou. — Não é suspeito demais? — Disse após um tempo e viu o rosto inexpressivo do pintor lhe encarando. — Eu sinto que seus pais já estão sacando, Tae. — Avisou temeroso o que já vinha observando.

Pensou um pouco. Suspirou devagar pela boca e relaxou os ombros. Será mesmo que seus pais já estavam entendendo toda a situação? Bem, não era algo que pudesse impedir, certo? Até porque não ia desistir de Yoongi.

Então, pela lógica, aquele momento chegaria. E se tivesse chegado, tá... quer dizer, não “tá”, mas... é. Era o que dava para fazer no momento.

— Eu o amo. — Foi a única coisa que disse, era a única coisa que sabia dizer em sua defesa.

O Choi assentiu pesado. Sabia disso mais do que ninguém.

— Só tome mais cuidado, beleza? — Assentiu meio receoso. Não sabia se conseguia, mas ia tentar. — Certo. — Ligou a moto novamente, abaixando o visor. — Se precisar de algo, me ligue.

— Uh. — Afastou-se alguns passos, concordando rouco. — Eu ligo, fique tranquilo e não se entusiasme tanto com meu irmão, por favor. — Pediu pela milésima vez, mesmo que soubesse que isso era impossível.

Ele riu, claro que riu. Acelerou sem sair do lugar e indicou o portão branco de grades grossas. Não se entusiasmar com Kim Jungkook significava o que mesmo? Porque não sabia. E nem queria saber. Aquilo era divertido. Zarpou com sua Kawasaki preta, quase marcando o asfalto com os pneus grossos. Ele e aquela mania... Nem sabia o porquê de ainda confiar para dar umas voltas.

Em todo caso, foi até a guarita e deu seu nome. Como Yoongi morava na cobertura, havia uma lista permissiva de quem podia subir sem interfonar. O triplex era liberado para apenas algumas pessoas e, quando se trata de “algumas pessoas”, era o esquadrão suicida que chamava de família. Claro que teve sua entrada liberada e foi direto para o elevador, passando batido pela recepção. Apertou o andar do irmão e logo depois a senha que desbloqueava a subida direta.

Aqueles números pareciam tatuagens em sua mente. Nunca os esquecia, mesmo que tentasse. Deu espaço no elevador quando um rapaz entrou com algumas malas e uma delas acabou escapando de suas mãos e caindo nos pés do artista.

Doeu, aliás.

— Ah, me desculpe, por favor, desculpe. — Começou a dizer em um coreano arrastado, sem nem ter coragem de levantar a cabeça. Assentiu fingindo não se importar. — Merda, o que eu faço? Inferno. — Praguejou baixinho em francês, tentando juntar todas as malas.

— Deixe-me ajudar com isso. — Ao ouvir a pronúncia francesa naquele tom rouco, o menor despertou assustado, quase batendo com a cabeça no queixo do pintor que esquivou na hora. Fechou os olhos e suspirou. — Seja mais cuidadoso. — Pediu sério olhando para os olhos enormes escondidos atrás dos óculos de grau.

Era um ocidental. Fato. Francês, perceptível! O sujeito era baixinho e magricela, tinha o cabelo todo bagunçado e parecia perdido. Muito. Riu fraco quando viu as bochechas ruborizando. Ele era engraçadinho.

Abaixou-se e pegou a mala que havia caído em seu pé, juntando com as outras.

— Você me entende? — Perguntou receoso, devagar. Era tão difícil achar alguém que falasse inglês ali, que dirá francês.

Aquele cara de cabelo azul e olhos de gato era um sonho?

— Não. — Brincou respondendo em francês.

Pff. — Resmungou tímido com a pergunta idiota de óbvia. Se ele estava respondendo, claro que estava entendendo, seu idiota. — Nicolas. — Estendeu a mão sem pensar duas vezes, mas o mais alto continuou com as mãos nos bolsos da calça. Não ia ajudá-lo, ele tinha que se adaptar. — Ah. É mesmo. — Com a mão que havia estendido, bateu na testa. — É um prazer. — Curvou o corpo respeitosamente.

Agora sim. Curvou a cabeça em resposta.

— Kim Taehyung.

— Tae-... — Tentou entender melhor, não sabia pronunciar. Aquilo era meio...?

— Taetae. — Facilitou e o francês parou um tempo para raciocinar.

Assentiu pensativo. Taetae... É. Era legal. Sorriu simpático e o mais alto devolveu o sorriso. Foi então que caiu em si. Estavam no elevador, mas não havia apertado seu andar. Virou abruptamente e tentou localizar o número 5, mas já estava no sétimo. Praguejou. Por que tinha que fazer tanta besteira em tão pouco tempo ali? Choramingou. Onde estavam seus pais? Precisava deles.

Ou de algum adulto. Qualquer um.

— Pra onde você está indo? — Perguntou ainda sem encarar o homem de terno que não estava entendendo nada, mas, tudo bem.

— Cobertura.

— Ah, sim. — Coçou a nuca e encostou na parede de metal, com muita vontade de tacar a cabeça no espelho. — Perdi meu andar, acho que terei que esperar descer novamente. — Taehyung riu e voltou a olhar para frente, encarando a porta. — A Coreia... — E não parou de tagarelar. — é tranquila?

— Como você vem pra cá e não conhece nada? — Suspirou meio impaciente com a demora da subida. Olhou para o visor e já estavam no 15. Chega logo... Queria ver Yoongi.

Deu de ombros.

— Estudar. — Bocejou. — Terminar o ensino médio. — Olhou para o azulado e analisou bem. Estava tão bem vestido, deveria ser um executivo? Não... não com cabelo azul. — Você é CEO ou algo assim?

Não aguentou, teve que rir. Esfregou a mão discretamente no nariz, tentando fingir que não tinha achado graça. Olhou para o lado e, pela primeira vez, enxergou verdadeiramente o rapaz. Era novo, talvez... quinze, dezesseis? Ele era realmente novo. E era interessante conhecer alguém que estava vivendo o que viveu. Ir estudar em um país novo, nova cultura, novas pessoas, sendo praticamente saído das fraldas. Era complicado. A cabeça de Nicolas devia estar meio bagunçada.

Por isso quis ser gentil. Quando esteve na França, inicialmente não encontrou muita gente que se propusesse a ajudá-lo na adaptação, então quis ser esse alguém. Seu pai Jin sempre dizia que deviam ser aquilo que queria que fossem para você.

Faz sentido, né? Ajuda-nos a melhorar.

— Não devo ser tão mais velho que você. — Deu de ombros e o adolescente abriu bem os olhos assustado. — E, não, — Fez careta. Executivo? Não. Nunca! — sou artista plástico.

— Que bacana! — E aquilo parecia bem mais legal do que comandar uma empresa, realmente. Era mais ligado a games e não arte, porém... — Isso é bem legal. Você pinta quadros legais?

— Acho que — Coçou a nuca. Será que era legal? Bom, encheu uma galeria. — sim?!

A porta abriu finalmente e ainda ria daquela pergunta quando olhou para frente e bateu os olhos naquela criatura baixa de cabelo curto e conjunto de moletom preto. Sua risada se transformou em um largo sorriso. Ele estava esperando? Impossível... Não... Né? Deu um passo para sair, mas foi empurrado para dentro novamente. Logo o rapper estava ali e apertou o botão do térreo.

— Ah, você pode apertar o botão do quinto andar pra mim? — Nicolas forçou seu coreano para o recém chegado que o olhou seriamente. Calou-se na hora.

Quem aquele fedelho era para falar sem honoríficos daquela forma? Conhecia-o? Fala sério... Não apertou botão nenhum. Primeiro, o que ele fazia ali? No seu andar? A senha não era mais eficiente? Que ridículo! O adolescente notou a seriedade com que era medido e por isso ficou quieto, apertou os lábios fechados e olhou para o chão, sem graça.

A Coreia não parecia tão tranquila assim, afinal.

— O nome dele é Nicolas e ele veio terminar o ensino médio aqui na Coreia. — Esticou um pouco o braço, o de cabelo azul, apertando o botão. — Seja hospitaleiro, hyung. — Pediu com jeitinho ao menor que o encarou com sua melhor expressão vazia. Sorriu fofo. — Eu já fui um Nicolas, não se esqueça. — Piscou todo maroto e Yoongi revirou os olhos.

Sério, quando dizia sobre enfiar aquele sujeitinho insuportável dentro de uma caixa de papelão e abandonar em qualquer porta, era seu mais profundo desejo. Não mentia. Sentiu a mão direita tocar-lhe a cintura, puxando-o discretamente para perto e nem recusou, deixou praticamente suas costas baterem no peitoral vestido formalmente.

Encarou o mais novo e relaxou um pouco a expressão.

— Seja bem vindo. — Disse baixo e ainda sério, sendo encarado com receio. — Quando for falar com alguém mais velho, use “hyung”, criança. — Ensinou e ele abriu bem os olhos, assentindo em seguida. Sabia que estava esquecendo algo. — É desrespeitoso não usar.

— Me desculpe-... — Pediu sem jeito, não sabendo pronunciar a palavra. — hy-...

Hyung. — Taehyung completou, risonho, achando engraçada aquela interação. Seu irmão era sempre tão sério.

Sabia que ele assustava os mais novos e às vezes os mais velhos também, porque ninguém esperava que um homem com carinha fofa fosse ter aquela voz grave e nem tampouco pudesse ser tão rígido. Tomavam um baque. Isso era engraçado de se ver, porque já estava tão acostumado que nem conseguia mais vê-lo diferente. Ele era aquilo ali.

Especial do modo dele. E, bem, parecia perfeito aos seus olhos, não poderia imaginar melhor.

O silêncio que ficou ali foi um tanto constrangedor. O francês olhava de relance para os dois homens e a forma que estavam próximos, achava curioso. Mas nada disse. Aliás, mordeu a língua para não fazer perguntas indiscretas. Ninguém tinha que lidar com sua curiosidade além do comum.

Por outro lado, o músico cruzou os braços e suspirou, ficando na sua enquanto sentia a mão grande do irmão lhe apertando a cintura, acariciando devagarzinho por cima da roupa. Queria muito perguntar o porquê ele adorava tanto ficar tocando-o.

Mas vai que ele para? Melhor não. Podia parecer não gostar, mas...

E ficaram assim até o elevador parar no quinto andar e o adolescente se ver um pouco atrapalhado para sair com todas aquelas malas.

— Calma, eu-... eu vou. — Murmurou para si mesmo, tentando chutar algumas e carregar outras. As portas iam fechando, mas Yoongi colocou a mão para impedir. — Oh, obrigado — Olhou o moreno um pouco maior que si. — hyung. — Curvou de leve a cabeça e foi recíproco.

— Cuidado. — Até ia ajudá-lo, mesmo sem saber direito como, mas o garoto deu um chute na própria mala, fazendo-a rolar para fora do elevador. — Pode quebrar algo. — Ficou chocado com a forma que aquele magrelo tratava as próprias coisas.

— Ah, não, não. — Negou sem graça, pegando duas malas do chão, abraçando ao corpo. — Está tudo bem. — Riu saindo trôpego do elevador. — Foi um prazer, Taetae. — Disse sorridente para o mais alto que acenou e abriu um sorriso quadrado. — E, hyung. — Mais comedido, cumprimentou o homem de olhos pequenos que assentiu, sem esboçar nenhuma expressão amigável.

As portas fecharam, voltaram a descer, sozinhos dessa vez.

— Onde você tá indo? — Perguntou deslizando a mão para a barriga do músico que se desvencilhou um pouco. — Hyung. — Puxou novamente pela cintura, abraçando-o com ambos os braços. — O que foi? — Murmurou ao ouvido, deixando um beijinho. Ele tentou se desvencilhar de novo. — Tá bravo com alguma coisa? — Perguntou receoso.

— Por que ele foi tão íntimo com você?

Riu. Não aguentou. Sério aquilo? Yoongi estava com ciúmes de um garoto? Que adorável. Sabia que o irmão tinha um ciúme grande de tudo que era muito importante para si. Era... Algo dele. Já haviam conversado sobre aquilo. O fato de não conseguir se abrir tanto com o mundo significava que tudo o que ele conseguia de verdade, ele agarrava de uma forma quase possessiva. Não conseguia muita coisa – em relação social – por isso que, quando conseguia, agarrava-se.

E ele era agarrado em Taehyung, mas... Estava tentando relaxar. Não era saudável, sabia disso. Mas, como dizia seu psicólogo, um passo de cada vez. Sem pressa. Paciência.

— Ele não sabia pronunciar meu nome, então facilitei pra ele. — Desviou da marra do menor e lhe deu um beijo estalado na bochecha. — Nicolas é um garoto, relaxe. — Deixou-o livre, encostando as costas no espelho do elevador. — Viu como ele é atrapalhado? Parece comigo. — Riu à vontade e foi a primeira vez que o rapper riu junto, mas foi tão fraquinho. Lindo. — Seja bonzinho com ele, uh? — Estendeu a mão e tocou o braço do mais velho, puxando-o. — Uh? — Puxou novamente, trazendo-o para si, batendo os peitorais.

— Eu sou mais legal que você, pirralho. — Debochou com uma careta divertida, olhando para cima, encarando a expressão descrente do azulado. Não saiu dos braços dele. — Se enxerga. — Deu um peteleco na pontinha do nariz dele, exatamente onde tinha a pintinha.

Foi solto depois daquela brincadeirinha e ficaram os dois rindo. Era legal quando tinham aqueles momentos mais tranquilos, sem drama, vivendo como qualquer outra pessoa. Às vezes era até fácil ignorar que eram irmãos e viviam naquele universo duplo, onde tinham que ser um tipo de pessoa na frente da família e outra por trás. Isso era péssimo, era... Horrível. Ainda mais os Kim que sempre foram muito unidos e honestos entre eles, e em geral.

Não havia nada que não confiassem, que não confidenciassem. Eram amigos, os melhores. Seokjin e Namjoon ensinaram os meninos a serem melhores amigos entre si antes de serem de alguém, confiarem nos pais e sempre se ajudarem. Eram um time. Uma família nada mais era do que um time e só funcionava se fizessem um trabalho em equipe.

Entenderam isso. Por isso que machucava tanto, tanto um quanto o outro, viver naquele constante esconde-esconde. E sabiam, sabiam bem que aquilo ia dar errado.

Nada dura para sempre, principalmente mentiras.

— Pedi comida pra gente. — Avisou assim que olhou para o visor e viu que estava chegando no térreo. — Espaguete ao molho de creme e camarão. — O pintor comemorou, faminto. Era um de seus pratos favoritos. — Não tive muito tempo pra cozinhar... — Coçou a nuca e saiu assim que a porta foi aberta, sendo seguido prontamente. — quando Yugyeom disse que estava te trazendo, tive que ser meio rápido. — Desatou a falar sem graça, recusando-se a encarar o sorrisinho sugestivo do artista plástico. Então ele estava esperando inseguro? Hum... — Afinal você havia marcado com o pessoal...

Não disse nada inicialmente, só foi seguindo os passos do menor. Sabia que não deveria render aquele assunto porque claramente deixava Yoongi sem graça e desconfortável, então mesmo querendo muito dizer o quanto ele ficava adorável quando ficava assim, sem jeito, nada disse.

Mas que surtou internamente... surtou. Oh, sim, surtou.

— Obrigado, hyung, é um dos meus pratos favoritos. — Apenas agradeceu. Era o bastante.

E isso significava um: oh, hyung, você acertou em cheio o que eu queria comer. Perfeito. Naquela euforia toda que só Kim Taehyung tinha. Yoongi sabia.

E Yoongi se sentiu um pouco mais apaixonado por notar que se conheciam o suficiente para se comunicar por entrelinhas.

...

Seokjin cancelou a ligação quando caiu na caixa postal novamente, enfiando o aparelho no bolso do casaco grande. Lambeu os lábios e encarou o trânsito à frente da galeria. Suspirou. Jurava que ia enlouquecer... De verdade. Passou a mão no cabelo negro, jogando para trás, logo depois esfregando o rosto.

Queria fazer algo, mas... não sabia. Não sabia como, o quê.

— Ei. — A voz grave de Namjoon o chamou e rapidamente piscou algumas vezes antes de virar e encarar o marido. Ele sorriu. — Eu estava te procurando, meu amor. — Caminhou em leves passos até o menor, vendo o sorrisinho pequeno nos lábios cheios. — O que houve, hum? — Deixou um beijo na testa à mostra. — Você está tenso, te conheço.

Não é nada. — Enfiou as mãos nos bolsos, suspirando pesado. — Só vim respirar um pouco. — O delegado não acreditou, por isso o mediu mais cuidadosamente. — Precisamos ir buscar nossa filha em casa com a babá, ainda quer jantar fora?

— Vou pedir a Jungkook pra ir. — Tocou o braço direito do esposo, trazendo-o para perto, juntando os corpos, mesmo naquela calçada, em público. — Está tudo bem mesmo? — Perguntou e o moreno o encarou por algum tempo.

Seu estômago revirou e o corpo esfriou. Não soube o que responder. Era sempre assim. Se Namjoon perguntasse a primeira vez, conseguia driblar, mas na segunda... não conseguia fugir dos olhos que o conheciam por inteiro. Estavam juntos por anos, eram maridos e já haviam passado por tanta coisa... Não conseguia... Porém...

Piscou devagar e assentiu. Mesmo querendo falar, sua garganta estava travada, por isso só assentiu e abraçou o corpo forte do policial, afundando ali, apertando o rosto no peitoral cheiroso. Estava seguro, certo? Namjoon sempre resolvia tudo, ele sempre tinha uma resposta. Ele sempre era a solução.

Foi abraçado de volta, os dedos do mais alto indo diretamente para o cabelo macio e escuro, acariciando ali. Deixou alguns beijos e respirou tranquilo. Estava com sua vida nos braços, certo? Nada podia ser mais perfeito. Seokjin era seu ponto de partida e também de chegada. Se estava com ele em seus braços, então estava tudo bem.

Manteria-o a salvo. São e salvo.

— Me abraça. — Pediu já sendo aconchegado naquele gesto de carinho e proteção. Fechou os olhos e relaxou. — Só me abraça.

— O que você tem? — Questionou preocupado, olhando para baixo, vendo o mais velho de olhos fechados, agarrado ao seu corpo.

Tantas coisas...

— Frio. — Murmurou simplesmente. Só estava com frio.

Namjoon desistiu de questionar. Sabia que o esposo falaria, só precisava de tempo e espaço, ele não agia bem sob pressão. Deixou mais um beijo na cabeça dele, e foi surpreendido com o rostinho doce virado em sua direção, aqueles olhos desenhados o encarando cheios de amor... Sorriu. Era mesmo casado com o homem mais lindo do mundo.

Da galáxia inteira!

— Eu te amo. — Disse sincero, encarando o acastanhado que assentiu. — Mil milhões.

— Eu te amo mil milhões bilhões. — Devolveu a brincadeirinha e fez o cozinheiro sorrir. Ele realmente sorriu como sempre sorria quando aquele delegado bonitão estava perto.

Selou os lábios demoradamente, pouco se importando de estarem ali, no meio da rua. Não ligavam mais para nada, contanto que não tocassem neles. Palavras não machucavam mais, olhares também não. Nenhuma daquelas pessoas poderia saber, ter a noção do quanto se amavam e do quanto eram felizes.

Ninguém sabia, nunca saberia. Só eles dois.

...

A comida estava muito boa e a noite também estava. Estavam jogados no chão da sala, comendo, bebendo e conversando. Agora parecia tudo muito mais tranquilo porque Yoongi sorria à vontade. Na verdade, ele até gargalhou quando Taehyung começou a inventar de rimar.

Era muito engraçado vê-lo rimando, imitando-o no palco.

Ali, com as mangas da camisa arregaçadas até os cotovelos, sem o blazer, o cabelo já sem o penteado formal, enfiando comida na boca e falando quase cuspindo, era o mesmo moleque de dezenove anos que apresentou uma grande exposição naquela tarde.

Mas nem pareciam as mesmas pessoas.

— É, você canta assim mesmo, hyung, eu te juro. — Disse rindo quando imitou o irmão apresentando Cypher 2. Yoongi negou e tomou um gole do vinho. — Wuah, é sério, eu preciso filmar da próxima vez. — Lambeu os hashis e pegou um camarão, oferecendo para o rapper que aceitou na hora. — Você fica todo cheio de energia, pulando... É muito adorável.

— Você é tão exagerado.

— O quê? Eu? — Na hora, pegou o celular para mostrar o vídeo de Jungkook cantando Ddaeng em sua festa de aniversário do ano anterior, quando o músico estava no exército, mas, ao ver a tela desligada, lembrou-se. Sua animação diminuiu um pouco. — Depois te mostro. — Jogou o aparelho sem nenhum cuidado no sofá.

— Qual é a sua favorita? — Apoiou o cotovelo no estofado de couro e tombou a cabeça na mão, encarando o azulado que mastigava a comida. — Dentre todas. — Tomou mais um gole do vinho.

Assim, aquela pergunta era difícil. Gostava de todas, sempre cantava durante o banho, cantava para Moon, cantava com Yugyeom e sempre pedia para Namjoon cantar consigo no karaokê. Tinha a ideia de que, em outra vida, foi um rapper, não era possível. Adorava aquilo, embora fosse contra toda sua classe. Ninguém imaginava que quando pegava em um microfone de karaokê, virava o próprio T.O.P.

As aparências enganam, certo?

— Uh. — Grunhiu após engolir a comida e chegar a uma conclusão. — Seesaw. — Foi direto ao ponto que nunca tocaram, mas tinham consciência de que precisavam. Yoongi continuou em silêncio, encarando-o. — É pra mim, não é? — Não obteve resposta. — Eu não pude te responder, você foi embora antes. — E mais uns segundos de silêncio, para se encararem, permearam a sala. Suspirou. — Não quero que se sinta inseguro ou em um jogo de sobe e desce em relação a nós dois, nunca quis.

Yoongi matou a taça com um gole e o mais novo desviou o olhar, engolindo em seco. Não sabia exatamente o que dizer, porém sabia que precisava. Não dava mais para correrem, certo? Tinham que encarar aquilo de frente. Não tinha mais como ignorar. Além disso, não queriam mais. Não tinham mais forças.

O de cabelo curto encheu a taça mais uma vez e isso chamou a atenção do pintor. Odiava quando o irmão fazia aquilo.

— Você sabe que eu sou seu, não sabe? — Perguntou baixo, frágil. O músico não respondeu. — E se você se sente tão inseguro comigo, então eu... — Engoliu uma quantidade de ar suficiente para estufar o peito. O moreno o encarou não entendendo. O que...? — eu quero que seja meu, hyung. Meu. — Encarou os olhos pequenos e inexpressivos. — Meu namorado.

Engasgou. Engasgou de verdade e quase que o vinho voltou. Calma, espera. Espera... Deixa ele raciocinar. A mente deu um looping. Fechou os olhos e respirou fundo, tentando se recuperar. Primeiro: estava sendo pedido em namoro e isso era esquisito. Nunca se imaginou naquele estágio em que alguém pedia por sua mão.

Ele quem fez isso uma vez. Com Jennie, apenas com Jennie.

Por outro lado, em segundo: era ele. Aquele azulado maluco metido a Van Gogh, seu irmão caçula, aquela pessoa que lhe fez questionar seu senso lúcido. Fê-lo pensar que estava enlouquecendo. Namorá-lo ele era... Céus. Será que era o certo? Apesar de que já viviam um relacionamento praticamente, só não verbalizavam. Mas ainda assim... Não era um passo grande demais?

— Eu quero que se sinta seguro comigo, hyung. — E mais uma vez aquele tom frágil e hesitante. Olhou nos olhões de desenho que ele tinha, não devia ser fácil para ele também. Principalmente chegar àquela conclusão. — Só quero que você entenda o seu nível de importância na minha vida, quero que você tome seu lugar certo. Eu quero você. — Confessou transbordante, tão, mas tão de coração aberto, que facilmente poderia se machucar. — Eu quero você mais do que tudo na minha vida. Você não tá me entendendo. — Riu fraco e o rapper ficou o medindo, como se fosse um filme interessante. — Eu-...

Puxou-o pela nuca, colando os lábios com vontade, tocou as línguas, pressionou as bocas, encaixando e desencaixando. Céus. Aquele garoto ainda ia provocar um ataque do coração em alguém e esse alguém, provavelmente, era ele. Teve o rosto segurado com esmero, puxado mais para perto, queria mais. Precisava de mais. Desde cedo, desde sempre, precisava de muito mais. Precisava de Yoongi por completo, porque ele o tinha por completo.

E sabia disso. Sabia muito bem.

Largou a taça de vinho de qualquer jeito na mesa de centro, sem muita consciência de que poderia ter virado ou algo assim. Não importava. Foi levantando devagar, mesmo sem interromper aquele beijo estalado e desesperado. Taehyung o seguiu, segurando-o pelos quadris, puxando.

— Eu preciso de você. — Sussurrou entre aquele beijo desesperado, agarrando os dedos nos fios azuis. — Eu preciso de você na minha vida. — Apertou os olhos fechados, o rosto vermelho, as palavras atrapalhadas pelos selares molhados. — Eu te amo, Taehyung.

— Eu te amo. — Devolveu, puxando-o para seu corpo, quase o levantando, desesperado. Tinha medo de que aquilo fosse um sonho. — Eu te amo mais do que tudo. — Empurrou-o, forçando o caminhar para o quarto, um tanto trôpego, envolvido naquele momento intenso e sincero. — Por favor, fica comigo, vamos fazer dar certo.

— Você não vai largar minha mão? — E ali foi Yoongi quem ficou frágil. Ele era tão quebrado e tão...

Merda. Queria chorar. Na verdade, queria chorar desde cedo por causa daquele ultimato de Jinyoung, a ideia de perder Taehyung doía de um jeito que parecia arrancar seu coração fora. Doía para caralho a ideia de não tê-lo. Não tinha mais vergonha de admitir, de pedi-lo para ficar. Só tinha receio, receio de acordar e não vê-lo.

Isso nunca.

— Nunca. — Parou aqueles beijos e os passos, segurando-o pelas bochechas extremamente vermelhas. — Yoongi, olha pra mim. — Pediu sério e o músico obedeceu, abrindo os olhinhos aos poucos, hesitante. Enxergou o sorriso pequeno e sincero do mais novo. — Eu estou aqui, com você, estamos juntos. Você nunca vai estar sozinho. — Encostou as testas, esfregou os polegares nas bochechas dele. — Confia em mim.

— Eu confio. — Sussurrou mole, movendo o rosto e tocando a pontinha dos narizes. — Chega de fugir, certo? — O maior assentiu e assentiu junto. — Eu aceito.

O sorrisão que o mais jovem deu fez tudo valer à pena. Tudo mesmo. O drama, todo o choro, a demora... Aquele sorriso... Sorriu junto e teve vários selares roubados, o corpo erguido um pouco por um abraço forte. Começou a rir um pouco mais e foi levado para o quarto daquela maneira desajeitada, em meio a sorrisos, risadas e beijos. Seu peito... Aquela felicidade... Não era possível.

Ia explodir. Tinha certeza de que ia explodir.

Não se lembrava do dia em que esteve tão feliz daquela maneira, por ninguém. Os dedos com os anéis de prata passaram pelo cabelo curto, não conseguindo segurar ali, mas tinha que admitir que gostava da sensação dos fios curtos deslizando por seus dedos. Encostou-o na parede ao lado da porta e ficou ali, os lábios roçando, os narizes... Trocavam o mesmo ar, compartilhavam saliva e não havia qualquer espaço entre eles.

Estava escuro, apenas tinham a luz do corredor entrando pela porta do quarto aberto, mas, mesmo assim, o menor levantou o rosto e encarou os olhos grandes do, agora, namorado. Ele era perfeito, tão fodidamente perfeito... Levou os dedos da mão direita até o cabelo azul bagunçado — o penteado já havia sido desfeito há tempos — descendo para a testa e logo depois a bochecha. Quase não piscava. Gostava da pele morena de Taehyung, gostava de ver o contraste entre os dois.

Era tão branco e ele parecia sempre bronzeado. Lindo. Foi abraçado e fechou os olhos, expondo o pescoço assim como requerido pelos lábios curiosos do mais novo. Deixou-se ser beijado, cheirado. Era até engraçado pensar que aquele moleque o viu em momentos ruins, nos quais nem banho sentia vontade de tomar, mas nunca, nunca parou de endeusá-lo. Era até meio constrangedor. O maior sempre tinha aqueles olhos enormes bem atentos aos seus gestos.

Tocava-o de forma tão delicada, mas ao mesmo tempo desejosa. Nunca sentiu tanta vontade com alguém antes, não sabia o porquê. Passou as mãos nas costas largas, deixando-se levar, grunhindo satisfeito quando ele usou a língua e os dentes. Onde aquele pirralho aprendeu tudo aquilo? Desceu mais os dedos até chegar à barra da camisa social, apertando ali. Segurando-se.

Mas por que estava se segurando mesmo?

— Você pode me tocar, hyung. — A voz grave quebrou aquela sinfonia estalada de beijos e a respiração descompassada... — Não precisa ficar sem jeito, eu sou seu namorado. — Lembrou de uma forma quase orgulhosa e o moreno riu nasal. Tão bobo. Teve as mãos puxadas para frente até os botões da camisa. — Você não precisa ficar assim pra tocar o que é seu. — Afastou-se um pouco só para encostar as testas e, com muita gentileza, com as mãos nas do menor, auxiliou-o a começar a desabotoar a camisa. — Olha pra mim. — Pediu baixo e o rapper obedeceu, encarando aqueles olhos brilhantes. — Você é lindo, Yoongi.

Não conseguiu dizer nada. Era engraçada a forma que aquele pivete metido a galã conseguia tê-lo na palma da mão sem nem fazer tanto esforço. Era ridículo. Expirou devagar pela boca e desceu o olhar, vendo o peitoral dele sendo exposto. Taehyung não era magro, ele tinha um corpo normal.

A melhor parte de Kim Taehyung era sua autonomia mediante o próprio corpo. Fodam-se os padrões. Ele era lindo. Muito.

Subiu os dedos para o peitoral bronzeado, passeando por ali. Era parecido com seu piano: delicado, mas ainda assim, queria afundar seus dedos e ouvir as melhores notas ecoando. E como uma das suas criações mais perfeitas, queria se aprofundar naquilo por noites e noites, porque o fazia sentir vivo. Taehyung o fazia sentir a vida da forma mais viva possível.

Nunca esteve tão vivo quanto naquele momento.

Subiu um pouco mais e agarrou o pano macio da camisa, puxando para baixo, deslizando pelos braços e deixando cair no chão. Era engraçado e quase assustador pensar que aquele mesmo garoto sorridente que vivia irritando Jungkook, ciumento com o pai e irmão, era aquele mesmo cara, aquele ali, de peitoral largo, olhos sérios e pronto para ser quem o irmão mais velho precisava que fosse.

Fechou os olhos e engoliu em seco. Era duro se desfazer das memórias, além disso, era difícil. Mas tentava e muito. Por ele, por si mesmo e pelo futuro que estavam querendo juntos, porque agora não tinha mais como fugir, então... só esperava que todas aquelas incertezas se tornassem clarezas. Porque no momento, apesar de feliz, sentia-se perdido. Em si, nele...

Abraçou-o. Embolou os dedos nos fios tingidos e afundou o rosto no peito que tanto acariciou. Quente, muito quente, além de cheiroso. O maior sorriu com aquele gesto de carinho e devolveu o abraço, deixando um beijo demorado nos fios negros e curtos. Yoongi estava (e era) tão frágil que o assustava às vezes.

— Não precisamos fazer nada hoje, você sabe, não é? — Disse solicito, vendo o quanto ele estava envergonhado. Não houve resposta. Suspirou e envolveu os braços longos na cintura escondida pelo moletom enorme. — Você nunca dormiu com um cara, não é, hyung? — Constatou o que sempre teve curiosidade sobre. Ele negou com um acenar fraco, sem sair daquela posição. — Tudo bem, não há problema. — Sussurrou calmo, carinhoso. Não queria assustar o músico. Ele relaxou em seus braços. — Eu cuido disso. — Infiltrou as mãos por dentro da roupa escura, surpreendendo-se ao ver que ele não usava nada por baixo. Sorriu. Espalmou as mãos pela base das costas e quase grunhiu em satisfação sentindo a pele quente sob seus dedos. — Vou cuidar de você. — Sentiu a tez macia arrepiando. Tão sensível...

Yoongi grunhiu, não soube se era de satisfação ou... pelas palavras que, ditas naquele tom grave, testaram seu senso de gravidade. Como aquele moleque podia cuidar de si? Fala sério. Nem idade tinha. Que ridículo...

Mas, mesmo assim, quase virou água nas mãos dele.

— Para. — Pediu quase sem voz, mas nem se moveu. Insistia naquela marra que não funcionava.

Nem nunca funcionou. Taehyung era muito insistente quando queria e ele sempre queria.

Riu fraquinho e afastou-se um pouco só para vê-lo. Queria encarar o rostinho fofo que quase sempre não tinha expressão. Piscou devagar e encostou as testas, sorriu devagar e foi subindo devagarzinho as mãos, trazendo o moletom junto, deslizando pela pele muito branca. Yoongi suspirou, os olhos fechados, a boca pequenina afastada para expulsar a respiração pesada. Estava tão envolvido que nem retesou quando sentiu a roupa sendo puxada para cima.

Levantou os braços e se permitiu ser despido. Ficou vermelho, sabia que estava vermelho. As bochechas arderam assim como as orelhas, porém não fez nada. Não falou nada. Não sabia o que dizer, não quando sentia o corpo dele se encostando tão bem, compartilhando o calor, os arrepios. Ficava tão maleável que chegava ser ridículo.

Era muito maleável.

— Sabe o que é engraçado? — Perguntou rindo fraquinho, arrastando os dedos suavemente no braço direito, olhando para baixo só para ter a visão perfeita de estar afagando a tatuagem alaranjada. — Você tatuou uma raposa de focinho empinado, mas — Riu um pouco mais e levantou o olhar, vendo aqueles olhinhos pequenos o encarando atentamente. — por você, eu sempre abaixo a cabeça.

Da forma literal da coisa, quis dizer. Empurrou os corpos para a parede e, por instinto, o moreno agarrou os fios já um tanto verdes, embolando ali, obrigando-o a levantar a cabeça, não queria vê-lo daquela forma. Nunca. Entendeu o que Taehyung quis dizer, mas ainda assim, não queria.

Preferia aquela raposa de focinho empinado, porque assim o forçava a ficar na ponta dos pés para alcançá-lo. Saía de sua zona de conforto, saía do lugar. Era assim que devia ser. Não queria o irmão de cabeça baixa: nem para si e nem para ninguém. Nunca.

Por isso o puxou e ficou na ponta dos pés, ouvindo o grunhido surpreso.

— Não abaixe a cabeça. — Pediu baixo, os lábios alcançando o maxilar bem desenhado. Beijou devagar. — Me levanta, eu prefiro estar no mesmo plano que você.

Ele riu. Riu rouco e todo envolvido naquele clima quente e interessante. Levou uma lambida devagar no osso do maxilar e, com um pouco de jeitinho, livrou-se do aperto firme, conseguindo abaixar só um pouco. Só daquela vez. Agarrou-o pelas coxas e levantou, percebendo que, por mais novo que fosse, tinha muito mais força que o irmão.

Isso era bom, principalmente para seu ego. Odiava o fato de, por vezes, sentir-se diminuído pelo fato de ser mais novo. Ali não valia isso, ali não tinha aquele lance de idade. Era um homem e mostraria isso, porque queria amar Yoongi como um homem ama o outro. Queria provar que, apesar da idade, podia ser tudo o que ele precisava.

E, mesmo sem essa confirmação verbal, sentia que era, porque aquele rapper baixinho era bem explícito com gestos.

— Tão bravo. — Resmungou sorrindo pequeno, encaixando os corpos daquela maneira.

Revirou os olhos, as mãos jogadas pelos ombros largos do pintor, sentindo a pele quente e macia. O cheiro do perfume de Taehyung estava impregnado em seu corpo e aquilo... Porra...

— Eu te amo. — Disse, do nada, simples e tão direto que o mais novo não entendeu.

Yoongi nunca verbalizava sentimentos, nunca mesmo. Desde felicidade até amor; você nunca o veria falando “estou feliz”, simplesmente notaria pelos sorrisinhos um pouco maiores que o normal, o modo como os olhos brilhavam, as piadinhas... Ele ficava um pouco mais espontâneo. Claro, do jeito dele.

Era bonito de se observar. Não, não era simplesmente “bonito”, era lindo. Taehyung observava aquilo como um grande apreciador.

Todo aquele momento pareceu desacelerar conforme sua mente processava aquelas palavrinhas. Eu te amo. Era amado mesmo? Aquele homem lindo o amava? Parecia mentira. Como assim? Finalmente haviam chegado a um ponto em que podiam se entender?

Oh... Céus...

Assentiu e selou os lábios de maneira lenta, sem pressa. Aquela boca pequena era tão linda e encaixava tão bem na sua. Os narizes se atrapalhando, as línguas se arrastando de maneira tão lenta que por vezes pararam de se mover só para ficar naquele contato: apenas as línguas se tocando, trocando carícias íntimas.

O beijo estalava, a saliva molhava os queixos e cada vez mais os corpos se apertavam, os grunhidos de satisfação já arranhavam a garganta e a parede já não era mais tão útil assim. Por isso o de cabelo azul forçou mais e mais as mãos nas coxas macias do irmão, sustentando-o no colo enquanto procurava a cama grande. O cômodo em si era escuro e de móveis de madeira, dificultando mais ainda o trabalho de se achar no meio do breu, porém foi rápido na hora de colocá-lo lá, deitado.

Tinha a intenção de se afastar um pouco para se ajeitar, porém foi agarrado pela nuca e puxado, o mais velho abrindo espaço e dando conforto para o corpo grande do caçula, abrigando-o ali, entre suas pernas pequenas que tremiam de leve.

Não sabia como agir. Mesmo que estivesse tentando ao máximo não parecer um inexperiente idiota, estava cada vez mais nervoso. O que... Hipoteticamente, deveria fazer? Era meio confuso e vergonhoso. Devia ter pesquisado na internet? Conversado com alguém...? Não. Isso era fora de questão, totalmente fora de questão. Que vergonha.

Em sua parca vida de quase trinta anos de idade, jamais pensou que acabaria em uma cama com um homem. Nunca teve preconceito, claro que não, mas achava que estava muito certo de sua orientação sexual. Viu Hoseok namorar um cara na adolescência, Jungkook ficar com quem quisesse, mas nunca se sentiu com vontade realmente de experimentar aquilo. Aliás, era estranho. Nem por mulheres era atraído.

Só... Não sabia explicar! Não sabia o seu critério para ter a atenção capturada, no entanto, ali estava. Embaixo de Kim Taehyung, perdendo todo seu fôlego ao beijá-lo com tanta vontade e sentimento que seu peito parecia explodir. Suas pernas tremiam, o rosto estava vermelho e se recusava a abrir os olhos. Ele era lindo, tão lindo que chegava a doer seu coração. Era diferente, não... Era normal. Aquilo que estava sentindo, nunca sentiu antes.

Aquilo não podia ser normal, certo?

Engoliu uma grande quantidade de ar assim que tiveram o beijo apartado, parecendo engasgado com a própria falta de fôlego. Mas não se afastaram, começaram a trocar beijos pelo rosto, sussurros apaixonados. As mãos grandes, e com aqueles anéis finos de prata, desceram até o quadril do músico, apertando ali, puxando para baixo ao mesmo tempo em que jogava o seu para cima, criando os primeiros atritos íntimos, mesmo que por cima das roupas. Foi discreto e calmo, não queria assustá-lo.

Por deus, queria tanto aquele homem...

— Tae-...hyung. — A voz falhou em meio aos ofegos, claramente nervoso. Apertou os dedos nas costas bronzeadas. Mais um roçar e gemeu deleitoso, porém... — Taehyung! — Chamou novamente e esperou ser atendido, mas ganhou mais um. Merda, mordeu o lábio inferior e choramingou. — Deus... não...

Ele riu, beijando as pálpebras fechadas daquele marrentinho que tinha o rosto todo vermelho.

— Você nem acredita nele, hyung. — Zombou, ajeitando melhor o corpo, ficando em um ângulo favorável para ambos.

Testou se estava bom o suficiente e acabou ganhando um gemidinho, bem arranhado e contido, mas era um gemido e era tão lindo e gostoso que, porra, chegou a se arrepiar. Moveu de novo, bem devagar. Ali, naquela posição, conseguia fazer fricção entre os volumes que tinham entre as pernas. Porque, oh, sim, havia algo ali. E testou isso novamente e novamente.

E ele gemeu em todas elas.

— Taehyung. — Chamou novamente, abrindo os olhos, deixando apenas fendas liberando sua visão. Engoliu um pouco mais de ar, seu corpo queimava tanto.

Mas o mais novo entendeu. Ele realmente entendeu, por isso abriu um daqueles sorrisos calmos de quem já sabia de tudo. Selou os lábios devagar e assentiu fraco, tranquilizando o moreno que voltou a fechar os olhos e relaxar na cama.

Ele ainda não estava pronto e seguro o suficiente. Sabia disso.

— Não vamos transar hoje, eu sei. — Deixou mais um selar nos lábios vermelhos e úmidos. — Está tudo bem, hum? — Sussurrou protetor, arrastando a pontinha do nariz pela bochecha avermelhada. — Temos tempo para aprender tudo e fazer de maneira tranquila, não tem problema. — Confidenciou tranquilo e levou um tapa nas costas. — O quê? — Afastou o rosto só para se encararem e ganhou uma expressão brava. Brava e envergonhada. — Eu vou te ensinar a transar com um homem, hyung. Te ensinar e te fazer praticar.

Que... Bela merda. Quis dar um tapa na cabeça dele, sinceramente. Como alguém tão sem filtro de momento podia estar fazendo suas pernas tremerem tanto? Isso era ridículo, lembra que disse? Então. É absurdo.

Taehyung riu, vendo que, com sua bobeira planejada, tinha conseguido desfocar a timidez do irmão mais velho. Agora estava tudo bem. Odiava quando ele estava sem graça.

— Transar não sei com que homem. — Devolveu a brincadeira sem nem notar o que estava falando. — Só vejo um pirralho na minha frente. — Resmungou e o azulado apertou o olhar em sua direção.

Oh, é? Pirralho?

Lambeu os lábios e limpou um pouco de saliva que sujava o canto desses, lambendo a ponta do dedo em seguida. Isso tudo com a supervisão dos olhares discretos do menor. Pirralho... Aquilo fez seu interior pulsar enérgico. Seu coração pulou e seu sangue esquentou. Tudo dentro dele queimava de uma maneira... Não sabia se era excitação, raiva, ou o quê. Odiava ser resumido a alguma criança. Não era a porra de uma criança.

Ajeitou-se um pouco melhor e ergueu o tronco, sentando sobre os calcanhares, ficando mais à vontade. Passou a mão no cabelo tingido, jogando para trás, parecendo calmo demais. Yoongi não entendeu e ficou ali, deitado, admirando. Era tudo o que podia fazer. Pelo menos até aqueles olhos grandes e maquiados se virarem em sua direção de uma forma... Engoliu em seco. Nem soube o porquê fez isso, mas fez. Aquele olhar não parecia de seu irmão caçula, não tinha nada com ele. Era muito mais...

E por outro lado, Taehyung ficava meio triste de não poder mostrar como queria. Quando saiu para a casa do rapper, esqueceu totalmente que deveria comprar algumas coisas antes, visto que, bem, não sabia bem como fariam naquele sexo. De todo o modo, né, enfim. Nunca conversaram sobre aquilo.

O olhar caiu para o dorso pálido, o jeito que descia e subia devagar. Ele era tão branquinho, não tinham nem pintinhas. Espalmou as mãos na cintura um tanto fina, subindo a mão para as costelas que tinham uma tatuagem bem expressiva. Sorriu. Passou o polegar por cima em um carinho devagar, lendo aquilo. Letra por letra. Morrer por conta de um sonho. Aquilo era intenso.

— Você morreria por conta do seu sonho? — Questionou baixo e o mais velho abaixou o olhar, tentando inutilmente olhar a própria tatuagem.

Bem... Foi ensinado a lutar com forças para obter os sonhos, as metas. Gastaria cada gota de sangue para viver pelo menos por um dia, como queria. Preferia morrer fazendo o que amava a viver frustrado. Era seu jeito de viver e ver as coisas.

Namjoon o ensinou isso e Seokjin o ensinou a ser forte. Aprendeu bem, ou pelo menos achava que sim.

— Sim. — Não hesitou. Não tinha porquê.

— E por amor? — Devagar, piscou os olhos e elevou o olhar marcado, atento à resposta do namorado. Amor era algo abstrato para si, mas e para Yoongi?

Ali ele hesitou. Ou melhor, não hesitou, ficou pensativo. Morrer por amor era algo radical, não era? Morte não era algo que se aliava com aquele sentimento. Ao contrário, pensava de outro modo.

Não aliava morte, porque aliava à força.

Por amor se luta. — Respondeu honesto e o Kim mais alto sorriu suave. — Se a gente perde ou não, não dá pra saber sem tentar.

— Eu posso te responder isso. — Ajeitou-se um pouco melhor, arrastando os joelhos no colchão, apoiando o braço esquerdo na cama e abaixando o dorso. Deixou alguns beijos pelo peitoral pálido.

— E qual é a resposta? — Perguntou curioso, usando os dedos esquerdos para pentear o cabelo grande do irmão.

Ele riu abafado, abaixando os beijos até a tatuagem de palavras em tinta preta, criando um contraste bonito naquela tela branca. Cheirou a pele perfumada, fechando os olhos só para se concentrar na maciez, na temperatura quente. Yoongi era quente. Beijou carinhosamente aquele lugar, repetindo o gesto mais algumas vezes, fazendo questão de estalar cada um deles.

Tão calmo e tão apaixonado.

— Esse pirralho vira homem pra lutar por você. — Afastou o rosto para se encararem. Sorriu sagaz. — E eu vou ganhar. — Garantiu sério, movendo a cabeça manhosamente com os carinhos que recebia.

Yoongi sorriu. Era adorável a forma otimista que aquela criança via o mundo. Aquele sentimento que o fazia esperar algo bom do mundo, era aquele brilho que nunca teve, nunca viu em si mesmo. O jeito que ele brilhava e tirava todas as dificuldades de letra... Ele era bravo. Muito bravo. Não tinha medo, nunca foi covarde. Tinha orgulho dele.

Como irmão mais velho e também como, hum... Namorado.

Assentiu devagar, levando os carinhos para o rosto delicado, viciado nos traços perfeitos. Sabia que ele lutaria, porque já vinha lutando. Confiava nele. E, mais do que nunca, queria aquilo também, estava tomando a decisão que deveria ter tomado há tempos.

Lutaria com Kim Taehyung e o resultado daquilo, bem, era um mistério.

Estava tão apaixonado que... Merda. Moveu o rosto até conseguir levar os dedos brancos até seus lábios, dando um beijo neles. Jogou todo o peso do corpo para o braço esquerdo, onde se apoiou para ter a mão disponível levada até a mão direita do menor, entrelaçando os dedos suavemente. Abaixou o rosto e beijou próximo do umbigo. Ganhou um suspiro. Yoongi sabia que era sensível a toques, por isso os repelia, mas ali... Não queria repelir. Negava-se. Merecia aquilo, queria aquilo mais do que nunca.

Ele queria ser amado. Depois de tanto tempo, ele queria muito ser amado por Taehyung e não precisar correr disso.

Os lábios mornos foram depositando beijos e mais beijos até chegarem ao antebraço tatuado. Riu fraco. Era ele, afinal. Não era? Foxy... Aquela raposa era como seu próprio nome imortalizado na pele clara do Kim mais velho. Estava nele, estava na pele dele.

Beijou com certa devoção, os estalos suaves soando entre os suspiros deleitosos do músico que fechou os olhos e relaxou. Apertou os dedos entre os seus e sorriu tão preguiçoso, estava se sentindo em outra dimensão com aqueles beijos. Recebeu mais e mais. Aqueles pequenos estalinhos cobrindo toda a tinta laranja, a extensão da raposa metida.

— Hyung. — Chamou de repente, parando um pouco só para olhar o rosto avermelhado do namorado. — Você não gosta de anéis, não é?

— Hum. — Concordou sem entender, piscando os olhos preguiçosamente e vendo Taehyung sorrir. — Não vou usar aliança, Taehyung, nem tenta. — Tomou impulso e sentou na cama, envergonhado. Aliança o lembrava de coisas ruins... Não. — Eu não quero te chatear nem nada, m-...

Riu fraco e sentou entre as pernas abertas do mais velho, observando aquele modo atrapalhado que ele tinha ao falar quando nervoso. Não interrompeu na hora porque era fofo, mas ainda assim se sentiu na necessidade de explicar a sua pergunta repentina. Claro que, por um momento, fantasiou sobre o dia em que poderiam usar aliança ou algo que mostrasse que eram um casal.

Mas não era assim. Aquilo se chamava: idealização e, bom, na realidade, aquilo não funcionava. Apesar de ser muito diferente da realidade, gostava mais do que podia tocar e ver. Gostava do seu Yoongi real. Amava aquele homem ali.

Com os defeitos, com as qualidades, sorrindo ou chorando. Amava Kim Yoongi.

— Não vou te dar uma aliança. — Foi direto ao dizer e o de cabelo curto fechou a boca na hora. Riu fraco e olhou para as mãos unidas, movendo devagar o polegar ali, aquela agitação dando lugar ao sossego no coração. — Você sabe o significado da cor roxa? — Perguntou retórico, porque sabia da resposta. Ninguém sabia, era engraçado. Parecia que só ele gostava dessas trivialidades. — Bom, ela tem vários significados, mas o que mais me interessa, — Ia explicando enquanto ia se ajeitando no colchão, usando a mão livre para trazer o menor, juntando-o consigo. As pernas vestidas com moletom sobre as suas, encaixando. — é a do arco-íris. — Suspirou confortável com aquela posição.

Yoongi riu fraco, achando aquilo adorável e engraçado. Sempre seria engraçado ver aquele grande bebezão falando sério e de coisas filosóficas demais que só ele e sua mente artística entendiam. Geralmente não acompanhava o assunto, mas era legal vê-lo divagando.

Sempre seria muito interessante.

— Hum, e aí? — Apoiou a mão no ombro largo do pintor e se ajeitou melhor, quase envolvendo as pernas no quadril dele.

Não é que aquela posição era confortável mesmo? Ficaram ali, juntos, encaixados e tão perto que conseguiam sentir a respiração entrando em conflito.

— E aí que — Roubou um selar demorado e ganhou um tapinha no ombro. Começou a rir ao se afastar. — ela é a última cor e sabe o que isso significa? — Fez uma expressão divertida.

— Se eu soubesse, você não estaria me explicando. — Murmurou confuso com aquela pergunta idiota. Taehyung riu e roubou mais um selar. — Fala logo. — Disse atrapalhando pelo beijinho, mas acabou rindo quando ele iniciou um beijo do nada.

Gostava dos beijos inesperados daquele grande bobo. Abraçou-o e não soltou a mão entrelaçada. Era tão idiota a forma que adorava estar com os dedos juntos aos dele. Por que estava se comportando como um adolescente?

— Fala. — Mordeu o lábio inferior do outro que começou a rir e o contagiou.

Yoongi era perversinho... tsc.

— Por ela ser a última das sete cores do arco-íris, ela demarca o tempo. — Afastou só um pouquinho para beijar a pontinha do nariz fofo. — Até o último tempo, — Roubou um selar. — por muito tempo, — Mais um. — pra sempre, — Mais um. — por muitíssimo tempo, — Começou a rir enquanto roubava mais um.

— Fala logo, caralho. — E rindo junto, afastou o rosto para não receber mais beijos e atrasar aquela explicação. Estava realmente curioso.

— ... até o fim, você confia e ama a outra pessoa. — Terminou, ainda com aquele sorrisinho bobo, encarando os olhos pequenos do mais velho.

Parou para observar os olhos bonitos com a maquiagem escura, o modo que era admirado e a sinceridade daquelas palavras arrancaram qualquer chance de não se derreter, mais uma vez, nas mãos daquele garoto. Um suspiro vagaroso escapou dentre seus lábios e sua expressão suavizou. Aquilo era lindo, era a cara de Taehyung. Subiu a mão novamente para o cabelo grande, deslizando os dedos pelos fios desbotados. Descobriu que gostava de fazer aquilo.

Gostava de retribuir todo o carinho dele e não precisava mais esconder, isso era libertador.

— E eu — Voltou a falar depois de alguns segundos, um pouco mais calmo, a voz rouca saindo temerosa. — fiz uma coisa quando estava na França e queria te entregar. — Um pouco sem graça, desfez o entrelaçar das mãos e ergueu o pulso direito, mostrando algumas das pulseiras que tinha ali, dentre elas, havia uma fita vermelha já gasta, correntinhas e duas pulseiras de miçangas roxas, algo tão... Simples. — Teve um trabalho voluntário em uma comunidade carente e eu participei como voluntário. Ensinei técnicas de traços para as crianças. — Contou ainda olhando para os acessórios. — Uma das crianças me fez uma pulseira para agradecer pelas aulas...

— Isso é fofo. — Continuou os carinhos, prestando atenção na expressão mais suave do maior.

Ele riu fraco e assentiu. Se pensasse um pouquinho, conseguia se lembrar perfeitamente daquele dia, do amor que recebeu.

— Uh. — Concordou. — Foi essa criança que me explicou o significado da cor roxa e eu, — Lambeu os lábios, refletindo um pouco. — só conseguia pensar que eu já havia encontrado a minha pessoa. — Riu nasal. — Porque quando eu penso na cor roxa, eu só penso em você. — Piscou os olhos devagar e voltou a encarar os olhinhos atentos que o encaravam com seriedade. — Você é a minha pessoa.

Sabe o que era muito engraçado? Não tinha graça, mas era engraçado ainda assim; o fato de sempre se orgulhar do fato de ser muito desapegado e imparcial. Nada o afetava tanto quanto afetava as outras pessoas. Conseguia ser isento o quanto quisesse, mas ali, entre as pernas daquele artista plástico iniciante, notava que sempre havia exceções.

Com ele não conseguia ser isento: se jogava de cabeça.

Com ele não conseguia ser imparcial: era parcial até demais.

Com ele não era desapegado: era sufocante, quase.

Com Taehyung, recusava-se a não sentir nada, queria sentir tudo. Tudo. Do beijo até os sorrisos. As brigas e também as risadas. Queria tudo ou nada. Estava dando seu tudo, porque já estava cansado de fingir não dar nada.

Engoliu em seco e assentiu fraco, fechando os olhos, sentimental. Por que tão afetado de repente? Encostou as testas e sentiu os lábios tremerem. Não queria perder aquilo, não queria perdê-lo. Não queria que se perdessem. Usou ambos os braços para abraçá-lo, querendo parar aquele momento. Odiava toques excessivos, odiava sentir-se sufocado nos braços de alguém...

Mas Taehyung era a única exceção. Ele sempre seria sua única exceção!

Foi abraçado pela cintura e ficaram ali, com as testas unidas, os olhos fechados e aquele abraço quentinho. Era triste ter que se esconder para conseguirem um pouco do que tanto queriam: ficar juntos. Mas, só de estarem ali, juntos, as coisas já pareciam valer à pena.

— Você me deixou ser sua raposa do focinho empinado. — Sussurrou, movendo os dedos manhosamente na base das costas pálidas, acariciando-o. — Você pode, por favor, ser meu lírio roxo?

Assentiu roçando a pontinha dos narizes, aceitando aquilo, porque queria ser tudo dele. Tudo o que ele quisesse, seria.

— Para sempre... — Repetiu o que ele havia dito sobre a cor roxa e seu significado.

— Por muitíssimo tempo... — Completou risonho.

Seu. — Engoliu em seco todo aquele receio de se declarar mais uma vez.

Ao caralho todo o seu medo. Não aguentava mais fugir do inevitável.

Meu.

Era tudo ou nada mesmo, escolheu “tudo” porque “nada” já teve por bastante tempo.

E agora era o tempo deles.


Notas Finais


GOSTEI DE VER TODO MUNDO COMENTANDO NO CAPÍTULO PASSADO, ISSO ME DEU ATÉ UM ÂNIMO. Vamos continuar comentando e aumentando o engajamento da fic??? Porque é, a interação de vocês com as obras aumentam o engajamento E o hype dela. OT tá crescendo devagarzinho, é um baby ainda, mas eu sou muito grata a cada um de vocês. Desde os comentários, aos favoritos. Muitíssimo obrigada.

E aí? E aí??????????????? Me digam o que acharam aqui embaixo, meu twitter pra quem quiser: @sarcasmoflet e é tudo nosso. ♥


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