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História Paixão Imprevista - Pingos nos is


Escrita por: MistyMayDawn

Notas do Autor


Okey, queria ter postado ontem, mas só consegui terminar ainda agora kkk
Longo capitulo focado nos secundários e de transição.

Boa leitura.

Capítulo 11 - Pingos nos is


Kanao não estava pronta e Tanjirou compreendia perfeitamente, mesmo estando triste com toda a situação. Não estava tudo perdido, não queria ser inconveniente e forçar algo, além de que a respeitava muito. Por isso, esperaria ela vir até ele para conversar, como havia dito, a garota precisava de espaço e daria. Poderia se passar semanas que estaria aguardando pacientemente seu tempo.

Decidiu ir para o refeitório e sentar-se à mesa de sempre, encontraria seus amigos lá. Ao virar, deu de cara com o pequeno rapaz de cabelo ciano; com o susto e a proximidade quase se chocou contra o corpo, mas se apoiou no ombro do outro para que não acontecesse. Tokito arregalou os olhos de espanto e surpresa, sua mão direita estava levantada em direção ao ruivo, como se fosse toca-lo com a intensão de lhe chamar a atenção, mas o Kamado virou antes que o fizesse.

— Senpai — Disso o garoto. — Tudo bem?

— Muichirou-san — Falou surpreso e, ao terminar a frase, tirou suas mãos do outro alheio  — O que foi? E que história é essa de senpai?

O rapaz respirou fundo antes de responder.

— Você é meu senpai, né? Está no último ano.

— Sim, mas você nunca me chamou assim.

— Desculpa... Eu nem me toquei. — Ele juntou as mãos e ficou as massageando.

Muichirou não se importava verdadeiramente com esses honoríficos que só serviam para complicar ainda mais a vida das pessoas. No entanto, por algum motivo, ele não estava mais se sentindo confortável em chamar o ruivo pelo primeiro nome sem um acompanhamento descente, como se eles fossem íntimos ou algo do tipo, sentia que estava faltando o respeito. Talvez fosse uma insegurança boba, não entendeu o desconforto repentino.

— Não precisa ser formal assim. — Deu um sorriso meigo.

O menor ficou nervoso e massageou mais as mãos.

— Você está bem? Eu sei que aconteceu algo. — Sem enrolações, perguntou logo o que queria.

— Eu estou bem sim — Colocou as mãos no topo da cabeça dele afagando as mechas — Não fica pensando nisso, tudo bem? Obrigado por se preocupar, sério.

Tokito se sentiu tão... Estranho. Foi um toque que ele não reclamaria se o ruivo repetisse outras vezes.

— Certo, se você diz... — Sorriu, as bochechas ficaram cheias com o curvar dos lábios, deixando-o com uma aparência fofa. Qualquer um sentiria vontade de apertar o rostinho dele.

— Eu tô indo para o refeitório, vai querer vir comigo?

— Ah, não vai dar, eu e Senjurou-san estamos fazendo um trabalho juntos e vamos usar o resto do intervalo.

— Boa sorte, então — Tanjirou se despediu e foi embora calmamente.

Tokito fez o mesmo, foi até a biblioteca para se encontrar com seu colega de classe e clube. Desde o começo do clube, Rengoku Senjurou e ele estavam começando uma boa amizade, pois tinham gostos muito parecidos e isto surpreendeu os dois, pois em aparência eram tão distintos.

— Vamos começar? — Disse o Rengoku assim que avistou seu amigo.

— Sim — Ele sentou-se a mesa — Gostei do seu batom.

Os lábios finos estavam pigmentados de um rosa claro, quase imperceptível.

— Batom? — O garoto foi da cor normal, para um vermelho e depois para um roxo — E-eu não estou usando... — Levou as mãos a boca para limpar o que tinha ali.

— Tudo bem, não precisa se explicar.

Senjurou se acalmou um pouco, mas ainda sentia um forte constrangimento, suas bochechas estavam avermelhadas. Será que alguém além de Muichirou tinha visto? Não saberia nem o que fazer se espalhassem para o resto do colégio.

— Mas eu achei que você ficou bonito com ele — Tokito soltou despretensiosamente, fitando a borracha no topo do lápis como se fosse interesse.

Vermelho e nervoso, Senjurou sorriu, olhou para baixo e colocou uma mecha de seu cabelo detrás da orelha de forma tímida.

— Obrigado.

[...]

O ruivo estava andando pelo corredor completamente distraído pensando em Kanao. Por isso, ele foi pego de surpresa ao ser puxado com força pelo braço para um canto. O toque não foi forte o suficiente para machuca-lo, mas era firme e o deixou atônito. Sentiu seu corpo ser envolvido carinhosamente pelos braços, seu rosto foi de encontro ao peito e pôde sentir aquele perfume emadeirado que ele reconheceria de longe a quem pertencia. Abraçou de volta e fechou os olhos sentindo o quão confortável estava.

— Sensei! — Sussurrou.

Estava muito escuro naquele armário de limpeza, sentiu um carinho rápido no cabelo, então o ruivo desfez o abraço e a fraca luz alaranjada foi ligada iluminando apenas um lado do rosto dos dois, pois as sombras ocultavam o outro. Giyuu estava ali encostado contra a parede segurando a maçaneta da porta, como não era um local espaçoso e ainda possuía rodos, vassouras e materiais de limpeza, o Kamado estava muito próximo e não tinha opção de se distanciar.

— Eu te assustei? — Perguntou, era perceptível o tom bem humorado.

— Não, mas me surpreendeu — Ele sorriu, coçando levemente a bochecha.  — Isso não é meio perigoso?

— Sim, mas acho que estamos seguros aqui, por hora.

Tanjirou tocou o rosto de Giyuu, beijando docemente os seus lábios.

— Eu disse que ia te recompensar. — Disse, olhando no fundo dos olhos escarlates que achava tão lindos. Seus orbes sorriam por ter o ruivo ali, naquele rápido e perigoso momento. — Eu tô muito ocupado corrigindo os trabalhos de várias turmas, sei que não é muito, mas foi o tempo que encontrei. — Tocou a mão do menor em seu rosto, tirando-a dali para depositar um rápido beijo.

O Kamado ficou feliz e admirado com o simples gesto carinhoso.

— Acho que é o suficiente — Entrelaçou os braços em volta do pescoço alheio — Por enquanto. — O sorriso de lado que Tanjirou deu mexeu com Tomioka. Como podia ser tão azarado e sortudo ao mesmo tempo? Ainda se questionava.

O mais velho o segurou pelo maxilar e iniciaram outro ósculo, desta vez um mais lento e demorado. Aproveitando este que seria o último por hoje, pois Giyuu precisava voltar para o trabalho, infelizmente.

— No final da semana eu vou estar livre — Disse assim que se separaram. — Quinta ou sexta.

— Tudo bem, nos falando por mensagens.

— Certo. Sai primeiro, eu vou esperar para sair depois.

Colocou sua mão na maçaneta, para ir embora, mas Tanjirou hesitou ao lembrar-se de algo importante que estava o incomodado.

— Eu queria te perguntar uma coisa. — Olhou novamente para o mais velho, que aparentava estar prestando atenção.

— Pode falar.

— Bem, eu... Queria saber o que o Sabito-san é para você.

Tomioka o fitou com um misto de surpresa e curiosidade. Não sabia que Tanjirou conhecia Sabito, pois não contou para o amigo de quem se tratava o aluno que estava envolvido. Colocou as mãos nos bolsos da frente da calça, em uma posição mais relaxada, e sorriu de canto. O Kamado estava com ciúmes e era adorável.

— Nós somos amigos, porque a pergunta?

— A-ah... Por nada — Ficou constrangido e evitou contato visual — Vocês são bem próximos e eu fiquei curioso.

— Eu não sabia que se conheciam. Nós somos amigos muito próximos, apenas.

— Ele é irmão de uma amiga minha... — Respondeu em um sussurro, estava muito rubro — A-ah, bem, melhor eu ir.

Abriu calmamente a porta e observou se tinha alguma pessoa ali, para sair sem levantar suspeitas.

— Não precisa ficar com ciúmes — Já do lado de fora, ouviu Tomioka falando.

Sem saber como responder e nervoso por ter aparentado insegurança, o ruivo fechou a porta na cara dele, evitando se embolar mais e falar alguma besteira. Saiu a passou apressados pensando se deveria ter perguntado mesmo.

Deixou o moreno se divertindo com a situação, com um sorriso bobo. Tanjirou era cativante e amável de tantas formas que Giyuu não conseguiria nem saberia listar todas elas. Quanto mais o conhecia, conversava com ele, tinha sua companhia e observava o seu jeito, mais queria ficar ao seu lado.

[...]

As garotas decidiram passar o restante do intervalo juntas e sentadas em círculo sobre a grama, rodeadas de vários alunos que sentavam próximos com seus grupinhos. Era confortável ficar ali, pois o sol da primavera que tocava a pele era bem ameno e o vento agradável.

Kanao estava melhor, apesar da conversa mais cedo com Tanjirou, ela percebeu que ele estava preocupado genuinamente consigo e isso já confortava seu coração. Quando estava com as amigas ao lado, faziam com que ela se distraísse de qualquer pensamento negativo, a presença de Aoi e seus comentários, principalmente, arrancavam sorrisos da garota. Sem ela, seus dias seriam tristes, a felicidade de agora era só por sua causa, e a Kocho era muito grata.

 — Está falando com quem Mokomo-chan? — Perguntou Nezuko tentando ler as mensagens no celular da amiga, que puxou o aparelho e escondeu a tela contra o peito.

— Bem... Eu tô falando com uma pessoa faz um tempo — Disse timidamente.

— Que? E você não falou pra mim? — franziu o cenho, irritada e indignada. — Achei que você me contava tudo.

Ela riu sem jeito, pretendia contar para a de mechas vermelhas quando tivesse certeza que era algo sério.

— Conta quem é — Disse a Kanzaki, curiosa.

— Não sei se vocês conhecem, é do 2-C. — Olhou para as três garotas ali que estavam prestando atenção — O nome dela é Daki Ume.

— Dela? — Aoi perguntou, pois não sabia que Mokomo gostava de garotas.

— Eu sou bi.

— Eu a conheço de vista — Disse Kanao, se lembrando da garota de longos cabelos prateados de pontas verde limão. — Acho que vocês ficam lindas juntas.

— Eu também acho — A Kamado se pronunciou, balançando animadamente a amiga pelos ombros — Depois apresenta pra gente, preciso saber se ela é boa para você.

A Urokodaki estava rubra e sorriu tímida.

— Que tal falarmos de vocês também? Estão gostando de alguém? Nezuko-chan e Aoi-chan? — A Kocho puxou o assunto, olhando desconfiada para as duas.

— Bem... — A Kamado disse, segurando o cabelo com a intenção de cobrir o rosto — Eu acho que gosto do Zenitsu-kun.

— Você sabe que ele é um mulherengo fracassado, né?

— Sim, mas, sei lá, eu não me importo, eu sei que ele é incrível.

Todas acharam fofo de como Nezuko ficou envergonhada ao falar do loiro. Depois disso, não respondeu mais nada, ficou apenas sorrindo, pois não tinha certeza de que gostava dele romanticamente ou como um grande amigo, mesmo a resposta estando bem na cara dela.

— Tão linda apaixonada.

Aoi já tinha relaxado os músculos, que haviam se contraído quando ouviu da pessoa que ela gostava a fatídica e temida pergunta. Estava se sentindo segura, pois as atenções foram todas para Nezuko e o Agatsuma, deixou escapar o suspiro aliviado.

— E você Aoi-chan? — Um calafrio percorreu a espinha ao ouvir a voz da Kocho — Não vai achando que vai ficar sem responder.

Deu um sorriso amarelo, suas mãos ficaram suadas rapidamente, o medo tomou conta do corpo da menina. Maldita hora que iniciaram aquela conversa.

— Eu não gosto de ninguém... Você ia saber se gostasse.

Kanao a fitou com os olhos cerrados e desconfiados.

— Eu te conheço muito bem, sei que está mentindo. — Deu o seu típico sorriso simpático, deixando a garota de maria-chiquinha mais tensa, podia sentir o suor escorrendo em seu rosto. — Você tá vermelha que nem um pimentão.

— Calma, Aoi-chan, somos amigas, pode contar. Você não vai ser julgada — A Kamado tentou tranquilizar. Mas, bem, não era uma opção contar por quem estava apaixonada.

As três olharam para a garota esperando uma resposta. Nunca se sentiu tão pressionada na vida, não sabia o que fazer, sentia vontade de levantar e sair correndo para longe, mas ia gerar ainda mais perguntas, além de que seria  estranho, mais do que já estava sendo.

— Eu gosto de uma pessoa... — Falou baixinho, se rendendo — Mas eu não vou contar quem é — Cruzou os braços e fechou a cara.

A Kocho se aproximou de súbito, quase se deitando sobre a outra, apoiando o peso do corpo nas mãos sobre grama, lançando seu olhar indagador. Aoi fitou a menina, depois desviou o olhar e colocou os braços na frente do corpo, a fim de criar alguma distancia. Com aquele simples e envergonhado olhar que deu e todo o constrangimento, despertou uma pulga atrás da orelha de Mokomo e Nezuko. Elas se entreolharam, para confirmar se tinham pensado a mesma coisa.

— Ah, não faz isso. Diz, por favor — Kanao pediu com uma voz suplicante.

— Ah, sim! — Tentou ser firme. — Não digo.

A Urokodaki pigarreou chamando a atenção para si, e tocou as mais velhas no braço.

— Melhor não forçar, né?

Suspirou pesado, agradecendo por Mokomo ter intervindo. Sabia que mais cedo ou mais tarde Kanao iria tocar no assunto novamente, pois era curiosa e se preocupava consigo. Ela pegava as coisas no ar apenas observando tudo, mas quando se tratava de algo romântico sobre si, era quase cega, por isso, Aoi se sentia mais tranquila. Mas se vacilasse ela enxergaria.

 Iria desviar dos questionamentos o quanto conseguisse, não era uma opção contar, porque a Kocho estava se recuperando de uma rejeição e Aoi acreditava que não seria retribuída, sem falar que não queria causar outra dor na amiga. Precisava de todo o apoio do mundo e estaria ali, por ela, sempre.

[...]

Na manhã seguinte Tanjirou estava animado porque tinha encontro do clube e aula de Tomioka, apenas isso já melhorava seu humor e o deixava feliz. E qual não foi sua surpresa ao ver Kanao sentado em seu lugar, ao lado dele, e não mais no lugar de Aoi. O dia não poderia começar melhor.

— Bom dia, Tanjirou-kun — Disse educadamente e ele respondeu.

Não era como se tudo tivesse voltado ao seu normal, mas já era um avanço e tanto. Kanao não se sentia mais desconfortável e magoada ao lado dele, não estava pronta para a conversa e isso era um fato, mas não se distanciaria mais dos garotos.

Inosuke estava entretido com um jogo no celular, mas assim que seus olhos saíram da tela, a primeira pessoa que viu foi Genya, que apenas estava passando, indo para o seu lugar no final da classe. Que arrependimento, queria não ter feito essa decisão, pois viu que o Shinazugawa ficou sem jeito, fingindo uma carranca que não enganava ninguém.

Era algo novo e estranho, Inosuke não entendia o que estava acontecendo consigo, mesmo assim continuou seguindo o outro com o olhar até se sentar na última carteira. Genya o encarou de volta e o Hashibira abriu a boca com a intenção de falar algo, mas não o fez, preferiu voltar a olhar para frente se sentindo incomodado por sentir que o outro estava observando todos os seus movimentos, queria virar e iniciar uma discussão, mas seria bem mais fácil fingir que não tinha acontecido nada.

Não iria admitir nem por tortura, mas algo o chamava atenção naquela cara mal humorada, na cicatriz que começa próximo a orelha e se estendia até pouco depois do nariz — na qual não fazia ideia de como Genya tinha conseguido aquela façanha —, e nos orbes de um roxo escuro quase negro.

Ele aparentava bem mais do que ser um simples encrenqueiro, não havia se esquecido do episódio de fragilidade no banheiro, e que delinquente ler livros? Inosuke estava confusamente curioso. Estava dividido entre ignorar tudo até agora e o evitar, ou descobrir mais sobre o delinquente e si próprio. Sua mente mandava não ir mais afundo, mas seu coração ordenava que se jogasse no desconhecido.

Que droga de sentimentos confusos! Porque tudo tinha que ser complicado? Nunca havia se interessado tanto por alguém, até agora. Mesmo sendo um cara. Um cara quinze centímetros mais alto e que todos evitavam afim de não se envolverem em problemas. Mesmo assim, Inosuke se enganava acreditando fielmente que o que estava sentindo não era atração romanticamente falando ou física. Não podia ser, certo?

[...]

Naquele mesmo dia, Kanao e Aoi sentaram-se com todo mundo no intervalo. Instalou-se um clima de curiosidade, os olhos estavam na garota e no Kamado, esperando que acontecesse algo. No entanto, eles só comeram calmamente, ignorando toda a expectativa depositada neles.

— Vai acontecer ou não vai acontecer a festa? — O loiro perguntou.

A Kocho fez um gesto para que esperasse ela engolir a comida.

— Eu acho... Que seria bom, nós já tínhamos marcado e vai ser na minha casa. Não quero ser estraga prazeres.

— Você tem certeza? — A Kanzaki perguntou preocupada.

— Sim — Olhou para amiga transmitindo confiança — Vai ser divertido.

— Você vai? Muichirou-san? — A pergunta de Tanjirou despertou o rapaz que estava no mundo da lua, alheio a tudo ali. — Para a festa?

— Ah, sim... Eu estou convidado?

— Claro. — Tokito sorriu contente.

A conversa que se seguiu foi animada e leve, estavam fazendo planos do que levar e o que iria acontecer. Kanao precisava falar com sua mãe, mas como era muito liberal e tinha notado que sua filha estava desanimada, era quase certo que ela permitiria.

Terminaram de almoçar e o grupo se dividiu, as meninas saíram juntas e Muichirou foi encontrar Rengoku, os únicos que permaneceram na mesa foram o trio. Inosuke não estava participando da conversa, pois estava com fones de ouvido e jogando. E o Agatsuma apoiou o queixo na mão para admirar todas as meninas que passavam.

— Zenitsu? — Ele murmurou um “hum?” como resposta — Você gosta da minha irmã, certo?

Saiu de sua posição relaxada para olhar o ruivo com olhos arregalados e surpresos.

— Por que tá perguntando isso do nada?

— Você gosta ou não? — Estava sério, queria uma resposta concreta.

— Sim... — Disse envergonhado — Mas eu sei que não tenho nenhuma chance. Tipo, o que ela veria em mim? — Riu completamente sem graça.

A intenção do Kamado ao fazer a pergunta era dar um sacode em Zenitsu para ele prestar atenção, parar de falar de outras garotas e se focar no que era importante, estava realmente o irritando os comentários. Mas parece que o problema era maior do que tinha pensado, faltava autoestima e confiança, ele falava com toda a certeza que não teria chances, mal sabendo que Nezuko o admirava.

— Você sabe que tá errado, né? Não vai nem tentar?

— Bem... — Incomodado com toda a situação, levantou — Eu vou ao banheiro. — Tanjirou suspirou, vendo o loiro fugindo da conversa.

Para ele, a Kamado mais nova não era apenas mais uma garota, pois gostava de verdade dela. Não queria ouvir um “não” saindo de sua boca o rejeitando, seria doloroso demais para o loiro, que já colecionava vários foras e “nãos”, mas um “não” vindo dela, ele não queria que fizesse parte de sua coleção fracassada. Era um nerd que andava com bottons de anime na mochila, acumulava mangás e action figures, já estava acostumado com garotas torcendo o nariz pra ele. No entanto, não queria que Nezuko fosse mais uma.

— Meu Deus... — O ruivo soltou vendo a situação complicada que sua irmã estava.

— Disse alguma coisa? — Perguntou, tirando o fone de um dos ouvidos.

— Nada, Inosuke. — Deitou sobre a mesa pensando se contava a sua irmã os sentimentos de Zenitsu, mas como amigo dele sabia que não queria que contasse a garota. Não devia ter se metido nisso, só queria ajudar, agora que sabia dos sentimentos dos dois se sentia culpado por não contar a um deles.

Um pouco mais tarde, o ruivo confirmou que a reunião do clube foi o melhor acontecimento do dia, porque poderia ficar mais perto de seu professor, mesmo que não fosse da fosse como gostaria. Era tão bom discutir o romance dele com o próprio, ouvir suas dicas com a caligrafia e descrição de ambientes e personagens, sentia que podia o escutar falando por horas.

Ficou triste quando a reunião chegou ao final, se juntou com seus colegas Rengoku e Tokito e foram para cafeteria que o ruivo estava adiado faz tempo. A conversa foi de escola, livros, cafés até a amizade que os dois garotos do segundo ano formaram no curto período de tempo.

— Você vai para a festa, Senjurou-san?

— Bem, não sei. Eu não fui convidado, sabe? — Disse sem jeito, bebericando o café.

— Mais um não seria problema, oras — O ruivo foi gentil.

Senjurou olhou para Tokito e este confirmou que tudo bem ir, gostaria de sua companhia lá.

[...]

No dia seguinte não aconteceu nada demais, apenas mais uma reunião do clube e mensagens de Tomioka. Já havia se tornado uma rotina que o ruivo não queria que mudasse e, se acontecesse, sentiria muita falta do celular vibrando e ler o nome “Giyuu” escrito. Estava mais aliviado por saber que Sabito era apenas um amigo, mas ainda sentia um pequeno incomodo que sabia que era bobo, mas inevitável de sentir.

Inosuke estava tão distante, não se abria para contar o que havia acontecido e Zenitsu agiu como se a conversa de ontem com o ruivo não tivesse acontecido. Tanjirou não sabia se devia se meter na relação do amigo com a irmã e bancar uma de cúpido ou deixar eles se resolverem da forma mais lenta possível. Sentir ciúmes era inevitável, ela era sua irmãzinha, mas também queria a ver feliz com aquele sorriso lindo que possuía. Se para isso fosse ficar com Zenitsu, ele ajudaria sim.

Aos poucos, Kanao estava se aproximando mais, até que na sexta, ao final das aulas e antes do clube, ela o cutucou com a ponta do lápis o braço dele. Sem jeito e não o olhado diretamente, ela o chamou para uma conversa. Passou dias pensando, melhor resolver agora do que deixar formar um clima estranho na hora da festa, na qual todos deveriam se divertir e não pensar em problemas. No corredor mesmo, eles ficaram um de frente para o outro e ele esperou ansioso que ela iniciasse e, enfim, pudessem colocar finalmente os pingos nos “is”. Quem sabe voltar ao que era antes de toda a complicação.

— Depois de uma semana, estou pronta para ouvir — Ela começou — Eu prezo muito pela nossa amizade, no final de tudo.

— Eu também! Você é uma grande amiga para mim, desde o jardim. Desde que tropeçou e destruiu o meu brinquedo — Eles se permitiram sorrir com a lembrança, o clima estava bom afinal — Desculpa por te fazer mal.

— Desculpe também, eu fiz você ficar preocupado. — Estava de cabeça baixa e enrolando a barra da saia.

— Podemos voltar ao que éramos?

— Acho que sim. — A abraçou fortemente e ela retribuiu o abraço mais forte ainda.

— Eu também queria te contar algo — Os ametistas e marejados olhos subiram até o rosto dele. — Bem... — Hesitou — Eu sou gay e mesmo que não fosse, você é uma grande amiga e sempre foi assim que eu te vi. — Deu um largo sorriso gentil, afagando o cabelo liso da menina carinhosamente. — Eu te amo.

Os sentimentos de surpresa, felicidade e tristeza invadiram o peito da garota. No começo, não era esse “eu te amo” que queria ouvir sair da boca dele, não era da maneira como tinha sonhado tanto e desejando tanto, mas entre tristeza e felicidade, sentia que estava mais feliz que triste. Afinal, era alguém tão especial para uma pessoa que prezava tanto e sentia tanto carinho. Algumas finas lágrimas escorreram pelo rosto dela, não dava para segurar.

— Por que... Está chorando? — Se questionava se tinha feito algo errado dessa vez.

— Bobo — Levou as mãos até o rosto para enxuga-lo — Também te amo.


Notas Finais


Precisava arrumar alguém para Mokomo, vei. Não podia deixar a garota de vela kkkkkk
Quem entendeu sobre o Senjurou, entendeu, quem não entendeu, não entendeu kkkkkkkk


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