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História Pai Urso (ABO) - Novo integrante da família


Escrita por: IchygoChan

Capítulo 18 - Novo integrante da família


Fanfic / Fanfiction Pai Urso (ABO) - Novo integrante da família

— Pai, o que é aquilo? — o pequeno apontou a construção.

— Um canil, Haru.

— O que é um canil?

— É um abrigo para cães abandonados.

— O que é abandonado?

Eijiro pensou um pouco em como deveria responder. Haru estava na fase das perguntas e Deus, ele tinha muitas e as fazia sempre em uma torrente praticamente infindável. Como pai ele sempre se esforçava para poder responder e não deixá-lo na dúvida, contudo preferia quando Katsuki estava por perto por ele ser melhor para explicar conceitos abstratos como aquele.

— É quando alguém fica sem casa.

— Sem pai e papai, ou irmã?

— Mais ou menos isso, Haru.

O pequeno alfa alternou o olhar penalizado entre o sorvete em sua mão e o canil, visivelmente incomodado com a resposta enquanto tentava absorver a ideia.

— Então eles estão sozinhos?

— Não mais, eles tem os cuidadores do canil para ficar com eles.

— É, mas eles não tem uma casa para voltar e os cuidadores vão para a casa deles, e os cachorrinhos ficam — os dedos se tornaram um tanto frouxos e seus olhos encheram de lágrimas — Eles estão chorando, sozinhos, pai...

Aos seis anos Haru demonstrava uma empatia monstruosa por toda e qualquer criatura que pudesse estar viva, e as vezes essa empatia se estendia até mesmo aos objetos inanimados. Se compadecia facilmente de qualquer situação e sempre estava disposto a abraçar e acolher quem quer que fosse. Certa vez negou-se a comer um milho porque achou que estaria matando os filhotinhos do milho se comesse os grãos e passou horas chorando por ver que as pessoas os comiam indiscriminadamente. A solução foi deixá-lo dormir com o milho cozido até que ele compreendesse que não havia nada de errado em consumi-lo. Foi um verdadeiro teste de paciência proposto pelo próprio Katsuki que não queria arrancar o milho a força e magoar o filho, mas obrigou-o a ensacolar pelo menos.

Agora estavam ali, em frente a um canil municipal, o queixo de Haru batia consternado enquanto ele deixava as lágrimas descerem, compadecido da situação. O sorvete esquecido em sua mão já tinha derretido parcialmente, cobrindo suas mãozinhas com uma espessa camada marrom grudenta.

Oh, céus, ele iria chorar por dias afinco e convencê-lo a voltar ali para salvar os cachorrinhos, sem dúvida. Logo era mais fácil aceitar a derrota do que lutar contra a certeza.

Eijiro então se abaixou para ficar na altura do filho e enxugou suas lágrimas com a ponta dos dedos, extremamente sentido por vê-lo chorar. Katsuki provavelmente não ia gostar, mas ele não podia negar.

— Que tal se nós formos lá visitá-los então?

— Podemos levar eles para casa?

— Não, acho que isso não vai dar, meu filho o papai... — parou ao ver que ele ia iniciar o choro, fechando os olhos por se sentir monstruoso ao negar aquilo — ... não, filho, por favor, tente entender o seu pai, não vai dar certo, a gente tem que conversar primeiro com o papai.

— M-Mas... eu... eu não quero que eles fiquem sozinhos — os soluços interrompiam sua fala.

— Eu também não, Haru — puxou-o para um abraço beijando sua testa — Escuta, não podemos levar nenhum, mas podemos visitar, isso não é bom?

— Um pouco.

— Então vamos fazer isso, a gente entra e vê eles, ok? Mas não vamos levar nenhum até conversar com o papai.

(...)


Ele sabia que Katsuki ia surtar, mesmo assim acabou tomando a decisão sozinho.

- Um cachorro, Eijiro? Sem nem me consultar antes, ainda por cima! - esbravejou contendo a voz para que Haru não escutasse - O que deu na sua cabeça?

- Eu não pude negar, nós passamos perto do canil e ele ficou com pena dos cachorrinhos.

- Podia pelo menos ter ligado antes, não?! Não acha que eu deveria saber de algo assim?

- Essa era a intenção, Suki, sabe que eu não tomaria uma decisão dessas sem você.

- O cachorro no quintal me diz exatamente o contrário! - apontou para o pequeno vira-lata meio cego que corria atrás de Haru - Como que ele consegue correr tendo apenas três patas?

- Eu também não sei - aproximou-se da janela, sorrindo ao ver o filho rolar na grama com o filhote, gargalhando feliz enquanto recebia uma enxurrada de lambidas - O Haru ficou apaixonado por ele quando o viu, disse que era o mais sozinho de todos eles e quis adotar, eu não podia dizer não.

- Ah, você podia sim e devia, inclusive. - Katsuki ralhou, afastando-se e pegando o celular para conferir algumas mensagens - Inclusive vai resolver esse problema devolvendo o cachorro.

- O que? Suki, eu não posso fazer isso - aproximou-se tentando argumentar gesticulando impaciente - Como que eu vou falar isso para o Haru?

- Você arranjou o problema, você resolva - informou saindo da cozinha e pegando a chave da moto - Vou buscar a Yumi no Karatê e quando eu voltar quero esse cachorro no abrigo e o nosso filho no quarto.

- Vai magoar ele, desse jeito.

- Haru tem que aprender que não pode ter tudo. - colocou o casaco, ajeitando-o no corpo antes de pegar o capacete sobre a mesa - Não se esqueça que ele quase morreu de alergia quando tinha dois anos.

- Eu não esqueço, mas não foi por causa do cachorro e você sabe disso. Na verdade ainda nem sabemos o que foi o causador, pode ter sido qualquer coisa!

- Pode, mas enquanto não temos certeza é melhor não arriscar.

- Se fosse alergia a pelos de animais não acha que já teria dado alguma reação?

- Eijiro, não me faça ter que repetir as mesmas coisas. - respondeu estafado.

- Eu não vou, só tenta entender o meu lado aqui - acompanhou-o até a garagem ainda tentando dissuadi-lo - Suki, eu sei que está sendo protetor com o Haru, mas não precisa surtar por cada coisinha.

O ômega parou subitamente, voltando-se para o esposo e o encarando com o semblante fechado.

- Sim, talvez eu seja um pouco paranóico com o Haru, quem sabe isso seja porque nós quase o perdemos cinco vezes desde que ele nasceu - o alfa ia falar, mas foi cortado por Katsuki que ergueu a mão, mostrando os dedos enquanto elencava as situações - Quando ele engasgou com o maldito carrinho, quando teve o episódio de alergia, no maldito acidente com a van da escola, o quase afogamento na banheira e o sequestro dele pelo maldito do Dabi. Cinco, Eijiro, e ele acabou de completar seis anos não tem dois meses. Sem contar as vezes que a Yumi quase deu ele para o vizinho, quando ele saiu andando por conta própria segurando na mão de estranhos e o fato de ele nascer sem que eu nem ao menos soubesse que o estava esperando, levando todo tipo de contusão e me expondo a riscos. - resfolegava ao final, o maxilar travado e os olhos carregados de lágrimas - Foram tantas oportunidades para que nós o perdessemos que é como se o maldito universo estivesse conspirando para levá-lo embora de uma vez.

Eijiro ergueu a mão, cobrindo a dele com o olhar condescendente.

- Mas ele não foi, não é? Mesmo com tudo isso acontecendo ele ainda está aqui.

- Sim, está - concordou, afastando-se e subindo na moto - Mas eu não vou dar oportunidades para o azar. Vou buscar a Yumi, você já sabe o que fazer.

Sem mais falar, Katsuki colocou o capacete e abriu o portão automático, dando partida e saindo sem nem mesmo olhar para trás. Eijiro suspirou colocando a mão na nuca enquanto pensava no que estava para acontecer. Aproximou-se do filho risonho e exausto; embora totalmente sujo de terra e grama e se agachou ao seu lado.

- Haru, nós temos que conversar.

(...)


Yumi chegou em casa exausta da aula, esparramando-se no sofá como se pudesse se unir a ele fisicamente, os dedos trabalhando preguiçosamente na tela do celular. Se quando criança não tinha muita paciência para certas coisas, agora adolescente tinha menos ainda, sempre resmungando e reclamando de tudo e de todos.

Conversava com alguns amigos por mensagens até notar o olhar cabisbaixo do irmão que entrou na sala com o semblante angustiado, sentando no tapete de costas para si. Puxou uma das almofadas com o pé lançando-a nele para chamar a atenção.

- O que houve, Urso Panda, porque essa cara de bunda? Alguém comeu as suas ervilhas de estimação? - riu da própria implicância, até perceber o som do choro dele. Isso a fez largar o celular e escorregar do sofá pelo tapete em direção a ele - Opa, o que foi que aconteceu? Porque está assim? Algum menino te bateu? Pode falar, eu arrebento seja quem for.

Abraçou-o deixando que ele se aconchegasse em seu colo, penteando os cabelos longos e negros dele com a ponta dos dedos suavemente. Ia matar quem quer que tivesse deixado seu irmão daquele jeito.

(...)


Sem dúvida, ela não poderia matar quem havia magoado Haru, simplesmente porque eram seus pais, e o motivo de não poder fazê-lo estava longe de ser por eles a sustentarem, mas sim por amá-los.

Conquanto naquele momento ela não os amava.

Caminhou decidida até a cozinha onde ambos estavam ocupados tendo mais uma discussão silenciosa, quase aos murmuros, o que a fez revirar os olhos e bater na mesa para chamar a atenção.

- Por que diabos fizeram aquilo com o Haru? - indagou azeda, seu olhar indo de um para o outro.

Katsuki fechou o semblante, aproximando-se da mesa e a encarando com severidade.

- Esse tipo de comportamento, nós já falamos sobre isso. - avisou.

- Dane-se o meu comportamento, quem liga para isso! - exclamou irada - O Haru tá lá em cima se acabando de chorar e o senhor preocupado como que eu falo? Eu estou preocupada é com ele.

- Caso tenha se esquecido, eu ainda sou o seu pai e a sua preocupação não é desculpa para que eu aceite esse teu comportamento petulante.

As palavras dele agiram como um breve calmante, fazendo os pensamentos assentarem um pouco.

- Tudo bem, me desculpe, eu só não entendo o motivo.

- Não tivemos outra escolha.

- Como não? Sempre há outra escolha. - rebateu ríspida, diminuindo o tom diante do olhar do pai - Dar a ele um bichinho de estimação para depois tirar foi simplesmente maldoso.

- Yumi, eu realmente não quero ter que discutir isso com mais alguém, então, por favor, volte para a sala ou seu quarto, sei lá, apenas me deixe terminar a conversa com o seu pai.

- E fazer o quê? Acha que posso mesmo ficar na sala enquanto o Haru está triste? - fechou os olhos contendo a amargura e raiva dentro de si - Quer saber, que se foda, eu vou ficar com ele e tentar animá-lo um pouco já que vocês não se importam com isso.

(...)


Como poderia alguém tomar uma decisão pensando no bem estar do filho e se odiar tanto por isso?

Katsuki realmente acreditou que estaria certo ao pedir que Eijiro devolvesse o filhote ao canil, jurou para si mesmo que era a melhor opção, pensando que assim os pouparia de mais sustos e manteria Haru a salvo, contudo, foi a decisão mais estúpida que poderia ter tomado e ele agora tinha ciência disso, uma vez que, no final, nem ele mesmo conseguia se convencer do contrário.

Por isso ele tomou a decisão de ir ao canil naquela tarde depois do expediente de trabalho. Os funcionários foram gentis e atenciosos e logo o levaram ao espaço onde os cães para doação dormiam e ele logo o reconheceu. Não que fosse difícil distinguir um pequeno cachorro caolho e com três patas no meio de outros tantos, era até fácil demais.

Pegou o cão, levou-o a um veterinário e ao petshop antes de voltar para casa. Em sua mente ele repassava os últimos acontecimentos, se sentindo tão burro e insensível por ter sido impetuoso que tinha vontade de explodir a própria cara.

Como previsto, Haru estava no jardim, com o olhar amuado enquanto quebrava um graveto em várias partes. O cabelo estava preso em um coque alto, bem frouxo e mal feito o que o fez rir por imaginar ser obra do esposo. Ele sempre seria péssimo em penteados, não importa quanto tempo passasse. Yumi estava ao lado de Eijiro, ajudando com as rosas, as luvas e macacão sujos de terra. Felizmente não passava pelo mesmo problema com o cabelo por ter optado por um corte curto, bem acima das orelhas. Tinha ficado charmoso e Katsuki agradeceu por isso, afinal ele sabia que combinava mais com a personalidade intempestiva dela.

Buzinou ao entrar na garagem, abaixando os vidros e chamando o filho.

- Haru, tem como vir ajudar o papai a descarregar?

O pequeno olhou para ele com o semblante triste, balançando a cabeça sem energia alguma.

- Tenha cuidado, é um pacote muito frágil. - avisou enquanto abria a porta de trás.

Se Katsuki tivesse uma câmera na hora ele teria, sem dúvida, filmado o momento em que os olhos de Haru se abriram em um semblante de pura felicidade, gritando extasiado quando o filhote se jogou em sua direção, lambendo-lhe o rosto de modo animado enquanto gania.

- Taiyo! - gritou animado segurando o cachorro no colo e correndo para o pai - Pai! Olha, o Taiyo voltou!

Katsuki riu, abrindo o porta malas e descarregando as compras que tinha feito, absorvendo a animação que fluia ao redor. Assim era bem melhor, como se tudo estivesse novamente em harmonia.

- Obrigado, papai! - Haru o surpreendeu abraçando-o pela cintura e Katsuki abaixou ao lado dele, beijando as enormes bochechas coradas que ele parecia que nunca ia perder.

- Depois nós vamos conversar sobre as suas obrigações com o Taiyo, certo? - Haru assentiu com um manear de cabeça, abraçando-o de novo.

- O senhor é o melhor papai do mundo - afirmou.

- E você é o melhor Haru dessa casa. - brincou apertando o nariz dele com a ponta dos dedos.

- Eu sou o único Haru dessa casa.

- Então está perfeito. Agora vai brincar com o Taiyo antes que tenha que entrar para jantar.

Observou-o sair em disparada pelo gramado, correndo e chamando o filhote que conseguia acompanhá-lo mesmo com as limitações. Ocupou-se em descarregar o carro sem sequer notar a aproximação do alfa.

- Sem dúvida é o melhor papai do mundo - Eijiro endossou, abraçando-o por trás.

- As suas calças ainda estão cheias de terra, sabia?

- Sim, eu sei. - beijou-lhe a orelha causando arrepios no ômega que chiou - O que te fez mudar de ideia?

- Um alfa estúpido e um filhote ômega irado.

- Não foi a única coisa, eu sei que não.

- Ah, você quer que eu admita que fiquei com remorso? Pois vai morrer esperando por isso. - virou-se colocando as sacolas nas mãos de Eijiro - Agora me ajude a descarregar esse carro e fazer o jantar que temos um novo familiar para alimentar hoje a noite.

Eijiro sorriu, deixando as compras de lado e o puxando para um abraço carinhoso.

- Obrigado por sempre cuidar da gente, amor. - seu tom de voz era suave e amoleceu o coração de Katsuki que passou a acarinhar suas costas largas, fechando os olhos e suspirando feliz.

- Obrigado por serem a minha família. - agradeceu aproveitando o abraço por um tempo antes de se afastar - Agora vamos, temos um jantar para dar conta. 



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