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História Para Antares - Aquilo que não posso alcançar


Escrita por: CinezSnitram

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 2 - Aquilo que não posso alcançar


Alguém que não posso alcançar. 

Exatamente como a Lua.

Exatamente como a Yashiro.

E eu já me decidi, eu não vou a lugar algum. 


  Apoiado na porta da cabine do banheiro, enquanto aguardava Yashiro, Hanako repetia mentalmente suas convicções como um mantra. Eu não vou a lugar algum. Queria acalmar sua ansiedade que o perturbava desde o dia anterior, por mais que quisesse se convencer, tinha grandes expectativas sobre aquela tarde. Já tinha mapeado os acontecimentos: Yashiro entraria eufórica e esfregaria na cara dele que ela tinha recebido uma carta, falaria daquilo durante toda limpeza, talvez pediria ajuda para encontrar seu admirador anônimo e… isso era tudo. Ela iria apenas se contentar e tudo terminaria. 

 Isso vai ser doloroso, mas é o melhor.

A maçaneta gira e a porta do banheiro feminino se abre. Passos calmos caminham até a última porta da cabine e ouve-se três batidas. 


— Hanako-kun, Hanako- Kun, você esta ai? 


Um breve silêncio. Provavelmente por causa da resistência da parte do fantasma. Mas logo ele aparece atrás da albina e toca seu ombro.


— Yashiro! Chegou em boa hora, o banheiro estava ansioso para ser limpo. 


 Brincou o garoto e recebeu um rosto emburrado da sua ajudante. Ela pegou os esfregão e começou a limpeza. 

 Silêncio. O garoto estranhou aquilo, normalmente Yashiro apareceria gritando aos quatro cantos sobre o acontecido. 


— Yashiro…? Tudo bem? 


— Hm, acho que sim. Por quê?


— Está quieta. Não há nada que queira… falar?


 Insistiu o garoto começando a desconfiar daquele comportamento. Será que ele tinha colocado a carta em uma bolsa diferente? 


— Pra dizer a verdade, tenho sim. Hanako-kun, preciso da sua ajuda! 

 

 Finalmente. O sétimo mistério flutua em volta dela com um sorriso debochado enquanto arruma o chapéu. 

 

— E então? Qual o seu desejo?


— Quero que me ajude a encontrar alguém… quero que me ajude a encontrar Mitsuba-kun!

 

Até a metade da frase, o garoto fantasma já esperava. Mas assim que ouviu o nome de Mitsuba, ele para de flutuar e cai no chão. 


— M...Mitsuba? O Terceiro Mistério? O que quer com ele? 


— Quero… quero ajudar Kou-kun. Ele anda meio distante, queria animá-lo.


--- Ah… o guri. Certo, posso pedir ao Hakujoudai chamá-lo. 


A assistente sorri em agradecimento e continua sua limpeza. O Sétimo estava confuso, não esperava por aquilo. Não era possível que ele havia  confundido as bolsas. Ou talvez até de salas.

 Enquanto ele duvidava de suas ações anteriores, Yashiro por dentro estava queimando de emoção e agitação. Uma carta romântica só pra mim, meu deus, sinto como se fosse morrer! Ela tentava de todas as formas não demonstrar seus reais sentimentos naquele lugar e colocava toda sua emoção como combustível para limpar melhor o chão. 


Nene, seja racional dessa vez! Você não sabe se é verdade ou uma brincadeira. Vou verificar isso com ajuda do Mitsuba antes de contar para o Hanako. Por isso menti sobre animar Kou. Não quero nem pensar no quanto ele iria me perturbar se fosse uma declaração falsa.


 Seu empenho estava notável naquela tarde, o chão e as paredes pareciam mais limpas do que nunca. Mas o jovem fantasma mal percebeu a diferença, perdido em seus pensamentos confusos. Foi nesse momento que um grupo de Mokkes entram carregando algo nas mãos que chama atenção de Hanako. 


— O que vocês estão segurando…?


Era a sua carta. Naquele momento, ele paralisou e ficou sem palavras. Iria pegar a carta imediatamente, mas Nene foi mais rápida e agarrou o envelope. 


— Ai, meu deus! Não acredito que deixei cair isso e vocês pegaram. 


— Yashiro. 


Ouvir Hanako chamá-la naquele momento foi, para Yashiro, desesperador. Não queria de forma alguma que ele soubesse da carta, pelo menos não ainda. E então, pensou em uma desculpa rápida. 


— H...Hanako-kun, isso é apenas lixo que encontrei! Não se preocupe, vou jogar fora agora mesmo!


 E saiu correndo do banheiro deixando o Mistério impactado com as palavras que ouvira.

 Lixo. Ele para de flutuar enquanto encarava a porta do banheiro ainda atônico. Lixo... então é por isso que você está quieta, Yashiro. Que prepotência a minha. Visivelmente magoado, ele decide desaparecer para não ver a amiga voltando.


— Prontinho, estou de volta! 


 Assim que ela volta, encontra o banheiro vazio. Ela procura pelas cabines em busca do amigo e não o encontra. Mesmo estranhando, decide terminar a limpeza e guardar o material. 

 Após menos de dez minutos, já estava tudo pronto e Yashiro do lado de fora do banheiro. Estava preocupada, talvez algo de ruim pudesse ter acontecido ao companheiro sobrenatural. Aterrorizou-se em pensar que talvez Tsubasa estivesse envolvido naquilo.

 E determinada, pôs-se em busca respostas.

 Enquanto isso, dentro do seu bolso a carta dobrada era esquecida. 

 Primeiro, decidiu que iria pedir ajuda de Kou-kun. Afinal, se fosse Tsukasa, ela precisaria da ajuda de alguém com algum poder. 

 Infelizmente, ao chegar na sala dele, já estava vazia. Eles haviam sido liberados mais cedo e deviam ter ido embora. 


— Rabanete-senpai, estava me procurando? 


A voz vindo atrás de si a assustou. Era Mitsuba, através do vidro da Janela. Ela já tinha conversado com Yako-san sobre o poder do Terceiro Mistério, que era se manifestar em superfícies reflexivas, principalmente em espelhos. Mas vidraças também eram válidas. 


— Você me assustou, Mitsuba-kun! Você viu o Hanako em algum lugar?


— Hã? Vocês querem me deixar louco? Não foi o Sétimo que mandou me chamar pra te ajudar e você quer eu encontre ele?!


Nesse instante, Nene se lembra da carta em seu bolso.


— Não, não! Você entendeu errado. Digo, estou procurando o Hanako… mas pedi pra te chamar por outro motivo. Olha isso!


Ela entrega a carta para Mitsuba. Ele examina a carta por uns segundos e depois amassa e joga no chão debochando e rindo. Segundo ele, aquela carta era feia e nem um pouco fofa.


— Mitsuba-kun! Eu não te perguntei sobre o que você acha da carta! Repreende-o pegando a carta do chão — Quero que me ajude a saber quem me enviou ela. 


 Nene estava ciente sobre a segunda habilidade do Terceiro mistério: ver o passado que foi refletido nos espelhos. 


— Uh? E por que eu faria isso?!


Yashiro ainda um pouco irritada, agarra a mão do fantasma rosado e puxa para fora do vidro a força e depois segura em seu colarinho. 


— Porque você é meu amigo e é pra isso que amigos existem!


O Terceiro em choque tanto pela atitude quanto pelo que ouviu, cora instantaneamente ficando sem palavras. 


— Vamos, me ajude!


—... 


— Mitsuba!

 

—...Tá, que inferno. 

 Resmunga o garoto contrariado. Gentilmente, ele retira as mãos da menina de sua roupa e volta pro vidro desaparecendo. Após uns minutos, o garoto volta. 


— E então?


— Hm… Rabanete-Senpai. Por que… quer saber quem te enviou essa carta? 


A pergunta surpreende Nene. Ela parece pensar um pouco antes de responder. 


— Hm… eu quero saber se isso foi uma brincadeira de mau gosto... ou uma confissão séria.

 

— De mau gosto com certeza foi, mas… se for uma confissão séria, você vai começar a namorar? 


— Ahn, não… digo, eu não sei. Talvez sim. Eu não sei.


 Diante da embolação de palavras da garota, Mitsuba suspira cansado e começa mexer no cabelo pensativo.


— Tá, tá. Tudo que posso te dizer é que foi uma confissão séria. 


— O que? Como pode saber disso?


— Porque… ah inferno, eu sou o Terceiro Mistério. Sou novato, mas sei das coisas! E é uma confissão séria e ponto. 


—Quem é então? 


 Sem responder, Mitsuba desaparece do vidro. A menina volta a chamá-lo várias vezes ainda e permanece sem resposta. 


[...]


— Você não tinha obrigação de omitir nada para a Yashiro. 


Dentro do Inferno dos Espelhos, Mitsuba estava sentado olhando por uma das janelas que davam para o mundo humano. Junto com ele, Hanako, que estava cabisbaixo. 

— Tem razão, Honroso Faca Doida . Porém, achei que fosse melhor assim. Só quero que veja que sou confiável e que não tente tirar mais meu título de Terceiro Mistério.

 

Um suspiro longo é ouvido. Hanako arruma as roupas e se despede. Mas antes, declara.


— Não posso te prometer nada, mas com certeza te devo uma. Então obrigado e até mais. 


[...]

 

 Cansada de andar e procurar, Yashiro senta no banco. Esses dias ela tinha procurado muito Hanako, era quase um pique-esconde que ela entrou sem saber. Levanta o rosto para admirar o sol se pondo no horizonte e segura com força a carta recebida. Mais uma vez, ela retira do envelope e lê. 


"Yashiro Nene. 


 Peço que perdoe minha falta de jeito e minha discrição. Mas precisava escrever isso.

 Vou te contar algo interessante: existe uma estrela que me lembra você. Uma estrela brilhante, vermelha e enorme. O nome dela é Antares, na constelação de Scorpius. Ela é linda, tão linda que eu poderia passar muito tempo observando-a. 

 Mas sabe, não é apenas por ela ser linda que me lembro de você. Mas também por ela estar a pelo menos 600 anos de nós na Terra. E ainda, é possível, como a maioria das estrelas, que aqui na terra a gente apenas esteja vendo a luz de uma estrela que já morreu.

 Antares é como algo que nunca poderemos alcançar. Seja pela distância, seja pela vida que pode nem existir mais.

 Quero que veja essa carta sem assinatura da mesma forma. Pra mim, é como a luz da estrela que eu nunca vou poder ter. E inutilmente, por essa carta, tento enviar para o Espaço os meus sentimentos mais profundos. 

Eu te amo, Yashiro. Eu sempre quis te alcançar. Então, por favor, espero ter conseguido agora. 

Fique bem. "


Ela aperta a carta contra o peito. Agora, talvez pela euforia inicial ter acabado, ela percebia o tom triste e solitário que a carta trazia. E naquele momento que ela estava preocupada com Hanako, era como se aquelas palavras fossem ainda mais tristes. Não consegui perguntar sobre ontem… e de novo, ele sumiu. Sempre há algo acontecendo com ele e eu não consigo fazer nada. 


Talvez ela fosse mesmo como uma Antares. Anos luz de ajudar alguém que ela se importava muito. 


Notas Finais


Ai, ai. Hanako magoado. Yashiro sem entender o porquê da carta e das palavras de Mitsuba. Tragico, mas quem sabe no próximo capítulo as coisas começam a melhorar?

Obrigada por ler até aqui! Peço desculpa pelo intervalo de 7 dias, a faculdade me pegou de jeito em EAD.

Até o próximo capítulo, bebam agua e FIQUEM EM CASA
Beijin


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