História Painful Secrets - Farmaci ?!

Já faz uma semana que eu estava na Smart Aid, era apenas um teste e hoje eu iria saber qual realmente seria meu cargo.
Essa semana foi bem tranquila, os funcionários foram bem receptivos e pacientes comigo. Não tive nenhum sinal de Jared ou de Zayn, fiquei sabendo que eles fizeram uma viagem para resolver alguns assuntos pendentes sobre o laboratório mas já estão de volta. Quanto a Germano, ele não sabe que a empresa a qual eu estava fazendo o teste é de Jared e Zayn, não achei que fosse importante dizer para ele à quem a empresa pertence.

A porta do elevador se abriu revelando uma sala, não tinha nada de diferente mas era bem espaçosa.
Uma senhora –suponho que seja a secretária– estava sentada atrás de uma mesa e quando me viu logo fez questão de me chamar, oque causou olhares bem feios nas mulheres que estavam na sala de espera.

- Olá, você é a Bella Palacci? – ela disse caminhando até mim

– Sim, sou eu.

– Eu sou Rute, o senhor Malik me avisou que quando chegasse era para entrar na sala o mais rápido possível.

Nesse momento a mulher que também estava esperando para falar com Malik, pigarreou e me olhou feio. Rute me levou até a porta da sala de Zayn e me deu um aviso que eu preferia não ter ouvido.

– Boa sorte,querida. O chefe não está com o seu melhor humor.
Ok, acho que eu posso voltar semana que vem, não é mesmo?. –pensei

– Senhor Malik, a senhorita Palacci está aqui. – alguns segundos depois pude escutá-lo responder

– Mande ela entrar.

A senhora me deu um sorriso carregado de pena e saiu, me deixando mais apavorada. Ele não poderia ser tão assustador, pelo que eu vi na casa do meu nonno ele apenas era muito calado, só deve ter tido um dia ruim.
Bati na porta e recebi um "entre" como resposta que arrepiou meu corpo inteiro, de medo, claro.
Quando entrei pela porta duas órbitas cor de mel estavam me encarando, com uma cara nada boa, a propósito.

–Sente-se, senhorita Palacci. – assim eu fiz – Bem, suponho que não saiba o porque de eu querer sua presença tão urgentemente. – eu apenas concordei com a cabeça, ele me dava medo.

– Ora, eu sou tão assustador assim? – SIM, muito assustador.

Infelizmente, não foi o que eu lhe respondi.

–Não, eu só não sei o porque de minha presença ser tão importante aqui. – foi tudo que eu consegui responder, mesmo não sendo a verdade, era o mais sensato a se dizer.

–Bom, você obviamente já conheceu Jared, e por isso está aqui – o olhei sem entender nada e ele revirou os olhos. – Ele me encheu o saco para contrata-lá e até que você é bem eficiente no que faz, mas é uma pessoa que teremos que exigir algumas regras a mais e por isso que te chamei com tanta urgência. – não tinha como ficar mais estranho

–E por que eu tenho que obedecer a mais regras? O que eu tenho de diferente? – ele deu um sorriso sarcástico e de alguma forma eu soube que ele não iria me responder tão cedo.

– Você vai saber na hora certa. – me olhou por um instante, mas tratou de continuar logo. – Algumas delas são sobre Germano...

– Espera, o que meu nonno tem a ver com isso? – eu o interrompi, confusa, e ele não gostou nada disso.

– A primeira regra é : não me interrompa quando eu estou falando, eu odeio quando fazem isso. – ele deu ênfase na palavra "odeio". – Continuando, não te interessa o que ele tem a ver com isso, tudo o que precisa saber é que de maneira alguma ele pode desconfiar que você trabalha pra mim. É isso ou você pode sair daqui agora mesmo, tenho certeza que tem mulheres mais interessantes do que você naquela sala de espera. – como é que é? eu estou ouvindo direito? Ele me chamou de sem graça?
Retiro o que eu disse sobre ele não ser ruim, ele é péssimo!

A entrevista foi no mínimo, de longe, muito constrangedora. O Malik ficou me provocando a todo momento e as regras que ele me disse eram coisas normais, ele só queria minha presença para ter quem atormentar, Zayn Malik é um pé no saco.

Eu já estava saindo da sala quando ele, mais uma vez, me chamou atenção. Deus, eu estava a ponto de esganá-lo!

– Diga – virei meu pescoço para ouvir o que ele tinha a dizer. ;

– Da próxima vez venha vestida com roupas descentes, isso é um laboratório não um prostíbulo. – ele só podia estar brincando. – Ah, quase me esqueci. Seja bem-vinda senhorita Palacci, vamos ser ótimos amigos. – Zayn, por fim, disse e me lançou um sorriso cafajeste – e muito bonito, por sinal. Balancei minha cabeça em negação e, finalmente, sai daquela sala. Algo me dizia que esse emprego me renderia muitas confusões.

                                                                                                       xxx

 Quando minha "reunião" com o Malik acabou, Rute fez questão de mostrar minha sala e, por Deus, eu não consegui  parar de admira-la Ela é extremamente linda. As Paredes eram brancas,com alguns detalhes em grafiato, tinha janelas imensas que eu podia ver o movimento tranquilo de Palermo. Não havia muitas coisas dentro da sala espaçosa, apenas uma escrivaninha com alguns livros de estudo, mas eu estava admirada. Era tão simples, eu só precisava trazer algumas das minha fotos com a minha família e esse lugar irá ficar a minha cara.

Um barulho na porta me tirou de meus devaneios, avistei uma moça encostada no batente da mesma, ela era muito bonita por sinal. Seus cabelos diferentes do meu eram escuros, tinha os olhos verdes e um corpo escultural,mas o que mais me chamou atenção foi o tamanho do seu vestido azul marinho, pensei que as funcionárias daqui tivessem que usar roupas descentes. Acho que Malik tem suas excessões

–Boa tarde, isso é seu – ela disse e me entregou um notebook prata, peguei o mesmo e coloquei em cima da escrivaninha branca.

– Boa tarde, um notebook? – perguntei na intenção de saber a finalidade daquele objeto, afinal, eu pensei que fosse fazer apenas relatórios em uma prancheta.

– Sim, você vai usá-lo para fazer alguns relatórios

– Oh, claro. A propósito, me chamo Bella, Bella Palacci. E você é?

– Sei quem você é, sou a recepcionista daqui e cuido dos novos contratados, meu nome é Stella Gasperin se não se importa, estou atrasada. – me respondeu seca, com cara de poucos amigos e saiu apressada até a sala do senhor Malik. Acho que já sei o motivo de sua pressa...
Peguei meu celular e chequei as horas, 15:00, sai em disparada, Harry já deve estar a minha espera.



– E aí, conseguiu? – meu amigo me perguntou com uma feição esperançosa.

– Diga "olá" para mais nova funcionária da Smart Aid – minhas bochechas estavam doendo de tanto que eu sorri, Harry fez o mesmo, logo eu vi suas lindas covinhas.

– Isso merece uma comemoração

– Claro que sim, eu tô morrendo de fome. –choraminguei

–Bella, eu queria saber pra onde vai tanta comida, você só come! – disse abismado e eu apenas mostrei a língua pra ele.

– Tudo bem, vamos ao cinema. Angeline não está em casa, ela foi fazer alguma coisa na faculdade.

Nesse momento eu lembrei de quando nos três saíamos juntos, quando não tínhamos tantas responsabilidades. Angel tinha uma quedinha pelo Harry, o que gerava muitas risadas. Saudades dessa época...

Nós fomos ao cinema e depois passamos em uma lanchonete, mas avisei meu amigo  que eu precisava voltar pra casa para ao menos tentar dormir cedo,amanhã seria um dia cheio.

Quando cheguei em casa Angel já estava lá, fui tomar um banho enquanto ela ficava assistindo televisão.

Eu até tentei dormir, me mexia pra todos o lados em busca de uma posição confortável mas eu não consegui.
Fiquei pensando um pouco na minha infância, antes de toda tragédia acontecer. Eu era uma criança feliz, com pais nada comuns, porém feliz. Minha mãe era doce, gentil, sempre fazia de tudo pra me ver contente. Já meu pai, não tinha muito tempo pra ficar comigo, mas quando tinha fazia o pouco tempo valer a pena. Eu consigo me lembrar de tudo, exatamente tudo, como
se fosse um filme, lembro de quando chegamos do restaurante, era pra ser um dia incrível. Mas deu tudo errado. Eu me lembro da discussão, dos tiros e, principalmente, do último olhar da minha mãe pra mim.
Droga, não precisou de muita coisa para as lágrimas começarem a molhar meu rosto, sinto tanto a falta deles, foi tudo tão repentino. Se eu soubesse que aquela seria a última vez, eu teria dito o quanto eles eram importantes pra mim,teria aproveitado cada momento como se fosse o último, porque de fato, aquele foi nosso último momento juntos.


Preciso distrair a minha mente, não posso ficar ligada ao passado, eu precisava superar. E seria ótimo começar por adiantar o meu trabalho de amanhã. Fui atrás do meu notebook e... Merda, mil vezes merda. O notebook, ele ficou na minha sala. Eu precisava adiantar aquele relatório, preciso do meu notebook.

                                                                                    xxx

 Peguei meu casaco e minhas chaves, entrei no carro e dirigi na velocidade da luz até o laboratório na esperança de que  ainda estivesse aberto. Estacionei em frente a Smart Aid e uma sensação de alívio percorreu todo o meu corpo quando eu vi as luzes acesas. Hoje é meu dia de sorte.

Me apressei em entrar antes que alguém me visse, fui para minha sala em busca do meu notebook.
O primeiro e o segundo andar estavam vazios, o que é muito estranho já que todas as luzes estão acesas. Cadê todo mundo?
Abri a porta da minha sala e peguei meu notebook que estava em cima da escrivaninha. Eu estava indo embora,  em direção ao elevador mas um barulho me chamou a atenção, era algo como um estrondo. Meu coração quase saiu pela boca, eu definitivamente não estava sozinha.

Olhei ao meu redor e não encontrei nada além de salas vazias,então cheguei à conclusão de que vinha do último andar. Eu tinha medo, mas minha curiosidade era muito maior, então eu resolvi ver o que estava causando tamanho barulho. Entrei de vez no elevador e fui direto para o terceiro andar. Para minha surpresa – ou desespero–, assim como os demais, ele estava vazio.

Meu Deus, de onde esse barulho vem? Maldita curiosidade. Como se alguma força superior estivesse respondendo minhas perguntas, pessoas começaram a conversar dentro da última sala do corredor, as luzes também estavam acesas, acho que já sei de onde o barulho vem.
A porta infelizmente, estava fechada. Mas também sei quem pode ter essa chave, Zayn Malik. Ele é o dono desse laboratório, claro que teria a chave. Fui até a sala dele  mesmo morrendo de medo de ser pega, e procurei pela chave.

Estava desistindo de procurar já que eu não achava ela em lugar nenhum, mas aí eu vi que uma gaveta de chave estava aberta e resolvi procurar por lá também.

Ela estava lá, o que eu achei bem estranho, como ele poderia guardar uma chave em uma gaveta e deixar ela destrancada? Deixei minhas dúvidas de lado, peguei a chave e fui tentar abrir a porta. Eu tinha que ser rápida, Angeline devia estar me esperando e eu já demorei tempo demais aqui.

Aquela era realmente a chave certa, pois eu consegui abrir a porta, entrei lá dentro e dei de frente com  um corredor com mais uma porta no final, mas dessa vez ela estava apenas encostada. Credo, pra que tantas portas? Até parece que guardam corpos aqui, as piores hipóteses passaram pela minha cabeça . O mais estranho é que eu não tinha certeza se queria ver o que tinha ali, pode ser uma coisa idiota mas eu estava com um pressentimento de que algo ia dar errado.

Contrariando meu pressentimento eu comecei a caminhar em direção a porta, empurrei a mesma e entrei de fininho. Olhei em volta, havia algumas pessoas de jalecos brancos, máscaras e óculos de proteção, elas também carregavam alguns equipamentos químicos. Ninguém havia reparado em mim, estavam muito concentrados no seu trabalho para isso.
O lugar era uma espécie de segundo laboratório, mas o que eles produziam de tão importante que tinha que estar em um lugar diferente?

Procurei por algo de estranho dois homens estavam retirando pequenas pedrinhas azuis e as jogando em uma mesa laminada. Eu não possuía um espelho no momento mas não era preciso ter um para eu saber que meus olhos estavam arregalados e que a minha cara era de puro espanto.

Metanfetamina, era isso que eles produziam aqui. Drogas.
Eu estava chocada, não que eu nunca tivesse visto drogas ou soubesse desse meio sujo de ganhar dinheiro, mas esse é o laboratório dos meus sonhos, eu nunca imaginei que eles produzissem esse tipo de coisas. Fui totalmente ingênua.
Preciso ir embora, eles não podem me ver aqui. Comecei a sair em silêncio do local, dando passos para trás, até me chocar contra algo firme.

– Senhorita Palacci? – Uma voz rouca se pronunciou atrás de mim. Meu coração gelou, era a voz dele, de Zayn Malik.