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História Paleta de Flores - Como se rasgasse seu rosto


Escrita por: jayuussi

Notas do Autor


Oi, oizinho, oláaa!

Meu Deus, isso aqui já estava juntando poeira de tanto tempo não atualizo, o que é estranho porque esse capítulo está pronto a um tempão. Bom, sobre o capítulo de hoje: Jongin e Sehun são personagens extremamente importantes pro enredo, porque eles representam, pelo menos de início, os dois lados da receptividade de um abuso (o que quer ajudar, e o que quer reprimir a vítima). Então, sim, é importantíssimo ter os dois aqui. Sehunzinho foi babaca por falta de informação/foi manipulado pelo amiguinho abusador, o que, eu garanto pra vocês, é a coisa mais comum do mundo, então não sintam raiva dele, ok? Quando ele viu a burrada que ele fez ele se arrependeu e tudo mais, mas, enfim, fica a critério de vocês o que sentir em relação a ele.

Em relação à vocês, agora: EU TÔ MORRENDO DE SAUDADE!!!!!! Fico feliz que as coisas pesadas de PdF estejam passando rápido pra podermos ir logo pra quando as coisas ficam bem, porque eu quero é que haja somente amorzinho nesse mundo, igual o amorzinho que sinto por vocês e tô morrendo de saudade aaaaa!

Mas, ok, ok, vamos lá.
Tenham uma boa leitura!

Capítulo 12 - Como se rasgasse seu rosto


Fanfic / Fanfiction Paleta de Flores - Como se rasgasse seu rosto

Quando Chanyeol voltou, havia ainda alguma comoção entorno dos três rapazes.

Pelos seus rostos, era possível acertar: Baekhyun e Sehun haviam chorado. Jongin queria, com absoluta certeza, ter uma conversa séria consigo — o diminutivo para quando Kim faria uma verdadeira cena entre berros e xingamentos.

Byun foi até ele, o abraçando demorado. Sabia que algo havia acontecido na sua ausência, mas teve medo de perguntar. Tragou do cheiro gostoso de Baekhyun enquanto em seus braços, soltando-o lentamente, farejava algo no ar. Esperou que alguém se pronunciasse, certo de que Byun parecia tão desconfortável que sabia que esse alguém não era ele. Deixou a pizza na mesa, então adentrou ali o silêncio.

— Chanyeol, vem aqui comigo, fazendo um favor — disse a voz de Jongin.

❁▸❀▹   —   ◃❀◂❁

O antigo quarto de Chanyeol cheirava a saudade, lavanda e limão. As cortinas parcamente abertas concediam ao quarto — que agora parecia mais uma biblioteca com uma cama do que qualquer coisa — uma característica sépia. Nostálgico, mas também incógnito, na margem do sombrio.

— O que aconteceu aqui? — Perguntou Park, perdido.

— Chanyeol, você está tomando seus remédios?

— Que remédios? — Tentou desconversar. Havia se esquecido deles por pares de dias.

— Os antidepressivos que você está deixando de lado, assim como está deixando de lado uma série de coisas importantes e só vai perceber ou sentir falta quando exatamente tudo desmoronar e todo mundo estiver completamente fodido — falou de uma vez só, crispando as sobrancelhas enquanto sua voz soava calma, mesmo que trouxesse um redemoinho de farpas. Chanyeol sabia que era apenas a pétala daquela discussão, que Kim puxaria tudo até chegar ao caule, às raízes.

— Não estou entendendo o que você quer dizer — suas sobrancelhas formavam uma espessa e pesada linha sobre seus olhos.

Jongin riu em escárnio.

— Que decepção, Chanyeol. Não me decepcione assim — balançava a cabeça. Via nos olhos de Park que aquelas palavras o machucavam, mas não conseguia contê-las indigestas dentro da sua boca. — Você acha normal o que você está fazendo pro Baekhyun?

O quê? É sério, eu não estou entendendo nada do que você diz. Você enlouqueceu?

— Não fale como se não soubesse do que estou falando — estreitava o olhar em desprezo.

— Mas eu não sei! — Ergueu a voz, quase gritando, já ofegante em ansiedade, já magoado por Kim o tratar daquela forma. — Eu saí por menos de uma hora e quando eu volto o meu namorado e um dos meus melhores amigos estão com cara de choro e você começa a gritar comigo do nada! Meu Deus, se aconteceu alguma coisa, pelo menos me deixa saber antes de me xingar!

Jongin respirou fundo, e embrenhado dentro de seu peito, sabia que queria chorar.

— Você está mantendo alguém psicologicamente doente sob cárcere privado. Está deixando e achando bonito que ele crie dependência em você. E não quer que ele vá pro mundo, vá se curar, denunciar aquele bosta. Você está bem sossegado enquanto o Baekhyun definha, mas tudo bem ele definhar enquanto ele estiver do seu lado, não é? Se ele morrer nos seus braços vai ser bom também, não vai?

Park Chanyeol se resumiu em fragmentos quebrados de uma estátua de gelo. Estava tão incrédulo, que por quase minuto não conseguia sequer formular uma frase a se proferir. Seus olhos grandes brilhavam vidrados no rosto furioso do melhor amigo. Não acreditava que estava ouvindo aquilo.

Então agora a culpa é minha? — Foi tudo o que pôde dizer, em ironia.

— Você está sendo relapso. Relaxado. Você não está nem aí!

— Jongin — ia gritar, mas levou as mãos aos cabelos em um ato de autocontrole. — Você acha mesmo que eu não estou nem aí e que eu acho que está tudo bem?

Kim fez menção de dar outro de seus sorrisos odiáveis.

— Preste bem atenção, voc— foi interrompido; sumia seu sorriso.

— Você acha que está tudo bem pra mim que o cara que eu amo tenha sido agredido, que os pais dele tenham jogado ele de bandeja nas mãos daquele desgraçado que quase matou ele? Que tentava estuprar ele quase todo dia,  que fez um inferno dentro da cabeça dele e fez tão mal pra ele que eu tenho medo de tocar nele? Tenho medo de falar alguma coisa errada, tenho medo de tudo! Como você acha que eu me sinto pensando o tempo todo que ele só está comigo por gratidão e porque eu sou a única pessoa que ele confia? Quer dizer, eu nem sei se ele realmente confia ou se só está com medo do ex aparecer, eu não sei de nada do que se passa na cabeça dele! E se coisas piores já aconteceram e ele tem vergonha ou medo de me falar? E se aquele cara conseguiu ser mais forte que o Baekhyun alguma vez e ele não quer me contar? Jongin, a pessoa que eu mais amo está tão machucada que eu não sei o que fazer!

Chanyeol tentava, mas as últimas palavras saíam como ruídos torpes em meio ao choro doloroso que tomou lugar em seu peito. Seus dedos trepidavam enquanto tremores atingiam certeiros os seus lábios.

— E você não levou ele num psicólogo até agora por quê?

— Porque eu respeito quando ele me diz que não está pronto pra ir!

— Chanyeol, eu — não sabia o que ia falar, não fazia ideia. Quando foi perceber, já havia engasgado no seu próprio choro. O líquido quente descia em fúria como se rasgasse seu rosto. Ardia a garganta, cortava a respiração.

Chanyeol chorava numa admissão de impotência e angústia. Jongin, numa raiva desesperada.

Park sentou-se na cama, apoiando os cotovelos nos joelhos, escondendo o rosto entre mãos.

— Eu tô me sentindo pressionado a dias… eu não sei quanto tempo mais eu vou aguentar essa situação — murmurava embargado.

— Não desiste dele, por favor… só… não desiste — Kim suplicava em um dos poucos momentos em que se permitia mostrar seu lado delicado.

— Ainda que eu não sentisse o que eu sinto por ele, eu não desistiria de alguém que precisa de ajuda. E sendo ele, a pessoa mais preciosa que eu achei nesse mundo… Eu só — fraquejava em choros que cortaram seu discurso.

Kim Jongin entendeu que Park Chanyeol estava fazendo seu máximo por Byun Baekhyun, porque tinha o coração tão grande que não cabia em si, e porque amava aquele homenzinho mais do que qualquer coisa.

Entendeu que Baekhyun estava machucado, mas Chanyeol estava perdido no meio do caminho de tentar ajudá-lo. Estar com alguém que já foi abusado não era e nem nunca seria algo fácil, que passa despercebido. Os traumas da relação passada iriam corroer todo e qualquer laço futuro. Naquele momento, corroíam seu novo namorado e seu novo amigo.

Sentando-se ao seu lado e ainda sem deixar de chorar Jongin o abraçou enquanto Chanyeol continuava e continuava a derrubar o salgado daquela aflição. Fazia carinhos em suas costas, precisava ajudar a deixar sair. Kim se recordava de que fazia muito, muito tempo que Park não desabafava.

— Na nossa primeira vez, eu nem fiz nada. Claro que eu queria estar lá com ele porque eu amo ele, mas eu estava com tanto, tanto medo… na hora que ele quis, eu pensei em dizer não porque eu não estava pronto, sabe? Tanta coisa podia dar tão errado que eu fiquei apavorado. Eu fiquei tenso durante a transa toda porque eu não estava pronto ainda, e quem me garante que ele estava? Eu… eu nem encostava nele direito, eu nem falei nada, por puro medo. Ele me guiou a tocar nele, me disse o que fazer e tudo mais, e foi legal. Mas eu odeio lembrar de como eu estava apavorado, impotente, assustado… sabe? Eu sinto que eu devia estar preparado pra lidar com ele, mas eu não estou e isso acaba comigo…

— Você está tentando — se esforçou a dizer. Sabia bem que só a tentativa não era suficiente.

— Mas só tentar não resolve nada! Eu pensei que depois da nossa primeira vez as coisas seriam mais fáceis e logo, logo ele ficaria bom, pronto pra buscar ajuda e tudo mais… mas não é assim que funciona. Ele não consegue assistir nada que tenha conteúdo sexual, nem em sonho! Você sabia que ele não se sente bem nem em ver filmes em que pessoas se beijam? Se alguém grita ele já fica nervoso, e tudo que envolva álcool fica na cara dele que ele se desespera. E como eu vou saber até onde vai o medo dele? Eu sei que ele não me fala tudo o que sente ou pensa — se interrompia entre várias puxadas de ar.

— Hoje ele me disse uma coisa e… sei que exagerei com você, mas eu perdi a cabeça...

— O que ele disse? — Olhava em sua direção, por trás do vermelho de seus orbes.

— Ele acha que o cara vigia ele o tempo todo, que sabe de tudo o que acontece. Disse que só quando está com você ele não vê o que Baekhyun faz… acho que é porque ele se sente seguro do seu lado, mas ele realmente acredita nisso.

Chanyeol ficou em choque. Não conseguiu dizer palavra. Jongin torceu as feições enquanto mais lágrimas caíam do rosto de Chanyeol, e voltou a chorar com ele. Abraçou-o com força, deu abrigo ao amigo gigante entre seus braços e seu terno.

Desculpa o que eu disse, Chanyeol, eu sempre escolho as piores palavras e eu descontei tudo em você e eu não queria fazer isso. Eu estou desesperado porque a gente precisa ajudar ele, e por um momento eu completamente esqueci de me importar com como deve estar sendo difícil pra você e tudo mais. Desculpa mesmo — apertava-o ainda mais.

Eu não sei o que fazer, Jongin — confessou num choro trêmulo.

Nós vamos conseguir, vamos sim.

Tem coisas que eu digo e ele não quer ouvir. Nem ver os amigos dele ele quer — suspirou. — Me ajuda… por favor...

Nós vamos conseguir — insistiu. E queria acreditar que dizia a verdade.

❁▸❀▹   —   ◃❀◂❁

— Desculpa mesmo eu ter acreditado nele sem nem ao menos te conhecer ou falar contigo — Sehun dizia a Baekhyun, ambos sentados na elevação de madeira de frente ao jardim, uma pequena sacada ali do primeiro andar. Apoiados na cerca, pernas balançando do lado de fora.

— Tudo bem, a gente costuma acreditar nas coisas mais simples mesmo. Mas já passou, agora está tudo bem — dizia com o olhar distante nas orquídeas e camélias perto das pedras do minúsculo lago.

— Você sabia que o Chanyeol te endeusa tanto que eu pensei que você nem existisse? — Mudava de assunto depois de tempo mudo.

— Mas eu não existo mesmo, sou só uma criação do imaginário dele e meu nome é Wilson — brincou enquanto Sehun tirava o paletó.

— Wilson? Como a bola do filme do Náufrago? — Indagou com miúdo sorriso.

— Exatamente, eu mesmo.

— Você é uma bola ou um amigo imaginário?

— Eu sou uma bola imaginária — respondeu com extrema convicção do que dizia. Sehun o encarava propenso a identificar se brincava ou se seria aquela outra de suas paranoias. Mas acabou rindo.

— Certo, você passou de Megazord pra Wilson agora. Meu Deus, que confuso.

— Na verdade eu tenho um segredo pra te contar… — começou rindo, mas foi ficando sério.

O rapaz Oh se colocou em alerta.

— P... pode dizer — suas sobrancelhas se erguiam num formato circular, preocupado.

Baekhyun gaguejou algumas vezes. Abria a boca e desistia, estalava os dedos e tentava. Depois de alguns segundos se enrolando, passou a brincar com o paletó de Sehun, colocando-o nas costas. Fazendo um nó com as mangas frente ao pescoço. Sehun deixou que levasse o tempo que precisasse, e demorou. A ansiedade já borbulhava em Oh quando Byun se curvou em tom de mistério e sussurrou:

— Eu sou o Batman.

Incrédulo, Sehun demorou a perceber que havia caído numa pegadinha. Fingiu dar tapas em Baekhyun, que apenas ria. Afrouxou e tirou a gravata atada à sua camisa branca, suspirando pesado.

— Você me deixou preocupado, praga — colocava a mão sobre o peito, o coração ainda batia forte enquanto fechava os olhos.

— Eu percebi mesmo, devia ter visto a sua cara — gargalhou.

— Tá perdendo seu tempo aqui sem ganhar dinheiro. Vai pro circo, palhação. Hilário. Pândego. Engraçadíssimo — balançava a cabeça, indignado. Mas a risada de Baekhyun era tão gostosa que se rendeu.

— Ei, Sehun, podemos manter isso entre a gente, não podemos? — Inquiria depois do curto episódio das risadas.

— Sobre você ser o Batman e eu ser o Lanterna Verde?

— Não — riu curto. — Sabe. Aquilo sobre você e… Lu Han — esforçou-se a dizer o nome dele.

Sehun empalideceu. Congelou e flutuou no tempo. Baekhyun sabia.

— Eu… bem, é que…

— Tudo bem. É sério. Tudo bem.

— Quero deixar isso no passado, se for possível — pedia.

— Sim, claro. Já passou. Você e Jongin se resolvem do jeito de vocês, e se você acreditava no que ele falava a meu respeito, então você só foi enganado… não é?

Sehun engoliu em seco.

— Jongin quer colocar ele na cadeia. Mas eu, depois de pensar, acho que ele também precisa de ajuda. Enquanto a cabeça dele não mudar… você entende o que quero dizer?

— Você vai ajudar ele? — Ficava visivelmente apreensivo.

— Ele é alcoólatra e tem esses comportamentos bem errados e fez tudo o que fez com você e ele acha isso normal. Só prender ele não vai resolver. Ele… ele é doente. Quero distância, mas quero ajudar. E ao mesmo tempo, quero te ajudar muito mais do que quero ajudar ele. Eu, na verdade, nem sei como fazer isso e nem sei como vou olhar pra cara dele agora, mas…

Baekhyun depositou sua mão sobre seu ombro, um sinal de apoio.

—Você tem um bom coração.

— Se o coração do Chanyeol que é do tamanho do mundo não resolveu nada até agora, do que adianta meu coração bom? — Sorria triste.

— Bem, você quer comer crepe? Jongin vai também quando sairmos com meus amigos. Vou marcar essa semana ainda.

— O Jongin ama crepe — um sorriso deslocado se achava em seu rosto. Não só por perceber que Baekhyun mudava de assunto, mas por falarem de Kim, a quem tanto amava. — Ele que convidou?

— Foi sim!

— “Você quer comer crepe”. Isso foi uma pergunta, Jongin? “Você não percebeu” — Revezava entre imitar a voz do namorado e usar a própria tonalidade.

Baekhyun riu até ver uma mão apertando com as pontas dos dedos o pescoço de Sehun. Quando viu que Oh gargalhava ao ser punido por Jongin, riu ainda mais.

— Você pare de imitar minha voz e eu nem falo assim.

Sehun riu mais e imitou mais e levou mais beliscões. Chanyeol estava próximo à porta, recluso por trás dos braços. Baekhyun foi até ele com um sorriso e o deu um demorado abraço para reconfortá-lo enquanto o casal de terno se divertia numa reconciliação boba. Park suspirou, deixando-se desmanchar sob os carinhos de Byun.

— O que houve pra você estar todo choroso assim?

— Eu amo você — disse Chanyeol em tom de confissão.

— Eu também te amo, bobão.

❁▸❀▹   —   ◃❀◂❁

— O mundo podia cair e vocês não iam nem ver, né? — Sehun questionava entrando na sala, os senhores Park completamente alheios a tudo.

Estamos assistindo Glee — sussurrou Chunghoon, como se sua voz fosse atrapalhar a série.

É um clássico! Maravilhoso, maravilhoso! — Youngmee completava, redondamente admirada.

— Mas eu quero atenção — Jongin se encolhia no colo da mais velha.

— Pronto, pronto — passava a mãozinha sobre a textura branca da camisa dele assim que ajeitou sua gravata.

— E minha batata-frita? Vocês sempre esquecem de mim — Fez manha o senhor Park.

Baekhyun, tentando quebrar a tensão dentro de si, ergueu o indicador como se fosse falar e sumiu em direção à cozinha. Quando voltou, o paletó de Sehun que outrora lhe servia de capa agora era vestido com perfeição (e alguns centímetros de sobra). Uma mão atrás das costas numa falsa pose de cavalheiro, serviu-o o recipiente cheio de fritas.

— Queira experimentar a melhor batata da cidade — fechou os olhos com toda a pompa.

Chunghoon aceitou, rindo por trás dos óculos.

— Tá boa mesmo!

— Sim porque eu que fiz, monsieur. — Gabava-se cheio de elegância.

— Esse menino é abusado — dizia a Chanyeol antes de se direcionar a Baekhyun: — Você é abusado, menino! Gostei de você!

Aliviando em parte o peso dentro de si, Baekhyun se permitiu sorrir, conversar e assistir episódios de Glee, como se fizesse isso todo dia e estivesse completamente habituado aos sogros. Ao sentarem-se à mesa, a mesma coisa. Não havia olhares reprovadores, questionamentos, assuntos desconfortáveis. 50% dos tópicos eram sobre comida; 20% sobre séries; 10% sobre hábitos, histórias e peculiaridades vergonhosas sobre Chanyeol — pois é para isso que servem os pais e melhores amigos; 10% sobre animais esquisitos e comer terra; 7% sobre como Baekhyun era engraçado e 3% sobre o molho da lasanha.

Já eram quase duas horas da manhã e não paravam de falar.

— E então, meninos, o que achamos? — Senhor Park se apoiava nos cotovelos, escondendo a boca por trás das mãos entrelaçadas, pensativo.

Kim e Oh assumiram a mesma postura severa, em análise. Youngmee até tentou juntar-se, mas suas feições pensativas eram nada mais do que fofas.

— O sorriso dele é muito bonito — Sehun foi o primeiro a falar.

— Ele é um amorzinho — constatou senhora Park.

— Ele contagia qualquer lugar que ele vai com seu bom-humor — acrescentou Jongin.

— O molho da lasanha dele é maravilhoso — admitiu Chunghoon.

— E que molho, eim — Oh se aderia.

— Ele é bem gentil e bem-educado. É de longe meu favorito, o melhor namorado que Chanyeol já teve — Youngmee àquele ponto já nem podia mais fingir imparcialidade porque ninguém mais acreditaria.

— Eu acho que ele passa para segunda fase do teste probatório — Chunghoon dizia.

— E que fase é essa? — Baekhyun preocupava-se enquanto ria constrangido por tantos elogios.

— É a fase do churrasco — replicou o sogro

Baekhyun riu — em parte por achar graça, fatias por não ser, assim, tão bom fazendo churrasco, então não sabia se devia se preocupar. Àquele ponto, Chanyeol estava debruçado sobre a mesa, o rosto contorcido em birra.

— O que foi, meu amor? — Byun amaciava.

— Ah, todo mundo resolveu só dar atenção pra você e é como se eu nem estivesse aqui — disse baixinho, mas todos ouviram.

— Ô, meu Deus, cadê a mamadeira do Parkinho? — Sehun entoou uma irritante voz, Jongin somente riu.

— Tadinho do meu filhote — Youngmee mimava.

— Amor, escuta aqui — Baekhyun passava o braço por trás dos ombros de Park, apoiando-se no espaldar da cadeira dele. — De todas as pessoas do mundo, você é a melhor delas. Com esses olhos enormes e esse seu jeito bonitinho. Todo mundo aqui nessa mesa te ama mais do que qualquer coisa porque você é todo perfeito. Então não fica assim, tá?

Chanyeol apertou um lábio contra o outro, abaixando a cabeça enquanto aquiescia.

— Eu te amo muito — Replicou baixinho.

— Eu te amo mais do que qualquer coisa.

— O Chanyeol tá roxo de vermelho!!!! — foi o que Jongin gritou antes que Park escondesse o rosto com ambas as mãos quando todos começaram a rir.

❁▸❀▹   —   ◃❀◂❁

A noite foi muito mais tranquila do que Byun imaginava. Sehun e Jongin — usando pijamas iguais — vieram ao quarto onde Chanyeol e Baekhyun dormiriam. Conversaram por quase uma hora antes de devidamente se dirigirem ao quarto de hóspedes. Primeiro foi Kim quem abraçou Baekhyun, pois aquele gesto lhe dizia tudo o que queria lhe dizer. Então foi seguido por Oh, num abraço um pouco mais demorado e melancólico. Arrependido, aliviado, agraciado com o perdão e a confiança do Byun. Ao final do toque, Baekhyun segurou seu rosto, beijou sua testa.

— Está tudo bem agora — dizia a ele antes de se direcionar aos dois: — Vocês são demais.

Chanyeol o olhava como se ele fosse a partícula de raio de sol mais preciosa de todo o mundo. Apaixonou-se outra vez, e outra quando Byun distribuía palmadinhas fraternais nos traseiros de ambos os amigos e ria de como se contorciam para evitá-lo.

Ao fim da noite, existia um abraço caloroso, uma porção de beijos e palavras veladas, todos cheios de uma inocência minuciosa. Não fora o melhor dia da vida de Baekhyun, Chanyeol sabia. Ser confrontado de forma positiva por Jongin que queria que tomasse medidas legais e arbitrárias, e de forma negativa por Sehun que duvidava de suas verdades. Os dois casos o faziam sentir pressionado e sufocado.

Naquela noite, Byun se deu conta. O dia havia acabado, e tudo o que sobrara era o carinho de Chanyeol. Talvez, toda noite pudesse ser daquela forma. Acabar bem. Talvez se denunciasse e enfrentasse o período difícil de tratamento psicológico, quem sabe, as noites colocariam pontos finais às dores, e as deixariam presas naquele dia, não voltariam outra vez. Ficariam lá. Presas no passado, seladas pelos abraços de conforto e boa noite. Talvez o passado fosse feito para se deixar para trás. E talvez, quem sabe, tudo pudesse ficar bem.

 


Notas Finais


Bom, amores, por enquanto é isso! Não sei dizer ao certo quando terá mais atualização porque eu ainda nem comecei a escrevê-lo, mas vou tentar agilizar! Vocês sabem onde me encontrar, certo? https://curiouscat.me/jayuussi e https://twitter.com/jayuussi estão sempre por aí.
Ah, sim, e eu postei jornal falando sobre o livro de Rosa Azul!!!!! Aqui o link: https://spiritfanfics.com/perfil/dreamers_dpt/jornal/bookoffanfics-segunda-edicao-do-livro-de-rosa-azul-e-grupo-no-facebook-9353180 e leiam por favorzinho!!!
Por hoje é só, nos vemos por aí <3


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