História Paparazzi - Temos muito o que conversar

"Lembra daquelas paredes que construí? Bem, elas estão desmoronando. Elas nem tentaram ficar em pé, nem fizeram um som. Eu achei um jeito de deixá-lo entrar."

P.O.V Lucy Scott.

Mansão do Bieber - 8h00 P.M

Sinto seus braços me puxarem ainda mais para o seu corpo, se é que isso era humanamente possível. Ele me aperta contra o seu corpo de uma forma tão acolhedora, quase como se quisesse me proteger de qualquer coisa e é bizarro o quão segura eu posso me sentir em seu abraço. Eu realmente o amo! E é difícil de entender isso, até mesmo pra mim. Quando decidi que viria até a sua casa não tinha a intenção de dizer que o amava, porque eu nem sabia se isso era o que eu realmente sentia. Mas quando olhei em seus olhos, não tive dúvidas. Eu amava o Justin há muito tempo. O amor é um sentimento complexo e difícil de ser compreendido às vezes, principalmente para quem está sentindo, e eu tive que passar por tudo isso para enfim entender que aqui era o meu verdadeiro lugar. Eu não podia estar com o Leonard ou com qualquer outro, tinha que ser o Justin. Era, e sempre foi ele!

Seus braços afroxam o aperto que ele faz contra a minha cintura, me forço a desencostar o meu rosto do seu peito e olho para o seu rosto. Assim que ele ouviu o que eu disse me puxou para um beijo, depois que nos beijamos, ficamos um longo tempo abraçados, parados no mesmo lugar. Talvez esse momento seja estranho para ambos, a minha ficha só está caindo agora e pela forma que ele me olha posso supor que ele também só caiu em si agora.

Algo me vem em mente enquanto sinto os olhos caramelados do louro me olhar com intensidade, enquanto eu o olho da mesma forma. Ele não tinha dito que me amava também, e odiava a ideia de me lembrar disso agora. Isso não era importante, era? Quer dizer, eu só entendi o que sinto por ele agora, talvez ele ainda não entenda qual o real sentimento que ele tem por mim. Essas coisas levam tempo, e eu preciso respeitar o tempo dele. Mas por que esse raciocínio não me conforta em nada? Eu ainda me sinto mal com a ideia de não ter ouvido ele dizer que me amava também. Isso é tão banal!

- Eu ainda estou meio surpreso com tudo. - ele diz ainda me olhando. Sei que ele é sincero no que diz, porque posso ver a confusão estampada em seu rosto.

- Acho que temos algumas coisas para acertar. - digo calma.

- Sem brigas?

- Sem brigas! - eu ergo as duas mãos em um sinal de rendição.

Ele abre um sorriso e me rouba um selinho, abrindo espaço para que eu possa finalmente entrar em sua casa. Entro e já vou dando passos até a sala, ouvindo ele fechar a porta e vir atrás de mim.

- Bom, fique a vontade. Eu vou pegar algo para nós comermos. - ele disse atrás de mim.

- Não precis...- sou interrompida pelo ronco altíssimo que meu estômago solta. Sinto minhas bochechas queimarem de imediato enquanto Justin me olha divertido.

- Acho que vou precisar de toda a comida que tem na minha dispensa para te alimentar. - ele fala num tom divertido. - Será que vai ser o bastante? - ele fala pensativo, enquanto eu dou o meu pior olhar em sua direção. - Acho melhor comprar mais.

- Você é um idiota! - digo brava enquanto cruzo os meus braços.

Ele sorri e se aproxima de mim, me puxando pela cintura.

- Eu sei que é o idiota bom. - ele começa a distribuir vários beijos pelo o meu rosto.

- Justin, para. - tento me afastar, mas ele me segura com força.

- Vou fazer isso até você me dar um sorriso.

Abro um sorriso bem falso em sua direção e ele nega, continuando a me dar beijos.

- Esse falso aí não, quero um sorriso de verdade. Daqueles que só você sabe dar.

Olho para ele e basta os nossos olhares se cruzarem que eu não me contenho e sorrio.

- Eu sou apaixonado por esse sorriso. - ele me dá um selinho e me solta.

- Eu sei. - passo os braços pelo o seu pescoço, e dou alguns selinhos nele. Vendo ele sorrir.

- Vou lá pegar as coisas para a gente comer, antes que eu desista dessa ideia de conversar e te leve para o meu quarto.

Solto uma risada e solto ele, indo me sentar no sofá. Vejo o louro entrar pela porta que o levava até a cozinha e sumir da minha visão. Observo melhor a sua sala, era um cômodo realmente gigantesco. Me levanto e vou até os quadros que estavam próximos da tv, eu nunca tinha reparado neles antes, rio do meu próprio pensamento quando me dou conta que nem havia vindo aqui muitas vezes para ter a chance de reparar nesse cômodo em específico.

Haviam algumas fotos de alguns famosos com quem o Justin tinha tirado fotos, tinha um desenho dele, que foi o que mais me chamou a atenção. A pintura tinha sido feita com umas cores bem vivas e chamativas, e parecia ter sido inspirada de uma foto do Justin. Era um quadro bem bonito. Ao lado deste havia um outro que eu achei ainda mais bonito que o do Justin, era uma pintura também feita a mão, mas essa era em preto e branco, e nela quem estava ali era o Michael Jackson, ele estava fazendo um de seus famosos passos. Ele olhava para baixo e segurava um chapéu que estava em sua cabeça. O rosto dele não era perceptível, mas pelas roupas e pela famosa luva branca em sua mão, era evidente que era o Michael ali. Passei a mão pelo quadro o admirando, era algo realmente lindo.

- É um dos meus quadros favoritos. - ouço o louro dizer e me viro, vendo ele parado próximo ao sofá, mantendo seus olhos fixos no quadro.

- É um quadro realmente bonito. - volto a olhar para o quadro e abraço meu próprio corpo. - Não sabia que você era fã dele.

Posso sentir quando ele se aproxima, seu corpo para ao lado do meu.

- O cara é uma referência. Não tem como não ser fã de todo o trabalho e carreira que ele construiu. Michael era um artista completo, ele era realmente bom em tudo o que fazia.

Concordo com a cabeça e olho para o louro.

- Eu amava Thriller! - comentei vendo um sorriso singelo abrir em seus lábios e seus olhos virem de encontro a mim. - Sempre quis aprender a coreografia, mas é muito difícil.

- Sério que não sabe? - seu tom é realmente surpreso.

- Sim. - digo simples, como se fosse o óbvio.

- Eu posso te ensinar. - ele diz e dá de ombros.

- Dúvido que você saiba. - cruzo os meus braços e o encaro desafiadora.

Ele arqueia a sobrancelha como se me perguntasse se aquilo era realmente sério. Permaneço na mesma posição, o olhando da mesma forma, ele entende o desafio.

Vejo ele dar alguns passos para trás e analisar o espaço que tinha para dançar. Ele liga a tv e conecta com o Spotify, localizando a música rapidamente e a colocando. Posso ouvir o som soar alto por toda a sala. Justin vai em uma parte mais ampla e começa a dançar me olhando fixamente. Seus passos são certeiros e calculados, e eu detestava não me lembrar da coreografia original para saber se ele realmente estava fazendo o certo. O que mais me irrita nisso tudo é que ele realmente é muito bom nisso, no que esse cara não é bom?

Começo a rir das caras que ele faz, o que faz ele rir também. A música logo termina, o que me dá uma tristeza de certa forma, queria vê-lo dançar mais.

Bato palmas para a sua apresentação e vejo ele se curvar algumas vezes para a frente em sinal de agradecimento.

- Muito obrigado, muito obrigado! É muito bom ter fãs como você. - ele ri e abre os braços.

Me sento no sofá, e posso observar melhor o que ele havia pego na cozinha, estava tudo em cima da mesa de centro. Tinha chocolate, salgadinho e várias outras besteiras.

- Achei que fosse trazer comida. - digo pegando uma embalagem gigantesca de Doritos a abrindo.

- Meredith não veio trabalhar hoje e eu não sou muito bom na cozinha. - ele dá de ombros e se senta ao meu lado. Sua respiração estava um pouco ofegante por conta da dança, mas nada demais. Eu estaria bem pior se tivesse feito essa coreografia. - Me lembro bem que alguém ficou devendo uma janta para mim.

Solto uma risada por ele ainda se lenbrar disso, pego alguns Doritos e enfio tudo na boca. Eu amo esse salgadinho!

- Esquece isso. Eu sou péssima na cozinha, a Jen ter pedido pizza foi a melhor coisa que ela poderia ter feito ao seu estômago.

Ele enfia a mão na embalagem que está em meu colo e pega alguns salgadinhos. Me sento melhor em seu sofá, fazendo perninha de índio.

- Já parou pra pensar no quão preocupante isso é? - ele questiona assim que termina de mastigar o salgadinho. - Como vai ser quando nós dois nos casarmos? Vou ter que aprender a cozinhar para fazer comidas decentes pra você comer. - ele diz naturalmente, vindo pegar mais salgadinho, mas eu afasto a embalagem dele. O olhando boquiaberta, eu tinha ouvido o que eu achava que tinha ouvido?

Ele me olhou e soltou uma risada.

- O que foi?

- Casar? - ele nem tinha dito que me amava ainda e já estava pensando em se casar comigo.

- É, eu pretendo casar com você um dia. - ele diz tranquilo e dá de ombros. - Por que isso é tão surpreendente pra você?

- Porque... Porque...- tento explicar a confusão que está na minha cabeça, mas não consigo formular uma frase sequer. - Não achei que pensasse nessas coisas. - digo depois de um tempo.

Não que eu não pensasse em me casar, seria bem legal se acontecesse um dia. Mas eu nunca fui o tipo de mulher que sonha com esses momentos, todas as vezes em que pensei em casamento foi em um futuro muito distante. Nunca passou pela minha cabeça que um dia isso realmente chegaria, eu só estava vivendo um dia de cada vez sem me preocupar com o amanhã. E também nunca tive um relacionamento forte o bastante para me gerar expectativas para algo mais sério.

- É lógico que penso nessas coisas. - ele me olha sério. - Meu sonho é construir uma família.

Abro um sorriso e me aproximo um pouco dele, o beijando. Justin segura a minha cintura com uma das mãos e aprofunda o nosso beijo, quando o ar nos faltou eu me afastei.

- Hm, beijo com gosto de Doritos. Amo! - eu disse e peguei mais um salgadinho o enfiando na boca.

O louro riu.

- Você ama o meu beijo. - ele disse presunçoso e deu de ombros. - Pode confessar. - Justin pegou uma barra de chocolate e a abriu, quebrando um pedaço grande e comendo.

- Não seja convencido. - dei um tapa leve em seu ombro, o empurrando levemente para trás.

Ele concordou e sorriu, o que me fez sorrir também. Haviam muitas coisas que precisavam ser esclarecidas entre nós dois, mas sinceramente, não sei se gostaria de entrar nesse assunto agora. Nós estávamos bem, em um clima bom e agradável, não queria estragar isso falando de assunto que nos fizeram se afastar um do outro, ao mesmo tempo que entendo o quão necessária essa conversa é, se quisermos seguir em frente em paz precisamos deixar tudo esclarecido e jogar limpo. Porque se não fizermos isso o passado vai nos atingir em algum momento, e vai doer.

- Um pedaço de chocolate pelos os seus pensamentos. - Justin disse proximo a mim, conseguia sentir sua respiração bater contra o meu rosto. Como ele se aproximou tão rápido sem que eu nem me desse conta?

- Estava pensando em nós. - disse sem rodeios e olhei para o loiro área. Eu claramente estava presa em minha própria mente.

Vi quando ele ajeitou a sua postura me olhando de uma forma mais séria, entendeu que o momento de conversar havia chego, e não havia espaços para nenhuma brincadeira. Estava na hora de sermos sinceros um com o outro.

- Por onde quer começar? - ele perguntou.

Suspirei e chupei os meus dedos, retirando todo o Doritos que estava neles.

- Por que a Emily? - perguntei sem pensar muito. - Quer dizer, sempre soube que você se envolveria com alguém, por que logo ela?

Ele piscou lentamente enquanto tentava assimilar o que tinha acabado de ouvir, talvez Justin não esperasse que eu começasse por algo tão direto e pesado logo de cara.

- Eu conheço a Emily há um bom tempo, não serei hipócrita de dizer aqui que nunca a vi com outros olhos. Sempre achei ela incrivelmente linda e sexy, mas na minha cabeça eu jamais teria chance com uma mulher como ela! Pra mim a Emily me via só como um garotinho. - ele disse tudo de uma forma tão direta e sincera que eu quase pude sentir um soco em meu estômago. Talvez eu me arrependa um pouco por ter começado por essa pergunta. - E aí, quando tudo aconteceu com você ela começou a investir em mim, demorei um pouco pra entender que ela realmente estava interessada, mas quando notei, não pensei duas vezes.

Assenti lentamente enquanto umedecia os meus lábios.

- Você gostava dela? - senti o gosto amargo da minha própria pergunta.

- Não. - ele respondeu de imediato. - Era só atração.

- É que ela sempre estava com você, pensei que fosse algo mais sério.

- Emily começou a levar para algo mais sério, mas nunca foi o que eu quis de fato. Eu só deixei que ela fosse tão longe com isso porque queria desesperadamente seguir em frente, e ela parecia a forma mais fácil disso acontecer. - pausa. - Eu sei, parece terrível, mas não vou negar, eu usei ela pra tentar te esquecer.

Neguei com a cabeça e olhei para ele, vendo que ele me encarava com uma certa intensidade.

- Por que o Leonard? - ele perguntou de uma vez, quase me fazendo engasgar com a minha própria saliva.

Ok, eu começo com uma pesada e ele revida. Achei justo!

- Ele é um cara bonito e tinha interesse em mim, eu pensei comigo mesma: Por que não? - dei de ombros. - Não me arrependo, isso foi importante para que eu entendesse que a minha relação com o Leonard é só profissional, e no máximo uma amizade. - vi o Justin assentir lentamente.

- É, pode até ser. Mas ele gosta de você!

- Ele não gosta de mim. - disse convicta. - Sente apenas uma atração.

Justin revirou os olhos e negou com a cabeça.

- O cara é caidinho por você.

- Foi ele quem me fez entender o que eu sentia por você. - disse séria, enquanto via o louro arregalar os olhos levemente. - Vai por mim, o Leonard me vê mais como uma amiga do que qualquer outra coisa. - Eu não tinha tanta certeza do que estava dizendo, mas precisava soar confiante. E quando percebi o olhar que ele me deu percebi que fui.

- Tudo bem, nem quero ser o louco ciumento. Eu só não engoli a forma como ele resolveu lidar com as coisas no dia do bar, foi muito imaturo.

- Sim, foi. E sei que ele não se orgulha de ter agido de tal forma aquele dia.

Justin concorda lentamente e umedece os lábios.

- Tem algo martelando em minha mente e eu preciso te perguntar sobre, você realmente veio aqui aquele dia por causa do seu carro?

Mordi o meu lábio inferior e neguei automaticamente.

- Não, depois de ter uma conversa estranha com o Leonard, onde ele fez questão de deixar claro que já havia entendido o que havia entre nós e que você não gostava de mim apenas como uma amiga, ele me fez pensar sobre o assunto. - suspirei. - Eu estava sozinha no apartamento e não conseguia pregar os olhos, as palavras do Leonard ficaram martelando na minha cabeça, principalmente a parte em que ele me disse que você me olhava diferente. - Justin me olhava com atenção enquanto ouvia cada mísera palavra sair da minha boca. - Decidi que eu precisava te ver e te dizer o que eu sentia, então peguei meu carro e vim, só que acabou a gasolina dele antes que eu conseguisse chegar até aqui. Eu até poderia desistir da ideia maluca que eu estava tendo de vir até a sua casa de madrugada, para me declarar. Mas eu já estava próxima demais daqui pra simplesmente desistir. Então eu vim correndo. - soltei uma risada, vendo o Justin me olhar surpreso. - Engoli todos os meus medos e vim, mas aí quando cheguei aqui dei de cara com a Madison. - dei de ombros. - Assim que eu vi a garota deslumbrante em minha frente engoli tudo o que estava pensando em dizer, vocês dois claramente estavam juntos e faziam um casal mais bonito do que nós dois, combinavam mais. Então achei que o melhor era simplesmente ir embora e esquecer da ideia patética que tive.

- Certo. E o que te fez voltar atrás e vir até aqui dizer tudo? - ele cruzou os braços, Justin estava realmente interessado no que eu diria.

- Não foi o quê e sim quem. - ele me olhou confuso. - Leonard e Madison. - joguei os nomes para ver se ele entendia, mas vi que sua expressão de confusão ficou ainda pior. - Tive uma conversa com o Leonard hoje mais cedo, ele me fez entender algumas coisas que eu ainda não tinha notado, de novo. - soltei uma risada seca. - E mais tarde fui fazer as fotos da Madison ela me contou sobre a relação de vocês e disse sobre o namorado. Acabando com qualquer ideia errada que eu tenha criado sobre vocês. - passei as mãos pelo o meu rosto, visivelmente incomodada por estar confessando isso em voz alta. - Eu realmente acreditei que vocês dois tivessem algo, mas depois de conversar com ela tudo pareceu tão óbvio, como se a resposta já estivesse em minha cara o tempo todo. - ele assentiu.

- E estava.

- Sim, e todos notaram. Menos eu. - ri e neguei com a cabeça. - Depois de conversar com ela não tive dúvidas, eu precisava falar com você.

Justin abriu um sorriso enorme e descruzou os braços.

- Me lembra de agradecer o Leonard e a Madison depois? - ele perguntou já se aproximando de mim.

- Pode deixar. - me aproximei também e nós nos beijamos.

(...)

- Justin, eu já te falei que Friends é uma série excelente. - me sentia idiota por estar tendo que discutir isso com ele. Nós estávamos nessa discussão sem sentido fazia uns 10 minutos, e eu não podia estar mais exausta.

- Eu não disse que é ruim, nem sequer posso ter uma opinião sobre algo que nunca assisti! Só estou dizendo que Big Bang é bem mais interessante.

- Como pode saber que é mais interessante se nunca assistiu Friends? - arqueei a minha sobrancelha, enquanto cruzava meus braços séria. - É quase um descaso com a humanidade você nunca ter parado pra assistir! - ouvi sua risada soar pelo local.

- Tá, já vimos que temos séries de comédias favoritas completamente diferentes. - ele começou dizendo e o observei com atenção, querendo saber a onde ele queria chegar com esse assunto. - Qual o seu filme de romance favorito?

Seus olhos me encaravam com expectativa, quase como se ele quisesse que eu já tivesse a minha resposta na ponta língua, mas eu não tinha. Eu devia ter? Pensei por um momento em qual filme de romance eu mais gostava, e não veio absolutamente nenhum em minha mente. E o motivo era bem simples, eu não costumava ver esse tipo de filme, achava meloso e chato.

- Sei lá, um amor para recordar. - digo realmente satisfeita. Eu sabia que esse era um dos filmes mais conhecidos desse estilo.

Vi os olhos do Justin brilharem em minha direção, mas ele entortou a boca.

- O que acontece no filme? - ele semicerra os olhos em minha direção.

- Não sei, alguém morre? - digo realmente sincera. Eu não fazia ideia do que acontecia no filme, por motivos óbvios, nunca tinha assistido ele.

Justin bufou alto e negou com a cabeça, parecia uma audácia da minha parte não saber nada sobre esse filme.

- Como você diz que é o seu filme favorito se nunca sequer assistiu?

- Não sou muito chegada nesse tipo de filme.

- O que você acha de Titanic? - ele me perguntou do nada enquanto me analisava com os olhos.

Pensei por um momento, não tinha uma opinião formada.

- Nunca assisti Titanic!

Os olhos do louro praticamente saltaram de seu rosto.

- Você está mesmo falando sério? - assenti. - Como assim nunca assistiu, Lucy? Que absurdo!

- Nunca vi graça naquele filme. O casal se apaixona, o barco afunda e o cara morre. O que de tão interessante pode haver em um filme desse? E que história de amor é essa que ela perde o amor da vida dela? É muito drama envolvido. - dou de ombros ao dizer.

Quase me arrependo de tudo o que eu digo quando vejo o olhar do Justin para mim, ele estava completamente chocado com as minhas palavras e posso dizer que talvez o que eu disse tenha o afetado um pouco, mesmo que tenha sido em uma parcela bem pequena.

- Já sei o que vamos fazer hoje. - ele disse animado, como se tivesse descoberto a solução de todos os nossos problemas.

Fiquei sentada vendo ele se levantar animado de onde estava, Justin pegou toda a sujeira que tínhamos feito com a comida que ele trouxe e levou tudo para a cozinha. Fiquei o observando em silêncio, sem conseguir pensar muito em qual era o seu plano para a noite, só queria ver o que a sua mente estava arquitetando.

Ele voltou para a cozinha e pegou o telefone fixo que estava em uma mesinha ao meu lado, fiquei olhando fixamente para o seu rosto enquanto ele digitava alguns números e colocava o aparelho em seu ouvido.

Vi seu rosto se contorcer em algumas caretas enquanto ele olhava distraidamente para um ponto qualquer, sorri ao perceber o quão concentrado ele estava naquilo.

- Alô? Oi, queria fazer um pedido. - me ajeitei melhor no sofá, curiosa com a sua ligação. - Quero uma pizza de calabresa e uma coca. - sorri ao ouvir pizza de calabresa. Eu nem estava com fome mas jamais dispensaria a minha pizza favorita. - Ok, muito obrigado! - ele finalizou a ligação e colocou o telefone em seu devido lugar.

- Qual é o plano? - perguntei quando notei que ele não me diria.

Ele permaneceu calado quando se sentou ao meu lado, vi o Justin se inclinar um pouco para a frente para pegar o controle da tv, assim que pegou voltou a se encostar totalmente, soltando um suspiro. Ele ligou a tv e colocou na Netflix, atraindo o meu olhar para o local.

Vi ele passar pelos filmes que ali estavam indo direto para a categoria romance, seus olhos passavam pelo os filmes rapidamente, parecia procurar um filme específico. Logo ele parou em um e apertou nele, não me surpreendi ao ver que era o Titanic.

- Eu preciso te apresentar alguns filmes de romance, e nada melhor do que começar pelo melhor deles. - ele disse com um sorriso grande. Seus olhos vieram até mim e sorri ao notar o que ele estava fazendo. Tudo bem, acho que posso ser apresentada para esse novo mundo.

- Só não garanto que eu vá gostar. - eu disse e cruzei o meu braço.

Justin passou seu braço em torno do meu pescoço e me puxou para perto, me fazendo deitar a minha cabeça em seu peito. Eu podia ouvir a sua respiração, que logo ficou inaudível quando o filme começou e o som dominou todo o local.

A única iluminação do local era a tv, já que Justin apagou as luzes do cômodo apertando o botão de um controle remoto, era bizarro a forma como a casa de gente rica funciona. Chega a ser uma tecnologia adiantada demais para a minha cabeça.

Assim que o filme iniciou de fato eu dei a minha total atenção a ele, estava disposta assisti-lo de verdade pelo o Justin, se eu não fosse gostar pelo menos precisava ter a certeza de que me esforcei para pelo menos entender a trama. Mas espero que eu goste, já que terei que ficar aqui por mais de duas horas, não sabia o quão longo esse filme era.

Eu realmente fiquei presa ao que estava na tela, a história realmente parecia ser boa. Principalmente depois que vi o Leonardo DiCaprio, ele estava tão estupidamente lindo com aquela carinha de garoto. Quantos anos ele devia ter nesse filme? 18?

- De que ano é esse filme? - perguntei baixo para o Justin.

- 1997.

- Eu estou apaixonada pelo Jack. De verdade. - disse sincera.

Justin me olhou, eu estava quase deitada em seu colo. Segurei o riso quando me deparei com a sua cara séria.

- Ele é lindo, eu sei. - ele disse de uma forma despreocupada. - Mas posso garantir que ele está bem diferente hoje em dia.

- Eu sei, já vi umas fotos recentes.

- A Kate Winslet também é linda, né? - ele disse. - Eu realmente sou encantado pelo jeito da Rose com ela interpretando.

- Sim, ela é maravilhosa. Os dois são. Por isso formam um casal tão lindo.

Não estava olhando para ele, mas sei que ele concordou comigo. Depois desse pequeno diálogo resolvi dar a minha total atenção ao filme, Jack já tinha batido os olhos na Rose e se encantou com a beleza dela. Mas a essa altura ele já tinha entendido que a diferença da classe social de ambos seria um verdadeiro problema, principalmente para a época.

Só me movi quando o Justin pediu para que eu levantasse, já que a campainha estava tocando. Me sentei no sofá, e nem preocupei em ver o Justin indo até a porta para ver quem era, minha atenção estava presa no filme. Rose estava correndo pelo navio, a procura de algo, meu coração se apertou quando ela parou na popa do enorme barco e olhou para a água, o que essa louca estava tentando fazer? Quando ele pulou a grade meu coração parou, minha esperança era que o Jack fosse atrás dela, no fundo eu sei que ele vai, mas é angustiante ver ela pendurada praticamente para fora do navio, um pouco acima da hélice. Se ela caísse dali não iria cair diretamente na água, e sim no objeto cortante que girava em uma velocidade absurda.

Juntei as minhas duas mãos e me inclinei para a frente, ficando tensa com a cena.

- Você realmente está atenta ao filme. - ouço o louro dizer com um tom divertido na voz.

Não posso me dar o trabalho de respondê-lo agora, estou atenta demais ao que acontece em minha frente.

Justin coloca a pizza na mesa de centro, tirando a tampa. Posso sentir o cheiro invadir o meu nariz, mas nem isso tira a minha atenção do filme. Justin sai dali e logo volta com dois copos e dois pratos, ele serve os copos e deixa um bem em minha frente. Depois pega um dos pratos e coloca duas fatias de pizza ali, me esticando o prato. Eu o pego prontamente e dou um sorriso leve para o louro, como sinal de agradecimento.

Volto a encostar as minhas costas no sofá e começo a comer um pedaço de pizza com os olhos fixos na tv. Justin se senta ao meu lado e começa a comer também.

- Você viu isso? - apontei para a tv e olhei para o Justin por alguns segundos. - Ele salvou ela e aquele babaca do noivo dela nem ligou para isso. Se Rose não tivesse chamado a atenção dele ele nem sequer teria chamado Jack para o jantar. - falei indignada. - O que adianta estar com um cara babaca desse? Ele claramente só liga para a merda do dinheiro que tem no bolso e os investimentos que tem que fazer. - comentei ainda brava, ouvindo uma risada do louro.

- Rose só está com ele pelo dinheiro.

- Não é culpa dela! Tem dedo dessa mãe escrota que ela tem nisso, essa velha claramente só pensa em status e está usando a filha para ter isso. - digo entredentes. Esse filme estava mesmo mexendo com os meus sentimentos.

Me encanto profundamente com a cena em que o Jack surge todo bem vestido para jantar e dá uma lição de moral naqueles ricos metidos a besta. E fico ainda mais encantada com a cena em que ele leva a Rose para uma festa que estava tendo entre as pessoas mais humildes do barco. Mal consigo conter meu sorriso ao ver os dois dançando, é assustador o quão rápido duas pessoas podem se apaixonar uma pela outra. Eles meio que se completam, da forma mais torta possível. E isso é lindo!

Depois que acabamos com toda a pizza, Justin voltou a me abracar. Me encolhi em seus braços sentindo ele me olhar em alguns momentos, parecia surpreso com a minha concentração em um filme que até uma hora e meia atrás eu não dava a mínima.

Meus olhos se enchem de lágrimas quando vejo ela ter que entrar em um bote e ser obrigada a deixar o Jack para trás, já que no primeiro momento só poderiam ter mulheres e crianças naqueles botes malditos. A sensação é estranha quando vejo o bote descer lentamente e eles trocarem olhares na medida em que começam a ficar distantes um do outro, a música triste de fundo nao colabora muito. Era quase como se eles estivessem se despedindo, Jack iria morrer? Sinto meu coração se apertar na medida em que o bote se distancia ainda mais. Em um momento de desespero vejo Rose pular dali, me sinto aliviada mas ainda assim tensa. Eles se encontram novamente e sinto uma paz repentina, mesmo sabendo que nada ali ficaria bem. O navio ainda está afundando.

Me caío em lágrimas quando Jack morre, meu coração se parte quando vejo ela soltar ele da porta onde os dois estavam, vê-lo afundando daquela maneira me quebrou. Não sei porque eu me sentia tão mal com aquilo, isso já era o previsível, todo mundo sabe que ele morre. Só não sabia que iria doer tanto.

Mas nada me magoou tanto quanto o sonho em que Rose teve, já depois de idosa. Onde o Titanic destruído volta a ser inteiro e todos que morreram nesse acidente cruel estão reunidos no salão onde ela se encontrou com o Jack no dia do jantar. Ela foi passando pelas as pessoas que a olhavam sorridentes e subiu a escada, Jack estava de costas para ela e logo se virou dando um sorriso, eles se beijaram e tudo ficou bem... Só que não, nada estava bem. Todas aquelas pessoas morreram juntamente com o Jack. Ouço alguns soluços escaparem dos meus lábios. Justin me aperta ainda mais em seu abraço, e encaixo o meu rosto em seu pescoço.

- Amor, é só um filme. - ele afagou meus cabelos.

- Eu odeio esse filme! Odeio a ideia dele ter morrido e odeio ainda mais essa mania que eles têm de tentar dar um final feliz para um filme triste. O Jack e todas aquelas pessoas morreram, não adianta colocar todos eles vivos em um sonho, isso não conforta ninguém! - esbravejei, enquanto sentia as mãos do Justin no meu cabelo.

- É um filme bem triste, eu sei. Só não sabia que ele iria mexer tanto com você.

- Existe um motivo bom para eu sempre evitar esses filmes. - me afastei dele e enxuguei as minhas lágrimas. - Mas eu amei o filme! Tem outro em mente? - abri um sorriso.

Justin franziu o cenho, parecia achar um absurdo eu ter mudado tão bruscamente de humor.

- Até tenho, mas tem certeza que quer assistir? - ele perguntou apreensivo.

- Sim. Esses filmes mexem comigo mas eu gosto da sensação! - disse animada.

- Você é louca! - ele riu e me deu um beijo no topo da cabeça.

Depois disso assistimos mais dois filmes, nos dois eu chorei. Não tanto como no Titanic mas ainda assim foi bem triste.

Justin achou melhor eu dormir aqui essa noite, e eu nem pensei em recusar, queria estar perto dele depois de tudo. Estávamos no quarto, eu estava sentada na beirada da cama dele, esperando pacientemente que se saísse do closet, ele tinha ido até lá fazia alguns minutos e pediu para que eu esperasse ele ali. Logo o louro surgiu com uma camisa enorme na mão.

- Achei que se sentiria mais confortável se usasse isso. - concordei. Não que a minha roupa não fosse confortável, mas calça jeans para dormir não era muito animador. Peguei a camisa e me encaminhei para o seu banheiro, para me trocar.

- Tem escovas de dentes novas na gaveta. - ouvi ele gritar.

Entrei no banheiro e tranquei a porta, me despi e vesti a camisa enorme do Justin pra cima da lingerie. A camisa havia ficado como um vestido em mim. Lavei meu rosto e prendi meu cabelo em um coque, procurando pela escova na gaveta, não demorando para achar. Escovei meus dentes rapidamente e deixei a escova em cima da pia. Sai do banheiro carregando comigo a minha roupa e voltei para o quarto, vendo o Justin já esticado na cama, ele parecia exausto. Coloquei a minha roupa em cima de uma poltrona que tinha ali. O louro acompanha cada passo que eu dava, apaguei as luzes do quarto e corri até a cama, ouvindo a risada alta do Justin. Me enfiei embaixo do edredom e logo senti as suas mãos em minha cintura, me puxando mais para si. Justin me fez deitar a cabeça em seu peito, ouvindo o quão acelerado seu coração estava, o meu não estava muito diferente. Senti seu beijo no topo da minha cabeça e seus braços me apertarem ainda mais.

- Me promete que vai ficar aqui para sempre? - sua voz saiu quase como um sussurro.

- Pra onde mais eu iria? - ergui a minha cabeça e olhei para ele. - Você é o meu lugar, Justin. Não quero estar em nenhum outro lugar. - ele sorriu, dei um selinho nele e sorri também. Me deitando novamente em seu peito.

Estava sendo sincera, não queria estar em nenhum outro lugar que ele não estivesse. Tínhamos ficado tempo demais longe um do outro para que queira passar por isso de novo.

Justin é meu porto seguro, é meu lar.