Camila estava muito decepcionada. Ela tinha imaginado a uma mulher encantadora, um pouco como seu irmão Liam, que tinha aquele elegante sorriso e sempre sabia o que dizer em cada situação, por estranha que fosse.
Lauren Jauregui, em troca, parecia que preferiria estar em qualquer outro lugar, algo que à Camila não fez muita graça, tendo em conta que ela estava a seu lado.
E o que era pior: supunha-se que deveria fazer um esforço por conhecê-la e decidir se seria uma boa esposa para Lauren.
Pois já podia fazê-lo, e grande, porque se era certo aquilo que diziam de que as primeiras impressões são as boas, Camila duvidava que pudesse aceitá-la como esposa.
Sorriu-lhe, embora com os dentes apertados.
- Quer sentar-se? - perguntou Lauren, de repente.
- Seria um prazer, obrigada.
Lauren olhou a seu redor, perdido, e Camila teve a sensação de que não conhecia sua própria casa.
- Por aqui - disse, afinal, dirigindo-se para a porta que havia no final do corredor. - No salão.
Gunning tossiu.
Lauren Jauregui o olhou e fez uma careta
- Quer que prepare uns refrescos, senhora? - perguntou o mordomo, muito serviçal.
- é, sim, é claro - respondeu Lauren Jauregui, limpando a garganta. - É claro. é, possivelmente...
- Uma bandeja de chá, possivelmente? - sugeriu Gunning. - Com massas?
- Excelente - disse Lauren Jauregui, entredentes.
- Ou possivelmente, se a senhorita Cabello tiver fome - continuou o mordomo, - a cozinheira poderia preparar um café da manhã mais consistente.
Lauren Jauregui olhou para Camila.
- Um chá com massas será suficiente - disse Camila embora, em realidade, tivesse fome.
Deixou que Lauren Jauregui a pegasse pelo braço e a acompanhasse até o salão, onde se sentou em um sofá estofado com seda de raias azuis. A sala estava muito limpa, mas os móveis eram muito velhos. Toda a casa estava um pouco largada, como se a dona estivesse arruinado ou não se importasse.
Pensou que a segunda opção seria a adequada neste caso. Supôs que era possível que Lauren Jauregui tivesse pouco dinheiro, mas as terras eram excelentes e, ao chegar, tinha visto a estufa, e estava em excelentes condições. Tendo em conta que Lauren Jauregui era botânica, era lógico que se preocupasse mais por cuidar de seu lugar de trabalho e não da casa.
Estava claro que necessitava uma esposa.
Ela cruzou as mãos no regaço, e viu como Lauren se sentava diante dela em uma cadeira que, obviamente, fora pensada para alguém mais miúdo que ela.
Estava muito desconfortável e Camila sabia, porque tinha suficientes irmãos para saber, que o que verdadeiramente gostaria de fazer nesse momento era amaldiçoar em voz alta, mas ela pensou que era culpa de Lauren por ter se sentado nessa cadeira, assim lhe sorriu, com a esperança que isso a convidasse a abrir a conversa.
Lauren limpou a garganta.
Camila se inclinou para diante.
Lauren voltou a limpar a garganta.
Camila tossiu.
Lauren limpou a garganta pela terceira vez.
- Quer um pouco de chá? - perguntou Camila, afinal, incapaz de escutar um "hum" mais.
Lauren a olhou, agradecido, embora Camila não sabia se era pelo oferecimento ou por ter quebrado o silêncio.
- Sim - disse. - eu adoraria.
Camila abriu a boca para responder, mas então recordou que estava em sua casa e que não tinha porque oferecer chá ao dono da casa. E Lauren também deveria ter recordado.
- Bem - disse Camila. - Bom, estou certa que o trarão logo.
- Claro - assentiu Lauren, movendo-se incômodo naquela cadeira.
- Desculpa ter vindo sem avisá-la - murmurou Camila, embora soubesse que já o havia dito; mas alguém tinha que dizer algo. Possivelmente Lauren Jauregui estava acostumado aos longos silêncios, mas Camila não sentia a necessidade de enchê-los todos
- Não se preocupe - disse Lauren.
- Sim me preocupo - respondeu. - fui muito desconsiderada, e lhe peço desculpas.
Lauren ficou um pouco surpresa por tanta sinceridade.
- Obrigada - murmurou. - Não se passa nada, a garanto. Eu fiquei um pouco...
- Surpreso? - sugeriu Camila.
- Sim.
Camila assentiu.
- Sim, bom, teria passado a qualquer um. Deveria ter pensado nisso e de verdade lhe prometo que lamento muito o incômodo.
Lauren Jauregui abriu a boca para responder, mas logo a fechou e olhou pela janela.
- Faz um dia muito bonito - disse.
- Sim, é verdade - assentiu Lauren, embora lhe pareceu um comentário bastante claro.
Lauren encolheu os ombros
- Entretanto, suponho que de noite choverá.
Camila não soube como responder a isso, assim se limitou a assentir, estudando a de soslaio enquanto ele continuava olhando pela janela. Era maior do que imaginara, com um aspecto mais tosca, menos urbana. As cartas eram encantadoras e ela tinha imaginado mais... doce. Mais magra, possivelmente. Gorda não, mas possivelmente não tão musculosa. Parecia como se trabalhasse de camponesa, e mais com aquelas calças velhas e a camisa. E, embora nas cartas lhe havia dito que tinha o cabelo preto, ela sempre o tinha imaginado de um castanho escuro, como os poetas (não sabia por que, mas assim é como se imaginava aos poetas, Castanhos).
Mas era como o havia descrito: Preto, preto escuro, com uma onda rebelde. Tinha os olhos claros, da mesma cor que uma esmeralda, tão verde que era difícil saber o que estava pensando.
Camila franziu o cenho. Odiava às pessoas a que não podia ver com transparência imediatamente.
-Viajou toda a noite? - perguntou Lauren, com educação.
- Sim.
- Deve estar esgotada
Camila assentiu.
- Um pouco.
Lauren se levantou, estendendo uma mão para a porta
- Possivelmente preferira descansar. Eu não gostaria de entretê-la aqui e lhe tirar horas de repouso.
Camila estava exausta, mas também estava faminta.
- Primeiro comerei um pouco - disse, - e logo aceitarei encantada sua hospitalidade e subirei pra descansar um momento.
Lauren assentiu e voltou a sentar-se, tentando fazer seu encaixar corpo naquela pequena cadeira mas, ao final, disse algo entredentes, virou-se para Camila e com um
"Desculpe", sentou-se em outra cadeira.
- Rogo-lhe que me desculpe - disse-lhe, quando esteva sentada de novo em uma cadeira maior.
Camila assentiu, perguntando-se quando se vira em uma situação mais estranha que aquela.
Lauren Jauregui limpou a garganta.
- é, teve boa viagem?
- Sim - respondeu ela, lhe dando alguns pontos por, no mínimo, tentar estabelecer uma conversa. Um bom esforço merecia outro, assim fez sua contribuição dizendo-: Tem uma casa linda.
Lauren arqueou uma sobrancelha, lhe dando a entender que não acreditava nessa falsa adulação nem por um segundo.
- Os jardins são lindos - apressou-se a acrescentar Camila. Quem teria pensado que esse mulher saberia perfeitamente que tinha a casa muito largada?
- Obrigada - disse. - Como lhe disse, sou botânica e passo grande parte do dia trabalhando na estufa.
- Tinha planejado trabalhar fora hoje?
Lauren assentiu
Camila lhe sorriu
- Desculpa haver desbaratado os planos.
- Não tem importância, asseguro.
- Mas...
- Não tem que voltar a desculpar-se – interrompeu Lauren. - Por nada.
E então se produziu outro incômodo silêncio, enquanto ambos olhavam a porta, esperando que Gunning retornasse com uma tábua de salvação em forma de bandeja de chá.
Camila começou a golpear o assento do sofá com os dedos de um modo que teria horrorizado a sua mãe, porque era de muito má educação. Olhou para Lauren jauregui e se alegrou de ver que estava fazendo o mesmo. Então Lauren viu que estava sendo observado, lhe lançando um olhar para mão nervosa, desenhou um sorriso entre irritada e nervosa.
Camila ficou quieta imediatamente. Olhou, lhe rogando, quase lhe implorando em silêncio que dissesse algo. O que fosse.
Mas Lauren não disse nada.
Aquilo a estava matando. Tinha que dizer algo. Aquela situação não era natural. Era horrível.
Supõe-se que tem que se falar. Aquilo era...
Abriu a boca, presa de um desespero que não entendia muito.
- Eu...
Entretanto, antes que pudesse continuar com uma frase que inventara sobre a marcha, escutou-se um grito horripilante.
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