CARLOS EDUARDO ALMEIDA
Ontem fez um mês que ocorreu o evento na boate e o dinheiro que recebi ajudou pra caralho nas contas do restaurante, praticamente todo mês eu fechava o caixa com pouquíssimo dinheiro e as contas só aumentavam. Atualmente, trabalhamos apenas em família no La Cocina, eu sou chef de cozinha, meu pai faz o trabalho da administração e contabilidade e minha prima Mariana, garçonete. Por enquanto não consigo pagar um salário muito alto mas dá para pagar as contas.
— Conseguiu falar com a Mônica? — Mariana colocava um pedaço de lasanha 4 queijos no prato e sentou ao meu lado enquanto fazíamos nossa pausa para o almoço no restaurante, hoje o movimento estava fraco e conseguimos conciliar para comermos juntos.
— Ainda não. Nem com ela e nem com Leonardo. Só cai na caixa postal e eles não respondem nenhuma mensagem — Bufei, lembrando das 20 ligações que eu tinha feito só ontem.
Mônica era minha ex-mulher e mãe da minha filha, quando Sofia completou 2 anos, peguei Mônica e seu antigo patrão, agora marido, trepando na nossa cama depois que fui deixar Sofia na creche e voltei para buscar minha carteira que tinha esquecido em casa.
Nesse dia quase rolou morte porque Leonardo era meu amigo na época, inclusive ele que havia se interessado em nos ajudar quando contratou Mônica como sua auxiliar de veterinária na clínica. Depois que ela foi embora, não voltou nem para ver a filha e antes até mandava dinheiro pra ajudar nas despesas de Sofia mas já faziam 4 meses que ela não mandava 1 real, tentei falar com sua mãe mas ela era pior que a filha e só disse que ia passar o recado. A mensalidade havia aumentado contanto que agora Sofia ficava período integral na escola e fazia algumas atividades extra curriculares.
— Essa vadia — Mastigou um pedaço enorme da lasanha e bebeu um pouco de Fanta Laranja — Se eu vejo ela na rua com certeza acabo com aquele cabelo loiro lambido que ela tanto exibia — Soltei uma risada imaginando a cena que claramente Mariana faria.
Mariana é a prima que sou mais apegado e atualmente ela mora com meu pai, devido a morte dos seus pais quando ela tinha 10 anos. Lembro que na época ela ficou tão abalada que deve ter passado mais de 1 mês no quarto chorando. Quando tudo aconteceu na minha vida, ela foi a primeira pessoa a ficar do meu lado e mesmo com pouca idade, ela cuidou de Sofia como se fosse sua própria filha e sempre ficava de babá quando eu fazia bico de madrugada pra conseguir juntar dinheiro e abrir meu restaurante.
Depois da separação só me envolvi com mulheres pra trepar, tinha alguns rolinhos fixos que sempre transava no final de semana quando meu pai pegava Sofia pra dormir lá e eu não fazia questão de mandar nem uma mensagem de bom dia depois, talvez eu seja MUITO babaca por isso mas foi o jeito que encontrei de não se magoar novamente.
Por ser sábado, o movimento foi tranquilo e até fechei alguns minutos mais cedo pra aproveitar o tempo com Sophia. Aos sábados, eu costumava deixar ela com a Vanda, nossa vizinha do apartamento de cima. Vanda tinha 3 filhos da idade da Sofia e nunca cobrou nada por isso, ela até agradecia que eles ficavam juntos e ela conseguia fazer as atividades domésticas.
Passava um pouco do meio-dia quando cheguei pra buscar Sofia, que veio correndo com um sorriso enorme no rosto quando Vanda abriu a porta e ela viu que eu estava ali.
— PAPAI! — Envolveu seus bracinhos em volta do meu pescoço quando abaixei pra dar um beijo em sua testa — Fiquei com tanta saudade.
— Eu também meu pesseguinho — Beijei o topo da sua testa e coloquei sua mochila da Barbie nas costas, quando eu ia me despedir, Vanda fez sinal que queria falar comigo — Vai lá se despedir dos seus amiguinhos e o papai já te chama tá bom — Acariciei sua bochecha e assim fez.
— Olha Carlos, eu não quero me intrometer na sua vida mas acho que ela sente falta da mãe — Dirigiu o olhar para Sofia e depois voltou a atenção — Hoje enquanto eles estavam olhando algumas fotos de quando eram bebês, percebi que ela falou bastante da mãe e ficou um pouco desanimada depois.
Eu sabia que era verdade, desde que Mônica nos abandonou, minha pêssego, como apelidei minha filha carinhosamente quando nasceu, por ser rosadinha e rechonchuda como um, constantemente acordava chamando pela mãe e chorando.
Suspirei fundo e resolvi desabafar com Vanda, ela havia me conhecido desde que mudei pra cá e sempre à ajudei como pude, constantemente mandava comida do restaurante para eles, inclusive aos sábados eu sempre trazia bastante para que ela não se preocupasse em fazer almoço tarde.
— Eu já tinha percebido isso Vanda, Sofia sempre foi muito apegada com a mãe, mas desde que ela foi embora nunca mais veio vê-la nem que por 5 minutos e eu já tentei de todo jeito ter contato com ela só que ela não me atende e nem me responde.
— É complicado — Suspira — Mas tenta levar ela pra passear algum lugar hoje, distrair um pouco a cabecinha dela pra não ficar pensando nisso.
Assenti e chamei minha filha de volta que montou nos meus ombros pra irmos pro apartamento. Nosso apartamento era simples, uma sala pequena que cabia um sofá e a televisão e dividia espaço com a cozinha, um banheiro e dois quartos. A varanda era até que era espaçosa e acomodava bem Sushi, nosso filhote de gato, quando eu estava fora e não podia deixar ele totalmente solto pelo espaço.
Depois que terminei o strogonoff, comida favorita de Sofia, ela dormiu feito um anjinho agarrada com sua pelúcia que tinha desde bebê. Fiquei deitado no sofá acompanhando o Instagram pensando qual lugar iria levar minha filha hoje a noite e resolvi que ia levá-la ao shopping, estava disposta a gastar uma grana pra ver minha menina feliz.
Quando estava anoitecendo, acordei Sofia para ela tomar banho, separei uma roupa da Fábula que ela tinha ganhado de uma das amigas de Mariana de aniversário e um All-Star cano alto rosa. Vesti uma camiseta preta e uma calça jeans chumbo com meu Nike de guerra no pé.
Nossa primeira parada foi no Mc Donalds, já que Sofia estava faminta, pedimos um combo com brinquedo e fomos para fila ao lado para esperar, depois de alguns minutos nosso pedido apareceu no telão e uma mulher familiar virou-se para ir em nossa direção para ir até as mesas e reconheci quem era. Era a mulher que eu havia conhecido quando fui trabalhar na balada mês passado e tinha trocado algumas palavras. Seus olhar imediatamente fixaram-se nos meus e ela abriu um sorriso.
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