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História Para adormecer - Semi!Sterek - Não Desista De Mim


Escrita por: deryoarashi

Capítulo 6 - Não Desista De Mim


Não Desista De Mim

Os momentos eram de calmaria. Stiles pareceu ter aprendido a se concentrar mais nas coisas e não se entediava mais com tanta facilidade. Começou a praticar esportes junto a Derek em volta da lagoa e até se atreveu a dar suas primeiras braçadas sozinho na água. Hale o tinha ensinado alguns truques novos, como boiar e isso alegrou o menino, que pareceu pegar gosto pelo esporte.

“Se continuar assim, quem sabe pode até virar um campeão olímpico!” – o maior encorajava.

Stilinski tinha plena confiança no moreno e o obedecia sem questionar, como fazia no começo. Era um verdadeiro irmão, como ele gostava de pensar.

Às vezes Derek trazia Cora para brincar com o menino, mas a idéia não era muito boa, pois os dois viviam brigando pela atenção do maior. Vez ou outra tinham de ser apartados de alguma briga, a qual o menino começava, mas não aguentava. Cora, apesar de mais nova e de ser menina, levava vantagem sobre o outro. O que tirava algumas risadas de Derek.

Os outros amigos de Stilinski eram crianças da escola, dentre os quais se destacavam Lydia e Scott. O que aparecia com um pouco mais de frequência era o menino, que parecia gostar muito da companhia de Stiles, mas tinha tantas obrigações extracurriculares que mal tinha tempo para ver o amigo. Lydia era o tipo patricinha e só visitava o amigo para fazer trabalhos de escola ou para eventos sociais, como o aniversário do castanho.

Aniversário este que estava chegando e prometia ser uma coisa muito especial para o menino. Stiles não parava de falar sobre o assunto em todas as oportunidades que encontrava. O que às vezes aborrecia o maior, mas ele deixava passar ao ver o brilho de felicidade no olhar do mais novo.

“Desde a passagem da mãe dele que não o vejo tão empolgado com uma festa de aniversário, Derek...” – John comentava empolgado ao adolescente, aproveitando que Stiles estava no banho e que ele tinha uma folga na semana. – “...Continuo fazendo festas de aniversário, mais por descargo de consciência. Quero que ele cresça como uma criança normal e com lembranças boas.” – disse, desanimado.

“Acho que ele começou a superar a perda, John. Tudo o que ele precisava era de atenção. Mas tenho certeza de que pelo pouco tempo que passamos juntos, ele aprendeu a ter mais autoconfiança. Mais autonomia. E quando não precisar mais da mim, ele vai saber se virar sozinho.” – o moreno dizia, sem perceber que um pequeno bisbilhoteiro ouvia tudo.

“Quem disse que não vou mais precisar de você, Der?” – o menino inquiriu, descendo rapidamente pela escadaria e pulando no colo do adolescente. – “Você é meu melhor amigo.” – agarrando-se ao pescoço do moreno e fazendo manha. – “Promete que você nunca vai me deixar.” – disse e deu um suspiro choroso no ombro do maior.

“Calma, Stiles. Eu não disse que ia te deixar. Jamais pensei numa coisa dessas.” – Hale afirmou, alisando os cabelos do menino.

“Que isso, meu filho? Derek não disse que ia te abandonar. Ele tava comentando da sua volta pra escola. E ele também tem que estudar...” – John retrucou.

“Eu gosto tanto de você, Der. Sempre vou precisar de você... Pra sempre.” – o castanho continuou com o choro.

“Hey, e eu? Como fico?” – John brincou.

Stiles saiu do colo de Derek e pulou para o de seu pai, apertando-o em um abraço. – “Eu te amo muito, papai. Também vou precisar de você pra sempre.”

“Papai também te ama, filho.” – o xerife respondeu, contente.

“O que você acha de jantar agora, Stiles? Você já tá de banho tomado e daqui a pouco é sua hora de dormir.” – o moreno ditou, ainda emocionado pela situação.

O menino voltou ao colo do adolescente e enlaçou seu corpo com pernas e braços. – “Me leva até a cozinha. To cansado...” – pediu, fazendo um bico exagerado e adorável.

“Você está criando um monstrinho, Derek.” – John disse rindo e indo até a cozinha.

Hale se levantou rindo e concordando com o Stilinski mais velho. Levou o menor até a cozinha em seu colo e o sentou à mesa na cadeira a qual ele estava acostumado e preparou a refeição do menino. Jantaram os três conversando sobre amenidades do dia e depois de finalizar levaram o castanho para o andar superior. Stiles escovou seus dentes fazendo gracinhas e brincadeiras que arrancaram risos dos dois homens, que o observavam cuidadosamente e depois voltou ao seu quarto segurando a mão de Derek e John.

Deu boa noite aos dois e um beijo no rosto de cada um. – “Te amo, papai. Te amo, Der. Boa noite.” – disse, bocejando e virando para o lado na cama.

Derek saiu do quarto primeiro, deixando John a beijar várias vezes a nuca do filho.

.:PA:..

Naquele dia, Hale tinha prometido a Stiles que sairiam para comprar suas roupas de heróis. Roupas, pois quando o maior chamou os trajes dos heróis por fantasias quase ficou sem braço com o soco certeiro que o menor lhe deu.

“O Batman usa um uniforme, não uma fantasia. Ele não é palhaço.” – Stiles disse, bravo.

“Calma, baixinho. Foi mal...” – o maior retrucou, rindo.

“Você vai comprar de Superman pra usar, você prometeu.” – o castanho fez questão de frisar.

“Ainda bem que não cismou que eu fosse o Robin.” – o maior gargalhou.

“O melhor amigo do Batman é o Superman. O Robin é parceiro de luta. Eu sou o Batman, você tem que ser o Superman.”

“E quem seria o Robin?” – Derek insistiu, tentando irritar o mais novo.

“Scott pode ser o Robin... Eu gosto dele, mas gosto mais de você.” – Stilinski pontuou, incisivo.

O moreno riu e concordou com o castanho. – “Tá certo. Então vamos logo procurar essas roupas antes que fique mais tarde e a gente não encontre nada.” – disse e saiu segurando firmemente a mão do menor.

Foram até o centro de Beacon, mas não encontraram nada que satisfizesse as vontades de Stiles. Que se mostrou bastante perfeccionista. Tiveram de ir até uma cidade vizinha, que era relativamente maior e encontraram uma loja com o uniforme quase que realista dos heróis. O tempo e dinheiro gastos só foram recompensadores pela felicidade que resplandecia nos olhos do garoto. O menino abraçava o adolescente com tanta empolgação que parecia estar tendo um ataque de euforia. E antes de irem para casa, Stiles praticamente obrigou-o a passar na delegacia para mostrar sua roupa ao pai.

Todos do distrito receberam o menino com felicidade. Desde que Hale começou a tomar conta dele, o garoto não apareceu mais por lá. O que era um alívio, mas ao mesmo tempo deixou um buraco pela falta da animação que o menor trazia a todos.

Parrish, o sub-xerife, foi o primeiro a notar a mudança no Stilinski, que estava bem mais alegre. – “Você fez um bom trabalho com o menino, Hale. Parabéns.” – o loiro cumprimentou o babá.

“Só fiz o melhor que pude. Stiles é um bom menino.”

“Realmente... Mas ele era um menino triste. E isso não fazia bem a ele.” – o oficial continuou. – “Continue com o bom trabalho. Não é só a ele que você está fazendo bem.” – disse e apontou o gabinete de John, que rodopiava o filho vestido de Batman no alto.

Derek sorriu e sentiu seu peito se encher de orgulho. Ele estava verdadeiramente fazendo um bom trabalho.

.:PA:.

A semana tinha passado voando e no dia seguinte seria o aniversário de Stiles. O menino estava mais elétrico que lâmpada e não deixava John, Derek e Melissa em paz enquanto tentavam fazer a decoração na casa e todos os outros preparativos. Scott o acompanhava em suas artes e pareciam mesmo parceiros... Só que do crime. Estouravam balões que já estavam cheios e roubavam alguns doces que a mãe de McCall tentava organizar na cozinha.

Hale se revezava entre cuidar dos pestinhas e ajudar John, que apenas ria das artes do filho. Para o xerife o que mais importava era ver seu filho feliz e se alguns balões tivessem que perecer pelo caminho, tanto fazia.

Stiles estava impossível, quase do mesmo jeito de quando Derek o conheceu, mas tinha o fator Scott McCall no meio. O moreno parecia quietinho, mas seguia os planos de Stilinski como se um lesse os pensamentos do outro e levavam o maior a loucura. Corria para cima e para baixo atrás dos dois, como uma mãe coruja e já estava ficando rouco de tanto dar bronca nos dois.

John e Melissa gargalhavam aliviados por não serem eles a ter essa tarefa e por estarem felizes por suas crianças, o que incluía o adolescente, que já fazia parte da família.

“Obrigado pela ajuda, Melissa. E por ter trazido Scott pra distrair meus dois pestinhas.” – John dizia, apontando para Stiles e Derek, que estavam babando no sofá junto ao McCall.

“Você sempre soube que pode contar comigo, John. E, além disso, foi uma boa distração pro Scott também. Ele é muito sozinho e ficar só nos cursos extracurriculares e esportes não ajudam muito. Ele e Stiles sempre se deram bem... Parece que com Derek também.” – Melissa retrucou, sorrindo.

“Derek é um bom rapaz e uma figura masculina importante na vida do meu filho. Ele é mais do que um babá... É um verdadeiro irmão mais velho...” – o xerife dizia e sentia as lágrimas se formarem em seus olhos.

Melissa o abraçou e sorriu pela felicidade do amigo. – “Vocês dois merecem um pouco de paz e coisas boas na vida, meu amigo.”

John devolveu o abraço, suspirando pesado. – “Eu ainda sinto muito a falta dela, Mel.”

“Ela está olhando por vocês... Por isso mandou Derek pra te ajudar.”

“Obrigado pelas palavras...” – o Stilinski disse, enxugando os olhos. – “...Nos vemos amanhã, então.”

Melissa beijou o rosto do xerife e pegou Scott no colo, indo em seguida ao seu carro. John voltou a atenção aos dois garotos ressonando um quase ronco no sofá e sorriu contente. Stiles estava feliz e retomando a infância que pareceu perder junto com a ida de sua mãe. Seu menino estava encostado ao peito do maior, braços recolhidos ao próprio peito, mas segurando possessivamente a camisa xadrez de verde com preto que o adolescente usava. Hale tinha um braço protetor em volta do ombro do menor e aquela imagem fez o xerife ficar com dó de acordá-los. A única coisa que fez foi pegar um cobertor e cobrir os dois, dando a cada um deles um beijo na testa e um boa noite. Imediatamente ligou aos pais de Derek e informou o que se passava, pedindo para o jovem pousar em sua casa somente aquele dia. E obviamente a resposta fora positiva. Despediu-se novamente dos garotos e subiu ao seu quarto, onde pôde descansar tranquilamente.

.:PA:.

Derek acordou num susto por não saber onde estava. Apenas uma luz fraca ao longe iluminava o ambiente e aos poucos se recordou de ter feito dois praguinhas finalmente se sentarem e então de ter fechado os olhos para descansar cinco minutos. Olhou seu lado e não encontrou Stiles onde deveria estar. Coçou os olhos e subiu ao quarto do menino para ver se John o tinha levado, mas não o encontrou em sua cama. O banheiro também estava vazio. Uma certa ansiedade começou a tomar conta do adolescente que, sem pensar duas vezes foi ao quarto do xerife só para confirmar que o menor também não estava lá. Desceu correndo até a cozinha e encontrou o Stilinski perambulando sonado próximo a geladeira com um copo de leite em mãos.

“Meu Deus, Stiles!” – Derek exclamou, trazendo o menino ao colo. – “Isso são horas de tomar leite?” – inquiriu, rindo aliviado.

“Eu tava com fome, Der.” – o castanho respondeu, acordando um pouco mais e coçando preguiçosamente o olho.

“E não me chamou pra te fazer um lanche por qual motivo?” – o maior fingiu estar bravo.

“Eu... Só vim pra cozinha, Der...” – Stiles respondia, mas parecia estar tão perdido quanto o adolescente quando acordou.

“Tá tudo bem, baixinho. Ainda tá com fome?” – o maior perguntou, sentando o menor à mesa.

O menino apenas meneou a cabeça positivamente enquanto esfregava os olhos em clara expressão de sono.

“Um sanduíche rápido e leite com chocolate, depois te boto na cama. Combinado?”

Os dois entraram em acordo e fizeram um lanche, juntos. Pasta de amendoim com geléia de morango e leite morno com chocolate. Stiles saboreava tudo com um sorriso bobo no rosto por ter notado que Derek tinha ficado em sua casa.

“Já pensou que legal se você não tivesse que ir embora, Der? Se você morasse aqui, podia dividir o quarto comigo e meu pai podia dar o beliche que eu sempre quis...” – o menino divagava, mordendo seu lanche e falando de boca cheia. – “...Lógico que a cama de cima ia ser minha. Daí eu podia colocar um escorregador pra descer dela de manhã.” – completou e riu.

Derek riu junto ao menor. – “Você tem cada idéia, Stiles.”

“Sempre as melhores...” – o castanho retrucou, convencido. – “Você podia pedir pros seus pais deixarem você morar comigo, Der. Se eu precisasse de um lanche, igual agora, eu não ia ter que fazer isso sozinho.” – Stilinski confessou e baixou a cabeça, encabulado.

O maior o encarou, comovido. – “As coisas não são tão simples assim, baixinho. Fora que eu também tenho Cora pra cuidar, assim como faço com você.”

“Ela tem pai, mãe, tio e irmã mais velha... Aposto que ela não ia sentir tanto sua falta quanto eu...”

Derek se aproximou de Stiles e se ajoelhou de frente para ele. – “Eu gosto muito de você, Stiles. Você sabe muito bem disso... E vou estar sempre ao seu lado quando precisar de mim... Sempre. Não fique chateado por não dividirmos a mesma casa. Fique feliz porque dividimos uma grande amizade.” – o moreno diz e oferece o dedo mindinho ao castanho.

Stiles gira os olhos nas órbitas e ri do maior. – “Isso é coisa de criancinha.”

“Vai me deixar no vácuo?” – o mais velho insiste, fazendo biquinho.

“Seu crianção...” – o menino retrucou e aceitou o gesto, abraçando-se ao outro em seguida. – “Eu te amo, Der.”

“Eu te amo, baixinho.” – o maior devolveu, emocionado. – “Agora vamos escovar os dentes e cama. Amanhã vai ser um dia cheio pra você...”

“Pra gente...” – Stiles o corrigiu.

“...Pra gente.” – Hale concordou. – “Então vamos descansar bastante.”

Dito isso, Derek o conduziu pela mão até o banheiro e depois de fazerem suas higienes, o levou até sua cama. – “Dorme bem, baixinho.” – disse e ia deixando o quarto.

“Aonde você vai, Der?” – o menino inquiriu, pulando novamente da cama.

“Deitar no sofá.”

“Não!” – o castanho esbravejou, pegando-o pelo pulso. – “O sofá é duro e pequeno. Dorme aqui comigo.”

“Claro que não, Stiles. Seu pai não vai gostar disso.” – o mais velho retrucou.

“Então vou lá pedir pra ele...” – o garoto ameaçou sair de seu quarto.

“Deixa de ser teimoso, Stiles. Seu pai tá cansado, deixa ele descansar...”

“Só se você dormir aqui comigo.” – Stilinski retrucou, cruzando os braços em frente ao peito, fazendo um bico adorável.

“Ai, onde fui amarrar meu burro?” – o moreno bufou, sentando-se a cama e desamarrando os tênis. Via a cara de felicidade do menor, que parecia conseguir tudo o que queria do maior.

“Você deita pro lado da parede.” – Stiles ordenou.

“Ainda tem isso?” – Derek riu baixo.

Stiles apenas sorriu vendo Hale obedecê-lo.

“Mais alguma coisa, vossa majestade?” – o outro debochou.

“Não... Assim tá bom.” – o menino disse, por fim e deitou-se em seu lugar. Socou o travesseiro algumas vezes para afofá-lo e deitou a cabeça na peça amaciada. Um pouco depois, buscou o braço do moreno e o fez abraçá-lo. – “Boa noite, Der!” – falou, virou-se, deu um beijo na testa do maior e retornou ao seu lugar. Aconchegou-se ao corpo do mais velho e sorriu, caindo no sono em seguida.

Derek nada disse. Apenas sorriu apertando o menino em seus braços, como se quisesse protegê-lo de todos os males do mundo.

.:PA:.

Hale acordou no dia seguinte sentindo o vazio ao seu lado. Stiles se mostrava um expert em escapar de fininho de sua atenção. Riu da situação e se levantou indo primeiro ao banheiro. Depois de fazer o que tinha de fazer, desceu e quase tombou ao chão quando um garoto hiper-ativo se jogou contra ele, pulando em seu colo.

“Você dorme demais!” – Stiles dizia, dando cascudos no maior.

“Bom dia pra você também.” – o moreno respondeu, fazendo cócegas no menino. Mas logo recebeu retaliação de outro pestinha, que o acertou um chute na canela e saiu correndo. – “McCall...!” – Derek gritou, colocando Stilinski no chão para não derrubá-lo.

O outro moreno voltou ao batente da cozinha só para mostrar a língua ao maior e voltou a correr, com Stiles logo atrás. O mais velho foi mancando até a cozinha, onde encontrou John coando café.

O xerife encarou a situação do adolescente e sorriu de canto. – “Já recebeu os devidos bons dias?” – e se permitiu rir.

O garoto sorriu sem graça e se sentou. – “Desculpe dizer, mas Scott é uma praguinha.”

“Porque acha que Stiles era igualzinho quando você o conheceu? De mim é que não tinha sido.” – o mais velho debochou e serviu uma xícara de café ao moreno. Sentando-se em seguida junto a ele. – “Mas não posso culpá-lo. O garoto só tem a mãe que, assim como eu, trabalha demais... Você bem que poderia...”

“Pode parar a sentença por aí, John... Eu não aguento dois meninos hiper-ativos ao mesmo tempo...” – Derek disse e riu. – “Fora que acho que Scott não vai muito com minha cara.”

“Ele é só uma criança birrenta e ciumenta, Derek. Acredito que pensa que roubou a atenção do melhor amigo dele.” – o Stilinski mais velho explicava.

“Eu sei que sim, John. Assim como Stiles, ele só precisa de atenção. São bons meninos.”

Mal Derek terminou a frase, sons de balões sendo estourados denunciam a arte dos meninos. John escondeu o rosto com as mãos e bufou. Parecia já ter aguentado uma certa quota de peraltices logo cedo.

“Stiles!” – Derek gritou da cozinha, se levantando e indo para a sala.

“Foi o Scott...” – o menino se antecipou em dedurar o amigo, mas correu logo em seguida, denunciando a si mesmo.

.:PA:.

Mais tarde naquele dia, os convidados para o aniversário de Stiles começaram a chegar. Eram em sua totalidade alguns colegas de escola e seus respectivos pais. Alguns dos quais apenas deixaram as crianças e se retiraram em seguida. John não tinha muita intimidade com qualquer um deles, então não fazia questão alguma que ficassem. A festa seria tranquila em sua concepção e as únicas pessoas que precisaria para deixar tudo em ordem já estavam lá. Derek e Melissa.

Stiles já desfilava todo orgulhoso com sua roupa de cavaleiro das trevas, enquanto as outras crianças seguiram as indicações do convite, que requeria fantasias de seus heróis preferidos. Scott tinha batido o pé que não seria Robin... – “Ele nem é um herói direito, é só um idiota com roupa de circo.” – reclamou, ajeitando sua máscara de Iron Man e apertando o punho de sua luva que emitia luzes e sons como os do herói de aço.

“Tudo bem!” – Stilinski dava de ombros. – “Assim você esconde esse seu queixo torto debaixo do capacete.” – debochou do amigo.

“Pelo menos não pareço uma melancia cheia de semente.” – o moreno devolveu o insulto, apontando as pintas do castanho.

“Você vai ver quando eu cortar sua língua com meu bat-rangue.” – Stiles ameaçou, tirando o acessório de plástico de seu cinto.

Mas antes que pudesse lançar o objeto contra o outro menino, Derek apareceu. Braços cruzados, cara fechada e uma roupa coloridamente ridícula de Superman. – “Podem parar com a briga!” – disse, entrando na frente dos dois.

Scott começou a rir do maior e apontou-o, zombando. Stiles, por sua vez, retirou a máscara negra que cobria seu rosto e encarou Hale. Seus olhos pareceram brilhar de empolgação. O menino ficara sem palavras, o que deixou o adolescente sem graça, mas logo a situação foi contornada. – “Você é o melhor, Der. Obrigado!” – o castanho finalizou, abraçando-o tão apertado quanto pôde.

O maior apenas sorriu, ainda embaraçado pela situação. Mas não teve tempo para mais nada. Stiles pegou-o pela mão e começou a arrastá-lo escada abaixo. Gritava histericamente por seu pai. – “Pai... Pai!” – berrava entrando na cozinha e assustando o xerife. – “O Derek não é o melhor de todos?” – puxando o maior para o cômodo onde se encontrava a maioria dos adultos.

Todos o encararam e o adolescente sentiu seu rosto ferver de vergonha. Cobriu-o com a mão que o garoto não estava agarrado e começou a rir, encabulado.

“É verdade, filho...” – John retrucou, se aproximando dos dois. – “...Derek é o melhor mesmo.” – abraçando o adolescente. – “Obrigado!” – o xerife sussurrou ao ouvido do moreno.

“Tá... Tá, solta ele pai.” – o menino esbravejou, empurrando o mais velho. – “Agora a gente vai brincar lá fora.” – arrastando o moreno novamente e chamando Scott no caminho.

Todos os presentes na cozinha riram muito e ficaram felizes pela empolgação de Stiles.

“Stiles está ótimo, John.” – Parrish comentou, batendo no ombro do amigo.

O Stilinski sorriu, concordando. – “Esses dois até parecem irmãos... Stiles tem um ciúme dele.” – o xerife disse, rindo.

“Também, o tanto que Derek mima seu filho... Até parece pai dele.” – Melissa completou.

Todos riram e John estava tranquilo com a felicidade do filho.

.:PA:.

Todas as crianças brincavam correndo freneticamente pelo jardim da casa dos Stilinski e Hale ficava observando e tomando conta para a euforia não sair do controle. Até Cora estava se comportando e brincava pacificamente com Stiles. O maior sorria e continuava seu trabalho aliviado por tudo estar acontecendo tranquilamente.

“E aí, gatinho? Chegou quem faltava.” – Karen apareceu atrás do moreno, surpreendendo-o.

“O que está fazendo aqui?” – Derek retrucou, irritado.

“Achou que eu ia perder a oportunidade de prestigiar esse evento? E de vê-lo nessa roupa de lycra indiscreta?” – a loira provocou, rindo e encarando o volume na roupa do adolescente.

“O que você quer?” – o garoto inquiriu, se segurando para não se alterar com a menina.

“Aproveitar a festa e dar os parabéns ao aniversariante.” – a garota debochou. – “Ou acha que me vesti de Penélope Charmosa porque gosto de andar assim nas noites de sábado?”

“Vá embora... Você não é bem vinda.” – Derek pareceu rosnar para Karen.

“Isso quem vai decidir é o seu bibelô... E duvido que ele vá me expulsar depois que eu der o presente dele.”

“Karen, estou avisando...” – o maior advertiu, apertando o pulso da menina.

“Se não me soltar, farei um escândalo. É isso que você quer, estragar a festa do seu menininho?” – a loira ameaçou, sorrindo maliciosa.

Derek a soltou e a cínica armou um largo sorriso ao caminhar até o garoto cheio de pintas, que resfolegava de tanto correr atrás de outras crianças. – “Ei, lindinho. Feliz aniversário!” – desejou, abaixando até o rosto do menino e beijando-o. – “Trouxe uma coisa que você vai amar.” – a menina afirmou forçando sua melhor apresentação amistosa.

Stiles pegou o embrulho com uma caixa relativamente grande e o abriu, encarando a loira. Não esperava que ela estivesse ali, mas não iria negar um presente e queria que não fosse um brinquedo qualquer ou uma peça de roupa que ele certamente não iria usar.

Arregalou os olhos, empolgado, ao se deparar com uma figura de ação do Batman. Perfeito e quase surreal, em conjunto com acessórios tão realísticos quanto o boneco. Stilinski dava pulos de felicidade e exibia seu presente a todos. Principalmente a Derek, que se forçava a sorrir pela animação do menino. – “Der! Olha, Der... Não é legal?” – e correu para mostrar a novidade aos outros dentro da casa.

“É tão fácil deixar essas crianças carentes felizes, não é gatinho...?” – a outra começou. – “...Pena que esse tipo de felicidade é tão frágil. Qualquer coisinha pode acontecer e estragar tudo.”

“Karen, eu juro que se você estiver planejando alguma coisa...”

A menina impediu o moreno de completar a sentença colocando um dedo em sua boca. – “Não jure coisas que você não pode cumprir, Der...” – Karen debochou e deu um selinho no adolescente. – “Hoje sua conta vai ser fechada, gatinho.”

“O que você quer dizer com isso?” – Derek questionou, cerrando os olhos perigosamente.

“Pra que tanta ansiedade, Der?” – a garota perguntou cinicamente, alisando o rosto do outro.

“Pare de me chamar assim...” – o moreno retrucou, afastando a mão da loira.

“Ui... Nervosinho.” – Karen riu e se afastou de Hale.

Derek bufou e apertou os punhos, preocupado. A aparição da menina não significava coisa boa, mesmo que fosse somente para impor sua presença. Mas ele tinha provas suficientes da ousadia e impetuosidade dela para saber que não poderia deixá-la sozinha com Stiles. Sendo assim, se antecipou em procurar o menino e o encontrou no colo do pai, todo contente com seu presente novo. Karen estava no arco da porta que dava acesso a cozinha, como se estivesse escaneando o redor. O moreno passou por ela e ficou ao lado dos dois Stilinski, lançando um olhar pesado à menina.

Depois de ter se exibido a todos, Stiles pegou novamente a mão do Hale e saiu com ele para o jardim, se juntando às outras crianças.

.:PA:.

A tarde passou de maneira tranquila a todos que estavam alheios à índole de Karen. Menos para Derek, que fez como prometeu a si e não saiu do lado de Stiles. Inclusive quando o mais novo tinha de ir ao banheiro. O adolescente ficava esperando do lado de fora aguardando o menino. Pacientemente e atento aos movimentos da loira. A garota desaparecia de suas vistas por alguns momentos, mas sempre reaparecia do nada, como um tubarão sondando o ambiente. Hale estava tenso com aquilo tudo e queria ter o poder de expulsá-la de lá. Só assim teria sossego e aproveitaria melhor a festa de seu protegido. Stiles não estava atento ao embate sigiloso que ocorria em sua casa, mas pareceu mais do que contente em ter a atenção redobrada do moreno sobre ele. Estava tão a vontade e eufórico de ter tantas crianças compartilhando seu dia, acabou se empolgando demais com seus brinquedos e lançou um bumerangue com certa força contra uma das crianças, que pareceu se machucar seriamente.

Stilinski se desesperou e Derek o tranquilizou antes de levar a outra criança para dentro. Deixou-a aos cuidados de Melissa e explicou por alto o que aconteceu. Sua preocupação maior era Stiles sozinho e Karen a solta, rondando o garoto.

Quando o maior voltou encontrou Scott e outras crianças brincando tranquilamente perto de uma das árvores do jardim. – “Scott...” – o adolescente começou, chamando o mais novo. – “...Stiles, onde ele está?” – questionou, procurando o menino por todos os lados.

“Não sei... Acho que ele entrou pra dentro de casa. Ele tava chorando... Deve tá no quarto dele.” – McCall afirmou, apontando o foco de luz fraco que vinha do quarto do menino, provavelmente vindo do banheiro ou do abajur ao lado de sua cama. 

Hale não pensou duas vezes. Correu em direção a casa e subiu o lance de escadas mais rápido que já tinha feito em sua vida. Viu a porta do quarto de Stiles semi-aberta irradiar uma luz fraca e entrou de sopetão, encontrando o menino sentado e encolhido. Sua máscara e acessórios estavam jogados de lado e ele encarava o nada.

“Sti... Tá tudo bem com você? Porque não me esperou lá embaixo com Scott? Matt está bem, foi só um arranhão...” – dizia se sentando ao lado do menor e encontrando na penumbra o que o menor encarava.

“Agora estamos finalmente só nós três...” – Karen dizia, fechando a porta atrás dela.

“Karen...” – Derek vociferou. – “...O que você quer?” – questionou, levantando-se e se pondo a frente do Stilinski. – “Se você pensou que ia encostar um dedo em Stiles, eu acabo com sua vida.”

“E o que te faz pensar que já não acabou com ela, seu viado pedófilo. Como pôde me trocar por uma criança tão sem graça como essa porcaria atrás de você?” – Karen começou a despejar suas palavras feito veneno.

“Cala essa sua boca suja, sua louca. Como você pode pensar um negócio desses?”

“Não só penso, como eu vejo. Acha que não senti esse carinho excessivo que sente por um fedelho que nem é da sua família? Você já chegou a largar sua irmã caçula sozinha quando a gente começou a ficar ... E me descartou como se eu fosse uma qualquer quando começou com esse aí.” – a garota berrava, dirigindo o discurso ao menino, que se encolhia ainda mais atrás do adolescente.

“Eu era um idiota irresponsável. E foi por atitudes como aquelas que meus pais deixaram de confiar em mim... Mas as coisas mudaram. Eu mudei. E não to mais a fim de ser aquele moleque idiota que você conheceu.”

“É. Decidiu ser um babaca que prefere um viadinho vestido de colan.” – a outra voltou a ofender Stiles. – “Aposto que ele chupa melhor que eu, não é?”

“Karen... Eu juro que se você não calar essa sua boca...”

“Vai fazer o quê? Me bater? Bate! Quero ver se você é homem suficiente... Ah, desculpe. Claro que não. Você é um viado apaixonado por crianças.” – a loira provocou.

“Sua vadia!” – Derek avançou na garota, segurando seus pulsos. – “Você vai se arrepender de estar fazendo Stiles passar por esse constrangimento. Vou te levar até o pai dele e contar tudo sobre o que aconteceu até agora.”

“Até do dia que o filhote precioso dele nos pegou chupando um ao outro na própria casa dele?” – a adolescente desafiou.

“Pra te ver longe de Stiles... Isso é um preço pequeno a se pagar.”

“Mas isso não vai ficar barato assim.” – Karen começou a se agitar, sacudindo os braços agressivamente e acertando socos em Derek.

“Pára de bater nele, sua idiota.” – Stiles começou a gritar e avançou na loira, dando-lhe chutes.

“Sua putinha!” – a loira esbravejou e agarrou-se aos cabelos do menino.

O castanho gritou e fez o moreno se desesperar. – “Não encoste nele, sua vagabunda.” – o maior pegou-a novamente pelo pulso e apertou até que ela soltasse o menino.

“Vocês são dois desgraçados, viados de merda. Filhos de putas de beira de estrada.” – Karen voltou a se agitar e chutava tudo o que seus pés alcançassem, enquanto empurrava Hale em direção oposta. – “Se eu me soltar de você, mato esse miserável.” – a adolescente berrava, transtornada e encarando o menino.

Stiles começou a chorar e correu para perto da janela, tentando se afastar daquela pessoa horrível.

Derek a segurava, mas sentia toda a fúria da menina se reverter em energia física, o que a fazia empurrá-lo cada vez com mais força. – “Karen, pare com isso. Que loucura é essa?”

“Louca eu estava quando me deixei enganar por você. Você vai pagar caro por ter me largado, Derek. Você vai me pagar...” – a loira berrava e socava o maior, mostrando uma força que o moreno não esperava.

Karen quase se desvencilhou do aperto de Derek e avançaria em Stiles se pudesse. O ódio queimava em seus olhos e a boca da menina de rosa pareceu até espumar de raiva. Com uma joelhada infeliz, a loira acertou os testículos de Hale, que fraquejou e se curvou de dor.

O olhar ensandecido da garota encontrou os amedrontados de Stiles, que se apoiou no peitoril da janela como se estivesse a ponto de fugir por alí. E o faria.

“Ah, mas não vai fugir... Mesmo!” – Karen disse e agarrou-o novamente pelos cabelos.

O menor soltou um grito apavorado e de dor, trazendo Derek a consciência. O mais velho fez o mesmo com a adolescente e a puxou pelos cabelos. E mesmo que a dor de ter sido acertado em um lugar tão sensível latejasse seus órgãos, Hale tinha de socorrer seu protegido daquela maníaca desvairada.

“Deixe-o em paz. Ele é só uma criança, sua maldita.” – o mais velho sacudia a outra pelos cabelos, cheio de raiva.

“Me larga, sua bicha.” – a loira gritava, segurando Stiles e tentando socar Derek com a outra mão.

“Não antes de você soltá-lo e se afastar dele.” – o moreno exigiu, apertando ainda mais o punho sobre os fios quase brancos da cabeça da louca.

Karen olhou para o menino desesperado em sua mão e não pensou muito. Soltou-o, mas não sem antes dar um impulso que tirou o pouco equilíbrio que ele tinha na abertura da janela. Stiles balançou para fora e, num piscar de olhos, sumiu das vistas de Derek.

“Meu Deus! O que você fez?” – o adolescente puxou a garota em sua direção e a chacoalhou pelos cabelos.

Karen sorria psicoticamente. – “Fiz o que me mandou, como eu sempre fiz... Der.”

Hale largou a menina jogando-a de lado como se faz com roupa suja e saiu em disparada ao jardim. Chegou ao gramado quando algumas crianças começaram a gritar apavoradas e correrem desnorteadas. Scott era o único que permaneceu estático no lugar. Estava congelado e com o rosto transtornado.

Stiles estava estirado ao chão, rosto de lado, braços e pernas pousados de forma desengonçada, como um boneco que tinha se quebrado e parecia não respirar.

Derek se desesperou e já se derramava em lágrimas. – “Meu Deus, meu Deus... Meu Deus! Alguém... Por favor. Chamem uma ambulância. Chamem uma ambulância!” – gritava, alterado e em plenos pulmões.       

Fim da parte um.


Notas Finais


E este é o fim da primeira parte desse conto.


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