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História Outro Mundo - Extra - Dimitri's Pov


Escrita por: KateMoura

Notas do Autor


Ainda estou viva!!
As últimas semanas foram difíceis. A faculdade nem começou mas só a burocracia que eu tive que resolver me consumiu. Também estou numa onda de aniversários e estou ajudando a organizar todos. Tá hard.
Se liguem nas notas finais
Boa leitura, flores :)

Capítulo 30 - Extra - Dimitri's Pov


"Não importa o quanto vocês se esforcem, nunca estarão seguras de verdade. A sua hora vai chegar, mas a garota Mazur vai primeiro. Eu tenho grandes planos para ela, mas os seus são melhores ainda."

Eu estava bastante preocupado com Lissa, afinal eu sou o guardião dela e o meu trabalho é protegê-la, mas eu tinha certeza que o meu coração acelerado, as mãos levemente trêmulas junto com o frio na barriga era por causa da Rose. Naquela carta ficou bem óbvio que ela corria perigo, e muito. Isso tem que ser resolvido o mais rápido possível. Diabos! Ninguém vai encostar na minha Roza. 

Peguei meu celular e liguei para Alberta, pedi para ela me encontrar o mais rápido possível na sala dela. A surpresa foi que ela me disse que já estava lá. Parecia que ela nunca descansava. Quando eu entrei ela estava com um olhar exausto, mas com a sua postura séria de sempre. 

-Belikov, o que aconteceu? - Ela foi direto ao assunto - Sente-se. 

-Rose me procurou e pediu para ir imediatamente ao quarto da princesa pois ela sentiu que algo estava errado - Alberta era umas das poucas pessoas que sabia do laço, então isso era um detalhe que eu não precisava me preocupar em esconder - Quando chegamos a princesa nos entregou este bilhete. 

Entreguei o pequeno pedaço de papel para Alberta, ela o analisou por alguns segundos e se levantou dizendo que ia reportar isso para o conselho dos guardiões e que era para eu entrar em contato com Abe Mazur. 

Saí da sala e fui para os portões da academia, que era onde ficavam alguns guardiões.

Na primeira vez que a princesa recebeu um bilhete, ela me entregou um envelope totalmente em branco e quando eu fui questionar os responsáveis por receber as encomendas, eles apenas disseram que veio junto com as outras. Dessa vez eles têm que ter prestado atenção em alguma coisa, qualquer detalhe. Cheguei perto do portão e me aproximei do pequeno cubículo onde os guardiões ficavam e bati na porta.

-Belikov, o que aconteceu? - Moore, um guardião alto e negro na casa dos 40 anos, e com um cavanhaque que contrastava com a sua careca, foi quem abriu a porta e me deu passagem para entrar.

-Preciso que você me mostre as gravações do carteiro que veio aqui hoje - Eu fui direto.

-Carteiro? - Moore se mostrou confuso - Ah sim! Vou te dizer, Belikov, a sua protegida é a única que recebe cartas - Ele riu e começou a digitar algo no computador - Digo, no mundo moderno de hoje todo mundo se comunica virtualmente. Os garotos têm acesso limitado a internet, mas nada impede que eles troquem e-mails com as pessoas lá de fora. 

Eu não respondi e me concentrei nas gravações. Moore estava certo, mas o que ele não sabia era que essas cartas eram entregues de propósito. Ele deve ter percebido que não se tratava de uma troca de cartas, e sim que ela estava sendo ameaçada, pois ele ficou sério de repente e tenso. 

-Aqui - Ele disse se afastando do computador e me dando mais acesso. 

Olhei para as gravações e vi que não tinha nada de errado. Olhei mais cinco vezes e nada. Era apenas um humano branco na casa dos vinte anos entregando um monte de caixas e assinando uns papéis. 

-Pode ser alguém de dentro - Moore disse com a eficiência de um guardião - Um Bullying adolescente, talvez.

Alguém de dentro? Jamais. Nossa raça nunca compactuaria com os strigois. Bullying adolescente? Longe disso.

-Claro - Eu acenei com a cabeça - Obrigado, Moore.

Saí de lá me controlando para não deixar transparecer toda a minha frustração de que sempre estávamos na estaca zero. Eu tinha certeza que os guardiões oficiais estavam se esforçando para conseguir qualquer pista, mas os strigois eram bons em viver clandestinamente, sem deixar rastros, e isso dificultava o nosso trabalho.

Peguei meu celular e liguei para o Tanaka sem me importar se era madrugada moroi, já que desde a última vez que nos falamos ele estava seguindo horário humano.

-Belikov, há algo que queira me contar? - Seu tom de voz estava normal para um mafioso. Sombria e gélida. 

-A princesa recebeu outro bilhete, e Rose estava sendo ameaçada nele. - Eu fui direto.

-Como? - A voz sombria dele vacilou - O que tinha escrito?  

-Nele dizia que a Rose ia morrer primeiro - Eu tentei manter minha voz neutra ao imaginar rose morta.

Eu não ia deixar um fato horrível desse se repetir na minha vida. Não posso perder mais uma pessoa importante.

-Espere um minuto - Ele disse apressado e preocupado - Já te retorno.

Os minutos esperando a ligação do Tanaka foram angustiantes. Me lembrei que o segundo bilhete, no qual Rose foi mencionada pela primeira vez, dizia que ela ia ser morta por causa do laço, que ambas eram muito preciosas para permanecerem vivas. Tudo isso, todas essas ameaças, seriam por quê a princesa era usuária do espírito? Ligações psíquicas não eram comuns no nosso mundo, mas também não era algo para se assustar, apenas ocorria e as pessoas não sabiam que era por causa do tão desconhecido quinto elemento.

Sei que Abe Mazur é um homen cheio de contatos e por isso possuí grandes inimigos, tanto que ele resolveu esconder a única filha dele, mas como essa infeliz coincidência foi se formar? O mesmo antigo e poderoso strigoi, que perseguiu os Dragomir por séculos, é inimigo de Abe Mazur, que por um incidente tem uma filha que possuí um laço com a última Dragomir, e agora ambas são perseguidas por um vampiro sanguinário que as quer somente para ter o prazer de duas mortes nas costas. Tudo isso por causa de uma infeliz coincidência. Mas coincidências não existem, certo? Há algo que eu não sei, e eu tenho que descobrir se Abe e Tanaka sabem.

Olhei para cima, absorvendo toda a luz do sol, e fechei meus olhos por breves segundos apenas imaginando como Rose ficaria feliz em Los Angeles, seguindo um horário humano e passando o dia em alguma praia, e de noite ela iria arrastar Lissa para alguma coisa que com certeza eu e Tanaka não aprovaríamos e seríamos obrigados a intervir. Ela também tentaria afogar o Christian em alguma piscina ou até no mar, e isso definitivamente não é bom. Sem contar que ela iria rever seus amigos. Devo admitir, tenho curiosidade em saber como era a vida humana da Rose.

Com Christian incluído nessa viagem eu me perguntei se Tasha estaria inclusa. Ela realmente gostava do sobrinho, e acho que abrir mão das férias de inverno não está nos planos dela. Oh droga... 

Quando eu já estava perdido em pensamentos, senti meu celular vibrar e imediatamente senti todo aquele peso de preocupação voltando. Era Tanaka. 

-Belikov - Era Abe - Você está no viva voz.

-Pode falar. - Eu disse tenso.

-Creio que o bilhete foi apenas para assustar a princesa - Ele respirou fundo antes de continuar - Há meses não recebo um bilhete, e o propósito de Rupert com Rose é me atingir, e não atingir a princesa. Como eu disse: Minha filha é somente um bônus. 

-Isso tem algo a ver com o espírito? - Perguntei cauteloso.

-Não - Dessa vez era a voz de Tanaka - Pelo menos nós achamos. As habilidades que esse elemento pode oferecer são um mistério, mas em nada beneficiam os strigois. Como Rose tem uma ligação com Vasilisa, achamos que é porque ela pode descobrir algo pelo laço e...

-As possibilidades são infinitas, Belikov - Abe interrompeu Tanaka - Já discutimos isso várias vezes, filho, e sempre chegamos a conclusão de sempre: Rose é apenas um bônus. Quanto a essa questão ainda estamos no escuro - Abe tinha uma voz cansada, não lembrava o temido Zmey, e eu acreditei que ele estava falando a verdade. 

-Você acha que essa viagem ainda é segura? - Perguntei

-Sim - Tanaka disse - Rose comentou comigo que quer ir para algum lugar que tenha sol, e vai ser nos estados unidos, onde conseguir qualquer imóvel com wards é mais fácil. 

Imaginei que Rose não iria para Los Angeles, e sim para alguma cidade no condado.

-E sem contar que todos os guardiões da Rose estarão nessa viagem, e você também - Abe disse despreocupado - Iremos fazer todo um esquema de voo diferente para as duas. Depois discutimos isso com você. 

Eu queria perguntar se ainda era seguro Rose ficar aqui na academia, se havia possibilidades de alguém ter descoberto que Rose Hathaway é na verdade Rose Mazur. Seria péssimo ir vê-la indo embora, e eu tenho certeza que ela iria sofrer já que ficou muito próxima da princesa, e até de Christian, mesmo os dois quase se matando todos os dias, e também gosto de pensar que ela iria sentir a minha falta. Mas se a segurança de Rose estivesse comprometida, Abe seria o primeiro a tirá-la da academia. 

-Abe recebeu as primeiras cartas na sua residência da Turquia. O infeliz acha que Rose está lá - Disse Tanaka, e por um momento me senti desconfortável, era como se ele lesse meus pensamentos - Rose está segura aí, junto com a princesa e com as wards. 

-Seria bom passar por você qualquer encomenda que seja entregue para a princesa. O propósito dessas cartas é apenas assustar uma garota de 17 anos - Abe disse pensativo. 

-Você está certo - Eu disse em um tom profissional - Mas por quê ameaçar a Rose nessa carta? Se fosse para assustar, seria entregue para você também. Ainda é seguro as duas continuarem aqui? 

Eu sabia que seria seguro para as duas ficarem aonde tem wards, mas o medo que se formava dentro de mim estava me afetando. 

-Vou ser sincero com você, Belikov - Tanaka suspirou - Nenhum lugar é 100% seguro. 

-Estou indo dormir. Janie está me esperando e eu estou em horário vampírico - Abe falou demonstrando certo cansaço que eu pude detectar apenas pelo seu tom de voz.

Supus que Janie seria a guardiã Hathaway. Definitivamente é difícil acreditar que foi graças a esses dois que minha Roza veio ao mundo. Eles são o oposto um do outro.

-Você está falando com quem? - Ouvi a voz distante de Janine, e Abe falar que era comigo, após uns segundos em silêncio ouvi a voz dela mais próxima - Guardião Belikov, como minha filha está? 

Sorri antes de responder.

-Rose está se saindo bem - Eu disse neutro.

-Bem o bastante para você já a ensinar lutar com estacas? - Ela perguntou e eu detectei um fio de preocupação na sua voz - Eu e Tanaka nunca pensamos que isso seria necessário, mas conversamos e chegamos a conclusão de que o melhor seria se ela tivesse pelo menos uma noção. Apenas faça uma leve introdução.

-Eu já ia começar o treinamento com as estacas semana que vem, de qualquer maneira.

-Ótimo! - Janine tinha um tom de voz cansado. Eu tenho certeza que tentar conciliar o trabalho com as investigações não estava sendo fácil. 

Pelo que Rose me contou, Janine era bastante ausente por causa das missões em que ela sempre estava envolvida, e isso fez as duas terem um relacionamento complicado e tenso. Rose amava a mãe apesar de tudo, eu via isso pelo modo como ela falava e seus olhos brilhavam, mas ela sempre falava mais da governanta da casa dela, e as vezes parecia gostar mais da mulher que a criou do que da própria mãe. Era um tanto triste do meu ponto de vista, já que eu sempre fui criado com todo o amor e carinho materno. 

Troquei algumas poucas palavras com David e depois desliguei. Eu estava cansado e ainda tinha que buscar a Rose no quarto da princesa, mas quando cheguei lá as duas estavam dormindo e pareciam tranquilas, diferente de uma hora atrás. Respirei fundo e olhei para o outro lado do quarto, que era onde Natalie Dashkov dormia um sono profundo. Fiquei com pena de acordar Rose, então decidi ir para o meu quarto e dormir as poucas horas de sono que ainda nos restavam.

Pegar no sono foi um pouco difícil por conta das preocupações que rodeavam a minha mente, e principalmente porque eu sabia que Rose estava me escondendo algo em relação ao sangue na roupa da princesa.

Tive essa constatação no outro dia, quando estávamos no final do nosso treino e eu a questionei sobre o ocorrido, e claro, ela não me falou e se manteve fiel ao seu segredo junto com a princesa. Resolvi deixar de lado, por enquanto. Rose poderia até se manter leal as suas amizades, e isso era uma das coisas que eu admirava nela, mas ela não seria tola o bastante para manter em segredo algo que colocaria a vida dos seus amigos em perigo. Ou seria? 

Depois de uma chamada de vídeo cansativa com o conselho, onde argumentamos os prós e contras de um ataque planejado, e que infelizmente eles ainda não concordaram por não terem provas concretas, eu estava andando pelos corredores do prédio dos guardiões rumo à saída.

Era complicado termos rastros dos Strigois quando eles viviam tão escondidos quanto nós, sem deixar nada para trás, e por causa disso os homens de Abe estavam tendo mais progresso porque eles faziam parte desse mundo. Estava ficando cansativo essa situação, e por um momento eu pensei que poderia...

-Ai! - Não cheguei a completar meus pensamentos pois senti que alguém esbarrou em mim, quando eu olhei para ver quem seria o desastrado, me surpreendi ao ver uma moroi no prédio dos guardiões.

-Srta Geler - Eu disse surpreso e confuso ao notar que ela carregava um pote com umas frutinhas vermelhas e algo que parecia ser leite em pó - Está tudo bem? Precisa de ajuda? 

-Não, obrigada - Ela sorriu - Eu apenas fiquei com uma vontade absurda de comer acerolas e Jean disse que tinha, o que é bem raro, mas sorte a minha, não? 

Jean era uma guardiã que dava aulas para alunos do segundo ano, e uma vez ou outra eu sempre via elas duas conversando. Pelo que eu percebi, a Srta Geler mantinha algum tipo de relacionamento com o Tanaka, só não sabia se era sério.

Olhei com mais atenção para o que ela carregava e notei que ela estava mastigando uma das frutinhas, que eu nunca ouvi falar, e carregava o pote de leite em pó. 

-Você está comendo essa fruta com leite em pó? - Eu perguntei e deixei transparecer um pouco de confusão.

-Sim... - Apesar do constrangimento na sua voz, ela soltou um sorriso que alcançou seus olhos - Vou indo. Até mais, guardião Belikov. 

Eu apenas acenei com a cabeça e retomei o meu caminho. Quem diabos come essas frutas estranhas com leite em pó? Americanos são estranhos. 

Fui para o meu quarto e tomei uma ducha rápida antes de ir para o quarto da Rose. O que eu fazia era tão arriscado que se me pegassem eu seria preso na hora, e provavelmente Abe daria um jeito de me matar na cadeia, mas tudo parece tão certo quando estamos juntos. Aquele quarto dela parecia a nossa bolha, o nosso mundo particular, e eu sabia que não seríamos incomodados ali. 

Rose era divertida e contagiante, mas sei que o que ela está passando é mais do que alguém pode aguentar, principalmente para ela que passou a vida achando que era humana. Rose era forte, e eu me orgulhava dela por isso. Quando eu cheguei no seu quarto e vi que ela estava dormindo, tão frágil e serena... tão vulnerável, meu coração se apertou

Por mais que ela seja ótima, eu sei que ela não está preparada para lutar com um strigoi, nem os seus colegas de sala de aula estão, e isso me preocupa. Eu tenho que protegê-la, tenho que ensinar tudo o que eu sei, tenho que fazer o meu melhor para mantê-la viva. Lissa ainda é minha protegida e eu daria minha vida para salvá-la, mas é pensando em Rose que o meu coração se contorce ao pensar nos riscos que ambas estão correndo. 

Eu a amo e faria qualquer coisa para mantê-la viva. 

No outro dia enquanto eu a treinava, e via o seu foco e determinação em aprender, eu inutilmente me repreendi por ter esses sentimentos. Não que eu estivesse apenas usando ela, eu jamais faria uma coisa dessas, mas eu sabia que nunca íamos passar disso pois a minha vida é proteger morois e lutar contra strigois. Rose também tinha conhecimento disso e eu me sentia culpado porque não era justo com ela. Não era justo com nós.

Ainda preocupado, eu a acompanhei nas outras aulas e vi que ela estava bem melhor do que antes, e já derrubava algum dos seus colegas. Minha garota era sensacional e eu estava muito orgulhoso. A observei durante o resto do dia, entre as minhas rondas, e vi ela conversando e rindo com o Ashford enquanto eles saíam de uma sala para outra. Balancei a cabeça tentando controlar o meu ciúme bobo e fui terminar o meu serviço. Por mais que eu não gostasse do garoto e me sentisse irritado ao ver ele olhando para ela com um certo brilho nos olhos, eu não podia fazer nada porque eu não ia impedir que Rose tivesse amigos, isso seria estúpido da minha parte, e eu confiava nela. 

Quando estávamos no ginásio, e ela estava concentrada estudando, e eu lia um livro de faroeste, eu notei que Rose cantarolava muito baixo e estava com fones de ouvido enquanto copiava algo no seu caderno. 

-Você não vai se concentrar de verdade assim - Eu disse sem tirar os olhos do meu livro.

Não obtive resposta alguma então me virei na sua direção. Rose estava linda hoje, quer dizer, ela sempre era linda, mas hoje ela estava mais radiante que ontem e com um humor melhor. Ela estava lendo algo no livro enquanto enroscava seu dedo indicador esquerdo em uma mecha de cabelo e mordia a ponta da caneta. Esse último era um péssimo hábito para qualquer pessoa, mas nela ficava adorável, principalmente com ela tão alheia as coisas a sua volta e balançando a cabeça seguindo o ritmo da música misteriosa que apenas ela sabia. Rose percebeu o peso do meu olhar, pois voltou seus olhos para mim e me presenteou com um lindo sorriso e voltou sua atenção para o livro. Eu amava aquele sorriso.

O resto do dia se passou rápido, e quando eu dei por mim, já era noite moroi e o toque de recolher já tinha  tocado. Fui na cozinha do meu prédio e fiz um chocolate quente, quem sabe isso não iria alegrá-la mais um pouco.  

Quando eu estava fazendo o meu caminho secreto de sempre, eu me deparo com um guardião fazendo a sua ronda. 

Droga... 

-Dimitri? - Matthew me olhou e soltou um pequeno sorriso. 

-Olá, Matthew - Eu fiz um gesto com a mão.  

O bom de ser um guardião respeitado é que as pessoas não costumam desconfiar de você, mesmo quando você está na parte de trás do prédio dos alunos. 

-Vi que estará de folga no sábado e eu também. Você quase não sai da academia. Quer ir tomar uma comigo, e arrumar algumas garotas, quem sabe?

Sábado? Meus planos eram ficar com a Rose ou simplesmente ler um livro no meu quarto, mas devo admitir que faz tempo que eu não saio. Claro que eu não ia ficar com ninguém, mas eu também não podia restringir minha vida apenas à academia. As pessoas iriam desconfiar de algo.

-Claro. - Eu concordei com a cabeça e sorri.

-Nos acertamos depois então. - Ele balançou a cabeça e retomou o seu caminho.

Esperei alguns poucos minutos até ele desaparecer do meu campo de visão e destranquei a porta. Fiz o caminho até o quarto da morena e quando eu entrei, já que ela estava deixando a porta aberta, me deparo com uma cena um tanto engraçada. Rose estava com fones de ouvidos e cantava a mesma música que ela estava cantarolando quando estava no ginásio, e ela pulava em cima da cama descontroladamente. A cena não durou nem cinco segundos, ela logo me viu e ficou divida entre corar e levar um susto.

-Quase me mata do coração! - Ela disse se sentando na cama e tirando os fones de ouvido.

-Você estava distraída - Eu levantei minha sobrancelha e tentei me manter sério, como se realmente estivesse chamando a sua atenção.

-Ei! - Ela me olhou e fez uma careta - Não sou mais tão distraída, e no conforto do meu quarto eu tenho o direito de estar assim, principalmente quando a Katy Perry lança uma música nova. Você que é o professor que toda noite invade o quarto da aluna e deita para dormir com ela - Rose me provocou e riu. 

-Só dormir? - Me sentei no puff e lhe entreguei uma caneca. 

-Não, você também vem toda noite e me traz ótimos chocolates quentes - Ela sorriu e olhou para a caneca que eu enchia - Camarada, você está me viciando nesses chocolates.

-O segredo é colocar dois pacotes - Sorri e enchi a minha caneca - Quem é Katy Perry? 

-Uma cantora que com certeza você nunca ouviu falar porque seu gosto musical só se restringe à músicas chatas antigas - Ela revirou os olhos e mexeu no seu celular - O Dave me enviou hoje. É legal. Escuta.

A música tinha uma batida boa e a voz da cantora era suave. O que mais me deixou impressionado foi a mensagem por trás da música. Poderia ser associado ao mundo moroi, onde os vampiros da realeza vivem na sua própria ignorância e não fazem nada para mudar o atual problema da segurança contra os strigois, apenas exigem mais de nós, dhampirs.

Não sou nenhum revolucionário como Tasha, até porque ela tem ideias um pouco radicais, mas eu também não era cego e via os problemas políticos que aconteciam no meu mundo. Eu não sabia a atual situação política dos humanos, principalmente na América, mas que essa música era uma bela crítica isso eu tinha que concordar. 

-Então, o que você achou? - Ela perguntou terminando de beber seu chocolate.

-Achei a letra bem crítica - Respondi.

-Boa ou ruim? - Vi seus olhos quase pretos me analisarem, sinal que a minha resposta era importante.

-Defina o boa e ruim... - Eu ergui a sobrancelha.

-Boa do tipo: Uau, temos aqui uma música que realmente fala de um problema atual muito importante. E ruim do tipo: Cara, essa música só vai colocar lenha na fogueira para um problema que não tem solução e que devemos aceitar. 

-Boa - Respondi e dei um último gole no meu chocolate, já sabendo onde ela queria chegar - Você pensa igual a Tasha - Eu disse por impulso e Rose me lançou um olhar fulminante - Digo, você chegou agora e eu sei que não concorda com o modo como o nosso mundo funciona. 

-Isso aí! - Ela balançou as mãos em sinal de exasperação - Mia toda vez me chama de dhampir como se isso me ofendesse, mas ela não se liga que é graças a minha raça que a raça dela é protegida daqueles vampiros malucos do mal. Os morois dominam a magia, eles poderiam usá-la contra os strigois ao invés de colocar a vida dos dhampirs em perigo. Não é à toa que existem tão poucos guardiões, tirando o fato que os morois não se relacionam mais com os humanos.

Rose pensava igual a minha amiga. 

-Você está certa - Eu disse tranquilo e a vi ficar surpresa - Mas você esqueceu que é graças aos morois se relacionarem com dhampirs que a nossa raça ainda existe. É um trato que temos com eles. E eu sei que você já aprendeu na aula de história que o uso de magia, se não for para coisas pequenas, é algo imoral.

-Christian botou fogo na mochila da Mia porque ela mexeu com nós dois ontem - Ela deu de ombros e se sentou no meu colo assim que eu me acomodei na sua cama.

-Christian é sobrinho da Tasha - Eu ri - O que você queria? 

-Queria que você parasse de falar dela - Rose revirou os olhos - Eu não fico falando do Mason toda hora. 

-Mas são morois como a Tasha que irão trazer a mudança para o nosso mundo daqui uns anos - Eu disse sério, apenas para provocá-la. 

Rose fechou a cara e fez um gesto para sair do meu colo, mas eu a segurei e olhei divertido para ela.

-Você é ciumenta, sabia? - Eu ri e lhe dei um beijo rápido.

-Não sou não - Ela sorriu e me abraçou, mas detectei um pouco de insegurança na sua voz. 

-Você é linda, Rose. - Eu disse baixinho e beijei sua bochecha - Inteligente... forte... leal... contagiante - Cada elogio que eu fazia eu lhe dava um selinho e ela sorria - É por isso que eu te amo e não te trocaria por ninguém.

E mais uma vez eu estava ali dizendo palavras perigosas para ela, mas que era o que refletia perfeitamente no meu coração. Rose entrou na minha vida e revirou o meu mundo de cabeça para baixo, e eu gostava disso. Eu gostava das sensações que ela me causava. Eu gostava de amá-la, e isso era péssimo porque quanto mais alto o voo pior é a queda. 

E eu sabia que se eu caísse eu não ia me recuperar, mas já era tarde demais para voltar atrás.

A beijei com carinho, passando minha mão pelo seu cabelo e sentindo toda a maciez dos seus fios. Ela colocou sua mão na minha bochecha e retribuiu o beijo enquanto eu colocava minha outra mão na sua cintura. 

Beijar Rose com certeza é algo que eu nunca vou me cansar de fazer ou deixar de me sentir hipnotizado com as sensações que ela me causa. Tudo nela me deixa enfeitiçado, seja o cheiro de morango dos seus cabelos ou o gosto da sua pele. Quando eu estava com ela, principalmente no seu quarto onde éramos nós mesmos, meus sentimentos por ela se expandiam de uma maneira que fazia meu coração doer. Era como seu eu estivesse me procurando pelo universo e sempre me achasse nos olhos dela, naquele mar castanho quase preto. 

Eu a amava. 

Amava cada qualidade e defeito dela, amava seus sorrisos e até os seus biquinhos irritados. Amava o seu senso de humor e a sua impaciência, e principalmente, amava o jeito como ela fazia eu me sentir: Vivo. 

-Eu te amo tanto... - Eu disse descendo meus beijos pelo seu pescoço - Eu nunca vou deixar nada acontecer com você. Nunca. 

Rose era especial para mim, e eu nunca deixaria nada de ruim acontecer com ela, e eu devo admitir que a situação dela já está me angustiando. 

Minha Roza era magnífica, e cada vez que ficávamos juntos, que nos uníamos como um só, era especial e único. Rose era minha pequena deusa e eu a venerava em cada momento, procurando amá-la intensamente. Cada momento eu tinha gravado na minha memória. Seu coração batendo rápido juntamente com o meu, e a sua pele contra a minha era uma sensação maravilhosa. 

Quando acabamos, ficamos abraçados e em silêncio, apenas um encarando o outro. Não era preciso palavras para expressar o sentimento que estávamos compartilhando naquele momento, ambos sabíamos bem. 

-Eu te amo - Ela sussurrou antes de encostar a cabeça no meu peito e se aninhar em mim. 

Eu me sentia o homem mais feliz do mundo toda vez que ela dizia isso.


Notas Finais


Então, um dos motivos também pra eu ter demorado foi que, por motivos de que a linda aqui tem várias ideias e não vai para por tudo em uma única fanfic, eu vou fazer uma segunda temporada, aí eu precisei reorganizar tudo e ainda somado a minha falta de tempo complicou. Enfim, beijos e até breve.
Comentem bastante.


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