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História Paparazzi - Verdade revelada


Escrita por: Dassa_C0

Notas do Autor


Espero que estejam prontas para esse capítulo. Boa sorte e boa leitura!

Capítulo 17 - Verdade revelada


Fanfic / Fanfiction Paparazzi - Verdade revelada

- Justin, eu posso explicar. – é o que eu genialmente digo. Qualquer conversa que comece com essa frase não acaba bem, eu já devia saber disso.

Ele lentamente se vira pra mim, permitindo que eu visse seu rosto. Não tinha expressão nenhuma ali, era completamente vazio.

- Por que você tem essas fotos, Lucy? – ele nitidamente tenta manter o controle. Sua voz sai calma apesar de tudo, mas no fundo sei que calma é o que ele menos está sentindo agora.

As fotos em questão eram as que eu havia tirado no dia da armação, todas elas estavam ali, e a maioria não havia saído em lugar algum.

- Eu.. eu. – começo a engasgar em minhas próprias palavras.

- No início achei que você tivesse pego essas fotos de algum site. – ele soltou uma risada nervosa, enquanto passava a mão pelo o cabelo de uma forma um tanto agressiva, bagunçando os fios. – Mas aí me dei conta de que boa parte dessas fotos sequer saiu em um site. – ele me olha. Seu olhar é um misto de raiva e tristeza.

Não controlo as lágrimas que vem, minha visão embaça, limpo-as rapidamente.

- Me diz, Lucy. Por que você tem essas fotos? – ele bufa, parece nervoso. – FALA, PORRA!

Seu grito é estridente, e me esmaga. Sem controle algum meu choro se intensifica, me fazendo soluçar.

- Eu as tirei. – digo de uma vez.

Justin mantém seus olhos em mim. Acho que ele ainda tinha esperança de ouvir algo diferente vindo de mim, mesmo que essa reposta fosse a óbvia.

- No dia que nos conhecemos você disse que era fotógrafa. – ele parecia conturbado. – O que você faz, Lucy?

Mais um soluço é solto por mim.

- Paparazzi. – digo como um sussurro.

Justin passa as mãos pelo o rosto.

- Não acredito nisso. – ele diz baixo.

Tento me aproximar, mas ele se levanta e fica o mais longe que pode.

- Justin, eu precisava do emprego, nunca foi minha intenção te prejudicar. Eu nunca quis me tornar isso, mas as coisas estavam difíceis. – disparei a falar em um desespero sem tamanho.

- Por que você estava no Starbucks aquele dia? – ele ignora completamente o que digo antes.

- Você sabe a resposta. – digo baixo, limpando as lágrimas que insistiam em cair.

Justin me olha, seu olhar é frio. Diferente de qualquer coisa que eu já tenha visto. Ele caminha em minha direção e para bem em minha frente, sua respiração está completamente descompensada.

- Eu quero que você diga! – ele diz de uma forma tão seca que sinto como se todo o ódio dele estivesse colocado nessa frase.

- Fui porque você estava lá.

Justin ri, mas é um riso desesperado. Coloco minhas duas mãos em seu rosto.

- Eu nunca quis te magoar.

Ele tira minhas mãos dali com agressividade e se afasta.

- Não minta! Sua intenção sempre foi me prejudicar, qual era o plano? Se aproximar do idiota aqui, me fazer confiar em você e deixar você se aproximar, pra depois você poder vender a notícia pra alguém? – começo a negar freneticamente. – Tenho que admitir que foi um plano genial. – ele diz sério. – Eu não pensaria em algo tão baixo. – ele me olha com nojo.

- Justin, eu não sou assim, não sou essa pessoa. Me aproximar de você não era um plano. Aconteceu.

- E você soube aproveitar bem isso. – ele disse com desgosto. – Quanto te pagaram por isso? Espero que tenha sido bem paga.

Ele caminhou até meu sofá e pegou o paletó e a gravata.

- Por favor, não vá. – rapidamente o abraço por trás, vendo o quanto sua respiração está pesada.

- Sabe o que é o pior? Eu confiei em você de verdade, deixei você se aproximar, quebrei os meus próprios princípios, tudo porque achei que você valia a pena. Mas não, você fez exatamente como os outros, me usou para conseguir algo. – ele dizia de uma forma calma, cada palavra dita fazia meu coração se quebrar ainda mais. – Usher estava certo afinal, pessoas como você só querem algo de pessoas como eu, a primeira página. E bom, agora você a tem!

Ele pegou as minhas mãos e de uma forma um tanto agressiva me afastou dele. Justin pegou as suas coisas e se virou para sair dali.

- Você está completamente errado sobre mim. Eu me apaixonei por você, me apaixonei de verdade. – eu disse alto, fazendo ele parar em frente a porta.

Sentia o gosto salgado das lágrimas, vi quando ele se virou pra mim, por conta da visão embaçada não conseguia ver sua expressão.

- Quando tirou aquelas fotos e deu para uma revista você já estava apaixonada por mim?

Assinto. Ele ri, uma risada seca e triste.

- Você nunca esteve apaixonada por mim, só estava encantada por estar perto de alguém famoso, era só fogo de palha. Não se destrói alguém de quem você diz gostar. – enxugo minhas lágrimas com agressividade, vendo que os olhos dele estão lacrimejando. – Eu estive apaixonado por você, e tenho total certeza disso porquê eu jamais faria algo que te magoasse. Eu jamais faria isso com você! – ele deixa escapar um soluço enquanto as lágrimas caem pela sua bochecha.

- Justin, eu...- tentei me aproximar novamente mas ele não permitiu. – Não foi a minha intenção, eu nunca quis isso. Não era pra ter ido tão longe. Eu juro que nunca quis te magoar, eu pretendia te contar toda a verdade mas não sabia como, sabia que isso destruiria a nossa amizade. Me perdoa!

- Por favor, Lucy. Me poupe desse teatro, eu já sei da verdade. – ele funga e enxuga as lágrimas. – Acabamos por aqui, você já tem o material que precisa!

Sem me dar chance de dizer algo ele sai, batendo a porta com força. Soltei um soluço alto e abracei meu próprio corpo. Eu destruí tudo!

Me sento no chão e permito que as lágrimas caíam, abraço meus joelhos podendo ouvir meus próprios soluços, que saem bem alto.

P.O.V Justin Bieber.

Saída apartamento Lucy. – 01h00 A.M.

Estava transtornado, as informações ainda estavam confusas para mim. Me sentia em uma espécie de transe, não é possível que essa é mesmo a minha realidade. Podia ser alguma pegadinha, claro que sim. Mas a uma hora dessa as câmeras já estariam diante de mim, enquanto Lucy sorria achando graça por ter me enganado direitinho, mas não, nada disso ocorreu. Essa é a realidade, a dura realidade.

As fotos passavam em minha mente. E se eu não tivesse pedido para ver meu e-mail em seu notebook? Ela não me contaria a verdade? Ela realmente me assistiria cair sem fazer nada? Quão podre uma pessoa tem que ser para fazer algo desse tipo?

Ela era minha amiga, eu deixei que se aproximasse. Levei ela a lugares que jamais levaria alguém, me permiti me apaixonar por ela, pra quê? Pra no final ser só uma fonte de informação. Mas confesso que ela foi mais esperta e bem mais sutil do que os outros paparazzo. Espero que essa moda não pegue, eu jamais acreditarei em alguém anônimo novamente.

Me dou conta de que estou tempo demais parado no mesmo lugar, quando as portas de aço se abrem diante de meus olhos e uma idosa sai do elevador, me olhando curiosa.

As pessoas do prédio da Lucy eram bem estranhas. Entro no elevador e as portas logo se fecham. Assim que ele se abre saio mais rápido do que o esperado, nem eu sabia que queria tanto estar longe desse lugar, estar longe dela.

Ao chegar do lado de fora vejo Jorge saindo do carro rapidamente, abrindo a porta do passageiro para que eu pudesse entrar. Ele me olha confuso, tinha dito que passaria a noite aqui.

- Está tudo bem, Sr? – ele questiona quando entro no carro.

Apenas assinto. Por mais que considerasse Jorge, já que ele trabalhava comigo há bastante tempo, não queria conversar. E nem tinha nada a ver com ele, não queria papo com ninguém.

Ele fecha a porta e logo está sentado em seu lugar, dirigindo para bem longe daqui.

Assim que o carro para em frente a minha casa, saio do carro e entro carregando comigo o paletó e minha gravata. Abro a porta e em passos rápidos subo as escadas, vou até meu quarto e suspiro. Me jogando na minha cama, deitando de barriga pra cima. Passo as mãos pelo o meu rosto tentando tirar toda a angústia que sinto, o sentimento é terrível, diferente de qualquer coisa que eu já tenha sentido.

Tudo que passei com a Lucy vem em minha mente, tudo parecia tão real, tão verdadeiro. A onde tudo se perdeu? Por que ela fez isso comigo? Sinto as lágrimas caírem e faço o possível para me manter calmo e centrado, sei que não vou conseguir, talvez esse seja o melhor, sofrer.

Acabo caindo no sono ali, lembrando dela e de suas mentiras.

(...)

Abro meus olhos lentamente, e olho no relógio em cima do meu criado mudo, ainda era cedo. Oito horas da manhã, pra ser mais exato. Suspiro e passo as mãos pelo o rosto, sentindo meus olhos bem inchados, deve ser por causa das lágrimas da noite passada. Ergo meu corpo, ouvindo alguns ossos se estralarem em negação.

Vou até o meu banheiro e me livro da roupa da noite passada, abrindo o registro e me enfiando embaixo do chuveiro, precisava esquecer dos últimos acontecimentos, e uma parte minha gostaria de acreditar que a água levaria toda a minha tristeza pelo ralo. Saio do banheiro e vou até o closet, vestindo apenas uma calça de moletom. Saio dali e desço até a cozinha, precisava comer algo. Ao chegar no fim da escada já posso sentir um cheiro delicioso, Meredith sempre preparava o melhor café para mim. Vou até a cozinha e me sento na bancada, atraindo a atenção da mais velha.

- Bom dia, querido. Dormiu bem? – ela estava animada.

- Bom dia! – tentei soar o mais simpático que pude. – Sim, apaguei.

- Como foi o evento ontem? A senhorita Lucy foi mesmo com você? – engulo seco ao ouvir o nome dela.

- Sim, ela foi. – a esse ponto já deveria estar bem claro o quanto eu me sentia desconfortável com o assunto, Meredith notou. Pude perceber pelo o olhar que ela me deu, era como se ela pudesse ver que algo estava errado entre mim e a Lucy.

Ela não falou mais nada, a agradeci mentalmente por isso.

Tomei meu café e sai dali, recebendo a ligação do Scooter, atendi no primeiro toque.

- Meu garoto, a noite de ontem deu uma repercussão excelente pra você. Todos os veículos estão dizendo sobre como você foi educado com todos os repórteres e paparazzo que estavam na frente do evento. – ele disse animado.  

Em outra situação eu também estaria animado com isso, afinal, foi pra isso que marquei presença lá. Mas agora, tudo que esse assunto me lembra é que estou nessa situação por causa da Lucy, ela tirou aquelas malditas fotos.

- Legal, cara. Fico feliz que isso tenha limpado um pouco da minha imagem. – o meu entusiasmo é zero, e Scooter claramente nota isso.

- Aconteceu alguma coisa? – ele está preocupado.

- Estive pensando em ir passar um tempo no Canadá, você precisará de mim pra algo por aqui? – mudo totalmente de assunto, eu realmente não estava afim de falar sobre toda essa confusão com ninguém agora.

- Não, acho que não. Você já deu todas as entrevistas que precisava dar, falando nisso a sua exclusiva com a Emily, sai hoje.

- Legal.

- Tudo bem se quiser ir para o Canadá, cuidarei de tudo por aqui enquanto estiver fora.

- Ok, obrigado cara!

- Não tem de quê.

Finalizo a ligação rapidamente.

Já queria ir ver a minha família mesmo, e essa era a oportunidade perfeita, já que eu queria me manter longe de tudo isso por um tempo.

Pego o celular e abro a conversa com a minha mãe, fazia um tempo que eu não a respondia. O motivo? Estava evitando falar sobre as últimas polêmicas pelas quais me envolvi, e todas as suas últimas mensagens eram sobre elas. Minha mãe sempre se preocupou demais.

Você:

Estará ocupada pelos próximos dias?

Ela respondeu na mesma hora.

Mãe:

Lembrou que tem mãe, que ótimo!

Não, estou livre. Por quê?

Você:

Embarco para o Canadá daqui algumas horas.

Mãe:

Justin, o que aconteceu?

Você:

Nada. Quero ver você e meus avós.

Mãe:

Eu sei que tem algo de errado nessa história e você vai me explicar tudinho quando chegar aqui.

Vem logo, estou ansiosa para te ver!

Você:

Eu também. Estou com saudade!

Mãe:

Também estamos, meu filho.

Mando mensagem para um pessoal da equipe pedindo que eles preparem um jatinho para que eu possa ir. Não quero perder muito tempo aqui, quero viajar logo. Subo rapidamente até o meu quarto, pego uma mala e a coloco em cima da cama, jogando algumas roupas ali. Eu sempre fui péssimo em arrumar malas, por isso sempre teve alguém que fizesse isso por mim.

Coloco apenas roupas de frio, já que o Canadá é um gelo. Depois de pronta a fecho e me troco. Ouço o meu celular tocando e vou até ele, achando que era alguém me dizendo que o jatinho já estava preparado, mas não, era o Alfredo.

Bro:

Lembra daquele serviço que você me pediu para arrumar para a Lucy? Então, cara. Deu tudo certo!

Ela tem uma entrevista amanhã. Pode avisar ela por mim?

Suspiro ao ler a mensagem. Sabia que o Alfredo tinha milhares de contatos nessa área, e há alguns dias atrás pedi para que ele arrumasse algo para a Lucy, já que aparentemente ela estava desempregada. Pelo menos era o que eu pensava. E como eu já tinha visto suas fotos e sabia que ela mandava bem, achei que poderia ajudá-la a encontrar algo.

Sabia que ele encontraria e isso era pra ser uma surpresa, eu sabia que ela ficaria feliz se arrumasse esse emprego. Mas agora, isso não fazia diferença. Não pra mim.

Você:

Você mesmo pode avisar.

Anexei o contato dela na mensagem e enviei.

Bro:

Cara aconteceu algo? Você não queria me passar o número dela de jeito nenhum há uns dias atrás.

Achei que isso era uma surpresa sua pra ela, e que quisesse dar a notícia.

Você:

Não é mais...

Avise ela por mim, ela vai gostar de saber.

Depois disso bloqueei o aparelho e ignorei todas as outras mensagens que chegaram. Sabia que ele estava fazendo milhares de perguntas, perguntas essas que eu não estava afim de responder.

Ao terminar de arrumar a mala recebi a confirmação que meu jatinho já estava pronto. Troquei de roupa, peguei a minha mala e sai dali.

Um motorista me aguardava do lado de fora da mansão, com uma SUV. Assim que me avistou ele abriu a porta de trás, permitindo que eu entrasse. Ele logo estava sentado em frente ao volante, eu disse para irmos até o aeroporto e logo estávamos a caminho.

(...)

Entrei no jatinho sendo recepcionado pelo piloto, não prolonguei muito o assunto. Só queria chegar logo no Canadá.

Sentei em um dos bancos, e coloquei o cinto vendo o jatinho decolar rapidamente. Era extremamente estranho estar aqui sozinho, todas as vezes que viajei tinha alguém comigo, costumava usar o jatinho para viagens a trabalho.

Acordei com o jatinho pousando em solo canadense. Peguei as minhas coisas e sai, um segurança me aguardava do lado de fora. Fui levado a uma área mais vazia do aeroporto, precisava sair pelos fundos.  

Logo já estava dentro de um dos carros, sendo levado até a casa dos meus avós.

O carro parou em frente a casa me dando um sentimento conhecido bem conhecido, o sentimento de estar no lar.

Estar em casa é algo que não costumo conhecer muito bem. Sempre estive nas melhores mansões, nos hotéis mais chiques e conhecidos. Mas se sentir em um lar é algo realmente difícil, as pessoas pensam que o luxo tornam um lugar um verdadeiro lar, mal sabem elas que o lar é onde sua família está. Onde você tem pessoas que te amam, independente da situação

Independente da sua condição financeira.

Saio do carro segurando firmemente a mala em minha mão direita, fazia tanto tempo que eu não pisava aqui. Tanto tempo que adiei esse momento.

Confesso que tinha um pouco de vergonha dos meus familiares, vergonha de encará-los depois de tudo. Meus avós e minha mãe sempre me deram a melhor educação, sempre me ensinaram o certo. E eu fiz tudo contra o que eles me ensinaram, não levei comigo nenhum dos seus valiosos ensinamentos. Parece que não, mas essa vida que levo faz a gente se deslumbrar muito facilmente. Eu me achava incrível por fazer as coisas que fazia, me achava imbatível, e bem, aprendi da pior maneira que não é assim que as coisas funcionam.

Parei em frente a porta e ergui meu punho, prestes a bater na porta, por algum motivo eu travei. Dei um longo suspiro e encarei minha própria mão levantada, é só bater. Antes que eu tenha coragem para completar meu ato, a porta é aberta diante de meus olhos. Revelando a minha mãe. Suas íris azuis me encararam curiosas, ela me mediu por alguns segundos.

- Meu filho! – sua voz soou chorosa. Odiava saber que ela estava mal por algo que fiz.

Logo o seu pequeno corpo foi jogado em minha direção, ela passou seus pequenos braços em volta da minha cintura, permitindo que eu sentisse seu perfume, sentia falta disso!

A abracei forte, tentando matar toda a saudade que sentia dela apenas com esse contato.

Logo fui puxado para dentro por ela. O cheiro da casa ainda era o mesmo, de flores. Minha avó amava flores! Tudo soava familiar pra mim, parecia que nada havia mudado por aqui conforme os anos se passaram. Parecia que eu tinha voltado a ser o Justin de 2007, 2008. Aquele que almejava o sucesso, que só queria dar uma vida melhor para minha mãe e meus avós.

É bom saber que no final eu consegui.

- Não acredito no que estou vendo. – Bruce, meu avô disse. Ele saía da cozinha quando seus olhos vieram de encontro a mim.

Larguei minha mala por ali mesmo e dei passos rápidos até ele, vendo o mais velho abrir seus braços para mim, com um enorme sorriso no rosto. O abracei forte, sentindo ele retribuir na mesma intensidade.

- Estava com saudades garoto. – ele disse.

- Eu também, vô!

O soltei. Minha avó não demorou a surgir ali.

- Querido! – ela veio até mim, me abraçando fortemente. – Estou tão feliz por vê-lo aqui. Você sabe o quanto é importante passar um tempo em família. – vovó sempre dizia isso quando nos encontrávamos, acho que era um jeito dela me dizer que eu estava passando tempo demais longe deles. O que é verdade.

- Vamos deixar suas coisas no quarto. – minha mãe passou seu braço pela minha cintura.

Apenas assenti e deixei que ela me guiasse. Assim que entrei no quarto vi que tudo estava intacto, tudo permanecia da mesma forma como eu tinha deixado antes de ir. Coloquei minha mala no canto, observando melhor o cômodo. Apesar de ter passado bons anos aqui, tinha muita coisa pela qual eu não me lembrava.

Ouvi a porta se fechar, me virei rapidamente vendo que a minha mãe havia se sentado na beirada da cama. Ela me olhava atentamente, e nesse momento eu soube, as perguntas viriam.

- Eu vi as últimas matérias que saíram.

Mesmo ela dizendo isso de uma forma um tanto séria, eu sabia que ela não acreditava em nada do que tinha lido. Minha mãe sabia bem que tipo de criação havia me dado.

Apenas concordei com a cabeça, ainda observando o local ao meu redor. Não queria entrar nesse assunto, porque ele fazia eu me lembrar que as fotos foram obras da Lucy, e lembrar disso me destruía um pouco por dentro. Eu vim para cá porque precisava esquecer.

- Olha, você não vem aqui há muito tempo. As últimas vezes que viu os seus avós eles foram até você. – ela deu um longo suspiro. – Preciso que me diga o que aconteceu, é por causa da matéria que você está aqui, não é?

- Não. Vim aqui porque queria passar um tempo com vocês. – disse despreocupado, dando de ombros.

- Meu filho, eu te conheço.

Desviei os meus olhos para ela, Pattie me observava tranquila, era como se ela já soubesse o que estava se passando em minha mente. Minha mãe me entendia melhor do que ninguém.

- A matéria é o menor dos meus problemas. – comentei e dei uma risada seca.

- Ok, se uma matéria daquela não é o maior deles, tenho medo de saber o que é. – ela negou algumas vezes.

- Mãe, eu estou aqui. Acho que isso já diz muita coisa.

Apesar de minha revelação soar ruim eu tinha um motivo muito bom para justificar ela. Eu realmente não costumava vir muito aqui, porque sabia o quanto isso chamaria a atenção da imprensa e de toda a mídia, causando alguns transtornos para meus avós. Eles não são famosos, e não tem interesse nenhum em ser. E a minha presença aqui causa um grande tumulto, deixa eles em uma situação chata. E por mais que eles não reclamem, eu sei que no fundo odeiam essa atenção toda. Por isso evito vir até eles.

Quando eles vão até mim já sabem como vai ser, e já estão preparados para isso. Mas quando eu venho, eles nunca sabem o que esperar.

- Acho que você precisa falar disso comigo. – ela dá alguns tapinhas no lugar ao seu lado na cama, indicando que eu me sentasse ali.

- Eu realmente não sei se quero falar sobre isso. – passo a mão pelo o cabelo.

- Você precisa desabafar, prometo que não vou mais tocar no assunto. Essa vai ser a primeira e a única vez que vamos falar sobre isso. – o seu olhar de compreensão era tão acolhedor.

Me sentei ao lado dela, encarando um ponto fixo, bem longe de seus olhos atentos.

- Eu não machuquei aquela mulher. Ela disse algumas coisas, eu saí do sério e segurei levemente em seu braço, não cheguei a apertar em nenhum momento. Você sabe, eu jamais machucaria alguém assim.

- Sim, eu sei. E em nenhum momento pensei que tivesse a machucado. – ela disse calma colocando a sua mão em minha perna apertando levemente, como uma forma de me incentivar a continuar.

- Há um tempo atrás eu conheci alguém. – engoli seco ao dizer isso. Não podia acreditar que iria mesmo entrar nesse assunto. – Nos conhecemos em um Starbucks, era bom conversar com ela. Porque ela não agia como se eu fosse famoso, e parecia que nem se interessava por esse meu lado. – posso sentir o gosto amargo ao proferir tais palavras. Saber que tudo não tinha passado de uma mentira era assustadoramente doloroso.

- Por acaso essa garota é a do parque? – minha mãe parecia empolgada com o assunto. Apenas assenti. – Ela é linda!

Sim, ela é!

- Ela me disse que era fotógrafa. Eu confiei nela, permiti que se tornasse a minha amiga, inclusive fiz de tudo para isso. Deixei que ela se aproximasse de verdade, sem qualquer obstáculo.

- E aí, se apaixonou por ela. – minha mãe afirmou.

Talvez ela achasse que essa era a pior parte.

- Sim.

- Mas meu filho, isso é maravilhoso! Você já disso isso a ela?

Olhei para a minha mãe vendo que ela realmente estava empolgada com isso. Tudo que ela mais queria era me ver com alguém, ela nunca disse isso em voz alta, mas no fundo sabia o quanto ela odiava quando eu saía pegando geral.

- Eu disse. Nós até nos envolvemos. – minha voz soou amarga demais.

Vi quando seu olhar mudou para preocupado rapidamente, acho que ela começou a entender que me apaixonar não era o problema aqui.

- O que aconteceu?

- Ela esqueceu de mencionar que não era apenas uma fotógrafa, que era também paparazzi. – soltei uma risada seca. – Lucy tirou as fotos do dia que eu supostamente agredi aquela menina, ela tirou todas as fotos e entregou para uma revista.

Minha mãe estava perplexa, seus olhos estavam levemente arregalados.

- Se aproximar de mim era tudo calculado, ela sabia o que estava fazendo quando foi no Starbucks, e quando agiu como se a minha fama não importasse em nada. – neguei com a cabeça algumas vezes, fechando meus olhos com força, já sentindo algumas lágrimas insistentes querendo cair. – Foi tudo devidamente calculado. Ela precisava vender uma história e conseguiu.

Passei as mãos pelo o meu rosto, não queria chorar. Na verdade eu não queria sentir nada em relação a esse assunto, mas doía tanto. A ideia de ver alguém como a Lucy fazendo algo desse tipo é tão esmagadora, porque eu realmente achei que podia confiar nela, eu achei que ela era minha amiga. Achei que podíamos ficar juntos, mas não, ela foi uma completa decepção. Fico pensando se algum dia alguém vai se aproximar de mim sem ter um interesse por trás, se aproximar apenas para me conhecer. Começo a pensar que isso é querer demais da minha parte, alguém como eu nunca vai ser só um alguém.

- Eu sinto muito.. – a voz da minha mãe soou baixa.

- Eu também. – respondo rouco.

Minha mãe colocou um travesseiro em seu colo, e bateu nele, indicando que eu deitasse a minha cabeça ali. Ela costumava fazer muito isso quando eu era mais novo, toda vez que algo dava errado, e eu ficava pra baixo ela fazia isso e o mais engraçado é que sempre fazia eu me sentir melhor.

Rapidamente deitei minha cabeça ali sentindo minha mãe brincar com os meus fios enquanto fazia um leve cafuné.

- Você deixou que ela se explicasse?

Sua pergunta soava tão idiota pra mim, não tinha uma explicação.

- Não. Ela fez o que fez, porque quis. – tentei não soar tão rude. Mesmo tendo me estressado com a sua pergunta.

- Meu filho, sempre tem uma explicação por trás. – ela alisou meus cabelos e suspirou. – Se ela tivesse feito porque quis teria se afastado de você depois que tirasse as fotos. Ela se afastou?

- Não. Mas não tinha porquê se afastar também, estar perto de mim era uma vantagem pra ela, poderia descrever tudo que passamos e vender pra algum site de fofoca.

- Isso aconteceu?

- O quê?

- Ela relatou algo que vocês viveram juntos pra algum site?

- Não, e nem podia. Já que ela tinha que manter a discrição para que eu não descobrisse quem ela verdadeiramente era.

- Você já pensou sobre o assunto, já que tem argumentos para tudo o que falo. Mas sabe qual é o maior problema? Todos os seus argumentos são apenas suposições, nada disso é concreto. Você não sabe o que aconteceu, não sabe o que levou ela a fazer tais coisas. Porque estava ocupado demais criando teorias, ao invés de ouvir.

- Eu não tenho nada pra ouvir vindo dela. 

- Será que não? – ela deu um beijo leve em minha testa. – Se ela quisesse te prejudicar tanto assim como você pensa, ela teria feito.  

Era difícil admitir, mas minha mãe tinha sua razão.



Notas Finais


Comentem o que acharam!! ❤️


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