História Pais Ao Acaso - VIII. Primeiros Passos.

Já havia se passado quase um mês desde o jogo, mas o chefe do mais novo ainda não tinha ligado, ou tocado no assunto de sua promoção, deixando o castanho desesperançoso, estava há um bom tempo na sala, observando o quadro acima da lareira, onde está seu irmão e cunhada, e para onde olhava tinha foto dos dois, e por algum motivo, isso estava lhe incomodando há uns dias já.

- Jeon? - o loiro chama baixinho, não querendo assustar o garoto concentrado.

- Ahn? - pergunta se virando, e quando ver o mais velho sorri, mas logo volta o olhar ao quadro. - Oi hyung.

- O está fazendo? - deixa a maleta sobre o sofá, junto do terno e se aproxima, enquanto afrouxava a gravata, olhando o quadro assim como o outro.

- Refletindo.

- Sobre? - inclina a cabeça confuso.

- Essa casa. - suspira olhando novamente pro loiro. - Ela me incomoda, e muito.

- Por que?

- Tem muitas fotos hyung. - movimenta as mão ao redor, deixando claro sobre o que falava. - Me sinto morando em um mausoléu.

- Eu também. - concorda após alguns segundos.

- Eu não quero viver em mausoléu hyung.

- Nem eu. - diz rindo. - O que sugere?

- Pararmos de agir como se eles só estivessem em uma longa viagem e que irão voltar, porque não vão. - suspira. - Se vamos viver aqui, temos que nos sentir confortáveis.

- Quer se livrar de todas as fotos então? - pergunta sentindo o coração apertar com a hipótese.

- Não. Não exatamente. - diz convicto. - Estava pensando em guardar as fotos, substituir por nossas com o Min, fazer algumas reformas; tipo, trocar os papéis de parede, e alguns móveis também. O que acha?

- Eu acho uma ótima ideia.

E assim foi, no mesmo dia separaram algumas roupas do pequeno Min em sua bolsa e passaram o dia no parque próximo que tinha várias flores e tiraram algumas fotos enquanto brincavam com a criança que estava só sorrisos.

Nos dias que se seguiram, o mais velho tirou uma folga para si, e aproveitou que o trabalho do castanho estava parado para reformar a casa, praticamente todas as paredes foram pintadas em cores bem coloridas e vividas, tirando o doente branco da casa, a maioria dos móveis também foram substituídos, o loiro obrigou o mais novo a pagar metade de tudo, o que lhe rendeu um belo ataque birrento.

Pelos três dias que se seguiram em reformas, o pequeno Min, que nem engatinhar tinha coragem, de repente começou a ficar de pé do nada, fazendo seus tios acreditarem que começaria a andar em breve. Yoongi o mais ansioso pelo feitio não tirava os olhos da criança, o incentivando a andar sempre que o via se segurar em algum lugar para ficar de pé, mas ele sempre acabava caindo sentado quando tentava dar o primeiro passinho, rindo e pedindo colo pro tio que o acompanhava nas risadas.

- Yoongi Hyung? - o castanho chama alto assim que entra em casa e estranha não ver ninguém no andar de baixo.

- No quarto do Min, vem rápido. - grita de volta e o maior sobe correndo pensando que algo ruim poderia ter acontecido, mas assim que entra no cômodo vê o mais velho parado de frente para a porta, sorrindo para si enquanto tinha lágrimas nos olhos. Para ante a porta, sentindo o peito doer ao ver uma lágrima escorrer pela bochecha clara e quando da o primeiro passo para dentro do quarto sente algo se agarrar a sua perna.

Olha para baixo, encontrando Minhyun de pé, agarrado em sua perna e soltando aquela risadinha gostosa de criança, sorri pro pequeno se abaixando para pega-lo no colo e o abraça, ouvindo a voz animada do loiro chamar sua atenção novamente. - Ele 'tá andando Jeon, 'tá andando.

- Hyung... - começa mas é interrompido, pelo choro sofrido que começa.

- E eles estão perdendo isso. Eles estão perdendo tudo, perderam os primeiros passos, vão perder o primeiro dia na escola e o primeiro amiguinho, eles vão perder tudo Jeon. - o castanho se aproxima do outro, que andava de um lado para outro e o puxa para um abraço apertado com o braço livre, até o pequeno Min, que estava quietinho vendo o tio chorar, esticou os bracinhos agarrando o pescoço e escondeu o rosto no mesmo, sem sair do colo do tio mais novo.

- Eu sei Yoongi, eu sei de tudo isso. - murmura no ouvido do menor, o deixando chorar contra seu peito. - Mas eu acredito que eles estão vendo a gente, de onde quer que estejam, então não fique tão triste, sim? Temos que fazer o Minhyun feliz para deixa-los felizes também.

- Acredita mesmo nisso? - pergunta com a voz fraca e levanta o rosto molhado, olhando nos olhos amendoados do mais novo.

- Com todo meu coração. - sorri, vendo o outro sorri para si também, de modo tão frágil, que não conseguiu se conter ao abaixar a cabeça selando os lábios nos dos mais velho.

Dizer que ficou surpreso com o beijo é pouco, mas também não se afastou, fechou os olhos e se permitiu aproveitar os lábios macios contra os seus, por todos os segundos que se seguiram, não aprofundaram o beijo, nem ao menos mexiam os lábios, apenas aproveitavam o contato e isso já bastava para ambos naquele momento.

- Jeon. - Chamou quando os lábios se desencostaram, mas sem se afastar completamente, ainda conseguia sentir a boca do outro próxima a sua quando ele respondeu, deixando claro que ouvia, sorriu deixando um selar nos lábios cheinhos antes de se afastar e sair do quarto o deixando com o sobrinho de ambos. - Obrigado.

A música clássica tocava num volume mediano na cozinha, Yoongi apreciava as notas do piano enquanto cortava os legumes para o jantar, os olhos por vezes se fechavam com os sentimentos passados a ele pela sinfonia e em um desses momentos que o Jeon entrou de modo silencioso no cômodo, fixando o olhar no mais velho que parecia transbordar sentimentos variados, era tão belo que o fez perder o ar, nos pouquíssimos segundos de silêncio entre o fim de uma sinfonia para o começo da outra, Jeon decide se fazer presente, chamando atenção do loiro.

- Sente falta de tocar? - a pergunta assustou o mais velho, que da um pulinho mas sorri ao ver quem é.

- Muita. - suspira desligando o forno e logo tira a carne do mesmo. - Sinto falta das teclas, do som suave e dos sentimentos que as notas passam.

- Por que não manda trazer seu piano para cá? A sala é enorme.

- Eu pensei nisso. - sorri e volta a fazer a comida do sobrinho. - Mas não cabe, meu piano é de calda, não cabe em lugar nenhum.

- A noona não tocava também? Onde ela deixava o dela? - pergunta confuso, o que faz o mais velho soltar uma risadinha.

- Yoonji tocava violoncelo, não piano, então ela nunca precisou de um espaço muito grande por isso. - coloca as comidas sobre a mesa e os pratos. - Você pode ir buscar o Minhyun? A comida dele já esfriou.

- Claro Hyung. - sorri, mesmo que o mais velho não tenha visto e vai a sala, tirando o sobrinho do cercadinho onde ele brincava animadamente enquanto assistia algum desenho.

Leva o pequeno de volta a cozinha em meio a cócegas e o coloca na cadeirinha, vendo o Min mais velho se sentar à frente da criança e logo começar a alimenta-la.

- Eu estava pensando. - Yoongi começa em meio a uma careta pro pequeno abrir a boca. - Como eu volto a trabalhar amanhã, você poderia instalar as grades de segurança de manhã? Agora que ele começou a andar todo cuidado vai ser pouco.

- Claro, onde mesmo é que tem que colocar? - pergunta, tentando se lembrar, afinal foi uma das primeira coisas que o mais velho comprou ao se mudarem e explicou onde ficariam, mas não conseguia se lembrar.

- Uma na porta da frente, uma na porta da cozinha, duas na escada e uma na divisa com a sala e a cozinha. - responde ao mesmo tempo que o pequeno come a última colherada e deixa a mamadeira cheia de suco nas mãozinhas pequenas, pois desde que ele aprendeu a segura-la que não deixava mais os tios segurar para si.

- Eu posso por as da escadas hoje e o resto amanhã de manhã enquanto ele dorme. - diz pensando alto e agradece ao mais velho ao ver ele colocando um prato cheio na sua frente. - Assim não tem risco dele acordar enquanto eu faço isso e tentar subir ou descer.

- Perfeito. - sorri de volta pro mais novo e se senta à sua frente, começando a comer em silêncio, apenas com os concertos de piano ao fundo em som baixinho.

- Jeongguk. - grita mais uma vez o mais novo que aparece de supetão em frente ao seu quarto, os olhos arregalados e meio ofegante por ter subido todos os degraus correndo.

- O que aconteceu? - dispara a pergunta ao para na porta. - Cadê o Min?

- No andador. - responde apontando com a cabeça pro sobrinho que andava para lá e para cá no brinquedo.

- O que houve Hyung, para ter me chamado assim? - pergunta, finalmente voltando os olhos para o mais velho e reparando nos seus trajes, ou melhor, na falta de trajes, Yoongi estava apenas com uma boxer preta que marcava de modo bonito a bunda durinha enquanto tinha duas blusas penduradas por cabides em ambas as mãos, colocava em frente ao corpo como se testasse elas. - Vai a algum lugar?

- Vou sim, por isso te chamei. - suspira e coloca as duas blusas sobre a cama, olhando qual combinava melhor com a calça de couro escolhida. - Se importa de ficar sozinho com o Minhyun hoje? Sei que combinamos de avisar antes, mas foi meio que de última hora.

- Apenas se me dizer para onde vai. - diz desconfiado analisando o mais velho, as roupas escolhidas são bonitas, mas casuais, não importa se ele escolher a blusa branca ou verde, ficará muito bem com a calça e bonito em si, os cabelos sempre lisos está com cachos discretos e os olhos gateados estão bem marcados por uma maquiagem escura. - Vai a um encontro com Taehyung novamente?

- O que você tem contra ele? - Se vira confuso para o mais novo, estranhando o tom de voz usado para mencionar o ruivo. - Sim eu vou a um encontro com ele, ele me chamou e eu aceitei.

Jeongguk rola os olhos para resposta, o que irrita o mais velho que simplesmente pega a calça apertada e a veste, pegando a blusa branca, vestindo-a também e por cima uma jaqueta jeans, vai até a cômoda e pega uma choker de veludo, cobrindo o pescoço clarinho, passa o perfume e sobre os olhos atentos do mais novo pega um par de timberland caramelo que pegou escondido dele mais cedo, calçando enquanto o encarava nos olhos, o desafiando a falar algo sobre.

- Não deveria deixar seu sobrinho para ir atrás de macho. - murmura irritado, o que faz um sorriso sarcástico se abrir nos lábios pintados do mais velho.

- Ah meu amor, ele não vai estar sozinho, pelo menos para isso você tem que prestar não é? - diz irônico e para em frente ao espelho de corpo inteiro do guarda-roupa, arrumando o cabelo e se vira, olhando a própria bunda enquanto morde o lábio apenas para provocar o outro como sabia que conseguiria. - E eu tenho que ir atrás de macho mesmo, afinal como foi que você disse? - pergunta, fingindo pensar como se não lembrasse diariamente das palavras que o feriram tanto há tantos anos. - Ah sim, lembrei, a única diferença entre eu e uma prostituta de luxo, é que a prostituta cobra pelo sexo.

- H-hyung... e-eu... - os olhos gateados se voltam ao mais novo que estava mais branco que a parede e se aproxima do Jeon, encostando o dedo nos lábios cheios.

- Shii... - chia baixinho, pedindo silêncio. - Magoou Jeonggukie. - as palavras escapam de seus lábios de modo manhoso em meio a um biquinho. - Mas com o tempo eu entendi.

- Entendeu? - Jeongguk se sente com falta de ar, esperançoso e ao mesmo tempo com medo.

- Entendi... - balança a cabeça sorrindo e passa os braços pelo pescoço do mais alto, ficando na pontinha do pé, quase selando ambos os lábios. - Entendi que se você disse aquilo, provavelmente foi porque não dava conta do recado.

Sorri vitorioso ao ver o olhar chocado do mais novo e encosta os lábios rapidamente, logo se afastando e saindo de casa o mais rápido que consegue, tentando não se sentir mal, seja pelas lembranças dolorosas, seja pelo o que acabou de fazer.