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História Pai Urso (ABO) - Castigo


Escrita por: IchygoChan

Capítulo 9 - Castigo


Fanfic / Fanfiction Pai Urso (ABO) - Castigo

Para Yumi haviam castigos aceitáveis e até compreensíveis sob certa perspectiva, aqueles dos quais não reclamaria tanto, apesar de nunca acreditar merecer nenhum por ser uma filha exemplar. No entanto, aquele era absurdo, uma afronta ao seu orgulho pessoal. Ter que vigiar o irmão era como a morte, ainda mais por não achar justa a penitência, afinal ela só tinha cometido um pequeno deslize, nada que pudesse ser considerado realmente terrível. 

— Eu não fiz nada demais, pai! — tentou se defender, gesticulando com o semblante inconfundível de quem acredita estar sendo injustiçada — Eu só fiz porque ele pediu!

Eijiro suspirou cansado, apertando a base do nariz com os dedos enquanto pensava, provavelmente grato por Katsuki não estar em casa. Haru balbuciava em seu colo, mastigando os dedinhos enquanto rosnava, babando mais do que o comum por conta dos dentes que começavam a despontar. 

— Yumi, como ele pode ter pedido para você o prender no armário da cozinha?

Sem saber como responder ela desviou o olhar, juntando as sobrancelhas como se estivesse com raiva e cruzando os braços. 

— Ele ficou olhando para a porta, era como se estivesse me pedindo — defendeu-se — Além de que foi ele que entrou lá, eu não fiz nada. 

— E como exatamente ele conseguiu abrir a porta sozinho? — indagou, desviando o rosto a tempo de evitar que o bebê enfiasse o dedo em seu olho direito. 

— Tudo bem, talvez eu tenha aberto. — confessou sem jeito. 

— Talvez?

— Tá bom, eu abri, pai, mas não o coloquei lá dentro, eu juro! 

O alfa passou alguns segundos fitando-a nos olhos, como se tentasse desvendar seus segredos mais profundos enquanto Haru segurava e apertava seu rosto com as pequenas mãos gordas e babadas, tentando beijá-lo quando na verdade o máximo que conseguia era encostar a boca aberta em suas bochechas, resmungando sem conseguir fazer o movimento adequadamente. Não demorou para se afastar, reclamando dos pelos da barba que entraram em sua língua. 

Yumi não pode negar que era engraçado e que teve que segurar uma risada. O pequeno alfa parecia um filhote de peixe, sem cérebro algum.

— Sabe o que o seu papai diria se fosse ele a encontrar a cena, Yumi?

Oh, ela sabia, por todos os infernos. Ele ia ficar extremamente possesso e tiraria seus privilégios de criança por algumas semanas ao enviá-la ao castigo e definitivamente ela não gostaria disso. 

— Por favor, pai, não conta para ele. — tentou apelar juntando as mãos como se estivesse orando — Eu prometo não fazer de novo. 

Apesar de ser um alfa enorme, Eijiro era muito mais tranquilo para resolver os assuntos que o outro pai. Yumi achava uma graça ele ser tão carinhoso mesmo sendo enorme e um tanto assustador. 

Para a sua surpresa ele se abaixou a sua altura, olhando-a nos olhos como se fosse aplicar um castigo terrível. 

— Abra os braços. — instruiu, colocando o bebê no colo dela quando ela o fez — Você vai passar um tempo com o seu irmão, sem brigar, tentar doar ou prender ele, está ouvindo?Apenas dois irmãos brincando.

Não havia como Yumi fazer uma careta mais incômoda e cheia de terror.

— Ah, não, pai, tem um castigo menos pior não? — reclamou chateada.

— Isso não é castigo, Yumi, estou apenas garantindo que você passe mais tempo com o seu irmão sem querer fazer algo de mal com ele — aproximou-se ajeitando a presilha que impedia que os cabelos de Haru caíssem em seus olhos, recebendo um sorriso de dois dentes e resmungos incompreensíveis de volta — Vai ser pouco tempo, apenas o suficiente para eu poder terminar o almoço.

Haru olhou para a irmã sorrindo e esticando os dedos babados em sua direção o que fez Yumi colocá-lo no chão para evitar ser tocada.

— Ele está todo babado, pai! Eu não quero ter que ficar com ele.

O alfa riu, levantando e buscando um paninho com o qual limpou a boca do filho. 

— Você não vai ter que ficar com ele para sempre, apenas enquanto eu cozinho, ok? É uma irmã mais velha agora, é seu dever proteger o seu irmão. 

— Eu não quero ser irmã mais velha, ninguém me perguntou se eu queria — desviou de mais um beijo do bebê — Para de me babar, Haru!

— Prefere que eu conte ao seu pai e deixe ele resolver o castigo que prefere te dar? — ofereceu a barganha. 

— Não, eu fico com ele — desceu o bebê do colo, colocando-o no chão e esperando que se equilibrasse nas duas pernas antes de segurar sua mão e o guiar para fora.

E foi assim que parou no quintal, sentada no gramado enquanto via o irmão se abaixar para mexer em alguns brinquedos. Ele havia começado a andar a pouco tempo e ainda não tinha muita coordenação, então caía de bumbum no chão com muita frequência, isso quando não rolava parecendo uma pequena bola.

Era bonitinho, não podia negar. Principalmente quando ele ria. O som era leve e contagiante, vindo em ondas sempre que ele a encarava com aquela cara redonda de bochechas gigantes. Parecia um bebê propaganda da Michelin, cheio de dobras, tão fofo que todo mundo queria agarrá-lo na primeira oportunidade.

No entanto, ele não a comprava apenas com sorrisos e fofura, se quisesse teria que fazer mais.

Levantou-se para fechar a porta de sua casa de brinquedos, não querendo que o irmão entrasse e bagunçasse tudo.  Ao vê-la de pé ele se adiantou em sua direção, gingando e resmungando.

Diferente da irmã ele já aparentava ter uma personalidade tranquila e risonha, sempre indo atrás dela o que irritava profundamente Yumi. 

— Para de me seguir, Haru, deixa de ser grudento! — reclamava sempre. 

Ele se afastou, cambaleando enquanto tentava correr atrás dela para abraçá-la de novo, as pequenas pernas ainda levemente arqueadas o fazendo gingar em um ritmo engraçado.

— Uba, ubaua! — gritava atrás dela, animado enquanto gargalhava, acreditando ser tudo uma brincadeira. 

Então ele parou abruptamente depois de olhar para o chão ao notar sua sombra que se espichava pelo gramado. No primeiro momento apenas tentou se afastar, pisando de modo inseguro. Cada passo para trás parecia ser o derradeiro que o levaria ao chão de tanto que balançava perdendo o equilíbrio, então ele começou a se afastar, tentando fugir da própria sombra, gritando de pavor ao perceber que ela o seguia. 

Yumi não acreditou quando o viu correr da própria sombra, parecia tão estúpido que imediatamente revirou os olhos. 

— Deixa de ser tonto, é só a sua sombra! — ralhou se aproximando dele. 

Haru continuou a gritar e correr, balançando como se estivesse andando sobre uma corda bamba até que caiu no chão, quase em câmera lenta, primeiro batendo a bunda pra depois rolar, ainda chorando apavorado. 

Com cuidado, ela o recolheu, colocando em seu colo um tanto desajeitadamente enquanto apontava para a sombra. 

— Tá vendo? Não tem nada demais, é só a sombra. Não pode ficar com medo de tudo, seu bobo. 

Ele não conseguia se concentrar em nada mais que não fosse o próprio medo, então Yumi resolveu tomar medidas enérgicas. 

Embrulhou-o no colo como pôde, o abraçando e aromatizando. Calmamente começou a cantar para que ele se acalmasse, como o pai fazia com ela quando era noite de tempestade, acariciando os cabelos dele com a ponta dos dedos. 

— Tá vendo, não tem nada demais — disse mais branda quando ele diminuiu o choro — São apenas sombras, elas não vão te pegar, nem eu vou deixar. 

Haru parou de chorar, esfregando o rosto na camisa dela enquanto segurava o tecido com as mãozinhas cerradas. Nem mesmo se importou com a quantidade de ranho e saliva que ele deveria ter deixado, afastando-o e retirando os cabelos da testa dele antes de beijar. 

— Nossa, Haru, você tem muito cabelo — brincou sorrindo ao ver os fios voltarem para a frente do rosto dele enquanto ele esfregava irritado por caírem nos olhos — Parece aqueles cachorro que os pelos caem no rosto. 

Ele sorriu com seus únicos dentes, apertando as bochechas e olhos em resposta. Não podia negar que o irmão era lindo, seria uma mentira, principalmente quando ele sorria. 

********

Eijiro tentava se controlar enquanto acabava de digitar um texto para enviar ao esposo junto com o vídeo que salvou daquele momento, ainda apaixonado demais para conter as lágrimas de alegria por ver seus dois filhotes interagindo.

Estava de olho neles o tempo inteiro, já que a janela da cozinha tinha vista para o quintal, e quase foi em socorro de Haru quando o viu correr assustado. Felizmente não foi, ou teria perdido aquele momento de contato entre os dois. 

Katsuki respondeu a sua mensagem com um áudio feliz, surpreso de finalmente os dois estarem se dando bem. 

Você: Acho que a Yumi está começando a aceitar o irmão, Suki ❤️"

Suki: Já não era sem tempo, estava ficando difícil vigiar ela o tempo inteiro"

Suki: Mesmo assim continue de olho, pode ser que ela tenha tido apenas um momento de compaixão.

Estava prestes a responder quando olhou pela janela e sentiu o coração parar ao não ver nenhum dos dois no gramado. Largou o celular na bancada correndo como podia para fora, o terror se espalhando a cada segundo que não os via, até encontrar os dois na sala, com Yumi em volta do irmão que batia palmas feliz a encarando. 

Relaxou por um segundo antes de ver que ela tinha uma tesoura em mãos. Foi então que Haru virou e Eijiro respirou fundo, olhando para o teto enquanto pedia paciência ao universo.

Haru se arrastou para perto do pai que o pegou, analisando a franja mal cortada, com agora dois dedos de comprimento que subiam como um triângulo.

Três minutos apenas. Bastou três minutos de distração para que ela cometesse aquela atrocidade. 

Katsuki iria matá-los, era certo. Era ele quem cortava os cabelos de Haru, e tinha aversão a cortes mal feitos. Ele iria expremer a ambos dentro de uma caixa e explodir.

— Yumi, o que foi que você fez — repreendeu-a com o semblante cansado. 

— O cabelo estava atrapalhando ele a enxergar, então eu resolvi o problema. — aproximou-se entregando a tesoura ao pai que estava com a mão estendida — Eu só quis ajudar, ser uma boa irmã como vocês vivem falando.

Realmente ela parecia estar sendo sincera, então o alfa respirou fundo tentando pensar melhor. 

— Seu pai vai ficar irritado com isso. — acabou soltando sem querer.

— Talvez ele nem perceba. — riu docemente como um anjo. 

Oh, sim, ele percebeu e ficou uma fera com todos. Apenas Haru escapou de ser punido por obviamente ser a vítima daquela situação e teve que ganhar um corte novo. 

— O cabelo dele cresce rápido papai, nem precisa ficar tão irritado! — Yumi protestou. 

— Eu não vou discutir com você, Yumi, vai para o seu quarto e depois nós discutiremos o assunto. Virou-se para o alfa — Quanto a você, nós teremos uma conversa longa sobre não abaixar a guarda, está ouvindo?

O alfa apenas abaixou a cabeça, aceitando as reprimendas enquanto pensava quando que aquela loucura iria acabar. 



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