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História Oxygen - Chapter 1 - They gon' praise me even when I'm gone


Escrita por: gabxxm

Capítulo 2 - Chapter 1 - They gon' praise me even when I'm gone


Fanfic / Fanfiction Oxygen - Chapter 1 - They gon' praise me even when I'm gone

Apenas observo o constante vai e vem do mar por um tempo. Deixo que o vento extremamente congelante da noite grude em meu rosto junto da maresia, tentando sentir algo, qualquer que seja o contato. De olhos fechados, me permito ouvir o incessante quebrar das ondas contra as rochas pontudas e afiadas lá em baixo. Imagino por um momento como seria simplesmente mergulhar de cabeça naquele abismo, rumo a escuridão total. Sentir o frio da noite arder contra o rosto até que não exista mais nada e tudo seja o mais puro silêncio. Com um suspiro, deixo que esses pensamentos se desprendam de mim.

Então finalmente dou mais alguns passos adiante, sentindo a terra embaixo dos meus pés se desintegrar minimamente, espalhando pedregulhos e poeira pelo ar, em um caminhada lenta até lá em baixo. Logo o punhal usado tem o mesmo destino, flutuando até cair no nada. Então eu me livro das luvas e também do boné. Esses últimos dois são um pouco mais persistentes, tentam voar em outra direção antes de finalmente percorrer o caminho que desejo que façam até o mar lá em baixo. Me afasto lentamente assim que percebo que o serviço está de fato completo, encerrado. Atrás de mim, posso ouvir um grande suspiro de impaciência. Mesmo sabendo o quanto está frio e o quando isso o deve estar irritando, não acelero meus movimentos e sigo calmamente em direção ao carro, provocando sua ira.

- Sua camisa está suja. Precisa se livrar disso antes do encontro. – quando abaixo minha cabeça na direção apontada posso facilmente localizar a grande mancha de sangue a qual se refere. Apenas dou de ombros, continuando meu caminho até o veículo.

- Se ele contrata alguém para fazer esse tipo de trabalho sujo, precisa aprender a lidar com um pouco de sangue... – minhas palavras não passam de murmúrios. No fim das contas eu sei que farei exatamente o que Jinyong pedir e acabarei trocando a porcaria da camisa para poupar os olhos sensíveis de meu empregador. Só estou aproveitando o momento. Enquanto estamos sós, na escuridão de uma noite qualquer, posso pelo menos ser um pouco mal criado e respondão. Novamente ele suspira, finalmente seguindo atrás de mim, cansado de minha postura.

- Apenas sente no banco de trás e se troque. – ele acelera os passos passando rapidamente a minha frente, fazendo questão de esbarrar em meu ombro com a maior força que consegue para que fique claro o quanto está chateado com o jeito como sempre resolvo lidar com as coisas. Um sorriso pequeno atravessa meus lábios, se isso fosse a 9 anos, teríamos iniciado uma briga feia.

Assim que entramos no carro, finalmente escapando do frio, me livro da camiseta suja que combina muito mais comigo a trocando por uma coisa social e certinha. É tão ridículo que tenho vontade de gargalhar. Não importa quanto tempo passe, nunca vou entender a necessidade das pessoas que trabalham nesse meio de se portarem como os mafiosos que aparecem na TV. Lá fora, no mundo real, eles realmente acreditam que alguém poderia esfaquear outra pessoa vestindo Versace? Bom, talvez acreditem já que nunca de fato precisaram se preocupar em sujar suas próprias mãos. Para isso existiam pessoas como eu.

Apenas jogo minha cabeça sobre o encosto do banco e me afundo no silêncio que faz ali dentro. Observo as paisagens que passam voando pela janela enquanto seguimos até a última e definitivamente mais aguardada parte desse serviço. Receber a grana. Pelo retrovisor posso ver que Jinyong ainda traz em seu rosto uma careta de inconformidade, deve estar pensando o que pode ter feito de tão errado em vidas passadas para merecer esse fim ao meu lado. Sorrio. Ele vai superar. Sempre supera.

No passado, quando não passávamos de moleques briguentos, fugindo de todo o tipo de reformatório onde tentavam nos enfiar, nossas brigas eram muito maiores e ferozes. Por vezes eu até duvidei se éramos de fato amigos. Foram tantos olhos roxos, concussões, braços deslocados... Lembro que a madre Ham-ram costumava nos dizer que agíamos como o próprio inimigo. Todos os domingos, dentro da capelinha do orfanato, ela repetia o seu sermão. “Vocês são a própria representação de Lúcifer!”. E então nós riamos e era quase sempre nesse momento que tudo voltava ao normal, as pazes eram feitas e esquecíamos tudo aquilo. Até a próxima briga...

Com o tempo acho que apenas ficamos mais cansados. Nossas discussões não passam agora de pequenas trocas de farpa. Muito educadas e curtas. Palavras zombeteiras no máximo. Estamos velhos! Perseguidos por lembranças de momentos tão ruins que nem nos deixam reagir. Por isso agora passamos tanto tempo em silêncio, tanto tempo pensando, quando antes tudo o que fazíamos era agir. No fim das contas, tudo que importava era que ele não fosse embora. Mesmo em meio aos nossos longos momentos no mais completo silêncio, sem realmente nada para dizer, ele era minha constante recordação de quem eu era. E disso eu não podia esquecer. Ou acabaria sucumbindo. Em meio as minhas tristes reflexões, finalmente chegamos no local combinado. Ainda sem nenhuma palavra ele desce primeiro do carro, abrindo a porta para mim logo em seguida. Tão logo ponho meus pés em terra firme, Park empurra em minhas mãos uma arma. Apenas brinco com a sensação do metal gelado contra minha palma desnuda por um tempo antes de guardá-la no cós de minha calça e partir de encontro aos homens que nos esperam mais à frente.

Mesmo dentro do galpão escolhido para ser o ponto de encontro faz frio. Enquanto caminhamos lentamente em direção a nossos anfitriões é possível ver as pequenas nuvens que nossas respirações formam no ar. Jinyong caminha bem a minha frente, determinado e sério. Ele consegue fazer esse papel muito melhor do que eu, com suas roupas caras e postura de quem sabe o que está fazendo. No canto mais distante do cômodo uma boa quantidade de homens de terno e pontos no ouvido nos aguarda. Quando finalmente estamos perto o suficiente o homem responsável por tudo que aconteceu essa noite se aproxima, se afastando pouco do seu círculo de proteção. Logo faço o mesmo, ficando ainda mais perto.

- Wang... sempre desconfiado. – não faço questão de esconder o que estou portando no momento. A camisa social ridícula na qual estou enfiado fica propositalmente levantada, deixando que minha pequena P-96M fique a mostra enquanto sigo na direção daquele enorme velho gordo.

- Senhor Lee. – me curvo, o saudando formalmente. – Sou um assassino... é da minha natureza ser desconfiado. É assim que me mantenho vivo. – ele engole em seco ao ouvir minhas palavras e atrás de mim Jinyong pigarreia, horrorizado com meu tamanho descaso, sempre preocupado em não chocar nossos clientes. Suspiro entediado.

- Tudo bem. Vamos acabar logo com isso. Tem alguma prova do serviço realizado? – olho ao redor, procurando o homem que deve estar responsável por guardar o dinheiro que me pertence em meio a quantidade enorme de seguranças que o velho trouxe consigo.

- Você vai receber uma ligação nos próximos quinze minutos. Polícia ou hospital... eles vão confirmar o “incidente”. Eu disse a ele o que tinha que dizer, tenho certeza que o ferimento não vai ocasionar risco de morte. Imagino que tenha disponibilizado a melhor equipe médica para cuidar disso, não? – ele apenas assente. – Pois bem, nesse caso ele irá sobreviver para contar o que ouviu. Vai achar que se trata de um ataque do lado inimigo e ai você pode usar isso a seu favor. – suspiro. - Enquanto aguardamos o contato meu amigo vai contar todo o dinheiro. Tem algum lugar para sentar aqui? Estou tão casado... Eu prefiro matar pessoas em escritórios ou casas de campo, baladas não fazem o meu tipo...

- Jackson, já chega! – arqueio as sobrancelhas, surpreso ao ouvir a voz de Jinyong se elevar. Levanto minhas mãos em sinal de rendição enquanto caminho tranquilamente em direção a uma poltrona próxima. Enquanto o segurança traz a maleta e ele prontamente começa a contar o montante, posso observar o homem rico me olhar enojado no outro canto do cômodo. Tudo bem por mim, o nojo é reciproco. Se eu pudesse, cuspiria em seus olhos. Nenhum homem deveria tentar matar o próprio filho apenas para causar comoção. Políticos... Como esperado, assim que a contagem das notas termina, o telefone do governador toca, confirmando o que aconteceu. Sua voz rapidamente muda, fingindo surpresa e dor e isso apenas aumenta minha vontade de puxar o gatilho.

- Eles disseram que ele foi gravemente ferido. Será necessário cirurgia, talvez ele não sobreviva. – informa assim que encerra a chamada. Apenas dou de ombros. – Você me disse que ele não correria riscos.

- Bom... eu disse? Desculpe, na verdade é mais um caso de 50% de chance sabe? – pisco. Praticamente espumando como um cachorro ele avança em minha direção, determinado. Sua caminhada é interrompida rapidamente pelas mãos ágeis de Jinyong, que o empurram para junto de seus seguranças.

- Você é um moleque insolente! – um bico se forma em meus lábios enquanto finjo remorso.

- Vamos senhor Lee, se ele morrer seu plano será ainda mais perfeito. Não se preocupe!

- Não quero que ele morra! – ele esbraveja.

- Então espero que tenha pago tão bem seus médicos quanto pagou a mim. – sorrio em sua direção, finalmente me pondo de pé. Novamente me curvo, fingindo um agradecimento. O movimento é cheio de cinismo e ironia e posso dizer que ele notou pelo jeito como me olha, fervendo de raiva. – É sempre um prazer trabalhar com o senhor. Tenha uma boa noite. – rapidamente dou as costas, não aguentando permanecer nem mais um segundo naquela presença. Dessa vez eu assumo o volante. Mas antes que possa subir completamente meu vidro, ele me chama.

 - Wang! Tenho um amigo interessado em seus trabalhos... - ele fala mesmo a contragosto. Passa as mãos rapidamente pelo terno que veste, tentando recuperar um pouco de sua postura. Ainda quer me matar ou pelo menos estragar o meu rostinho com um belo soco, mas é um homem de negócios e precisa agir como tau. O observo por um tempo pela janela aberta, franzindo o cenho o analisando minunciosamente, garantindo que não se trata de nenhum tipo de armadilha idiota.

- Você sabe que nunca fazemos um trabalho seguido do outro governador... – Jiny se pronuncia, ocupando seu lugar no banco ao meu lado. O velho apenas o ignora, mantendo seu olhar fixo sobre mim. No fim, ele parece sincero a respeito do que fala então apenas dou de ombros.

- Dependendo da quantidade de dinheiro envolvida... o senhor sabe onde me achar. – ao meu lado, Jinyong bufa, irritado, enquanto finalmente dou partida, saindo do local com os pneus cantando.

                                                                                      [....]

- Então... deixa eu ver se eu entendi bem. Você quer que eu cuide dele? – me estico sobre a mesa, observando atentamente o rosto do homem engravatado a minha frente. Sua expressão é fria e um pouco sinistra e ele está claramente incomodado com minha total falta de descrição. O ambiente do restaurante é mais chique do que posso suportar e meu comportamento rapidamente chama a atenção de algumas  pessoas nas outras mesas, recebendo olhares feios e cochicho contidos. Delicadamente, Park passa sua mão sobre minha coxa por baixo da mesa, tentando me alertar de alguma maneira e só então eu acabo voltando a minha posição original.

- Isso mesmo.

- Hm... – me ocupo por um tempo apenas apreciando o delicioso vinho escolhido por nosso anfitrião, absorvendo a informação que acabei de receber. – O senhor Lee realmente explicou que tipo de trabalho eu faço? – novamente o homem concorda, dessa vez usando apenas sua cabeça para confirmar. – Amigo, entenda... eu mato gente, não sou nenhum tipo de babá.

- Jackson! – Jinyong aumenta o aperto de sua mão em minha coxa. Seu rosto está completamente corado, totalmente envergonhado pela situação. – Pelo amor de Deus, cala essa boca. – o homem a nossa frente então ri. - Me perdoe, o que meu amigo quis dizer é que... isso que nos pede, não é bem o nosso perfil. - ele completa, apenas repetindo o que acabei de dizer com palavras mais delicadas enquanto reviro os olhos.

- Vocês são realmente umas figuras. Mas sim senhor Wang, estou ciente do tipo de trabalho que presta. E é exatamente disso que meu empregador precisa. Alguém com a sua postura para introduzir seu protegido nesse meio.

- A minha postura? – questiono incrédulo. Ao meu lado, Jinyong parece ainda mais chocado que eu. Talvez eu seja um excelente profissional sim, um homem conhecido em meu meio, mas jamais havia sido elogiado pela minha "postura". 

- É... não exatamente sua postura. Suas... habilidades. – então é a minha vez de sorrir.

- Você acha que nós somos tipo assassin's creed?*

- Acho que talvez possa mudar sua opinião sobre a situação e encarar com um pouco mais de seriedade se ouvir quanto pretendemos pagar por isso. – apenas gesticulo com a mão, dando a entender que deve continuar com sua fala. – Um milhão de dólares pelo primeiro ano.

- Dólares? – questiono desacreditado

- Dólares. – ele confirma. Suspiro, extasiado com a quantia. Viro meu rosto na direção de Jinyong por um momento e apenas discutimos a situação pelo olhar, em completo silêncio. No fim de nosso dialogo imaginário, volto a me virar na direção do engravatado.

- E o que exatamente preciso fazer? Qual é o real trabalho?

- É exatamente como entendeu senhor Wang. Estamos passando por momentos difíceis, contamos com a sua eficiência para protegê-lo nesse período. E ensinar a ele tudo que sabe. Eu sei que no passado alguém também o ensinou... – engulo em seco ao ouvir suas palavras. Memórias vívidas enchem minha mente e preciso chacoalhar minha cabeça para que elas saiam de lá, me permitindo focar no presente.

- E você tem certeza que deseja que ele tenha esse tipo de vida? – ele apenas confirma com a cabeça.

- Esse é o desejo do meu empregador.

- Então o traga até mim na segunda. Preciso que saiba das condições. Eu nunca vou lhe dizer onde estamos exatamente. Eu preciso de algum dinheiro mensalmente para nos manter na estrada. Ele não terá direito a telefones ou eletrônicos de uso pessoal, só o que eu fornecer,se fornecer. E lembre-se... se ele vai fazer isso, não posso garantir 100% de integridade física.

- Farei com que meu empregador fica a par de tudo isso. – assinto.

- Certo. Então nos vemos em breve. – rapidamente me levanto, me afastando da mesa sem me despedir de fato. Jinyong fica para trás, fazendo os acertos finais como de costume.

- Você pode entrar em contato conosco por esse número, mas só até segunda. Depois disso, será difícil de nos achar. – ele diz. Sua cadeira arrasta levemente contra o chão quando finalmente levanta. – Mais uma coisa, qual o nome do... futuro estudante?

- Im Jae-Beom



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