Ousadia
Nagisa se impediu de rir ao abrir a janela para que seu amigo pudesse entrar, Hina parecia cansado, mas ainda tinha aquele sorrisinho malicioso no rosto.
- Me conta tudo. – o azulado pediu.
- Mano, tu não vai acreditar. - sentou-se na cama com o garoto, o ruivo arqueando uma sobrancelha para o colchão no chão de seu quarto – Vou logo avisando que a cama é minha.
- Eu sou a visita, então a cama é minha. – revirou os olhos ao perceber que o outro Ômega queria iniciar um discussão – A gente divide, fala logo o que foi que aconteceu?
- Tá ligado o moreno? – observou o outro assentir – Então, oh Alfa gostoso, mas é um cafajeste...
Shiota ouviu calado o ruivo contar o que tinha acontecido, o quão bom foi ficar com Kageyama até ele descobrir que o maior era na verdade comprometido.
- Mentira que você ficou com um cara que namora, Shou, seu amante sórdido!
- Eu não sabia que ele tem namorado, se eu soubesse não teria transado com ele.
- Teria sim.
- Não teria não.
- Claro, do mesmo jeito que você é virgem, não é? – riu quando o ruivo jogou um travesseiro em seu rosto.
...
- Es-Espera... – o azulado gaguejou ao olhar para a moto – Não vamos pegar um ônibus? Eu gosto da ideia do transporte público.
Karma coçou a cabeça sem entender a reação do menino de cabelos azuis, qual o problema da sua moto? Ignorou o sermão do Ômega sobre as melhorias que deveriam ser feitas nas ruas e no transporte, Nagisa sempre falava demais quando estava nervoso?
- Você pode, por favor, subir logo na droga da moto? – pediu o mais educado que conseguiu.
O mais novo respirou fundo antes de colocar o capacete e subir na motocicleta, a mochila em suas costas parecia ter aumentado de peso, se agarrou à cintura do maior quando começaram a se mover, decidiu ignorar a risada do ruivo.
Ao longo da viagem até o colégio do Ômega, o mais velho se viu tendo que segurar as mãos do azulado praticamente todo o caminho para que o menor não soltasse sua cintura. Quando finalmente chegaram Nagisa suspirou aliviado.
- Obrigado pela carona. – devolveu o capacete.
O Ômega propositalmente ignorou os outros alunos que os encaravam como se fossem dois alienígenas que estavam visitando a terra. O ruivo tirou o capacete e sorriu.
- Só isso?
- O quê? – perguntou confuso.
- Não vai me dar nem um beijinho de agradecimento?
Nagisa o olhou chocado, isso era brincadeira, certo? O que estava acontecendo com o universo? Franziu o cenho, se Karma pensava que podia caçoar dele estava muito enganado, contrariando todo o seu raciocínio lógico que dizia para ele entrar no colégio, o menino decidiu ficar nas pontas dos pés e beijar o canto dos lábios do maior.
- Pronto, obrigado, Karma.
O ruivo observou surpreso o Ômega entrar no colégio, balançou a cabeça em negação antes de colocar o capacete e ir embora. Shiota assim que pôs os pés no colégio foi abordado por alguns colegas de classe que ele absolutamente não suportava.
- Quem era aquele cara que estava com você, Nagisa? – uma garota loira o perguntou.
- Um amigo. – respondeu a contragosto.
- Certeza que não era nenhum namorado? – perguntou Kaede.
Por que estavam falando com ele como se tivessem intimidade?
- E alguém iria querer namorar isso? – seu valentão pessoal apareceu, Ryoma Terasaka não perderia uma oportunidade de lhe ofender.
O Ômega decidiu ficar calado, não estava com vontade de apanhar naquele dia, seu bom humor não deveria ser estragado por causa de um Alfa idiota.
- Ei, Nagisa, se ele não é seu namorado, então o que acha de me passar o número dele? – Nakamura sorriu.
O azulado logo percebeu que seu bom humor não resistiria por muito tempo.
...
Kageyama sorriu ao entrar na casa de Karma, o moreno sentando com seus amigos, ele nunca admitiria, mas estava na expectativa de encontrar Hina, não era todo dia que ele ficava com um Ômega daqueles e acordava sozinho na cama.
Porém, logo ele percebeu que a casa do ruivo era mais agitada do que imaginava, sentou-se no sofá ao lado de seus amigos, Tsukishima acendendo um cigarro enquanto Suga se deitava sem cerimônias.
- Karma do céu. – Shouto apareceu na sala, logo voltando correndo para o quarto do casal – Você viu o meu tênis rosa?!
- Dá última vez ‘tava no quarto do Hina.
- Shouyou, seu filho da puta, eu já não disse para não pegar a droga do meu tênis?! – o mais velho gritou sem se importar com as visitas.
- Desculpe! – ouviram o grito do garoto.
Izuku chegou em casa pouco tempo depois, o esverdeado já estava bastante acostumado com a confusão que era sua casa, olhou de relance para os adolescentes em sua sala antes de encarar seu marido que no momento amarrava os cadarços dos tênis.
- Apresentação? – perguntou com calma.
- Pior! É a Momo e aquela maldita festa que ela decidiu dar, acredita que a peste do Yoarashi se auto-convidou? Mais que inferno, ela decide fazer essa merda e eu que tenho que organizar tudo? Eu por acaso tenho cara de puta para ficar me fodendo de graça? Não responda!
Shouto sempre teve a estranha mania de falar demais quando estava estressado, todos na casa descobriram muito rápido que era mais seguro apenas ouvirem tudo em silêncio. A cabeça do maior latejando ao ouvir o nome do outro Alfa.
- Yoarashi?
- Esse mesmo. – suspirou após terminar de amarrar os cadarços, arrumou os fios bicolores em um coque – Eu não fiz nada para comer, então se virem, eu só volto amanhã. – pegou a mochila que estava largada em uma cadeira.
Os adolescentes assistiram em silêncio o meio-ruivo se aproximar para beijar os lábios do Alfa, o mais velho dando tapinhas na cabeça de Karma e dizendo para que ele se comportasse e lavasse os pratos.
Quando pensaram que o furacão finalmente tinha passado Shouyou apareceu com cara de poucos amigos, o ruivo terminando de abotoar a camiseta branca que usava.
- Eu cansei desses filhos da puta. Noventa e oito porcento da população Alfa deveria ser extinta do mundo. – murmurava sem parar – Pai, estou indo na igreja, me dá dinheiro para um lanche depois da missa, por favor?
O mais velho respirando fundo antes de pegar a carteira, segurou uma nota de vinte e colocou na mão aberta do Ômega, Hina arqueando uma sobrancelha, o traficante revirou os olhos antes de colocar praticamente tudo o que tinha na carteira na mão do menino.
- Missa, né?
- Obrigado, paizinho. – beijou a bochecha do mais velho antes de sair de casa.
- Mercenário.
Karma tentou não rir das expressões de seus amigos, o trio parecia espantado com a capacidade dos Ômegas de causarem uma confusão em pequenos atos, Tobio não sabendo se deveria se sentir feliz ou indignado por ser ignorado pelo ruivo.
- Vamos pedir pizza? – Karma perguntou.
- Eu vou cozinhar.
- Já estou ligando para a pizzaria...
- E tem mais. – o Alfa caminhou até a cozinha – Você vai nessa festa com o seu pai.
- Como é?! – seu filho gritou surpreso – Que? Por quê?
- Sinto que eu não deveria estar aqui... – Kei sussurrou para si mesmo – Mudei de ideia. – sorriu quando Deku voltou com algumas cervejas e distribuiu para cada um.
- Porque aquele pau no cu do Yoarashi vai tá lá.
- E...?
- E porque eu tô mandando.
- Tenho nem roupa pra isso.
- Eu pago. – falou enquanto calmamente se dirigia para o quarto – Pizza de calabresa.
Todoroki afundou no sofá com uma imensa vontade de morrer ao se imaginar em uma festinha de gente rica, olhou para os amigos, olhos dourados transmitindo cansaço.
- Vão me ajudar a escolher o ‘kit', né?
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