História Páginas de um diário - Noart - Tudo sobre Ryan Fenning - Parte 1

Noah Urrea

- Noah, por favor. - Ela pede assim que termino de ler.

- Por favor o que? - Me faço de desentendido.

- Vamos ler o diário. - Chegamos aonde eu não queria.

- Sina... -

- Nada de mas, Noah. A gente precisa ler esse diário! -

- Tudo bem. - Concordo relutante e me levanto.

[...]

Fomos no meu quarto para pegar o livro e resolvemos ir ao quarto de Sina para ler. A nova colega de quarto dela iria sair hoje de tarde e só voltaria no outro dia, problemas para resolver. Como o sol já estava quase se pondo, ela já deve ter ido embora.

Nos sentamos lado a lado, encostados na cabeceira da cama.

- Antes de tudo, me promete uma coisa. -

- O que? -

- Não importa o que esteja escrito aqui. - Aponto para o livro em minhas mãos. - Se você não conseguir mais, a gente para de ler! -

- Tudo bem. -

Viro a capa me deparando com a primeira página.

(Kally: ATENÇÃO NAS DATAS!)

-X-
 

(Kally: Esse símbolo é o que indica quando eles estão ou não lendo o livro. As frases do livro vão estra em itálico também.)

04 de Setembro de 2019

Eu não sei onde estou. Como vim parar aqui. Ou sequer se vou sair daqui. As únicas coisas que deixaram comigo foi esse livro, uma caneta, e meu relógio. Tirando esses, todos os outros pertences que eu tinha foram levados.

Lamar Morris. Ele me ofereceu carona e parecia tão calmo, verdadeiro. Como eu não me lembrei desse cara?

Ele deve ter uns 25 anos no máximo. Já foi lá em casa algumas vezes quando eu era menor, mas apenas o vi de costas. Ex-sócio do meu pai, mas pelo que descobri, o senhor Fenning expulsou ele da empresa.

Sei que ninguém vai ler esse livro, vou esconde-lo com minha alma, mas, se você estiver lendo, saiba que nem eu imagino o que esperar daqui para frente.

08 de Setembro de 2019

O lugar que eu estou é silencioso. Provavelmente um porão, mas também é muito bem arejado para estar debaixo da terra. Pode ser um sótão ou algum galpão abandonado.

Já escutei a movimentação no local, quase sempre nula. A maioria das vezes, parece ser um homem alto, passos firmes e um daqueles calçados que só senhores de idade ou ricos usam. Acho que é Morris, ele aparece quase sempre pelo horário do almoço, anda de uma lado ao outro da parede, volta e escuto seus passos descendo.

Há uma escada do lado direito, próxima ao quarto em que estou!

O segundo som é um pouco mais leve, mas ainda assim estridente. Um salto talvez. Provavelmente uma mulher, também alta. Ela aparece menos frequentemente, geralmente em horários opostos a Morris. Vigia noturna, talvez.

O terceiro e último passo é o mais delicado de todos, pelo som, deve ser um pouco mais baixa que Sina. Escutei apenas duas vezes quando estive aqui. Uma delas no meio da tarde, quando não havia ninguém, e outra no meio da noite. A segunda, estava acompanhada pelos passos da mulher alta, que se desfizeram na escada. Antes que a mais baixa pudesse caminhar para longe, escuto uma voz perto da porta que supuz ser dela, seu inglês tem um sotaque britânico, mas não acho que seja da inglaterra. Algum lugar nas redondezas talvez. Essa disse algo sobre "o garoto morrer de fome". Se estava falando de mim, realmente estou faminto.

Todo dia que acordo, tem um prato de comida numa mesa de madeira bem destruída. Além de um colchão com as molas ferradas, um banheiro e um bebedouro, não há mais nada no quarto.

Tem alguém subindo.

-X-

Paro de ler por um momento para respirar e me acalmar. Já escureceu, provavelmente são umas seis horas.

- Ele foi... -

- Sequestrado. - Completo a frase de Sina, tão aterrorizado quanto ela.

- Você acha que... -

- Sem dúvidas, vingança. Espero que o Ryan também saiba disso. - Sento-me novamente ao seu lado.

Eu não sei se consigo continuar lendo, mas a curiosidade também é grande.

-X-

A garota dos passos delicados. Baixinha, como esperava, e loira. Estava usando um óculos escuro que me impedia de identifica-la, mas suas feições eram incríveis, como de um anjo.

Ryan, limites!

Ela não disse nada, apenas parou para me observar por um instante, não conseguir ver seus olhos, mas aparentava ter medo ou angústia com admiração.

A garota me entregou alguns remédios. Um para tétano, dor de cabeça, e o último, apenas esparadrapo com algodão. Percebi que havia um corte na lateral do meu braço, um pouco escondido pela poeira, mas estava lá.

Saiu sem dizer nada e escutei apenas a porta sendo fechada. Se não tem tranca diretamente nela, provavelmente está fechada por um cadeado. Ótimo, mais fácil escapar assim.

14 de Setembro de 2019

A garota dos passos delicados apareceu aqui mais algumas vezes. Sempre tarde, quando, aparentemente, não tem ninguém em casa.

Nas últimas duas vezes, consegui fazer com que ela me respondesse. Não descobri muita coisa, apenas seu nome. Joalin.

Seja como for, um nome de princesa para uma princesa.

Uma das vezes que entrou, pensou que eu estava dormindo e colocou minha comida na mesa. Com os olhos semicerrados, pude ver que estava sem os óculos. Ela é realmente muito bonita e seus olhos tem uma tonalidade clara que me transmitem tranquilidade.

Nesses últimos três dias, não escutei os passos de Morris ou da garota alta. O que será que aconteceu?
 

Who's that shadow holding me hostage?
I've been here for days
Who's this whisper telling me that I'm never gonna get away?

I know they'll be coming to find me soon
But I feel I'm getting used to
Being held by you

(Quem é essa sombra que está me mantendo refém?
Eu já estou aqui a dias
Quem é esse sussurro que diz que eu nunca vou escapar?

Eu sei que eles vão vir me procurar logo logo
Mas eu sinto que estou me acostumando
A ser mantido por você)
 

(One Direction - Stockholm Syndrome)
[Tradução livre, a autora que vos fala]
 

Capítulo escrito por Kally