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História Palimpsesto - Dramione - A mansão Malfoy.


Escrita por: LilyEinstein

Notas do Autor


Venho nesse capítulo agradecer a todos vocês pelo recorde de comentários e visualizações, vocês me deixam cada dia mais contente!
Espero que tenham uma boa leitura e continuem sendo leitores incríveis como vem sendo!

Capítulo 10 - A mansão Malfoy.


Wiltshire, Inglaterra.

—Senhorita Hermione, seu quarto vai ficar na ala oeste, é muito bonito pois da para ver o por do sol! —Explicou Aysha, fazendo arrastando uma Hermione dolorida pelas escadas. Draco esticou suas pernas no sofá, descansando a mente poucos minutos antes de voltar à Azkaban, deixar as duas juntas havia sido a melhor ideia que havia tido.

Se depararam com um longo corredor de paredes de madeira clara. Todas as portas eram brancas, o que trazia no ambiente uma sensação de ar puro. Rumaram até o final do corredor, onde uma porta branca talhada com imagens de flores e caules de planta as recepcionava.

—Este é seu quarto, senhorita Hermione.

A criatura mostrou seus dentinhos escurecidos com tamanha cordialidade que fez a castanha gostar ainda mais de sua simpatia. Lembrava Dobby.

Ao abrir a porta, um cômodo claro e arejado as esperava.

A cama, no centro, possuía os lençóis prateados com detalhes dourados. Parecia ser tecido com fios de ouro. Era grande até demais para Hermione, que teve certeza que caberiam dez dela ali.

Caminhou devagar até o móvel, e se sentou na beirada de forma tímida, cruzando os braços.

Aysha, por sua vez, pulou sobre Hermione com seus pés enormes e passou a se divertir saltitando sobre o colchão de molas. Os lençóis em forma de prata logo passaram a se movimentar como um rio em cascatas. Soltava breves gritinhos com sua voz aguda, em demonstração da felicidade que tinha.

—O senhor... Malfoy...nunca deixou Aysha...Pular em sua cama! —Comemorava ofegante. Suas orelhas moviam-se em sincronia com o corpo enquanto soltava uma risada esganiçada.

Hermione pode sentir toda sua pele sendo ruborizada conforme uma coceira se formava em sua garganta, a vontade de gargalhar era enorme, coisa que por um medo inconsciente não teve coragem de fazer, engolindo o riso.

Os dementadores podiam ouvir.

Eles sempre ouviam tudo.

Quando sentiam que Hermione estava tendo boas lembranças em sua cela, sempre a invadiam e lhe sugavam tudo que havia de bom.

Não podia deixar acontecer novamente, não devia.

Eles estavam chegando.

Encolheu-se e escorreu pela beira da cama, abraçando-se conforme ia para o chão de tapetes felpudos.

Estava lá novamente.

Sua cela escura, os dementadores flutuando pelo lado de fora, aguardando por qualquer resquício de lembrança que pudesse esboçar, o emaranhado de panos que usava como coberta nos dias frios. Estava tudo lá. Seus olhos se fecharam com força, impedindo-a de chorar.

Em sua mente, flashes de memória divagavam de forma confusa.

Dino Thomas sendo massacrado por comensais.

Luna sendo amaldiçoada com a morte, no mesmo instante que Neville. Morreram de mãos dadas.

Fred Weasley tendo seu corpo esmagado.

Gina Weasley lutando bravamente poucas horas antes de ser atacada por Bellatrix Lestrange.

O primeiro e último beijo que havia dado em Ron.

Ronald sendo levado, amordaçado e amarrado, por um grupo de comensais.

A família Weasley, devastada, enxotada aos pontapés para Azkaban.

Sua fuga para a torre de astronomia em meio à guerra, poucos segundos antes de desmaiar por falta de ar.

O homem, que se preparava para voltar ao trabalho no andar de baixo, pode ouvir um baque próximo do que seria o quarto de Hermione, e caminhou às pressas para a ala oeste, onde encontrou-a jogada no chão debatendo-se contra uma força não existente. A elfo estava paralisada ao lado de uma cama bagunçada, sem saber o que fazer. Draco teria deixado Aysha pendurada pelas orelhas em algum cabide por ter bagunçado a cama, se não fosse de maior urgência ajudar a mulher no chão.

Passeou com suas mãos pelo rosto da morena, procurando algum motivo para os delírios.

Estava com febre.

Levantou o corpo de Hermione do chão rapidamente, correndo para a única porta que havia dentro do quarto. Um banheiro.

A castanha murmurava palavras desconexas, trazendo consigo a mesma frase que perambulou pela mente de Draco no dia em que havia sido capturada pelo sonserino, ainda na torre.

—Por favor...Malfoy.

Os mesmos braços magros e fortes que haviam a levado rumo à Azkaban, antes determinados e confiantes, agora traziam consigo temores que percorriam a espinha do loiro conforme carregava uma Hermione delirante e fraca para uma banheira, na tentativa desesperada de acalmar sua febre e seus devaneios. Não só isso, queria acalmar sua culpa após ouvir aquela frase que lhe trouxe aquela lembrança.

Ela havia o pedido por favor, e ele, mesmo assim havia a levado.

Era sua culpa.

Covarde, Draco Malfoy, muito covarde.

Que espécie de homem era?

Cada pensamento na mente de Draco soava como um soco em seu estômago.

Precisava se concentrar.

A temperatura quente que tocou a grifina a fez arrepiar, e por um momento teve certeza de estar morta. Então assim que era morrer? Tão calmo. Mergulhou pela profundidade, sentindo seu corpo leve como nunca havia estado. Estava flutuando.

—Granger.

Uma voz desesperada a chamava ao longe, mas não queria ir, não tinha para quem ir, estavam todos mortos.

—Granger, ei, acorde!

A voz ecoou mais alto, juntamente à uma forte sensação de frio que lhe percorreu o rosto.

Uma mão áspera e calosa a empurrava nas clavículas.

E então despertou.

Estava em uma banheira. Ao seu lado, Draco Malfoy percorria com seus dedos pela sua testa e bochechas, medindo a febre que a castanha estaria.

Tornou sua cabeça para seu corpo, onde a cicatriz em seus seios lhe indicou que estava completamente nua. Não se lembrava de ter tirado a roupa.

Afastou seu rosto no mesmo instante de Draco, arrastando seu corpo para o outro extremo da banheira, onde não seria possível alcança-la.

—O que você fez comigo Malfoy? —Rosnou, escondendo seus seios com as mãos.

O olhar antes desesperado de Draco se transformou rapidamente em uma expressão decepcionada. Ela realmente achava que ele havia feito algo?

Sorriu entre os dentes, ainda decepcionado.

—Já lhe avisei para confiar em mim, Granger.

Encarou Hermione com a pouca coragem que havia lhe restado, juntando toda sensação de culpa que havia sentido e amontoando-a em algum lugar de si mesmo a qual não se lembraria tão facilmente.

Hermione o encarou de volta, examinou cada extremidade da face do loiro em busca de algum indício de que estava mentindo. Não estava.

Sequer percebeu o olhar furioso que lançou para Draco.

—Tome, são para a febre. —Entregou dois frasquinhos para a castanha, que puxou com todo seu fôlego o aroma que possuíam. Draco revirou os olhos. —Vamos, Granger, algo me diz que eu entendo muito mais sobre poções medicinais do que você.

Hermione bufou, seguindo sua reação por tomar as poções em uma golada só.

O sabor era horrível, mas em instantes pode sentir sua mente girando como um prato recém caído, e logo após estabilizando-se.

Sentia-se ótima.

—Vou deixar que Aysha cuide de você, preciso voltar ao trabalho. —Concluiu, apoiando-se em seus próprios joelhos para levantar e ir embora.

Cinco segundos depois Aysha apareceu. Uma sacolinha de shampoos em uma mão e peças enormes de roupas na outra.

Aqueles shampoos com o cheiro que Hermione tanto adorava foram retirados do saquinho, no que foi, em muito tempo, o melhor banho que a castanha já havia tomado.

 

A pequena elfo estendeu seus longos dedos para a castanha, que os segurou firmemente entre sua mão, procurando não se importar com as rugas que permaneciam próximos as unhas de Aysha. Naquele dia os olhos da criatura haviam aderido um novo tipo de brilho característico, fazendo com que ela parecesse estar a ponto de chorar de emoção durante todo o tempo.

Caminharam de mãos dadas pelo lado leste da casa, a pequena serva indicando a cada porta que passavam.

—Senhorita Hermione, essa porta é a do quarto do senhor Malfoy, Aysha só pode entrar aqui quando é chamada, acho que a senhorita Hermione também não pode...

—Pode me chamar só de Hermione, Aysha.

Aysha alargou seu sorriso em resposta.

A castanha permanecia em estado de transe, impressionada com a simples e cativante criaturinha que a direcionava. Em qualquer situação questionaria a sanidade de Draco por escravizar um ser tão inocente, mas não estava em posição de reclamar, não para ele.

—Essa porta é o antigo quarto do senhor e da senhora Malfoy, que Merlin os abençoe! Aysha tem proibição restrita de entrar nesse cômodo, assim como a sen... Hermione.

A mulher acatava cada orientação, construindo notas mentais sobre onde deveria ou não pisar. Em suas contas, no andar de cima apenas sua suíte era permitida. Muito mais do que era esperado para uma prisioneira de Azkaban, e não precisaria de mais do que isso.

—Este cômodo, Hermione, é a biblioteca do senhor Malfoy, mas ultimamente ele nem visita, mas Aysha sempre precisa entrar aqui para arrumar os livros e tirar o pó, Hermione.

Uma grande porta dupla de madeira avermelhada foi aberta, dando à castanha a certeza de que havia morrido e estava no paraíso.

A biblioteca era grande, não como a de Hogwarts, mas de tamanho suficiente para algo particular. Seu chão era amadeirado lustroso e avermelhado como as portas. Cada estante de livros, que subiam sobre o pé direito com uma altura que poderia ser quatro vezes a de Hermione, era separada por uma tocha que permanecia acesa por magia. Ao centro, uma enorme mesa com pergaminhos e tintas de todas as cores se encontravam para realizar possíveis anotações. Havia uma escada à cada canto do lugar, para que fosse possível avaliar os livros do andar de cima. A organização mantida era notável.

À esta altura, Aysha sacudia Hermione pelos braços esperando uma reação, tendo em vista que a castanha estava paralisada. Seus olhos brilhavam em resposta à cena em sua frente. Era linda.

Sem perceber, Hermione soltou a mão da elfo e seguiu em direção aos livros de história, onde encontrou aquele que tanto havia sentido falta, o livro o qual recitava suas frases sozinha em sua cela, esperando o tempo passar.

Hogwarts, uma história.

Encarou o livro por alguns segundos, decidindo se seria prudente ou não o pegar.

-Aysha, será que eu...posso?

-O senhor Malfoy não mandaria Aysha lhe apresentar a biblioteca, Hermione, se a senhorita não pudesse. —Coçou sua cabecinha careca em uma imitação clara da expressão que seu dono faria.

Hermione sorriu.

Pescou o livro para suas mãos e acomodou-se no chão, ao lado de sua estante. A pequena elfo, que não tinha nenhum trabalho para realizar, aproximou-se como quem pedia permissão e encostou sua cabecinha nos ombros ossudos de Hermione, que a acariciou como resposta, sem tirar os olhos do livro.

A criaturinha soltou um som agudo e esganiçado que tirou o foco de Hermione de sua leitura.

-Aysha desculp...

-Ninguém nunca tocou em Aysha!

Exclamou, assoando seu nariz grande e catarrento entre seus próprios dedos e esfregando-os contra a roupinha do que havia sido uma cortina. Seus olhinhos agora banhados e vermelhos, espirrando lágrimas para todos os lados.

Hermione a entendia.

Puxou-a para perto e a envolveu em um abraço desengonçado, acolhendo a criaturinha entre seus braços sem se importar com o líquido gosmento que saia de seu nariz e escorria diretamente para seu blusão cor-de-abóbora, encharcando-o.

Não foi preciso nem vinte segundos para que um ronco soasse de Aysha, que havia pregado os olhos e caído no sono de forma tão instantânea que parecia uma brincadeira.

Hermione secou suas lágrimas com a manga do blusão enorme que vestia e riu da situação, um risinho baixo e curto. O necessário para que a fizesse sentir o mínimo de alegria que poderia sentir fora de Azkaban, onde sua felicidade era sugada o tempo todo.

A elfo escapuliu pelo colo de Hermione, repousando suas orelhas por fim em sua perna.

Passaram-se horas com a pequena criatura cochilando no colo de Hermione, que teve tempo o suficiente para treinar sua leitura. Não lia rápido como em sua juventude, mas tinha a capacidade de entender tudo que estava escrito nas folhas de papiro antigo, o qual lhe fazia sentir aquele cheiro de livros que sentia tanta falta.

Ao lado de fora da biblioteca, a janela anunciava que o sol se despedia. Provavelmente no lado oeste, em seu novo quarto, a cena estaria linda. Ali, no lado leste, o que podia-se ver era uma nuance alaranjada que beirava os jardins da mansão. Hermione adoraria visita-los com mais calma, outro dia. Pequenas luzes esbranquiçadas já banhavam o céu, ainda de forma tímida, anunciando que a noite se aproximava.

A visão, para Hermione, era inusitada. Tudo que podia ver de sua cela no alto era a luz da lua que lhe irradiava sobre a face durante as madrugadas.

Na mansão Malfoy a lua parecia respeitar os olhos da castanha, mantendo-se numa distância considerável para ser notada como bela sem agredir o sono de ninguém.

Do outro lado do céu, em algum lugar mais próximo à luz, alguém aparatava.

Um som peculiar fez-se ouvir no andar inferior, Draco havia desaparatado na sala de estar.

A morena contou seus passos até a escada.

Trinta e cinco.

Subiu os dez degraus à passos pesados, e mais oito degraus foram necessários, separando a ala leste do oeste.

Estava na ala leste.

Vinte e três passos marcaram a presença de um homem loiro, que havia esquecido de retirar o jaleco ao voltar para casa.

Hermione pode o ver por sua visão periférica, mas não ousou levantar seu olhar para Draco, que encarava a situação com certa estranheza no olhar. Como a fedelha tinha coragem de encostar naquela criaturinha tão estranha?

Aproximou-se vagarosamente, arrumando uma pilha de livros que jazia na esquerda, apenas para ocupar seus dedos.

—O que achou daqui? —perguntou após alguns minutos de silêncio, quando já não haviam livros para organizar.

Havia tentado com todas suas forças esconder a culpa que trazia consigo ao olhar para Hermione pela manhã e a ver definhando, tal como pretendia manter essas mesmas forças no momento, apesar da curiosidade que sentia sobre a opinião de uma ex prisioneira sobre a mansão Malfoy.

Era com certeza uma mudança abrupta.

—É ótima. —Respondeu baixinho, ocupando-se em fazer cafuné na elfo, que agora remexia-se manhosamente. —Como sabia que eu gostava de bibliotecas, Malfoy?

—E quem não imaginaria que a sabe-tudo gosta de bibliotecas? —um leve tom sarcástico acompanhou sua voz cansada.

O loiro parou para analisar as vestes da castanha. O moletom laranja escuro parecia ter sido comprado pela elfo em alguma loja de segunda mão, enquanto as calças jeans claramente ultrapassavam a altura dos pés de Hermione.

—Parece...saudável. —Concluiu, buscando em sua mente qualquer adjetivo que não parecesse uma mentira muito descabida. Não eram vestes bonitas, sequer confortáveis devido ao tamanho, mas estavam limpas, ao menos.

—É maravilhosa, e quente. —respondeu Hermione, analisando bem as mangas de seu blusão, que permaneciam dobradas para que não escapulissem de seus braços.

Draco deu de ombros.

—Aysha. —Se pronunciou, tirando-a de seu sono em um pulo.

Um centésimo de segundo foi o necessário para que sumisse das pernas de Hermione e estalasse na frente de seu mestre.

—Faça algo para a janta, agora.

Hermione ousou opor-se.

—Sabe...Malfoy. —Usou seu tom mais brando, como quem dava um conselho ao invés de uma crítica. —Aysha não precisa fazer a janta para mim, eu...

—Estou com fome, Granger. —Retrucou antes mesmo que a castanha pudesse terminar sua frase, recolhendo um livro da estante e levando consigo enquanto se retirava da biblioteca, deixando Hermione a sós com seu livro.

 

 


Notas Finais


Espero que estejam gostando do rumo que a história esta tomando! Até o próximo capítulo, e por favor, continuem comentando! A opinião de vcs sempre será mto importante!


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