1. Spirit Fanfics >
  2. Out Of Nowhere >
  3. CASA

História Out Of Nowhere - CASA


Escrita por: ODivergente

Notas do Autor


ME PERDOEM PELA DEMORAAA. Ja fazem 84 anos que eu não posto nada novo né? Mas agora vamo que vamo

Capítulo 5 - CASA


Meu pai chegou pra me buscar, ele está com uma cara péssima, cabelo bagunçado e olheiras, acho que ele pegou plantão de novo.

- Vamos Felipe, temos que chegar em casa logo - disse ele.

Acenei com a cabeça e saímos do Hospital, mas não sem antes eu me despedir da minha nova meio-amiga Michele e do médico que cuidou de mim.

Meu pai chama um táxi para a gente, e eu fico receoso de entrar, me sobe um frio na espinha que me deixa tenso, começo a respirar pesadamente e tento me acalmar, quando consigo entrar no carro seguimos até nossa casa, chegando lá desço do táxi e solto o ar que eu não percebi que estava segurando, me viro e olho pra minha casa então volto a ficar tenso e a prender o ar, tudo está igual, mas nada me parece familiar, sinto um clima estranho e fico tonto por alguns segundos, mas logo meu pai coloca a mão no meu ombro me encorajando a entrar.

Passamos juntos pela soleira da porta e adentramos nossa casa, o clima lá dentro estava mórbido e frio, as janelas deixavam uma luz fraca entrar e a poeira podia ser vista quando passava nos feixes de luz.

Meu pai me mandou subir para o meu quarto e eu fui, quando estava passando pelo quarto dos meus pais notei algo estranho, a porta que vivia fechada estava semi-aberta, decidi então dar uma espiada, quando cheguei perto pude ver minha mãe sentada em uma cadeira com a expressão totalmente vazia, ela estava sussurrando uma coisa que me abalou bastante: "foi minha culpa" dizia ela com voz fraca.

Então ela olhou pra frente e me viu, e o que eu havia pensado quando ela estava sussurrando saiu da sua boca com um tom doloroso e com um pouco de ódio "foi sua culpa", aquilo me atingiu pior que um murro na cara, eu fiquei tão paralisado que mal notei quando meu pai colocou a mão no meu ombro e me mandou ir dormir. Eu fui quase que automaticamente pro meu quarto e quando cheguei lá me deixei desabar na minha tão familiar cama, então eu chorei, chorei o que eu não tinha chorado até agora, finalmente eu havia me dado conta do que aconteceu, eu chorei por tanto tempo que nem me lembro a hora em que eu peguei no sono.

Na manhã seguinte eu acordei com meu pai batendo na porta me chamando para tomar café, eu me levantei, tomei um banho, me arrumei e desci as escadas, encontrando somente meu pai sentado à mesa para o cafe, sentei na cadeira e perguntei pela minha mãe e ele apenas disse que ela estava comendo no quarto, perguntei também se ele ia trabalhar naquele dia e ele disse que não, depois disso não trocamos mais nenhuma palavra a manhã e a tarde inteiras.

No fim da tarde eu resolvi passear um pouco, pois me sentia sufocado com o clima pesado que tinha se instalado naquela casa, praticamente ninguém falava nada e quando falavam eram geralmente frases curtas e frias. Quando ia saindo de casa meu pai me chamou e disse que ele havia me transferido pra uma escola perto de casa, já que a que eu estudava antes era muito longe e ele pagava um carro pra me levar, isso não me abalou muito, ja que eu não fazia questão de nada naquela escola, apenas sentiria falta de uns professores e de uns poucos alunos. Depois disso ele falou que minhas aulas começariam na manhã seguinte, aí foi quando eu soltei um suspiro de frustração e revirei os olhos num ato de exasperação. Depois de ficar sabendo dessa notícia nada animadora saí pra dar meu passeio, do qual eu teria desistido se não soubesse que se passasse mais um minuto naquela casa eu ficaria louco.

Desci a rua até uma praça que havia perto de casa, praça essa que eu costumava ir para ler meus livros sob as árvores(clichê? Sim, mas fazer o quê né?), nessa praça havia um parquinho que geralmente vivia cheio de crianças pulando, correndo e muitas vezes caindo e chorando, e confesso que quando isso acontecia eu ria um pouquinho, mas bem pouquinho mesmo tá? Bem, como estava no fim da tarde não haviam muitas crianças, e as que restavam os pais já estavam chamando pra ir embora, me sentei na base de uma árvore e fiquei observando tudo ao meu redor, e eu meio que tenho hiperatividade, então é dificil pra mim ficar totalmente quieto sem ser dormindo ou lendo, por isso eu começo a inventar um monte de coisas e jogos de todos os tipos, tipo tentar adivinhar a vida das pessoas desconhecidas, o que é bem engraçado.

Eu estava entretido no meio de um desses jogos e não vi o tempo passar, quando me dei conta o sol já tinha ido embora e a lua ja brilhava no alto, então resolvi ir pra casa, voltar para aquele clima péssimo que tinha se instalado como um inquilino indesejado na minha casa.

Quando estava chegando na frente de casa vi um carro estacionado na porta, um carro que eu nunca tinha visto antes, então decidi tentar ouvir algo lá de dentro antes de entrar, pude escutar um homem e uma mulher conversando, e consegui reconhecer a voz do homem como sendo a do meu pai, mas a outra não fazia ideia de quem poderia pertencer. Também ouvi pouca coisa da conversa, o que consegui captar foram algumas palavras soltas, como "ela" "doente" "depressão" e "trauma", isso foi o suficiente pra me fazer entender, minha mãe estava com depressão.

Quando eu entendi tudo abri a porta sem ter medo de ser pego bisbilhotando, vi que a mulher que conversava com meu pai era uma médica do mesmo hospital em que eu fiquei internado, pois já tinha visto ela lá. Depois do meu choque inicial e do susto deles meu pai me chamou pra perto dele e disse tudo pra mim. O acidente tinha traumatizado a minha mãe, e a perda da filha deixou ela num estado profundo de depressão, e essas duas coisas juntas trouxeram outras consequências, a pressão arterial dela estava instável e o problema nos nervos que ela tinha se agravou mais ainda, e ainda poderiam haver sequelas futuras.

Meu pai me contou tudo isso e disse também que tinha pego um turno extra no trabalho por conta dos remédios que eram caros, e por isso ele quase não iria ficar em casa, disse que tinha contratado alguém para ficar cuidando da minha mãe, pois não queria colocar essa responsabilidade pra mim, fora que eu ainda tinha a escola.

Depois de me explicar tudo, a médica foi embora e nós dois fomos jantar, mais uma vez minha mãe jantou no quarto, sozinha. Quando terminei fui para o meu quarto tomar um banho, mas antes passei no quarto dos meus pais, onde encontrei minha mãe na mesma situação de antes, não consegui impedir meus olhos de marejarem e as lágrimas de descerem pelo meu rosto quando vi a minha mãe naquele estado precário, lembrei de como ela era alegre e gentil, do sorriso sincero em seu rosto. E eu não conseguia mais ver nem se quer um vestígio dessa pessoa ali. Saí de lá pra não desabar em lágrimas e fui tomar o meu banho para ir dormir.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...