O rapaz corria rápido, os galhos se quebravam a medida que seus pés encontravam o solo, ele sentia que algo o estava perseguindo, talvez a culpa pelo que havia feito, mas a culpa também estava ali, por que ele não parou? ou melhor, por que não conseguiu? o que o estava controlando? o que estava controlando?
Tarde demais para pensar nisso. agora ele precisa fugir, se proteger do mundo, que naquele momento estava todo contra ele, desviando das árvores, ele fugia de si mesmo, ou de quem havia se tornado. Foi desacelerando, percebendo que travava uma guerra perdida, olhou as próprias mãos sujas de sangue, as roupas, pessoas inocentes que tiveram sua vidas tão brutalmente tiradas. o rapaz parou em frente a um lago, a correnteza não estava forte, a água era quase cristalina, ele decidiu que precisava de um banho, e retirar o sangue seco das roupas, ele se despiu com cuidado e entrou no lago, a água extremamente gelada levaria um ser humano comum a morte em poucas horas, mas ele não era comum e muito menos um ser humano. Ele mergulhou sentindo a água relaxar seus músculos tensos, na sua mente, a imagem de sua família se formou lentamente, todos na delegacia, chorando, talvez sua mãe nunca se recuperaria daquilo, as irmãs então, viram um parente próximo matar vários colegas, quando voltou a superfície para respirar estava chorando, as lágrimas se misturavam com a água o que as tornavam menos aparentes. ele pegou suas roupas e as lavou, o sangue que saia delas logo era levado pelo fluxo da água, ele permaneceu no lago durante um tempo, submerso em pensamentos do que faria de sua vida a seguir.
Ao sair do rio o vento se chocou contra sua pele e ele sentiu frio, estava nu e molhado no alaska, era hora de montar um acampamento temporário, decidiu faze-lo perto de uma grande árvore, ao lado do rio, recolheu grandes galhos e os empilhou na forma de cabanas, amarrando com um fio que servia para regulagem de seu casaco para amarra-los e coloca-los de maneira estável, aquilo demorou muito tempo o que o deixou irritado, e ainda tinha a fogueira, ele reuniu um círculo de pedras e encheu de folhas e galhos secos, lá começou o truque de esfregar os pauzinhos, o que não deu certo e o deixou mais frustrado desistindo da fogueira logo em seguida "as roupas podem se secar sozinhas" pensou entrando no abrigo logo em seguida.
Ele ficou na porta, observando a floresta densa, a copa das árvores não o permitia ver o pôr-do-sol, apenas o barulho do riacho lhe confortava, a sua mente estava a milhao tentando imaginar o que seria sua vida dali em diante, nunca poderia voltar ao convívio humano, eles nunca esqueceriam de seu rosto, como faria para sobreviver na floresta, por um momento se pegou pensando naquela garota que falou com ele antes de pular o muro e sumir "ela nao sentiu medo?" nunca haviam conversado e ela depositou nele tamanha confiança, aliás, um animal descontrolado não escolhe suas vítimas "não senti vontade de ataca-lá" nem o próprio Brian sabia por que não. "Será que ela vai voltar?" era o que o garoto mais se perguntava, gostaria de ve-lá denovo, mas estava certo de que uma garota como aquela não procuraria um animal no meio do mato.
Os olhos do rapaz começaram a pesar de sono, ele vestiu as calças ainda úmidas e deitou-se na terra, tendo um monte de folhas como travesseiro, mas por incrivel que parece aquilo não o incomodou e o sono veio rápido e com ele, pesadelos.
"Escuridão total, nem sons nem cheiros, nenhum vento, aquele lugar me deixava maluco, tentei mexerife meus membros, mas estavam presos por uma fita de couro acoplados em uma mesa de metal a qual me encontrava deitado, o metal gélido em minhas costas não me trazia nenhuma lembrava de como fui levado até aqui, aliás, toda a minha existência parecia um borrão, afinal, o que eu havia feito?
Talvez seria o massacre, mas eu deveria estar na cadeia e pelo o que eu sei, prisões não prendem os detentos em mesas de metal.
Uma luz projetada acima de mim quase me cega, fecho os olhos com força pela dor que foi causada, retiram aquela lâmpada estranha e eu finalmente consigo olhar ao meu redor, algo parecido com uma sala de cirurgia, e havia caras parecidos com médicos nela, todos olhavam para mim e só agora notei estar totalmente nu, eu coro de vergonha e raiva.
Os homens pegam instrumentos sinistros em uma bancada e voltam para a mesa, um deles segura uma caderneta, um medidor cardiaco é ligado e eu posso ouvir o bip irritante que ele produz, um dos médicos apróxima um bisturi e o coloca em meu peito, sinto o objeto pontiagudo penetrar minha pele e o homem o desce lentamente até o início de minha barriga, a dor é enorme e eu não contenho o grito que se forma em minha garganta, o meu sangue espirra nos médicos e eles parecem não se preocupar nem em limpar o avental, faziam aquilo com a maior naturalidade do mundo, até estavam calmos a julgar pelo mozart que tocava ao fundo, o outros quatro médicos seguram minha pele e a puxam abrindo meu peito, a dor que eu sinto e incrível, a pior que eu já senti em minha vida, nem gritos poderiam acalma-lá, ergo minha cabeça e consigo ver minhas costelas e até o meu coração pulsando e me pergunto, como ainda não desmaiei? o primeiro médico coloca a mão com uma luvá dentro do ferimento e começa a remexer ali dentro, o pior foi a agonia de senti-lo mexendo dentro de mim. ele puxá uma garra de lá de dentro, parecida com as minhas só que maior, eles a analisam e logo depois vejo um dele com o bisturi cortar algo dentro de mim, não sei o que é, mas o sangue mais uma vez espirra e o bip do medidor fica desesperado até que se torna um só e a escuridão toma conta de minha visão"
O garoto acorda gritando e com a não no peito como se fosse checar se o corte era real, não. mas a dor naquele local era e seu coração disparado a mil, foi tão real, aquela garra, por que logo quando foi tirada lhe fez tão mal? sempre acreditou que sonhos tinhas significados mas aquele, lhe parecia tão incógnito, não conseguiu dormir pelo resto da noite, mas apenas levantou-se ao ouvir os pássaros cantando e a luz do sol entrar pelas falhas do abrigo.
Ele sentou-se do lado de fora e encarou a fogueira fracassada, um cheiro comum evadiu suas narinas atentas, era o mesmo cheiro de Carrie, a menina que o ajudou, ainda estava longe, o rapaz levantou rapidamente e seguiu o cheiro da menina, não conseguia descrever mas era o melhor que ele já havia sentido.
Brian a encontrou caminhando na estrada, quando ambos olhares se encontraram os dois correram e se abraçaram. Carrie, feliz por certificar-se de que ele estava bem, e Brian, feliz porque ela tinha vindo.
- Que bom que esta bem - ela disse aliviada
- Que bom que veio
- como esta se virando nessa floresta? - a garota perguntou
- Bem, consegui apenas improvisar uma barraca,as fogueira.
- Espere, trouxe algo para você - Carrie diz e pega uma pequena mochila preta que trouxe a entrega ao rapaz que abre curioso
Ela trouxe para ele um cobertor, um casaco, e um canivete suíço, mas o que mais arrancou sorrisos de Brian foi uma caixa de fosforo e um isqueiro.
- Sei que não é o suficiente mas...
- Obrigado - ele a interrompe
- preciso ir para a escola, se der, amanhã eu venho te ver
- estarei esperando
Brian insistiu em levá-lá até o fim da floresta, por preocupação e por querer ficar mais um poço com ela, eles foram jogando conversa fora, se conhecendo melhor, deixaram de lado o ocorrido de ontem para viver aquelê momento juntos, e foi com um abraço apertado que os dois se despediram, Brian a observou sua silhueta magra até perde-lá de vista, ela olhou para trás várias vezes e sorriu, aquela garota o deixava sem palavras
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