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História Outono em Paris - Nono


Escrita por: park-chan

Notas do Autor


Olá Clã... demorei muito? Não, eu acho.
Bom, eu escrevi o capítulo todo ouvindo a mesma música (que por sinal se tornou trilha sonora de Outono) então gostaria que vocês ouvissem enquanto lê o capítulo, por favor. Vão lá rapidinho nas notas só para pegar o link da música e ouvir, por favor. Eu tô implorando rsrs... é isso.

Boa leitura ~ <3

Capítulo 10 - Nono


Fanfic / Fanfiction Outono em Paris - Nono

Capítulo IX

"Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente."

 

“– Vem… Eu vou te levar para casa.”

 

•• ❀✿ ••

 

Jungkook se lembrava de que o caminho até a casa do modelo não fora muito fácil, e que encontrar um taxista bondoso, que estivesse disposto a levá-los, ainda que ambos estivessem encharcados – o que fez com que encharcassem os estofados do carro –, havia sido um trabalho nem um pouco simples. Contudo, mesmo diante das composições, eles haviam conseguido chegar  bem e em segurança, mesmo que já estivesse beirando às 21:00h quando isso veio acontecer.

Com um ruivo um tanto fraco em seus braços, a dificuldade em abrir a porta do apartamento do mesmo estava relevantemente grande, e o fotógrafo suspirou aliviado ao que conseguiu, finalmente, abrir o trinco da fechadura bronzeada.

Seus pés arrastaram-se pelo assoalho com certa preguiça incubada, e o alívio que lhe atingiu quando Jimin fora disposto na cama de seu quarto estava mais do que palpável. Não apenas por não ter mais aquele peso nos ombros, mas também porque ter ciência de que o ruivo agora estava em casa e longe de qualquer perigo lhe trazia certo alívio mental. Não seria bom vê-lo adoecido, ainda mais havendo culpa sua envolvida.

– Obrigado – Jimin disse baixinho, encarando intensamente o mais novo enquanto este se preparava para livrá-lo daquelas roupas molhadas e desconfortáveis. – Você… não deveria ter ido me encontrar debaixo de chuva.

Jungkook mordeu o lábio inferior uma única vez antes de esticá-los em um doce sorriso. Recorda-se do motivo de o modelo ter ficado horas naquela tempestade o envergonhava, mesmo esse não sendo um tipo de sentimento muito sadio, uma vez que aquela atitude alheia poderia causar sérios problemas vindouros. No entanto Jungkook sentia-se com o ego um pouco inflado somente por saber que Jimin havia o esperado por horas, sem medo de se resfriar ou algo parecido.

Desconhecia o motivo de seu coração acelerar tanto com tão pouco.

– Você não deveria ter ficado lá, debaixo de chuva – Suas mãos foram cuidadosamente até a barra da camisa do ruivo, puxando-a para cima com uma delicadeza desumana. Ele fazia tudo com extrema atenção, como se temesse quebrar o Park caso não fosse zeloso suficiente. – Poderia ter ficado resfriado.

O mais velho suspendeu os braços, dando liberdade para que aquela peça molhada lhe deixasse o corpo. Reparou, em seguida, que o Jeon havia levado a mão até sua calça; sequer ruborizando quando desfez o botão e o zíper presentes ali, retirando-a sequentemente, tudo com aquele mesmo cuidado e calma de antes. Ele não parecia nervoso, tampouco envergonhado. O motivo? Não havia malícia alguma em seu ato, apenas zelo e solicitude.

– Eu disse que te esperaria – Jimin suspendeu um pouco o quadril, dando mais uma vez a liberdade para que outra de suas vestes fosse arrancada de seu corpo.

Seus olhos castanhos capturaram a imagem do moreno centrado em livrá-lo das roupas molhadas, algo que, segundo ele, acabaria deixando-o ainda mais propenso a um resfriado porvindouro. O ruivo, com tantas lembranças frescas em sua memória, não conseguia não pensar no antigo Jeon de anos atrás, aquele mesmo que o chamava de namorado e que o agasalhava sempre que o Outono chegava.

“O tempo está frio, hyung, você vai acabar se resfriando”.

– Onde consigo roupas limpas? – Jungkook perguntou, após ter deixado o mais velho seminu. Não havia tirado a boxer, a única peça restante, por questão de privacidade. Não invadiria a privacidade de Jimin daquela forma, mesmo que não houvesse interesse malicioso em seus atos.

Jimin respirou profundamente, fechando os olhos em simultâneo. Não se sentia confortável com toda aquele cuidado, com aquele mimo e zelo que o fotógrafo estava tendo consigo. Não que não gostasse dos carinhos que seu ex-namorado lhe concedia, longe disso. Acontece que, junto aqueles tratos, às lembranças viam; cada vez mais dilacerante, machucando-o sempre da forma mais dolorosa possível.

Lembrar-se de um passado cheio de sentimentos e história, sabendo que não poderia partilhar daquelas lembranças era como um massacre mental. Ele queria contar, mas tinha medo. Queria abraçar Jungkook sem culpa, beijá-lo até não aguentar mais. Ele queria tudo aquilo e muito mais, só não tinha forças para correr atrás, não como havia tido para realizar seu sonho anos passados, quando se mudou para Paris e abandonou a única pessoa que o amava. Era tão injusto com o outro que, se não fosse tão egoísta, se não se importasse tanto com o próprio bem-estar, teria se afastado apenas por não merecê-lo.   

– Ali ao lado… no guarda-roupa – Sua voz soou cansada, e ele, de fato, estava. Não apenas cansado fisicamente, mas seu psicológico já estava exaurido há alguns dias. Deitou-se, então, procurando não ter mais tantos pensamentos desgastantes. Queria um momento de paz de espírito, pelo menos daquela vez. – Me desculpe por ser assim… um covarde – Murmurou baixinho, sabendo que o maior estaria distante demais para ouvi-lo.

Enquanto isso, enquanto Jimin apenas se feria internamente, Jungkook apenas mantinha-se concentrado em achar roupas limpas e confortáveis para manter o modelo aquecido naquele dia tão chuvoso, no entanto sua atenção foi sugada para outro canto do quarto. Não queria invadir a privacidade alheia daquela forma tão intrusa, mas também não conseguiu evitar quando seus olhos curiosos pousaram em uma escrivaninha ao lado do guarda-roupa. Suas orbes brilharam quando vislumbraram a câmera fotográfica disposta ali, juntamente a uma caneta colorida e alguns polaroids espalhados; estes que tinham rabiscos por todos os cantos. O garoto, intrigado e curioso, aproximou-se no móvel.

– Não quero parecer intrometido, mas… – Ele mordeu o lábio, contendo um sorriso. Seus dedos foram de encontro ao objeto dedilhando-o com cuidado, como se ele fosse algo precioso demais perante seus olhos. – Essa câmera é sua?

Jimin, que já estava deitado, agora um pouco mais tranquilo, murmurou algo concordando. Não sabia quando exatamente se tornou um amante de fotografia, no entanto lembrava-se com perfeição sobre quem havia lhe incentivado. Não que fosse um profissional como Jungkook, mas ao menos se divertia quando tirava um pouco de seu tempo para fotografar. Mesmo que aquilo o trouxesse lembranças de seu namorado. Mas, afinal, tudo lhe trazia lembranças; até mesmo os mínimos detalhes lhe faziam recordar-se dele.

– Eu… posso pegar nela? – Incerto, ele indagou. Sentia-se tão intruso, mas não conseguia simplesmente parar.

– Eu me sentiria honrado caso o fizesse – Jimin riu baixinho, sem nunca abrir os olhos. – Por favor, sinta-se à vontade.

Jungkook então assentiu, tentando seguir o que lhe foi dito sobre sentir-se à vontade. Então, com extrema cautela segurou a máquina fotográfica, posicionando-a da forma certa antes de ligá-la e levá-la até o rosto. Um sorriso brotou em seus lábios finos, mas logo ele os mordeu ansioso. Mirou para qualquer canto do cômodo, pretendendo fotografar qualquer coisa interessante que achasse. Percebeu, assim, que o que aquele quarto tinha de mais belo estava deitado sobre a cama, com os olhos cerrados e a cabeleira ruiva úmida espalhada sobre a testa. Seu corpo o fez aproximar-se, e a lente da câmera parecia interessada em gravar aquele momento tão belo.

Jimin permitiu-se abrir os olhos e deparou-se com a silhueta alta mais próxima do que o esperado; com a câmera posicionada no rosto, um olho fechado e outro concentrado no que via após a lente. Imaginando estar sendo filmado – ou fotografado – ele não conteve o risinho orgulhoso que ousou lhe escapar a garganta. Respirou fundo e voltou a fechar os olhos, dessa vez levando às costas de sua destra até a testa; talvez estivesse posando para o fotógrafo ali presente.

– Você não estaria me fotografando… estaria? – Ousou questionar, dessa vez abrindo apenas um olho para vislumbrar a expressão que receberia.

– Não estou, mas gostaria – Jungkook abaixou a câmera, tirando-a de foco. Aproximou-se mais da cama até que seus joelhos tocassem o colchão macio ao lado do corpo do ruivo. Dali a visão que tinha dele era melhor, mais nítida, mais bonita. No mesmo instante pensou sobre qual ângulo seria melhor para uma boa fotografia naquele momento e acabou concluindo que de cima seria uma ótima opção. – Você se importaria se eu te fotografasse agora? Assim…?

Nem nos sonhos mais profanos de Park Jimin, ele seria corajoso suficientemente para dizer um não ao moreno. Sua mente parecia programada para dizer sim, sempre quando se tratasse de Jungkook, e mesmo que não fosse, daquela vez, ele não pretendia negar. Se o mais novo queria colecioná-lo, como fazia há anos, então não lhe roubaria aquele direito.

Era o mínimo que podia fazer, afinal, mesmo sendo tão pouco.

– Eu sou o seu modelo, Jungkook… – Disse baixo e calmo, como se estivesse dizendo “sim” indiretamente. – Então sinta-se livre para me fotografar quando quiser, da forma que quiser… Meu corpo é inteiramente seu… para fotografá-lo.

– É bom ouvir isso – Sorriu, esbanjando aquele lado fofo seu que apenas os íntimos conheciam.

A câmera novamente foi posicionada em seu rosto, e ele, procurando uma posição mais favorável, permitiu-se abusar um pouco da intimidade que havia criado com o ruivo em tão pouco tempo. Ajeitou-se melhor na cama, ainda de joelhos, passando suas pernas abertas em volta do corpo de Jimin, uma em cada lateral. Dali de cima tudo ficava mais fácil, e o ângulo era ótimo para uma ótima fotografia.

– Não se mova… – Pediu sussurrando, enquanto ajeitava o foco da máquina. – Apenas… Continue assim. Está perfeito! – Sorriu largo, e o “click” da câmera aconteceu simultaneamente.

Logo outros “click’s” viram e, consequentemente, várias fotos foram tiradas. Jimin apenas abria a boca às vezes, ou mordia o lábio quando lhe dava vontade; tudo ainda de olhos fechados. Sabia que o mais novo estava sobre si e, por isso, evitou abri-los. Não que pudesse senti-lo em seu colo, pois ele não estava. Mas vê-lo daquela forma não seria saudável para o seu psicológico, ainda mais por não ser a primeira vez a presenciar a cena.

Mas ele queria tanto vê-lo concentrado em colecioná-lo, que pareceu inevitável não abrir os olhos. Ao fazê-lo, deparou-se com um Jeon mais centralizado do que o normal, sorrindo enquanto o fotografava incansavelmente. De repente seu corpo ergueu-se sozinho, fazendo com que o mais novo o olhasse confuso. Estavam próximos agora, mas não chegava a tanto. Jimin queria mais. Queria Jungkook sentado em seu colo, mais perto de si, de preferência.

– O que foi? – Jungkook abaixou a câmera, parando com as fotos. Sentou-se devagar sobre as coxas de Park Jimin hesitante, encarando-o inquisidor. – Por que está me olhando assim? – Desviou o olhar rapidamente, um pouco ruborizado nas bochechas.

– Eu… não sei – Jimin riu minúsculo. – Obrigado por estar cuidando de mim.

– Por favor, não faça mais isso – Jungkook ficou sério. Seu olhar novamente havia se deparado com o do menor, e os olhos de ambos pareciam interessados em fitar um ao outro. Então, ao dizer aquelas palavras repreensivas, ele lembrou-se do motivo do ruivo ter feito o que fez. – Sobre o que você falou mais cedo… – Deu uma breve pausa, procurando em sua mente vaga as palavras certas para dizer. Sentia-se nervoso e nem sabia exatamente o porquê e, por isso, seu olhar mais uma vez foi direcionado para qualquer canto. – E-eu, hm, eu também penso o mesmo de você. Digo… Eu te acho especial também, não sei explicar direito. É como se estivéssemos conectados, eu acho. Eu sinto que... não sei, que você é alguém próximo a mim… Parece loucura, até, e talvez realmente seja! Eu… Eu sinto às vezes como se já tivéssemos nos conhecido em, sei lá, uma outra vida – Fechou os olhos ao que percebeu que suas palavras não saíram tão conexas como havia planejado. Parecia um louco falando. – Eu estou falando um bocado de bobagens... eu vou me calar.

Jimin, que parecia tão atencioso ao que ouvia, apenas negou com a cabeça algumas vezes. Suas mão foram até as coxas do maior, repousando-se ali de forma discreta.

– Não… por favor, continue – Pediu ele, temendo que o outro se calasse realmente sem concluir suas palavras.

Jungkook abriu os olhos, e então sorriu tímido.

– Você é um cara legal e… gentil. Mas eu sei que não existe chances de que aconteça algo sério entre nós, então evito pensar nisso. No entanto… – Seus lábios foram mordidos na parte interna, o que incriminava sua vergonha e nervoso. – No entanto você me atrai de uma forma estranha! Eu… Eu não sei explicar, mas tem algo em você que eu acho muito interessante. Ahhh! Você tem cabelos legal, ruivos, me lembra o Outono. Você inteiro me lembra o Outono, Jimin, e eu amo essa estação… Eu-... – Jimin o calou quando aproximou o rosto do seu subitamente, colando suas testas em concomitância.

– Eu sei… – Ele murmurou ofego, já sentindo uma leve falta de ar por conta da proximidade. – Eu sei que você ama o Outono, Jeon. Na verdade eu sei muito sobre você… Sei que ama café, e que é um amante de livros. Sei que você gosta de dormir sem roupa porque é mais confortável – Suas mãos agora estavam na lateral do rosto alheio, acariciando a pele do pescoço ali com a ponta dos dedos. – Sei que você ama os meus beijos… – Colou seus lábios aos do moreno, inicializando um beijo suave e cheio de sentimentos. Jungkook não era o único que amava aquela troca de toque intenso, Park Jimin talvez amasse ainda mais. Mas o beijo não durou muito, apenas breves segundos que não demoraram a chegar e logo o contato foi quebrado pelo ruivo. – Sei também que você se arrepia quando é beijado na nuca… Assim… – Sua voz estava tão ávida e calma ao mesmo tempo, era como se partes opostas de si quisessem falar em instantâneo. Ele, no entanto, deixou que sua voz morresse quando seus lábios criaram uma trilha até a nuca do Jeon, espalhando selares ali juntos aos arfares ansiosos. Ao mesmo tempo seus dedos cuidavam de acariciar o couro cabeludo alheio bem de leve, bem suave. – Você é tão sensível aqui… Mas consegue ser ainda mais no mamilo. Eu sei disso também, Jungkook. Sei que você se derrete quando é tocado no mamilo…

No meio de toda aquelas confissões insanas, Jungkook apenas sentia. Não havia parado para pensar direito sobre o que ouvia, só apenas se deixava apreciar aquelas sensações. Até então, ele próprio não sabia que sua nuca era um ponto fraco, que beijos ali lhe faria arrepiar o corpo inteiro. Até ali, ele não sabia que seu corpo correspondia de forma tão entregue ao ruivo. Ele não sabia, mas deixou-se saber naquele dia, naquele instante, quando seus músculos simplesmente pararam de obedecer ao cérebro.

Jimin o beijou mais por vários milésimos, segundos e minutos a fio. O dono dos lábios carnudos, que passeavam por sua pele de forma cuidadosa, era realmente bom no que fazia. O deixou arrepiado incontáveis vezes, assim como sem fôlego também. O fez gemer e, até mesmo, lamuriar algumas palavras desconexas. Aquele sentimento de já ter vivido tudo aquilo sempre voltava, não apenas quando fitava o modelo, mas quando o tocava também.

Era como se seu corpo já o conhecesse; era como se tudo ali já tivesse sido vivenciado em alguma vida passada.

“Me desculpe, Jungkook… Eu não consigo mais” Jimin pensou enquanto chupava os lábios de Jungkook e recordava-se de tudo o que já haviam vividos juntos. Tantos beijos trocados, tantas palavras, tantos sentimentos… Ele havia destruído tudo! Havia feito o outro sofrer, havia acabado com o amor imenso que existia entre os dois. Agora era um escravo, apenas. Escravo de seus pensamentos, da culpa extrema. “Eu sou um covarde! Eu não mereço te amar… Eu não mereço te querer tanto” Algumas lágrimas escorregaram por suas bochechas e logo o gosto salgado se misturou ao beijo. Ele não entendia como o mais novo conseguia ser tão precioso, tampouco sobre o porquê de ele ter enxugado seu pranto naquele momento quando seu merecimento era chorar e desidratar até a morte. Não merecia tudo aquilo. Definitivamente, não merecia Jeon Jungkook. “Eu te quero tanto… Eu te amo tanto… Eu preciso de você para sobreviver”.

As lágrimas engrossaram, ficaram mais rápidas e fortes. Jimin não conseguiu continuar o beijo, pois seu pranto o fez parar para soluçar. Aquele sentimento parecia querer sufocá-lo a todo instante. Ele simplesmente não conseguia parar de chorar, parar de se martirizar, parar de se matar internamente.

– Eu não consigo mais! – Gritou de repente, entre soluços e lágrimas incessantes.

– Jimin? – Jungkook estava confuso, mas dolorido também.

Não sabia o que fazer, pois não sabia o motivo do sofrimento alheio. Queria ajudá-lo, porém não sabia como. Deveria abraçá-lo? Algo o dizia que deveria, e por isso seus braços facilmente enlaçaram o corpo menor e o aqueceu naquele abraço terno e verdadeiro.  Ao contrário da reação que esperava receber, Jimin apenas chorou mais alto, mais forte, tudo enquanto o abraçava e fungava com o rosto enterrado em seu peito.

– Não seja bom comigo… – O ruivo apertou os olhos. Estava todo machucado por dentro. Despedaçado por inteiro. – Não seja bom comigo, eu não mereço! Por favor… Seja mau. Seja ruim… Seja… qualquer coisa, mas… Não seja bom comigo!

O fotógrafo estava em desespero.

Sentiu o corpo do mais velho quente demasiadamente contra o seu, e isso o preocupou.

Jimin  poderia estar com febre, afinal. Claro que estava delirando, uma vez que suas palavras fugiram completamente do sentido. Jungkook, preocupado, checou sua testa apenas para ter uma confirmação concreta de que, de fato, sua febre estava tão alta ao ponto de levá-lo ao delírio.

– Você está queimando! – Disse apreensivo, mas não surpreso. – Precisamos ir a um hospital, Jimin, você está febril demais! – Tentou levantar, entretanto seu corpo foi imobilizado pelos braços quentes do outro. – O que está fazendo? Me deixe levantar! Eu preciso te vestir para irmos à emergência.

– Não! – Berrou repentinamente, negando-se a ficar sem o calor do corpo do maior. – Eu te amo tanto… Eu sou um babaca, você não pode cuidar de mim dessa forma. Você tem que ser cruel… eu fui cruel com você.

– Você está delirando – Jungkook estava tão preocupado. – Me deixe ajudá-lo, por favor.

– Apenas… – Jimin suspirou, cansado demais, esgotado internamente. – Fique comigo essa noite.

Não seria o certo a se fazer, mas o moreno assentiu. Não iria obrigar o outro a ir até uma emergência, então o mínimo que poderia fazer era ficar ali. Por isso não hesitou quando sentiu Jimin deitar-se na cama bem devagar, levando seu corpo junto. Logo uma coberta estava os aquecendo, e os olhos daquele ruivo fecharam serenamente. Jungkook levou a mão até os cabelos ruivos, fazendo um cafuné gostoso e lentinho.

Depois de tanto chorar, depois de tanto sofrimento, a quietude finalmente resolveu abraçar Park Jimin. O que era silêncio se transformou em um silêncio profundo, e não apenas o cômodo em que estava, mas sua mente também havia emudecido.

Aquele era um incomum momento de paz interna, o momento em que o sono aqueceu por inteiro.

 

•• ❀✿ ••

 

As horas se passaram. Uma, duas, três e outras mais. O calor excessivo do corpo menor era tanto que acordar parecia fora de cogitação para o Jeon, no entanto ele acabou despertando subitamente quando ouviu um barulho vindo após o quanto. Seus olhos imediatamente​ se dirigiram até a porta e Jungkook foi cuidadoso quanto não usou movimentos bruscos para não acordar o outro adormecido sob si.

O recém-chegado, Jung Hoseok, arregalou os olhos ao entrar no quarto e deparar-se com aquela cena um tanto constrangedora. Não imaginou que Park Jimin estava em um caso com o fotógrafo, mas resolveu não pensar muito no assunto naquele instante. O que ele fez, ao invés, foi apenas sorrir amarelo enquanto pensava em uma boa forma de se desculpar, já que havia invadido a privacidade alheia.

– Me desculpe, eu não queria… atrapalhar. Eu estou saindo.

– Não! – Jungkook gritou de repente enquanto levantava-se num impulso. – Não precisa sair, eu já estou indo embora – Explicou-se enquanto cobria o corpo seminu do modelo. Oprimiu a vontade de beijá-lo na testa e desejá-lo bons sonhos. – O Jimin está um pouco febril, então se puder cuidar dele… Eu tenho que ir para casa.

Hoseok então adentrou o quarto sem cerimônia, agora mais aliviado.

– Já são duas da manhã… tem certeza que vai para cara? Pode dormir aqui.

– Mas o quê?! – Jungkook assustou-se, mais do que surpreso. Havia dormido tanto assim? – E-eu… Eu não vi a hora passar – Suspirou alto. – Tudo bem, eu posso pedir um táxi – Levou a mão até o bolso de sua calça pata pegar o celular, pretendendo ligar para um taxista que pudesse buscá-lo.

– Eu tenho carro, posso te levar – Hoseok disse de repente, suspendendo os ombros. – Jimin ficará bem nesse tempo, creio que você não mora tão longe assim. Estou certo?

O moreno deixou-se sorrir agradecido.

 

✿ • ❀

.

Após se despedir de Hoseok com vários pedidos de agradecimento, Jungkook enfim subiu para o seu apartamento arrastando os pés preguiçosamente. Ao chegar defronte à porta desejada ele parou brevemente no batente e apoiou a testa na madeira branca, pensando um pouco sobre o que havia acontecido.

Jimin amava alguém, alguém cujo sempre clamava em meio de seus surtos e delírios.

O fotógrafo suspirou pesado. Embora seu corpo nunca resistisse aos toques do ruivo, era errado pensá-lo daquela forma quando o coração dele já pertencia a alguém. Jungkook só não entendia o porquê dele se referir sempre a si daquela forma, como se quisesse dizer que era ele o dono de tantos sentimentos.

Nós somos parecidos? É por isso que Jimin me confunde com a pessoa que tanto ama? Eu o trago lembranças sobre essa pessoa? Nós somos realmente parecidos? Eu sou parecido com o amor de Jimin?

Seria errado desejar tanto que sim fosse a resposta para tudo? Ele queria que o modelo o amasse também, e sequer sabia explicar o motivo de pensar daquela forma em tão pouco tempo de convivência. Mas como havia dito, como havia admitido, era como se eles estivessem se conhecido em alguma vida passada ou, quem sabe, estivessem destinados a se encontrar. Era forte o que sentia, a conexão. Era tão forte que o fazia sentir a dor do outro, mesmo ela sendo causada por um outro alguém. Porém não queria apenas abrir os olhos, enxergar a realidade. Ele não queria descobrir que Jimin poderia simplesmente trocá-lo caso o seu amor aparecesse novamente.

Ele não queria que o ruivo percebesse que aquele humilde fotógrafo não era nada além disso. Não era o dono de seus sentimentos profundos, tampouco dono de seu coração.

Quando os pensamentos estranhos diminuíram, ele, o moreno, girou a chave na fechadura e abriu a porta para entrar em casa. Esperou ser recebido por luzes apagadas, quietude plena e um completo breu solitário. Mas não; não foi dessa forma que aconteceu.

Taehyung estava lá, com o rostinho inchado e o queixo reposto nos joelhos dobrados e suspensos. Uma expressão nada serena, preocupação reluzindo em seus olhos vagos e marejados.

Por quanto tempo ele estava ali, acordado, esperando-me? Ele havia chorado? Ele estava chorando?

– Hyung? – Jungkook adentrou o cômodo lentamente após ter trancado a porta. Havia chamado baixo para não assustar o Kim. – Hyung?

Então Taehyung despertou, voltando a piscar pouco a pouco. Queria abrir um sorriso por ver Jungkook ali em sua frente bem, mas não conseguia sorrir sem sentir seu rosto inteiro doer. Os músculos ali presentes estavam exaustos de tanto chorar, e até piscar os olhos parecia um trabalho árduo.

– Você não dormiu? – Jungkook aproximou-se.

– Eu estava te esperando – Taehyung usou suas poucas forças para levar. Como sentia vontade de puxar o mais novo para um abraço, dizer o quão feliz estava em vê-lo. No entanto não fez. Não por orgulho, mas por não ter forças suficientes. – Eu estava preocupado… Achei que tivesse acontecido algo. Eu… estava prestes a ligar para a polícia.

Jungkook sequer ficou surpreso com toda aquela preocupação. Na verdade ele apenas sorriu triste, pois já conhecia aquele lado cuidadoso do melhor amigo. Sabia que ele se preocupava fácil, e o fato de nunca ter dormido fora apenas contribuía para tal receio.

– Eu estou bem.

– Eu liguei para o seu celular algumas vezes… – Taehyung parecia conter o choro, sua voz havia caído alguns tons. – Eu pensei que não estivesse bem – Abaixou a cabeça e suspirou, talvez de alívio, talvez pela dor que sentia.

Jungkook levou a mão até a calça, retirando do bolso seu celular. Ao desbloqueá-lo, logo as mensagens de ligações perdidas se presenciaram.

Haviam mais de cem.

Uma a cada minuto.

Todas do mesmo número.

Todas de Kim Taehyung.

– Eu não vi suas ligações… – Tentou explicar-se. – Eu havia deixado o celular no silencioso, me desculpe, eu deveria ter avisado que estava na casa do Jimin, que estava bem.

Quando aquela amizade havia se tornado algo mais intenso para o Kim? Ele havia parado um tempo para pensar, e descobriu que aqueles sentimentos já existiam há anos; mas estavam bem guardados. O que havia os trazido a tona foi o beijo. Jungkook havia o beijado, havia despertado algo além da amizade. Ouvi-lo dizer que estava com Jimin, que havia trocado sua noite de maratona para estar com Jimin… Aquilo esmagou tudo dentro de si, aquilo o despedaçou completamente.

Uma lágrima desceu, quente e pesada.

– Que bom que está bem – Ele então se virou, escondendo seu rosto. – Eu preparei café, caso esteja com fome – Mais uma lágrima, mais duas, três e outras várias. – E-eu… eu vou dormir. Tenho trabalho amanhã. Boa noite Jungkook. – Deu o primeiro passo para se afastar, mas teve seu pulso preso.

Jungkook não sabia o que sentia, estava tão frágil e indefeso.

– Me desculpe, hyung. Eu deveria ter ligado, mas eu acabei dormindo e... – Ele acreditava mesmo que aquele era o único problema.

“Você não ligaria. Você não pararia para me ligar. Você dormiu com ele? De qual forma?” Taehyung mordeu o lábio, levando a mão até a do moreno e tirando-a de seu pulso.

– Boa noite, Jungkook. Durma bem.

Daquela vez ele não foi impedido de ir para o quarto, chorar em sua cama.

Jungkook não havia o impedido.

Depois que a silhueta do amigo não pôde ser mais vista, Jungkook desviou o olhar para a mesinha de centro que tinha ali na sala. Havia uma bandeja; com um café frio e uma sopa da mesma forma.

Seu coração latejou.

Deveria ter atendido a ligação.

Deveria ter ligado de volta.


Notas Finais


TRILHA SONORA: https://www.youtube.com/watch?v=dW0PlJXxFrc


Eu fiquei triste escrevendo esse capítulo, mas porque estou em um período sentimental da minha vida. AH, eu tô com dózinha do TaeTae, sorry aos haters Vkook... Mas Cara, meus nenes tão tudo sofrendo, até eu tô sofrendo ahhhhhhhhhhhhh! Bom, espero que tenham gostado. Comentem se quiser, tá? é muito importante saber que vocês estão gostando. Desculpe por eu não responder os comentários, mas é que minha vida de autora não é nada fácil asuasuh Então é isso...
Vocês já viram o Trailer? Vou deixar link para vocês ver, caso não tenham visto. Eu também fiz uma PWP Yoonmin recentemente, então vou deixar link para quem quiser ler. É isso, beijos e queijos e FUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUi!

Trailer de Outono: https://www.youtube.com/watch?v=5blbQekdURI

PWP Yoonmin: https://spiritfanfics.com/historia/coisas-de-adulto-9245256

Grupo de leitores: https://chat.whatsapp.com/KS4gnIV1o7r3g3dHHG5KwH


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