História P u r e - Prólogo - A entrevista de emprego

Eu estava nervosa diante daquele casarão. Quando vi o anúncio no jornal, sabia que iria assessorar uma empresária, mas não imaginei que fosse uma magnata. Fala sério, eu não conseguia me imaginar morando dentro daquela mansão e muito menos convivendo com uma pessoa digna de ter uma casa daquele tamanho, com piscina na fachada, totalmente luxuosa dentro de um condomínio de luxo.

Argh! 

Bufei. Com certeza deve ser uma dessas madames de nariz empinado que se acham a última Coca-cola do deserto. E com certeza deve ser insuportável. Ah, com certeza não serei contratada.

Olhei para o folheto que eu tinha em mãos. Parecia tão simples o anúncio...

Necessito de uma assessora para me ajudar com atividades de rotina durante o dia-a-dia. Esta poderá viver na minha casa e desfrutar do mesmo luxo que eu. Para isso basta ter algumas noções básicas de conhecimento, ser prática e segura. Principalmente, preciso de alguém de confiança. Favor ligar para o número 7899-0999 caso esteja interessada. Fale com Catherine Lamonier, empresária.

Eu sou uma pessoa de confiança, então criei coragem e entrei na casa. Fui recebida por uma empregada diferente. Geralmente as empregadas usam uniformes, mas aquela empregada, que se apresentou como Meg, usava um uniforme curtíssimo e sensual, como se fosse uma stripper prestes a tirar a roupa e me olhava como se fosse me devorar. Isso me deixou um pouco assustada, confesso. A Meg me levou até o escritório e praticamente me empurrou para dentro.

A Srta. Catherine, ruiva, jovem, bonita e elegante, sem a menor cara de empresária, usava um vestido que lhe caía muito bem e jóias discretas por várias partes do corpo, além de um batom vermelho que lhe dava um tom ainda mais jovial. Ela devia ter uns trinta anos e parecia ter uns 23. Me senti tão pequena, com a minha calça jeans, a minha blusa branca simples, jaqueta e tênis. Quis saltar pela janela.

A coisa piorou quando Catherine começou a me analisar com os olhos, sem esboçar nenhuma expressão. Então ela se levantou e ergueu uma sobrancelha.

— Você é...?

— Amélia. Amélia Ferraz.  — Estiquei a mão para cumprimentá-la, ela encarou a minha mão, assentiu e voltou a se sentar.

É isso mesmo? Essa madame vai ignorar o meu cumprimento? Ah, céus, não serei contrada.

Eu me sentei, já intimidada.

— De onde você é, Amélia? — Ela perguntou. Catherine Lamonier tinha uma voz muito sexy e suave que só fez com que eu ficasse ainda mais intimidada.

— Do interior, Srta. Catherine — respondi. — Eu vim do interior.

— E o que te trouxe a São Paulo?

Pensei em inventar qualquer baboseira, mas disse a verdade:

— Sede de liberdade.

Ela pareceu gostar da minha resposta e ergueu a sobrancelha. Deu uma olhada nos papéis e voltou a me olhar.

— Amélia Ferraz, 23 anos, solteira... Sem filhos?

— Sem filhos.

— Disponibilidade de horário?

— Total.

Ela me encarou.

— Você é uma pessoa de confiança, Amélia?

— Sem dúvida, senhorita — respondi.

— Ok, levante-se — ela ordenou.

Eu me levantei pronta para ir embora.

— Agora tire a roupa.

Eu me assustei e a olhei de olhos arregalados.

— Você tem algum problema com o seu corpo? — ela perguntou, me olhando naturalmente, como se me pedir para tirar a minha roupa fosse algo comum em entrevistas de emprego.

Nem me movi.

— Bem, pensei que você pudesse me surpreender, Amélia, mas...

Eu tirei a jaqueta e ela se calou, me observando. Tirei a blusa e depois a calça jeans. Fiquei só de roupa íntima na frente de uma estranha. Catherine não esboçou nenhuma reação ao ver o meu corpo e me pediu para girar, para me aproximar, para fazer isso e aquilo enquanto fazia algumas anotações, depois finalmente disse que eu podia me vestir.

Eu me vesti e me sentei novamente.

— Eu serei contratada, Srta. Catherine? — questionei.

Ela me lançou um olhar enigmático:

— Se for, você será avisada.