Depois de toda aquela confusão, Pain foi dormir no quarto de Konan que estava vago (porque ele havia destruído metade do dele quando atacou Madara). Quando entrou no quarto dela percebeu que já fazia um tempo que não entrava ali para conversar com ela, ou mandar ela se arrumar para sair em missão. Percebeu o quanto sua vida ficou complicada desde que ela foi raptada e ficou naquele estado. Sentia falta dela, não podia mais negar. Pensou sobre o que aconteceu naquele dia. As palavras do senhor Shyin ecoavam na sua cabeça. Um filho seu podia salvá-la. Mas como ele faria isso? Sem o consentimento dela? E o pior, ele teria que fazer o mesmo que o Hanzou tentou fazer? “Não, Hanzou queria matá-la, eu quero salvá-la...” pensou ele. Talvez Sasori pudesse fazer algo para ajudar. Porém, a ideia parecia tão ridícula, que Pain jamais pediria esse tipo de ajuda a Sasori. Se fosse fazer, precisava ser em segredo, mas como? E depois? Se não funcionasse, o que faria com Madara? Ou pior, se funcionasse e ela realmente estivesse grávida de um filho dele? Madara mataria os dois. E uma criança? O que fariam com ela?
Pain ficou quase a noite inteira pensando sobre o assunto até que pegou no sono. No outro dia de manhã, todos já haviam saído em missão, e ele mandou Sasori fazer uma missão de reconhecimento. Ele estava sozinho no esconderijo, e na verdade queria mesmo ficar sozinho. Passou a manhã toda inquieto, sem saber o que fazer. Tinha muito trabalho a fazer, mas não conseguia se concentrar. Estava no quarto de Konan, pegou a flor de papel que ela usava nos cabelos, que agora estava em cima da mesa pequena que tinha lá. Ele viu que a gaveta estava um pouco aberta, acabou de abri-la e viu algo que, provavelmente, foi o que o fez se decidir. A foto dele, Konan e Yahiko crianças. De alguma maneira, aquela foto tocou seu coração gelado. “Eu não consegui proteger você, Yahiko. Você deu a vida por ela e por mim, e eu não fiz nada...” Pain se lembrou da promessa que havia feito à Yahiko, antes de ele morrer, que ele cuidaria da Konan, e não deixaria nada de mal acontecer a ela. Ao pensar nisso, ele guardou a foto. Foi em direção a enfermaria onde ela estava. Abriu a porta e se aproximou dela, parecia um anjo dormindo. Ele iria salvar ela, depois era depois. Mas…
Ele não tocaria nela sem o consentimento dela. Não seria justo com ela. Apesar de ele sempre ter sido grosseiro, ele jamais faria algo assim. Ele teria sim, que pedir ajuda ao Sasori. Não seria nada fácil, mas, não tinha outro jeito. E ainda tinha que se preocupar com Madara, que deu 3 dias, mas não sabia se ele estava falando sério. De qualquer forma, ele tinha que esperar. Mas estava esperançoso, por alguma razão ele sabia que daria certo. Tinha que dar.
Ao anoitecer, Sasori retornou e passou o relatório para Pain. Aquela era a hora.
- Sasori… - Pain falou procurando as palavras certas.
- Hai. - Sasori respondeu prontamente.
- O Sr. Shyin me disse uma forma de ajudar a Konan… Mas… Precisava de uma opinião.
- Claro. - Sasori respondeu, percebendo que Pain parecia um tanto sem graça.
- Ele disse, que um filho, resolveria a situação dela. - Pain disse com a voz séria.
- Filho!? - Sasori pensou um pouco. - Bom, claro que sim, tecnicamente o chakra da criança se mistura com a mãe, e é uma forma de chakra crescente, então é bem menos agressivo do que uma simples transferência de chakra… Mas pode ser ruim pro bebê, pois o corpo dela pode absorver todo o chakra dele, e o bebê não chega a se desenvolver… As chances dele se desenvolver seriam bem pequenas…
Sasori parou de falar instantaneamente, pois pensou no fato de Konan ter um bebê, e unindo isso à Akatsuki, seria uma loucura. Afinal, quem seria o pai da criança?
Ao ter esse pensamento, Sasori arregalou os olhos e disse:
- Pain-sama, você não está pensando em…!?
- É, você entendeu. - Pain falou sério.
Sasori ficou mudo, não queria acreditar no que estava ouvindo. Pain percebeu que Sasori havia ficado perplexo e não diria mais nada, então falou:
- Mas vou precisar da sua ajuda pra fazer isso. Acha que é possível?
- Bem… podemos fazer algo como uma inseminação, eu não tenho conhecimento necessário pra isso, mas conheço alguém que talvez possa ajudar.
- Quem?
- Existe uma mulher em suna, que é conhecida por fazer procedimentos desse tipo e partos. Não sei exatamente como ela trabalha, mas posso localizá-la facilmente.
- Ótimo, faça contato com ela o quanto antes. O tempo está se esgotando. - Pain falou sentindo o peso das suas próprias palavras.
- Certo. Mas realmente vamos fazer isso? Quer dizer… Sem o consentimento dela?
- As chances de a criança se desenvolver são pequenas, não?
- Eu diria 20% de chance, considerando o estado atual dela…
- Então ela pode nem saber o que aconteceu. - Pain respondeu friamente.
Sasori entendeu que Pain queria salvar Konan a qualquer custo, mas estava contando que a criança não resistiria.
De fato, as chances eram pequenas. Mas isso era loucura. Sasori chegou a pensar que de alguma forma estava sendo testado pelo seu líder, pois isso era muito estranho.
Pain se sentiu a pessoa mais ridícula do mundo fazendo isso. No dia seguinte, de manhã, Sasori bateu no quarto de Konan, onde Pain estava dormindo, e assim que Pain abriu, Sasori informou:
- Encontrei a mulher.
Os dois seguiram pra sala onde Pain costumava trabalhar, para continuarem a conversa sem olhares curiosos.
- Ela não queria ajudar, pois contei a ela a situação, mas tive que apelar dizendo que era a única chance de ela sobreviver. Por fim ela aceitou, mas precisamos ver como faremos pra levar Konan-sama até ela, pois trazer a mulher aqui seria arriscado.
Pain concordou, Sasori havia pensando mais além do que ele. Era realmente uma situação bem vergonhosa. Mas Sasori era muito leal e profissional também. Ele não diria nada a ninguém.
Naquele mesmo dia, Pain arrumou suas coisas e levou Konan desacordada pro esconderijo que tinham em Amegakure, na torre da escuridão.
Eles combinaram de encontrar a mulher ali, ja que fazer uma viagem muito longa poderia piorar a situação de Konan.
- Sasori, você está proibido de dizer uma única palavra sobre o que está acontecendo aqui, entendeu? - Ao chegarem, Pain quis se certificar de que Sasori manteria a boca fechada.
- Não se preocupe, não direi nada.
Demorou algum tempo, mas logo a senhora chegou. Ao analisar Konan, a senhora disse:
- É realmente um milagre essa moça estar viva ainda.
- Acha que pode ajudar?
- Claro. Mas vou ser direta, não gosto de rodeios. A primeira condição, é que ela não pode ser virgem.
- Ela não é. - Pain respondeu friamente.
Sasori fitou o chão por alguns instantes, pois a pergunta o deixou envergonhado, e a resposta pronta de Pain levantou algumas dúvidas. Como ele tinha tanta certeza? Será que os dois já tiveram algo? Ou será que no fundo, Pain sabia que não tinha chegado a tempo de Hanzou fazer algo?
Sasori não levantou o olhar, continuou olhando pro chão, se perguntando se deveria se afastar pra não ouvir mais informações do que devia.
A velha suspirou e disse:
- Bom, segunda condição, você vai tomar isso aqui pra dormir por alguns minutos.
Ela estendeu a mão com uma pílula, e Pain olhou de cara feia.
- Eu não faço isso com as pessoas acordadas, pra não ter problemas. - A velha falou prontamente, justificando a pílula.
Sasori achou que Pain não ia aceitar, mas ele não disse nada, apenas ordenou que Sasori ficasse de vigia.
Sasori se manteve longe do procedimento, pois não saberia ajudar. Mas ficou curioso sobre como funcionaria isso. Ele sabia que a mulher usava chakra pra realizar essa inseminação, mas não entendia como.
Não demorou muito e Pain saiu do quarto, indo até Sasori e a senhora que esperavam em silêncio.
- Isso vai dar certo? - Pain perguntou, desconfiado.
- Claro que vai. Meus procedimentos são seguros e eu analiso o estado da mulher. Ela com certeza vai ter essa criança.
Pain não acreditou de imediato, mas se isso não resolvesse, seus recursos estariam completamente esgotados. Ele e Sasori resolveram voltar para o esconderijo, antes que alguém ou Madara desse falta deles e da Konan.
Logo que eles chegaram, receberam informações de Hidan e Kakuzu que haviam capturado a Junchuuriki do Nibi (duas caudas). Imediatamente, eles contataram os outros membros, e fizeram o ritual de encontro para absorção da besta para a estátua. Esse ritual leva em torno de 2 a 3 dias, e eles precisam ficar em um local seguro, pois não podem se mover e se desconcentrar, e era preciso fazer rápido antes que a Jinchuuriki morresse.
Dois dias e meio se passaram quando eles finalmente acabaram, e todos foram liberados. Pain estava no quarto de Konan, ele estava exausto. Essas transmissões de chakra o deixavam muito cansado. Descansou um pouco, e logo depois foi para sua sala trabalhar um pouco.
Uma semana se passou, e para o alívio de Pain, Madara não tinha aparecido. Zetsu e Deidara chegaram no esconderijo, sem sucesso na missão. Eles estavam na sala com Pain fazendo seus relatórios, quando escutaram alguém correndo em direção a sala. Era Sasori. Ele abriu a porta com força e a empurrou berrando:
- Pain-sama!
- Sasori, você sabe que não deve interromper... - Pain começou a brigar com Sasori mas ele o interrompeu dizendo:
- Konan-sama! Ela... Ela está...
- Ela está o que imbecil? – Deidara perguntou já nervoso por Sasori se enrolar.
- Ela está melhorando! O fluxo dela está aumentando e se movendo!
Pain se levantou e foi em direção à enfermaria, e Sasori foi logo atrás. Quando chegaram lá, Sasori falou todo animado:
- Olhe pra ela, está muito melhor. Seus machucados estão cicatrizando mais rápido. Ela está ficando ótima!
Pain não conseguia acreditar no que estava acontecendo, enquanto olhava pra ela, ele notou que ela estava com uma aparência realmente muito melhor. E Sasori estava atuando muito bem, fingindo que a melhora foi algo tipo um milagre. Pros outros membros da Akatsuki teria que ser isso, um milagre.
Mas, algo estranho estava acontecendo. Pain conseguia sentir uma presença de chakra estranho, uma presença muito pequena e quase que imperceptível, mas ninguém mais parecia sentir. Será que era... o bebê? Impossível, fazia só alguns dias... Afastou esses pensamentos e, pela primeira vez nos últimos dias, se sentiu aliviado de verdade. No outro dia pela manhã, Pain foi ver Konan. Como ela estava melhorando rápido! Já não estava mais tão pálida, seu rosto estava um pouco corado, suas feridas estavam quase sumindo e seus batimentos estavam muito mais fortes. Pain se encostou na janela ao lado da cama e estava de cabeça baixa olhando para o chão e pensando quando ouviu:
- Hun...
Pain levantou a cabeça e olhou para Konan. Ela estava tentando abrir os olhos e gemeu baixinho. Pain sentiu seu coração apertado, o que era estranho já que há muito tempo não sentia isso. Quando ela conseguiu abrir os olhos, virou a cabeça e encontrou os olhos dele, ela suspirou pesadamente e devagar, e disse com uma voz muita fraca e rouca:
- Pain... - Ele se aproximou dela, colocou a mão no seu rosto e falou:
- Não se preocupe, eu estou aqui.
Konan estava confusa e não conseguia se lembrar de muita coisa. Ela viu Pain ao lado dela, mas depois de ouvir aquelas palavras... Pain tinha dito aquilo? Devia ser um sonho. Ela não resistiu ao cansaço e acabou adormecendo de novo.
Continua...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.