História Ousadia - Capítulo 17

Ousadia

Todoroki suspirou ao calmamente selecionar as roupas que levaria para a viagem, ainda não tinha contado para Izuku sobre sua partida, sua mãe e Denki lhe aconselhando para que o fizesse logo. Nunca viu duas pessoas tão animadas com a possibilidade dele ir embora.

Quase se sentiu ofendido.

Quase. Sabia que apenas desejavam o seu bem.

Após terminar de escolher tudo decidiu que era hora de encarar o esverdeado antes que a fofoca se espalhasse e ele soubesse pela boca de outra pessoa. Calmamente caminhou em direção à casa de Deku.

Suspirou ao ver o sorriso do homem assim que chegou ao local, olhou para Bakugou e Kirishima, não levou dois minutos para praticamente expulsá-los do local, Midoriya adquirindo uma expressão séria ao ver o rosto de seu namorado.

- O que aconteceu?

- Tenho uma coisa para te contar...

Izuku ouviu tudo com uma expressão indiferente no rosto, isso estava apenas aumentando sua ansiedade, por que o Alfa não poderia dizer logo o que estava pensando? Respirou fundo quando o maior segurou suas mãos.

- Tá terminando comigo?

- Estou, ‘cê' sabe que eu tenho que ir, é a oportunidade da minha vida.

- Vai. – Deku o puxou para mais perto, suspirou ao ver lágrimas nos olhos heterocromáticos – Eu seria um namorado de merda se não te apoiasse agora.

- Obrigado. – deu um rápido beijo nos lábios do homem antes de sair da casa do mais velho.

Todoroki não ficou para ver o homem limpando as lágrimas que insistiram em deslizar por suas bochechas.

- Para, porra, já tá velho demais para chorar assim...

Quando seus amigos voltaram ele já tinha secado as lágrimas, porém seus olhos ainda estavam vermelhos, os outros o encararam como se ele tivesse uma melancia na cabeça.

- Qual a ‘fita’? – Katsuki foi o primeiro a perguntar.

- Nada.

- Então por que ‘cê' tá chorando? – o loiro insistiu em cutucar sua ferida.

Shinsou e Eijirou trocaram olhares por um momento, se perguntavam o que Todoroki poderia ter feito para conseguir fazer Deku chorar.

- Já disse que não foi nada. – praticamente rosnou.

- Calma aí. – Kirishima levantou as mãos em um gesto de “rendição” – Só queremos te ajudar, mano, se tu brigou com o Shouto vai atrás dele e tenta resolver...

...

Todoroki não queria estar se sentindo tão triste e irritado como estava no momento, sua viagem seria no fim de semana, ele demorou mais de um mês para contar que iria viajar e quando o fez, Izuku simplesmente aceitou.

Foi fofo, um gesto bonito, Shouto admitia. Mas ele estaria mentindo se dissesse que não gostaria de um pouco de drama, um “você precisa mesmo ir?” ou quem sabe um “fica comigo” não fariam mal a ninguém.

Não que ele fosse ficar caso Midoriya pedisse, era a oportunidade da sua vida, ele não estava disposto a perdê-la, todavia custava o homem demonstrar mais tristeza com sua partida?

- Deve tá louco para voltar pra vida de bicho-solto. – mordeu o lábio inferior com força, lágrimas ardendo em seus olhos – Cretino, desgraçado...

Shouto caminhou até os pratos sujos que estavam na pia – apenas dois – e começou a esfregá-los freneticamente como se aquilo pudesse diminuir seu nervosismo. Continuava xingando o esverdeado durante sua agressão aos pratos.

Ele sabia que não era culpa do traficante, o Alfa estava apenas tentando apoiá-lo.

Gemeu irritado quando começaram a bater em sua porta, parou o que estava fazendo para ir receber a visita – os pratos agradeciam - tinha quase certeza de que deveria ser Denki tentando derrubar a porta, no entanto se surpreendeu ao ver seu ex.

Ex.

Nunca pensou que pudesse ser uma palavra tão amarga.

- Deku? – perguntou confuso.

Suspirou quando o homem praticamente atacou seus lábios, o Ômega se rendendo quando foi pressionado contra a parede, Izuku fitou seu rosto avermelhado.

- Não dá, desculpe, não dá pra imaginar ‘cê’ longe de mim, Shoutinho...

- Mas...

- Não vou pedir para que você fique, mas não vamos terminar...

Encarou o Alfa sem saber o que dizer, aqui estava o drama que tanto estava desejando alguns minutos atrás.

- Namoro a distância não funciona, você sabe disso, são três anos, não três dias, Deku.

- Não me importo, eu te espero. – Midoriya franziu o cenho ao ouvir o menino rir – Não é brincadeira, Shouto.

- Você? Me esperar? Te conheço, vai ficar com alguma piranha assim que...

Todoroki foi interrompido pelos lábios de seu ex-namorado, era tão incomum ver o esverdeado deste jeito, tentando provar algo com tanta determinação em seu olhar.

- Me deixe te marcar.

- O que? Não! – gritou assustado – E ficar preso a você pelo resto da vida enquanto ‘cê' curte por aí?

- Não, é compromisso, você me marca também.

Izuku assistiu os olhos heterocromáticos se ampliarem em evidente surpresa, o menor segurou seus ombros como se seus joelhos tivessem ficado fracos demais para se manter de pé sozinho.

- Você tá chapado? Tá praticamente me pedindo em casamento! E se a gente se arrepender depois?

- Se a gente se arrepender depois ‘nóis’ vê, mas agora parece tão certo, Shoutinho...

O Ômega estremeceu, estava inconscientemente se aproximando mais do maior.

- Isso é loucura. – sussurrou.

- Eu sei. – colocou as mãos na cintura fina de seu namorado.

- A gente vai se arrepender.

- Talvez... – sorriu ao tirar o garoto do chão, Shouto enlaçando as pernas ao redor de sua cintura – Mas isso a gente vê depois.

O menor riu quando Midoriya o levou até o quarto.

... ...

- TU FOI MARCADO! – Kaminari gritou perplexo – Minha Santa das Caipirinha, tá louco?!

- Estou! – gritou ao continuar arrumando a mala, todavia metade das coisas que ele colocava na mesma o loiro tirava – Me deixe arrumar minhas coisas.

A marca ainda doía em sua clavícula, mas era uma sensação tão agradável.

- Shouto, você tá casado, tipo; só falta a aliança.

Discretamente ele tocou o colar que Izuku havia lhe dado, o pingente parecia ter aquecido sob seu toque, ele queria ter Deku com ele agora, suspirou, desde que foi marcado estava dez vezes mais sensível.

- Menos, Denki, bem menos... É só uma promessa.

- Promessa? Que promessa?

- De que eu vou voltar pra ele. – sorriu como um garotinho apaixonado.

O Beta primeiro sorriu antes de sua expressão se transformar em uma careta.

- Vocês são tão fofos que me dá nojo. – tirou a blusa que Shouto tinha acabado de colocar na mala.

- Tira mais uma roupa e eu juro que te mato. – rosnou irritado.

- E a reação da tia Rei quando viu essa marca? – ignorou a ameaça.

- Obviamente que ela surtou.

...

Midoriya não estava chorando, se alguém perguntasse ele negaria até a morte, foi apenas um cisco em seu olho, apenas um cisco muito grande que conseguiu trazer muitas lágrimas aos olhos esmeraldas.

- Vou sentir tua falta. – disse ao bicolor.

Todoroki tentando chegar ao avião e falhando miseravelmente ao se encontrar preso nos braços de sua mãe. Quando Rei finalmente decidiu lhe liberar ele caminhou até seu namorado que tentava ao máximo não demonstrar que estava chorando.

- Eu também vou ficar com saudade. – beijou o mais velho pouco antes de se afastar.

Ele definitivamente não estava chorando!

Rei olhou para seu genro com pena, o Ômega já tinha passado pelo portão de embarque e ambos sabiam que iriam demorar a se verem novamente. A Beta lembrava que Dabi chorou como uma criança quando seu “maninho” avisou que iria viajar, Denki seguindo o mesmo rumo.

Porém, ela imaginou que com Izuku seria diferente, que eles teriam um término bem resolvido, quando o meio-ruivo apareceu com uma marca permanente ela sabia que ele sempre estaria com um pé no Brasil.

Era como se dissesse: Não se preocupe, eu vou voltar.

- Sogrinha? – se assustou quando a mulher o abraçou.

- Fica quieto, estou tentando ser gentil com você.

Deku aproveitou o momento, era bom ter o apoio da mulher, quem sabe finalmente se dessem bem?